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A Geração mais qualificada em crise


A geração mais qualificada encontra-se em grande crise. 

Portugal está numa espiral de desequilíbrio profundo perante pessoas qualificadas e não qualificadas.

Cada vez se torna mais recorrente as pessoas qualificadas serem deixadas de parte, em vagas de emprego, por terem uma qualificação maior que a exigida pelas empresas. A verdade é que todos os anos saem milhares de formados das escolas profissionais, universidades e cursos formativos, por isso, torna-se mais difícil obter oportunidades neste que é o nosso País.

Ao ler os artigos do Observador sobre temáticas como desemprego qualificado, deparo-me com outra que é uma das nossas grandes realidades e passo a citar “72% dos jovens entre os 18 e os 34 anos e que trabalham por conta de outrem recebem menos de 950 euros líquidos mensais. Este dado (2021), proveniente do estudo Os Jovens em Portugal, Hoje, da Fundação Francisco Manuel dos Santos não pode senão constituir forte alarme e tudo quanto não queremos para Portugal.” O que é que isto quer dizer? Quando é que é aceitável começar a pensar num futuro?

Ora vamos averiguar a qualidade de vida de um jovem que ganha menos de 950€ mensais. Um jovem licenciado que ganhe 800€ tem várias despesas, principalmente se estiver a viver sozinho e quiser ter o direito à sua independência financeira e habitacional.

 As rendas em Portugal não estão regularizadas nos centros das grandes cidades, por exemplo, uma renda mensal por um apartamento T0/T1 ronda os 500/690€ por mês, as despesas mensais rondam os 60€, um passe mensal de transportes públicos custa 40€, a alimentação ronda os 120€ e com isto resta-nos uma quantia que muitas vezes é distribuída por outros gastos, o que ao final do dia deixa-nos a pensar que trabalhamos apenas para pagar contas e nada mais.

Todos nós temos e devemos receber aquilo que é nosso por direito. A verdade é que os nossos pais fizeram e fazem vários esforços para nos darem uma vida confortável, para que possamos ser alguém, mas esse alguém depende de como o mercado nos recebe.

É inaceitável que um empresário nos diga “o mercado não tem tempo para vos ensinar”, esquecendo-se de que já esteve no nosso lugar, que passou pelas mesmas dificuldades ou que não teve ninguém que acreditasse nele.

É inaceitável percebermos que investimos o nosso tempo, não só a nível pessoal como a nível familiar, dinheiro, saúde mental, para depois não sermos recompensados.

É inaceitável que o nosso país não tenha uma outra postura com os seus jovens, com aqueles que serão o futuro do mesmo e que apenas querem integrar-se na sua área e aplicarem tudo aquilo que aprenderam.

Somos jovens, mas não somos desistentes, não queremos cruzar os braços nem estagnar tão pouco.

Agora pergunto-vos:

– Quando é que o “sair de Portugal” deixa de ser uma solução para todos os que lutam por uma vida melhor?

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Este texto faz parte de uma série de textos de opinião de alunos do ensino secundário e superior sobre a sua visão do ensino e da educação.

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