A nossa relação acabou Metro


Se é tão importante os jovens usarem os transportes públicos como primeira opção quando pensam em deslocar se dentro da cidade de Lisboa e arredores, porque é que o senhor Metro dificulta a vida de milhares de estudantes durante o mês de setembro, que têm horários para cumprir e ainda têm de contar com os intermináveis tempos de espera nas filas dos Espaços Navegante?

Ora bem, esta é uma situação que ocorre todos os anos, e qualquer dia passa a estar presente nos guias turísticos da cidade de Lisboa com o título “estudantes em espera, um exclusivo de lisboa”. Pois é, já fiz algumas viagens a outros locais da europa e nunca me deparei com esta situação. Numa era tão tecnológica, porque é que não há já uma plataforma onde é possível carregar o comprovativo de matrícula de forma a que a atualização dos passes, sub18 e sub23 sejam renovados de forma tão simples? Já basta quem tem de fazer um novo cartão e sim sujeitar-se à espera…

Se vos der muito trabalho, disponibilizem o processo de renovação em todas as estações, porque a maior parte das vezes que passo nos gabinetes azuis, a tableta “encerrado” é a cara que me diz bom dia.

Depois das filas de espera, vem o “linha amarela: existem perturbações na circulação. O tempo de espera pode ser superior ao normal. Pedimos desculpa pelo incómodo causado.”

Quando é que vão perceber que nós, por muito que queiramos, não desculpamos? Porque o patrão não desculpa, o professor não desculpa e a refeição que fica por tomar também não desculpa.

Na última semana, perdi uma hora de laboratório porque a circulação inteira da rede metro parou “Por razões alheias ao metro” que, na tradução para o português corrente, significa “Correu mal? Então a culpa não é minha, arranjem-se!” a desculpa típica preferida de todos os portugueses. Confesso que também a uso, mas não peço cerca de 30€ ao pessoal a cada 30 dias e depois mando-os passear! Como amiga que sou, aconselhava-vos a arranjar umas novas cantilenas, para os pobres coitados chegarem à plataforma e pensarem “Ora bem, qual será o motivo de hoje? Estou curioso, e tenho tempo para especular”.

No outro dia, cheguei atrasada a uma reunião importante porque “linha amarela” (o resto da cantilena já sabemos todos de cor) e “linha vermelha” não dizia nada mas a verdade é que não apareceram comboios durante longos e demorados minutos até a informação de “existem problemas na circulação” aparecer nos famosos LEDs, mesmo que naquele momento já todos nós tínhamos percebido. Aliás, os tugas, porque os estrangeiros com voos marcados estavam às moscas com a informação em português.

 Para bem dos meus pecados, os outros intervenientes na reunião também se encontravam imobilizados no metro. Se soubesse, tinha convocado a reunião para as 11h na estação do Saldanha, ao menos tínhamos todos chegado a horas e a tempo de beber café…

Com o sucedido, segunda-feira tive teste, claro que saí de casa 3 horas antes, não vá o diabo tecê-las, desculpem, o metro!

Eu sei que estou a ver isto pelo lado do utilizador que só sabe reclamar, mas se calhar se virmos pelo outro lado, o Metropolitano de Lisboa está só a tentar que o pessoal se canse destas palhaçadas e que comece a andar mais a pé, ou de bicicleta, ou até de trotineta. Não sejamos tão duros, eles preocupam-se com a nossa saúde (mental não é de certeza) e claramente com a nossa linha. Uma caminhada sem metro por dia, não sabe o bem que lhe fazia! (mesmo que não seja por vontade própria).

Para terminar, escolheram a pior altura (ou melhor, dependendo do ponto de vista) do ano para fazer um inquérito de satisfação. Ora bem, em primeiro lugar, o inquérito é presencial. Povo preguiçoso, não há reclamações, melhor para o metro. Em segundo lugar, com tanta perturbação que ocorre na rede de metro, por muito que alguém tenha vontade de ir responder ao inquérito, torna-se uma espécie de Tom Cruise na Missão Impossível, mas sem motas xpto, apenas com duas pernas a tentar cumprir horários e ainda com coragem de partir à aventura em busca do inquérito de satisfação que ninguém sabe onde está.

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Este texto faz parte de uma série de textos de opinião de alunos do ensino secundário e superior sobre a sua visão do ensino e da educação.

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