Acesso ao Ensino Superior: pais e diretores pedem fim de um ensino de “marranço” a pensar nas médias

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Os pais e diretores escolares pedem que existam mudanças no atual modelo de acesso ao Ensino Superior, que neste momento se foca apenas na média, fazendo os alunos lutar por “cada décima”, avança o ‘Diário de Notícias’ (DN).

Apesar de o Governo ter prometido reavaliar o modelo de acesso ao ensino superior, para separar “a certificação do ensino secundário e o acesso ao ensino superior”, ainda não há medidas concretas e a comunidade escolar quer isso aconteça o mais rápido possível.

Um dos problemas que existe e deve ser alterado é o facto de os alunos do ensino secundário serem “reféns das médias, contadas décima a décima”, lamenta Rodrigo Queiroz e Melo, diretor executivo da Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo (AEEP).

“Neste momento, não basta ser bom aluno. É preciso trabalhar para a décima. Não faz sentido que o foco dos estudantes seja apenas esse. Trabalham apenas para alcançar uma determinada média e ficam reféns dessa necessidade nos três anos de secundário”, refere citado pelo jornal.

Para o responsável, este sistema faz com que muitos bons alunos não consigam entrar na Faculdade. “Defendemos que deve haver exames no secundário para acesso, mas esse não deve ser o único critério para a entrada no ensino superior. Especialmente nos cursos mais competitivos, a entrada devia ser feita por patamares”, considera.

Também Filinto Lima, presidente Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos de Escolas Públicas (ANDAEP), partilha da mesma opinião, defendendo que “a questão de fundo é mais profunda do que a alegada diferença das notas internas entre os alunos do público e do privado”.

“Devemos debater de uma vez por todas o modelo de acesso. Este modelo torna subserviente o ensino secundário em relação ao superior. É um secundário feito para obter uma nota de acesso, e isso é redutor. Trata-se de um ensino para o marranço e o grande objetivo é obter a melhor nota no exame nacional”, sublinha ao ‘DN’.

Segundo o diretor, importa “discutir este problema de forma aberta, pois os três anos do secundário são anos quase perdidos em que os alunos já sabem que só conta a obtenção de uma média. É um enorme constrangimento para os alunos e para um ensino que devia ir mais além da preocupação pela décima”.