Por esta época, devem andar todos os caloirinhos ansiosos para começar a sua vida académica. E com isso, devem trazer imensas dúvidas e receios consigo. Uma vez que tenho um blog em que falo precisamente sobre cenas da universidade, pensei, porque não, dar-vos alguma ajudinha. No ano passado, por esta altura, andava eu também ansiosa para saber em que universidade iria calhar e também ansiosa por outras coisas mais.
Esta é uma das dúvidas principais que eu vejo a circular pelos grupos do facebook. Que material usar ao certo? Compreendo, já que no secundário era diferente.
Aquilo que aconselho é: Inicialmente, só precisam de um caderno e uma caneta. Depois, conforme o tempo, vão comprando mais material. O que eu fazia no primeiro ano era ter um caderno para as cadeiras todas. No primeiro semestre, conforme cada cadeira em que estava, eu apontava nesse mesmo caderno o seu nome e escrevia os apontamentos. Depois, passava a limpo em folhas soltas, riscava aquilo que já estava passado, no caderno, e colocava na capa/dossier. Parecendo que não, na altura das frequências será muito mais simples para estudar as folhas a limpo, porque os apontamentos rápidos que fazes na aula, fazem a tua letra estar mais “atabalhoada” (confusa, vá) e, depois, ao estudares vais perder mais tempo a tentar perceber o que escreveste do que propriamente a estudar.
No segundo semestre, eu já dividia o caderno em cada unidade curricular, colocando separadores, para ficar mais organizado, pelo menos para mim.
>Mas, lá está, cada um tem o seu método de estudo. Se achares que te organizas melhor de uma maneira diferente, opta então por isso. Podes comprar, se assim achares que é melhor, outro tipo de material que te ajude no tempo de estudo, por exemplo, marcadores, post-it’s, entre outros.
Lá está, tudo depende daquilo que preferires.
E porquê? O mundo universitário é completamente diferente do secundário. E esquece os filmes, porque não tem nada a ver com American Pie, nem Pitch Perfect, nem outro filme.
Na faculdade, tens mais variados tipos de pessoas, podes dar-te com quem tu quiseres e com quantos tu quiseres. Na maioria das faculdades, os professores não são muito próximos dos alunos e mal sabem o teu nome. Mas, depois, em certos institutos, isso já é diferente, como por exemplo, no meu, os meus professores até são próximos de nós, preocupam-se connosco, mais em relação aquelas vezes em que nós temos muitas coisas para fazer e então, eles marcam as frequências/trabalhos para outra altura.
Para além do mais, para quem vem de outras cidades, sofre imensas mudanças, como ter que se desenrascar sozinho, estar longe da família e da sua cama, cozinhar as suas refeições, fazer limpeza (não que nunca tenha feito antes, mas, quando a mãe está presente, é diferente), fazer as compras, entre outras coisas. E, por isso, ao inicio pode ser mais difícil suportar, mas, tal como diz o ditado, o que não nos mata torna-nos mais fortes. E, ainda mais, torna-nos mais responsáveis e independentes.
Este ponto vai de encontro ao outro anterior. Como vais passar por várias mudanças e vais para o desconhecido é normal teres receio e dúvidas. Mas, posso-te garantir que são só receios mesmo. Digo isto porque, normalmente, os receios que existem são todos relacionados com estes pontos que eu estou a referir aqui, portanto, garanto-te que, se te esforçares, se deres o teu melhor, vais ter sucesso nos estudos ou, se ao primeiro não conseguires, não desistas. Ah, e vais conseguir arranjar pessoas com quem te dês bem e vais, com o tempo, adaptar-me bem a esta nova vida.
Como se costuma dizer, não se deve julgar algo que não se conhece. Portanto, experimenta. Não devemos ir pela opinião dos outros, porque há uns que não gostam da praxe e outros que gostam.
É algo muito relativo, vai de pessoa para pessoa. Portanto, aconselho-te que vás à experiência, nem que seja pelo menos uma vez. Assim, podes tirar a tua opinião. Caso gostes de lá andar, ótimo, continua. Caso contrário, não é mau também. Não é por isso que não te vais conseguir integrar. Conheço pessoas que não andaram e integraram-se à mesma.
A vida académica vai para além dos estudos, como bem sabem.
Mas é importante que também não te “percas”, te deixes levar muito por isso e esqueças-te dos estudos, porque, mesmo que a vida social também seja importante, os estudos são ainda mais, porque é a razão principal (e deve ser) para estares na universidade. Numa opinião geral, não é necessário teres que te dar com toda a gente (a não ser que queiras mesmo), só te dás com quem achas que é necessário. Isso só te cabe a ti. Para além do mais, é praticamente impossível dar-se com toda a gente. Como não sou muito uma pessoa de bares/discotecas, embora já tenha ido, não sou a melhor pessoa para falar disso. Posso só dizer-te o que é costume: mesmo sendo cliché e “muito fácil falar”, acho que não precisas de beber para te integrares, nem para pareceres “fixe”. Sim, faz bem sair, de vez enquanto, beber um copo e conviver. Mas se não fores esse tipo de pessoa, se não gostares disso, não faz mal. Cada um é como é e de certeza que vais encontrar alguém que te aceite à mesma. Aliás, há muitas formas de te divertires à mesma, por exemplo, participar em alguma atividade, ir ao cinema, etc.
Compreendo que devem estar com algumas dúvidas acerca do alojamento que vão residir. Para isso, irei falar da minha experiência e como é que funcionam as coisas na residência estudantil em que estou. Neste residência, existem 5 blocos e, em que cada piso, há uma delegada. As condições são boas e a cozinha, assim como o resto das divisões de cada bloco, estão geralmente bem equipadas e organizadas (referindo-me, principalmente à limpeza).
Relativamente ao resto, falando por mim, embora já me tenha apetecido viver numa casa/apartamento, por haver mais privacidade, acho que a residência torna-se melhor. Porquê? É muito mais económico, enquanto que, de acordo com aquilo que me dizem também, dificilmente encontras uma casa a menos de 120-140 euros, pelo menos aqui em Coimbra. Para além disso, tens lá várias pessoas, enquanto que, se fores para uma casa pode acontecer não ter ainda ninguém vindo para lá ou calhares com uma pessoa, chateares-te com ela e depois não teres mais ninguém para falar/conviver. Atenção, não quero dizer que isto acontece sempre e sei que nem sempre funciona assim. Há pessoas que preferem mil vezes uma casa, porque sentem-se mais confortáveis assim e até tem bastantes pessoas/pessoas suficientes, para conviver.
Além disso, escusado será dizer que é mais exigente na faculdade do que no secundário. Mas, o bom dela é que tens muitas pessoas à tua volta e diferentes umas das outras, seja de cultura, hábitos, ou outros.
Na faculdade também são feitos muitos trabalhos de grupo e, por isso, já te dá oportunidade de conheceres melhor os teus colegas e até encontrares alguém com quem te identificas mais. Acredita que por vezes os trabalhos são a melhor estratégia para conhecer alguém melhor, porque pode parecer ao inicio que uma pessoa é aplicada ou não e, depois, na época dos trabalhos, mostra ser o contrário. No entanto, há quem diga que é preferível fazeres com pessoas desconhecidas do que com amigos. E faz sentido porque, por vezes, quando um amigo nosso comete alguma falha, nós pudemos “deixar passar” isso, porque “é nosso amigo e não queremos que haja chatices”. Porém, há quem diga que também é preferível que trabalhes com quem te dás melhor, porque te mete mais à vontade.
Para finalizar, concordo quando dizem que a faculdade prepara-te para o mundo do trabalho. Isto porque o ensino superior é uma “coisa mais séria”. Aprendes a lidar com vários tipos de pessoas, seja colegas ou professores, em que uns só estão ali para te “lixar a vida” e acabas por aprender a saber como lidar com eles. Para além do mais, aprendes também a desenrascares-te sozinho, se fores um aluno deslocado. Eventualmente, se não fosses para a faculdade isso ia ter que acontecer algum dia. Então, a faculdade pode ser uma preparação para isso.
Tal como disse, é a principal razão para estares na universidade.
Os segredos para teres sucesso nos estudos são, nada mais nada menos, estudares com antecedência, com muita paciência, sem nunca desistires, com horas de sono suficientes (oito) e alimentares-te equilibradamente. Aconselho também a fazeres pausas de vez enquanto, porque por vezes o estudo rende mais se não for feito horas a fio. Aliás, até ajuda a concentrares-te ainda mais. Por vezes, sabe bem ir dar uma volta, tomar café com alguém e até praticar desporto ou outra atividade. Portanto, faz isso mesmo: PAUSAS! É muito importante. Nem que sejam de 5 ou 10 minutos (não falo daquelas em que estudas meia hora e descansas numa hora).
Se te ajudar e te captar mais a atenção, podes usar marcadores para sublinhar a matéria e até mesmo fazeres resumos, esquemas mentais (tem montes de programas na net para fazer isso, basta pesquisares), ler em voz alta, fazeres questões a ti mesma/o, entre outras.
Normalmente, o programa Erasmus é feito no segundo ou terceiro ano de universidade, durante um semestre ou o ano inteiro. Dependendo do curso, há pessoas que optam por fazer numa determinada altura, por causa do plano de estudos, tanto da faculdade que frequentam, tanto do instituto ao qual se vão candidatar no estrangeiro. Portanto, é importante que vejas os países/institutos no qual podes fazer Erasmus (normalmente, o site da faculdade apresenta uma lista daqueles que são permitidos) e vejas em qual instituto o curso é compatível com as tuas cadeiras. Isso leva a outra questão: Na hora de candidatura (pelo menos na minha “faculdade”), não podes escolher por país, tens que escolher por faculdade/instituto e normalmente só há três opções.
Para finalizar, como ainda não tive essa experiência, não posso dizer-vos muita coisa, apenas aquilo que ouço, mas que também concordo, que é: É uma experiência incrível, porque não só te faz crescer mais ainda, por estares num país diferente por “conta própria”, ainda mais longe da tua família, como também vais ter contacto com uma diferente cultura e um sistema de ensino diferente do que estás habituada.
Artigo inicialmente publicado no blog A Estudante Introvertida.
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Este texto faz parte de uma série de textos de opinião de alunos do ensino secundário e superior sobre a sua visão do ensino e da educação.
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