À conversa com um aluno de Multimédia

Maria (M.): Fala-nos um pouco do teu curso, em que consiste e quais são as suas saídas profissionais.

Dércio Tomás Ferreira (D. T. F.): O curso de Multimédia, “colocado em miúdos”, é uma jornada com vários caminhos diferentes mas ligados entre si. O estudante aprende sobre Design Gráfico, programação, base de dados, animação, comunicação dos media, marketing, webdesign, audiovisual, fotografia, vídeo e som. Mas depende muito da universidade onde se tira o curso: há instituições cujos plano de estudos é mais focado em certas áreas que noutras.

O curso de Multimédia oferece noções aprofundadas sobre as dinâmicas do mundo online, capacita o aluno a utilizar as ferramentas das Tecnologias de Informação e comunicação e ensina-o a desenvolver a sua capacidade crítica, criativa e de inovação.

As saídas profissionais são uma porta sem fim: web design, programação, design gráfico, fotografia, realização de vídeo, edição de vídeo, sonoplastia, direção gráfica e de produção de imagem, direção de projetos em suportes online, e-learning, ser profissional liberal na área da comunicação e podia continuar…

Joana Gregório (J. G.): Estudei Audiovisual e Multimédia na Escola Superior de Comunicação Social. É um curso de três anos, num Instituto Politécnico onde existem somente quatro cursos, todos eles muito interligados. Aliás, em determinadas cadeiras somos mesmo incentivados a trabalhar com alunos das outras áreas da comunicação.

Neste curso, trabalhei diferentes linguagens, desenvolvi uma visão mais atenta sobre o mundo que me rodeia, agucei o meu sentido crítico e adotei estratégias de comunicação mais eficazes. Ao longo dos três anos aprendemos como falar e trabalhar com todas os profissionais que estão envolvidos no mundo da comunicação social: esta é uma das grandes vantagens deste curso tão abrangente.

Nos primeiros semestres convidam-nos a olhar para a área da comunicação como um todo, transmitem-nos algumas ideias sobre o passado e as inovações nesta área. Depois, o curso torna-se muito mais prático, sugerem-nos briefings muito realistas, sendo que somos colocados em contacto com clientes reais.

A nível de saídas profissionais, este curso é um mundo! Gosto de pensar no meu curso como uma caixa de ferramentas: ensinam-nos HTML, CSS e JavaScript mas não somos propriamente programadores; transmitem-nos algumas bases sobre programas de edição de imagens, mas se queremos ser fotógrafos a sério, temos de ser autodidatas; sugerem-nos (outras vezes obrigam-nos) a usar um determinado programa de vídeo, pouco depois descobrimos que existem tantos outros muito mais intuitivos. Mas a vida de faculdade é assim mesmo, ali dão-nos ingredientes, depois temos de aprender a conjugá-los!

Neste curso adquirimos competências para trabalhar nas diferentes áreas da comunicação mas é fundamental muito investimento pessoal e envolvermo-nos em projetos fora do âmbito escolar.

João Pereira (J. P.): O meu curso é Comunicação e Multimédia e está dividido em três vertentes: audiovisuais, design e programação web. As saídas profissionais vão desde ser produtor de vídeo, designer gráfico ou front-end até back-end developer, fotógrafo, modelador e animador 3d ou game developer. 

Paulo Renato (P. R.): Frequento Comunicação e Design Multimédia, um curso bastante versátil no ramo da multimédia, onde os alunos podem enriquecer conhecimentos na área do design, vídeo, fotografia, programação, sonoplastia, etc. É uma boa ponte para aqueles que, no final do secundário, não têm a certeza sobre o que seguir ou para quem quer desenvolver as suas capacidades antes de se focar numa área específica.

Ao nível de saídas, um aluno de Comunicação e Design Multimédia, dependendo das suas características, pode entrar no mercado de trabalho (como freelancer ou por conta de outrem) numa das áreas acima referidas especificamente ou então ser uma espécie de “faz tudo”.



 

M.: O que te levou a escolher o teu curso e que factores tiveste em conta? Foi a tua primeira escolha?

D. T. F.: Escolhi o meu curso não tanto porque era exatamente aquilo que desejava fazer, mas porque venho da área de informática: estudei Informática no Ensino Secundário e fiz um curso intensivo de especialização tecnológica (CET) em Tecnologias e Programação de Sistemas de Informação. Nas cadeiras mais relacionadas com a informática, percebi que a mesma era um meio aborrecido na minha perspetiva e que necessita de algo que permitisse que alargasse o meu lado criativo. Portanto, na hora de escolher entre Informática e Multimédia, a escolha foi fácil.

J. G.: Não foi a minha primeira opção. A minha lista de opções para entrar na faculdade conta muito sobre mim. Tinha muitos sonhos e muitas eram as áreas em que me imaginava a ser feliz. A minha primeira opção era Arquitetura, pois a questão da estética, das simetrias e da paisagem sempre foram importantes para mim. A segunda opção era Audiovisual e Multimédia – e ainda bem que o destino quis que fosse este o caminho! A terceira opção era Produção Alimentar, porque tenho um gosto imenso pelo mundo da cozinha e um fascínio pela beleza dos empratamentos.

Felizmente, o curso que tirei não é impeditivo dos meus outros sonhos. Na área da comunicação os conteúdos que trabalhamos podem ser muito variados, quem sabe ainda vou fotografar a cozinha do Avillez ou fazer um catálogo sobre a obra do Siza Vieira…!

J. P.: Não foi de todo a minha primeira escolha, mas o que me levou a colocar Comunicação e Multimédia nas opções foi a sua vertente prática que é muito grande, por muito que as aulas teóricas sejam importantes. Aprender a fotografar/gravar com uma câmara nas mãos, a lidar com diferentes programas ou a programar com um computador ligado e um professor ao lado é completamente diferente daquilo a que vinha habituado no secundário…!

P. R.: Comunicação e Design Multimédia foi a minha primeira opção porque é um curso que me permite continuar a desenvolver as minhas capacidades, após ter frequentado o curso profissional técnico de Multimédia. Outro fator que me  ajudou imenso foi entrar com o exame de português, ao contrário de outros cursos na área onde era necessário realizar o exame de Geometria Descritiva ou Desenho (duas disciplinas que não constam no plano de estudos do curso profissional que frequentei).

Portanto, na instituição que frequento, há a possibilidade de entrar apenas com um exame universal e obrigatório a todo o Ensino Secundário e isso é extremamente positivo!

Recriação da incapacidade visual e auditiva e da perda da fala por Paulo Renato.

 

M.: O que é que te surpreendeu pela positiva e pela negativa no curso?

D. T. F.: Aquilo que me surpreendeu pela positiva foi a variedade de oferta, embora a mesma acabe sempre por ser um dilema para os alunos, porque a maior parte só descobre no último ano aquilo que realmente deseja seguir quando finalizar a licenciatura. Longe de mim querer dizer que o curso não tem nada de mau, mas  pessoalmente não reconheço nada que não goste nele. Neste aspecto, penso que varia de Universidade para Universidade e depende dos professores que temos: há alguns que por lecionarem tão mal, impedem que nos apaixonemos por determinadas áreas na sua plenitude. Nessas situações, podemos considerar que o problema reside na cadeira/área, quando na verdade ela simplesmente não está a ser bem lecionada.

J. G.: O facto da escola ser pequena é bom! Somos todos muito mais próximos, os professores e funcionários sabem o nosso nome. E confesso que nesta área é muito importante ter uma grande rede de contactos. O facto de ser politécnico e não universidade é bom: grande partes dos professores trabalha fora da escola e por essa razão têm muita noção das tendências do mercado atual.

Mas senti que três anos de licenciatura foi pouco, muito pouco. Para desenvolver a sério alguns dos projetos que nos são sugeridos seria necessário muito mais tempo, acompanhamento e investimento. Também senti falta de tempo para pensar e refletir sobre as matérias das disciplinas teóricas. É tudo para ontem!

J. P.: Pela positiva, sem dúvida a vertente prática do curso mas também a relação próxima que temos com os professores, algo que é muito recorrente em todos os cursos na UTAD. Pela negativa, eu diria algumas unidades curriculares demasiado teóricas que me pareceram um bocado desviadas do contexto do curso e que por consequência não se tornaram muito cativantes. 

P. R.: Aquilo que mais me surpreendeu pela positiva foi o quão prático o curso é. Entrei já com uma expectativa de ser muito prático, mas a verdade é que é ainda mais do que esperava. Mesmo em aulas mais teóricas, os professores têm o cuidado dar mais exercícios/trabalhos de pesquisa, de forma a que os alunos explorem mais os temas lecionados e os que estão por lecionar.

Pela negativa, destaco a desproporção entre a matéria planeada para um semestre e o pouco tempo que há para a lecionar, o que faz com que parte da matéria, mesmo a mais fundamental, seja engolida pelos alunos (ao invés de ser interiorizada e consolidada).



 

M.: Como tem sido a experiência de estudar nesse curso? O que é que te marcou mais?

D. T. F.: Frequentar o curso foi um desafio. O estudante é forçado a ter várias capacidades técnicas ao mesmo tempo. A carga de trabalho é imensa, mas percebemos a beleza disto quando temos a oportunidade de combinar todas as nossas skills num só projeto. Alguns de nós, neste momento, já somos capazes de fazer magia quando nos dedicamos por inteiro a um projeto!

J. G.: A minha passagem pela ESCS foi muito positiva. Considero que o meu investimento e dedicação foram reconhecidos. A própria faculdade abriu-me muitas portas. Os professores sempre se mostraram muito disponíveis para quem estava realmente interessado em aprender. Dois grandes desafios que vivi foram promovidos por professores que gostaram do meu trabalho. Através da ESCS tive oportunidade de participar na Academia RTP 4.0 e, mais recentemente, ir mostrar o meu portfólio fotográfico ao Festival de Fotojornalismo: Visa pour l’image em Perpinhã, França.

J. P.: Acho que os contactos que tenho obtido é aquilo que me está a marcar mais, pois desde cedo somos incentivados a integrar muitas iniciativas da direção de curso e do núcleo de estudantes para ter contacto com profissionais/empresas da área. Por isso, as palestras e as conversas são constantes e um quebrar na rotina muito enriquecedor! 

P. R.: Tenho tido uma experiência francamente positiva. Quando entrei no curso, fui um bocado de “paraquedas”: entrei na 2ª fase, numa escola nova, numa cidade nova, sem o período de adaptação que os alunos da 1ª fase têm.

A primeira coisa que pessoas do curso me disseram foi que não ia ter problemas de integração porque os alunos são simpáticos e devo dizer que fiquei cético mas, ao longo do tempo, fui comprovando que há realmente uma entreajuda entre todos os elementos que frequentam o curso – desde alunos de 1º ano até a pessoas que já frequentaram o curso, mas continuam ligadas aos atuais alunos. É, de facto, fácil gostar de Comunicação e Design Multimédia!

1/2/3 – “Explorar São Tomé”, 4 – Coureleiros, 5 – Lapa do Suão e 6 – Barragem dos Gameiros. Fotos de Joana Gregório.

 

M.: Como descreverias a tua adaptação ao ensino superior? Quais foram os teus principais desafios?

D. T. F.: A minha adaptação ao ensino superior foi fácil. Entrei com o objetivo de terminar a licenciatura em três anos e consciencializei-me de que não me poderia distrair disso. Não me dava muito com os meus colegas mas de vez em quando interagia com eles: foi uma escolha minha. Frequentei as praxes, brincava, conversava, mas raramente saía para ir a jantares ou a outros encontros. Tinha os meus amigos fora da universidade e isso foi suficiente.

O meu principal desafio enquanto frequentava o curso foi manter a vontade de frequentar as aulas, isto por dois motivos: por um lado, por ter vindo do CET, tive equivalência a todas as cadeiras de programação do curso, algo que me conferiu muito tempo livre durante dois anos. Encontrava-me muitas vezes no dilema existencial do estudante que aparece logo pela manhã quando o despertador toca: . “Vale mesmo a pena ir hoje?”, “Se calhar o professor não ensinará algo que ainda não saiba”, o que na realidade se traduz em mera preguiça; por outro lado, como sempre fui autodidata, e por estar numa área onde essa era a chave para amenizar a carga de trabalho e o tempo em que realmente precisava de estar em sala de aula, muitas vezes já tinha conhecimento pleno da matéria e não via a necessidade de frequentar as aulas: ao invés disso, podia ficar em casa a trabalhar num projeto pessoal.

J. G.: Confesso que não foi fácil. O meu coração é alentejano, sempre estive habituada a outro ritmo e a outras paisagens. Vir para a ESCS foi sinónimo de mudança de vida e de crescimento pessoal. O maior desafio foi mesmo viver sozinha numa cidade gigante onde as pessoas não dizem “bom dia” na rua. A nível de ritmo de trabalho não senti grande mudança. Considero que vinha bem preparada e tinha um bom método de estudo, mas isso também se vai aperfeiçoando e moldando consoante as temáticas em estudo. Só uma pequena nota, para aqueles que querem vir para esta área da comunicação: é extremamente importante saber falar para um público e defender as nossas ideias – sem medo!

J. P.: A minha adaptação foi tranquila: obviamente que me perdi algumas vezes mas nada que uma simples abordagem não resolva. O principal desafio passa por usufruir de tudo o que a vida académica me pode dar, sem que a conclusão do curso seja afetada por isso.

Penso que a palavra que melhor define a vida académica é intensidade: numa semana estás a rir e a festejar com os teus amigos na semana académica, na semana a seguir estás a “chorar” e a deprimir com os trabalhos que tens de entregar e as frequências para as quais tens de estudar… é de loucos mas é incrível!

P. R.: Para ser sincero, estava à espera de bem pior. Sou tímido, introvertido por natureza, por isso achava que ia passar pelo Cabo das Tormentas para me adaptar. O facto de viver com 4 pessoas da minha terra (apesar de frequentarem todos outros cursos e outra instituição) contribuiu para a minha  adaptação à cidade e a uma nova realidade; a praxe e a solidariedade que os estudantes da 1ªfase e os mais velhos demonstraram também me ajudaram imenso.

Outro desafio que tive foi transitar de um ano sem aulas para um em que tinha de fazer noitadas para entregar trabalhos, mas com o tempo habituei-me. Posso afirmar que hoje sou uma pessoa mais capaz, tanto socialmente como a nível de trabalho, do que era há um ano quando pisei Coimbra pela primeira vez.



 

M.: Achas que o teu curso te prepara para o exercício da profissão, isto é, que adquires as principais competências que um profissional dessa área deve ter?

D. T. F.: Sim, penso que o meu curso oferece todas as ferramentas necessárias para preparar um estudante para qualquer uma das profissões que ele desejar seguir. Mas é importante que os estudantes de Multimédia não pensem que este curso deve ser lecionado como os cursos de física, direito, gestão, etc… Os professores transmitem-nos o conhecimento sobre as ferramentas e nós somos obrigados a aprendê-las por conta própria!

É comum ouvir estudantes de Multimédia reclamarem por não lhes ser ensinada x ou y coisa mas na verdade, há muitas áreas que não precisam de ser lecionadas numa Universidade para que sejam formados ótimos profissionais e a minha é uma delas.

J. G.: Acho que sim, saímos bem preparados, mas mesmo assim é pouco. Como referi anteriormente, é muito importante envolvermo-nos em projetos pessoais e exteriores ao mundo da escola. Este é o tempo ideal para errar e aprender com isso!

J. P.: Acho que a licenciatura funciona como uma carta de condução: sabes conduzir mas estás longe de ser um expert, por isso sim, desde que se tenha esta noção as bases que o curso nos dá são muito válidas para a vida profissional. 

P. R.: Estando agora a iniciar o segundo ano de licenciatura não sou a melhor pessoa para falar com certeza acerca deste assunto, mas com a experiência que adquiri no curso profissional aliada à quantidade de conteúdo prático que temos juntamente com o estágio, tenho uma boa rampa de lançamento para o mercado de trabalho.

O curso dá-nos todas as bases e ferramentas necessárias para sermos alguém na área, mas temos de evoluir e explorar as nossas capacidades!

Vídeo de Dércio Tomás Ferreira.

 

M.: Consideras o teu curso difícil? Porquê?

D. T. F.: Para quem “está de fora”, o curso pode parecer muito simples porque gravamos vídeos, fazemos logótipos, etc. No entanto, considero o curso de Multimédia bastante complicado, bastante mesmo. Pelo menos para quem procura ser um ótimo profissional e não apenas um estudante que se limita a passar às cadeiras com 10 ou 11 valores.

Não é fácil para um aluno ter que aprender tantas áreas do saber ao mesmo tempo e ainda ter que aprofundar os seus conhecimentos em cada uma delas por conta própria porque o curso só dá as bases: isto é, um aluno de Multimédia somente pelo que dá no curso, não está à altura para competir com um aluno de Design, um aluno de Informática ou de Cinema – tem de aprofundar os seus conhecimentos relativos a  cada uma das áreas do curso porque elas não são lecionadas por completo.

J. G.: Isso é muito relativo. Esta é uma discussão antiga. Acho que a dificuldade inerente a cada curso também tem imenso que ver com a dedicação e objetivos pessoais que traçamos. Neste curso, uma vez que tem uma grande componente prática, o investimento nos trabalhos de grupo e individuais é necessário e implica muito planeamento, estudo do conceito, análise do contexto e pelo meio muita gestão de conflitos. Saber trabalhar em equipa também é uma competência estimulada nesta área.

J. P.: Não. O meu curso não é difícil mas dá muito trabalho. Temos mais trabalhos do que frequências, o que quer dizer que se não percebemos a matéria lecionada nas aulas, vai ser muito complicado fazer o quer que seja e é uma sensação frustrante mas da qual só nós somos culpados.

P. R.: A dificuldade de um curso, na minha opinião, é muito subjetiva e depende muito daquilo de que realmente gostamos. O curso tem o seu grau de dificuldade e é preciso algum tempo de estudo para interiorizar a matéria de forma devida ou treinar em casa aspetos práticos para não se ir às aulas em vão, mas gostar do que se faz é um grande passo para não sentir tantas dificuldades.



 

M.: Quais são as tuas expectativas no que toca à entrada no mercado de trabalho? Que perspectivas tens?

D. T. F.: Um aluno que domine qualquer uma das áreas do curso é capaz de começar a exercer mesmo antes de o terminar. Mas numa fase inicial, tem de procurar clientes para divulgar o trabalho que já realizou. Quando já o tiver feito, usufruirá de uma boa base de rendimentos que crescerá paulatinamente. Foi isso que fiz e é o que tenho vindo a fazer: portanto, as expectativas são ótimas!

J. G.: A minha experiência pessoal diz que a entrada no novo mundo não é difícil desde que estejamos disponíveis para novos desafios e para querer aprender cada vez mais.

A minha entrada no mercado de trabalho tem sido feita de pequenos passos. Já fiz pequenos trabalhos como freelancer e neste momento a termo mais certo estou a integrar a equipa de um projeto de investigação que está sedeado justamente na ESCS. Sou bolseira do Projeto “Narrativas e experiência do lugar: bases para um Museu da Paisagem”, financiado por Fundos Europeus Estruturais e de Investimento (FEEI), pelo Programa Operacional Competitividade e Internacionalização, pelo Programa Operacional Regional de Lisboa e pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT). A possibilidade de estar a trabalhar na faculdade, diretamente com professores, está a ser uma experiência muito enriquecedora e desafiante.

J. P.: Não são grandes mas também não são baixas, tenho noção que algumas vertentes do curso têm uma dificuldade acrescida no que toca à entrada no mercado de trabalho. Mas sendo proativo e construindo um portefólio bom, tens sempre muito mais oportunidades: o desafio é não parar e ter sempre projetos em mente seja em que vertente for.

A constante busca por conhecimento e a construção de um portefólio sólido são indispensáveis para qualquer bom profissional da área. 

P. R.: Tenho alguns contactos na área obtidos em estágios que realizei quando frequentava o curso profissional e isso é bom para mim, pelo menos numa fase inicial ou enquanto não me aventurar num mestrado.

Não estou assustado quanto ao desemprego, uma vez que estou inserido numa área que está e vai continuar em expansão e que, por esta razão, não deverá ter nenhuma crise de empregabilidade.

 

M.: Pensas em continuar a estudar para um mestrados/doutoramentos ou pós-graduações?

D. T. F.: Sim. Neste momento, estou inscrito no mestrado em Ciência Política. Eu sei, não tem nada que ver com Multimédia! Mas o ser humano precisa de ser versátil!

J. G.: Para já não. Acho que ainda estou a descobrir o que quero realmente ser “quando for grande”. Por agora estou muito feliz – e realizada – com esta bolsa de estudo que me permite ganhar algum dinheiro estando já a entrar de alguma forma na área.

J. P.: Acho que sim, como disse a busca por saber mais é indispensável!

P. R.: Seguir todo o caminho académico até ao fim está na minha mente. Aprender nunca é demais, não é verdade? Quanto a opções, este ano vai ser fulcral para a minha escolha uma vez que, no final do ano, terei experimentado todas as áreas que o meu curso oferece. Se tivesse de decidir o meu futuro agora, optaria por seguir fotografia e vídeo!



 

M.: Se soubesses o que sabes hoje, candidatavas-te para o mesmo curso novamente? Porque?

D. T. F.: Sim. Faria a mesma escolha. Simplesmente porque não me imagino a trabalhar em algo que não esteja relacionado com o meu curso.

J. G.: Se soubesse o que sei hoje teria colocado Audiovisual e Multimédia em primeiro lugar nas opções de candidatura ao Ensino Superior. Este curso é uma porta, dá acesso a um mundo super interessante e dinâmico que é a Comunicação Social. Sou feliz a trabalhar nesta área! Tinha como ideal de trabalho algo que fosse para pessoas, que não fosse rotineiro e que envolvesse muito trabalho de campo e, neste momento, é isso que faço.

J. P.: Sou suspeito, lembro que não foi a minha primeira opção, mas sim faria a mesma opção por tudo o que me está a proporcionar a todos os níveis!

P. R.: Sem qualquer dúvida que fazia; não iria trocar o certo pelo incerto. Estou feliz num curso de que gosto, com pessoas que, não conhecendo há mais de um ano, me fazem sentir em casa. Que mais posso pedir?

 

M.: Que recomendações deixas aos futuros candidatos ao ensino superior?

D. T. F.: Foco, é o mais importante. Façam o que tiverem de fazer mas nunca se esqueçam do vosso propósito inicial aquando do ingresso no Ensino Superior.
A verdade é que as notas e as licenciaturas frequentadas não definem a inteligência de ninguém, por isso, não se deixem rebaixar por pertencerem ao curso X ou Y e nem se sintam melhores por frequentarem o curso A ou B. No final de tudo, cada um de nós tem um propósito diferente na vida, mesmo que a sociedade nos tente incutir o mesmo modo de pensar e agir!

J. G.: Procurem um curso em que se sintam felizes e realizados, dediquem-se ao máximo, envolvam-se em projetos e pequenos trabalhos fora do âmbito escolar, definam objetivos/metas pessoais e elaborem uma lista de prioridades, sejam diferenciadores e tentem sempre superar as expectativas, aprendam o mais cedo possível a trabalhar em equipa e criem uma boa rede de contactos!

J. P.: Pesquisem bem aquilo que realmente querem, porque um dos defeitos do Ensino Secundário é não abrir portas para descobrirmos aquilo de que gostamos realmente. Por isso, estejam atentos e procurem sempre as respostas às vossas perguntas. 

P. R.: Que escolham o curso que querem porque realmente gostam daquilo e não por ser o que dá mais dinheiro ou emprego. Quem é realmente bom, será recompensado e só é bom naquilo que faz quem realmente gosta do que está a fazer! Não se sintam menos capazes se tiverem de ficar um ano parados por uma prova de ingresso ou se não entrarem na vossa primeira opção, porque quando uma porta se fecha, abre-se uma janela!

 

M.: O que dizem… as tuas notas?

D. T. F.: As minhas notas dizem que sou um aluno muito bom, mesmo em cadeiras nas quais hoje em dia, em termos de matéria, não faço a mínima ideia daquilo que aprendi. Porque as notas só são isso mesmo, um reflexo do quão bem preparado (ou não) foste para um teste/exame em determinado dia!

J. G.: As minhas notas dizem que estes foram três anos intensos mas que valeram a pena. Ganhei o prémio de Melhor Aluna Finalista da Licenciatura em Audiovisual e Multimédia, no ano letivo 2016/2017, e confesso que soube bem depois de todo o investimento!

J. P.: As minhas notas traduzem o ânimo que tenho dependendo da vertente do curso em conta, mas até agora dizem que têm sido minhas amigas!

P. R.: Dizem que tenho de me aplicar mais e não ceder tanto à preguiça. Não foram más mas tenho intenção de melhorar, como já fiz entre o primeiro e o segundo semestres.

Na minha área não se dá tanta importância às notas mas é um objetivo meu subir a minha média para algo que me deixe satisfeito, até para ter algo que me “obrigue” a esforçar-me mais e mais.

Neste primeiro ano, fui prejudicado por metade do ano letivo ter sido mais teórico, algo que não me cativa nada. No primeiro semestre não me esforcei como devia e acabei desiludido por não ter conseguido o meu primeiro objetivo por uma décima (acabar os semestres todos com média igual ou superior a 14 valores), mas no segundo apliquei-me mais, até porque houve menos teoria, e consegui subir a média para 14,3 valores. Este segundo ano é mais prático e espero conseguir aumentar a média!

 

Dércio Tomás Ferreira é aluno de Multimédia do Instituto Superior Miguel Torga, Joana Gregório de Audiovisual e Multimédia da Escola Superior de Comunicação Social do Instituto Politécnico de Lisboa, João Pereira de Comunicação e Multimédia da Escola de Ciências e Tecnologia da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e, finalmente, Paulo Renato é estudante de Comunicação e Design Multimédia na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Coimbra.