Olá, pessoal! Já não aparecia por aqui com um título inquestionavelmente útil há algum tempo, pois não? (Embora, convenhamos, os meus artigos são sempre um pouco questionáveis). Desta vez peguei na minha experiência académica no mundo dos trabalhos escritos e decidi que está na hora de o pessoal saber de algumas dicas úteis que podem salvar alguns trabalhos (ou não).
1. A Wikipédia não, mas a Bibliografia dela, talvez
Esta dica não se aplica exatamente ao ensino superior, onde o rigor é maior e as fontes devem ser inquestionavelmente credíveis. Mas para o ensino básico ou secundário, dependendo dos temas, pode ser um life saviour quando a única página bem escrita que encontramos sobre determinado
tema é a Wikipédia.
Ora bem, que a Wikipédia não é fonte fidedigna de pesquisa, isso já estamos nós bem fartos de ouvir milhares de vezes. Mas nunca ninguém disse nada sobre a bibliografia dela, pois não? Muitas vezes os artigos são baseados em livros e artigos legítimos que, esses sim, poderão ajudar-te no teu trabalho; usa esses (depois de confirmar a legitimidade deles, ok?).
Além disso, sites cujo domínio termine em .org, .edu ou .gov tendem a ser mais fidedignos (e o domínio diz tudo, não diz?); a base de dados da tua biblioteca escolar também é um bom sítio (aliás, é o melhor de todos). Mas, no que toca a fontes fidedignas online, o Google Scholar ou websites
dedicados ao mundo académico são o ideal.
ps.: Não me esfolem; sei que não é das melhores dicas, mas sempre é melhor do que usar a Wikipédia… não? Não? Ok.
2. Usa fontes limpas e legíveis
Na minha licenciatura, na área do design e da multimédia, costumávamos brincar e dizer que “na dúvida, usa Helvetica“. É uma piada “interna” entre designers, mas reflete-se em quase tudo na nossa vida académica e profissional também. Isto porque a Helvetica é considerada como umas
fonte preferencial para trabalhar (e isto é perfeitamente discutível). Então, “na dúvida, Helvetica“. Ou Times New Roman, que é a fonte padrão para artigos académicos. Ou Arial, a prima em segundo grau da Helvetica. Ou a Frutiger, que é assim para o jeitosinha. Só não usem, jamais, em circunstância absolutamente nenhuma (como é que posso dar mais ênfase a isto? Apenas…. NUNCA USEM) Comic Sans ou fontes do mesmo estilo. Não para trabalhos académicos. Jamais. Leram bem? Never. A não ser que o vosso trabalho seja uma Banda Desenhada – aí o passe é
completamente verde. Apesar de todos os benefícios que essa fonte tem, particularmente para pessoas disléxicas, é uma fonte que não inspira respeito ou credibilidade. Por muito espetacular que seja um trabalho, o uso de Comic Sans tira-lhe toda a seriedade.
3. Acompanha alguns blogues úteis
Tens o Uniarea, é claro. O Uniarea é o rei dos artigos dedicados a estudantes do ensino superior em Portugal. Mas sabias que existe um universo enorme de blogues pessoais dedicados ao assunto também? Faz alguma pesquisa (em inglês tens um universo infinito de blogues dedicados ao mundo universitário) e entretém-te com as dicas que estudantes do mundo inteiro têm para oferecer.
4. Desliga um pouco
Sejas tu o tipo de pessoa que só funciona numa maratona de 5h consecutivas de trabalho, ou do tipo que faz pausas de 5 em 5 minutos, desligar é essencial. E quando digo ‘desligar’, o que eu quero dizer é: realmente desligar. Das redes sociais e das distrações todas. Se for preciso, desligar também a Internet. Já falei um pouco mais detalhadamente sobre isso num outro artigo meu sobre os erros que os estudantes cometem, mas nunca é demais avisar que há formas de combater as distrações e sobre a importância de parar, ir apanhar ar, e voltar somente de cabeça fresca. Um método que eu uso muito, é fazer e guardar a pesquisa toda, desligar da Internet ou ir para um sítio sem ela, e depois trabalhar com o que tenho.
5. Sê acompanhado/a pelo teu professor
Sim, eu sei, nem sempre os professores são os mais acessíveis nesse quesito, mas garanto-te que se eles te acompanharem ao longo do trabalho a máquina vai funcionar um pouco melhor – pelo menos porque, se fizeres algum erro grave, ele pode ser detetado com antecedência suficiente para ser corrigido. E não custa tentar, não é?
6. Organiza-te
Mais fácil falar do que fazer, mas a organização é a chave fundamental para que todo o projeto corra bem. Sim, todos nós conhecemos aquelas pessoas que fazem trabalhos de um dia para o outro e saem-se bem (provavelmente até somos essas pessoas), mas isso retira em considerações dois factores: a) a cultura anterior dessas pessoas permite-lhes realizar o trabalho com mais facilidade; e b) quando metem mãos à obra, são metódicas e organizam-se bem para que o trabalho saia bem. Não é uma questão de sorte, não. É uma questão de gestão de tempo e organização.
7. Evita a primeira pessoa
Eu tenho uma alma de Letras e Artes, mas nos meus tempos de estudante do básico, se houve algo que eu aprendi nas disciplinas de Ciências da Natureza e Físico-Química, foi que relatórios não se escrevem na primeira pessoa. Ponto. E chegar ao ensino superior e continuar a cometer esse erro é um pouco grave demais. Portanto, fica a dica: não uses a primeira pessoa! Recorre ao impessoal; em vez de escrever “procedemos a concretizar isto”, diz antes “procedeu-se à concretização de”. “Tu“
não existes.
8. Não, o corretor do Word não faz tudo
Não entregues um trabalho sem fazeres a tua própria revisão. O Word até pode estar a dizer-te que não tens erro absolutamente nenhum, mas posso garantir-te que há erros. Isto porque o programa lê as palavras, mas não o contexto dela, e podes perfeitamente ter algo como “é um chique de culturas” em vez de “choque” e o abençoado detetor de erros não percebe a diferença.
Ps.: Se imprimires o teu trabalho e fizeres a revisão no papel, vai ser mais fácil detetar os erros do que no ecrã do computador.
9. Larga as introduções e conclusões padrão que usas desde o 9o ano.
“Realizámos entre trabalho no âmbito de” e “concluímos que este trabalho foi interessante” está mais do que morto e enterrado e só mostra que não sabes sequer do que se trata o trabalho. Deixa a introdução e a conclusão para que sejam feitas por último no trabalho e usa-as para fazer uma apresentação e um resumo, respetivamente, do que se trata o trabalho.
10. Usa palavras mágicas
Nem todos somos Eças de Queirós com o dom da escrita, capazes de usar palavras complicadíssimas que fazem as maravilhas dos trabalhos e nos fazem super-parecer-mega-inteligentes. Também somos demasiado preguiçosos para ir ler uns livros, procurar no dicionário ou abrir uma janela do Google e pesquisar ‘sinónimos de’. Mas tudo bem! O Word tem a solução perfeita para isso – e tu provavelmente até já conheces, mas nunca te lembras de usar.
Basta que cliques sobre uma palavra com o botão direito do rato, desces até “sinónimos” e selecionas a que te parecer mais adequada (se tiveres dúvidas, consulta um dicionário a sério para teres a certeza que é um sinónimo correto). Ah, às vezes esse ferramenta funciona menos bem com verbos no gerúndio ou palavras acabadas em ‘-mente’, mas basta procurar com a raiz do verbo/palavra (em vez de ‘completamente’, procurar o sinónimo de ‘completa’ e depois adaptar).
Basicamente, essas são as principais regras que eu costumo usar para a maioria dos trabalhos teóricos que vou fazendo (excluindo, e não posso stressar isto o suficiente, o primeiro: não é uma dica aplicável no ensino superior). Não são nada de outro mundo, mas conjugadas com uma boa pesquisa, boa ortografia e bastante trabalho de fundo, podem fazer a diferença.
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Este texto faz parte de uma série de textos de opinião de alunos do ensino secundário e superior sobre a sua visão do ensino e da educação.
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