48% dos estudantes do ensino superior apresenta sintomatologia grave no foro psicológico


Os estudantes universitários portugueses demonstram sintomas graves no foro psicológico, nomeadamente a nível de ansiedade, perda de controlo emocional e depressão. É esta a conclusão do estudo colaborativo efetuado pela RYSE (Raising Youth for Sustainable Evolution) e pela ANEP (Associação Nacional de Estudantes de Psicologia). Este estudo surge no seguimento da iniciativa “Este ano NÃO”, criada pela RYSE, associação juvenil fundada em 2022, e que visa a sensibilização para a saúde mental e a incidência de burnout em estudantes universitários.

Embora a Ordem dos Psicólogos recomende 1 psicólogo por cada 500 estudantes, a realidade encontra-se bem distante deste número: em 2020 existiam apenas 100 psicólogos para os mais de 400 mil estudantes universitários.

O estudo realizado contou com a participação de 2084 indivíduos, de várias áreas de estudo, espalhados por Portugal Continental, Madeira e Açores. 48% demonstrou sintomatologia grave no foro psicológico e 23% da amostra afirmou já ter pensado em acabar com a própria vida.

Entre as possíveis causas para estes números destacam-se as com as quais os estudantes são atualmente confrontados, incluindo os desafios monetários, emocionais, sociais e físicos, os quais geram um aumento nos níveis de ansiedade. Também a pandemia de Covid-19 e a atual guerra entre a Rússia e a Ucrânia são apontados como geradores de uma elevada incerteza a nível futuro.

Para José Mesquita, presidente da RYSE, estes resultados levantam estatísticas preocupantes: “Está na altura de os órgãos competentes abrirem a sala de reuniões e ouvirem o que os jovens têm para dizer”, uma vez que se trata de um problema estrutural da sociedade portuguesa. “A nossa geração atravessa adversidades pela quais nenhuma outra geração passou e a indiferença para com os jovens de hoje faz diferença nos adultos de amanhã”, conclui.

A iniciativa ‘Este ano NÃO!’ não se limita à recolha e análise de dados, mas também à partilha de informação e apresentação de propostas em relação a esta problemática. Está planeada uma reunião com a ordem dos psicólogos e com várias associações académicas portuguesas, de modo a desenvolver propostas para a fase seguinte da iniciativa.

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