Ernest Hemingway publicou, no final da década de mil novecentos e vinte e nove, a sua obra Adeus às armas, que fala de um jovem que, durante a primeira guerra mundial, se alistou ao exército italiano. Naquela época, o ambiente bélico era uma preocupação para os jovens que, atualmente enfrentam outros problemas: a falta de emprego e a necessidade de emigrarem.
Portugal tem sofrido dois grandes problemas que não estão a ter a devida atenção por parte das instituições competentes.
O primeiro problema está relacionado com a fraca aposta no setor do ensino, o que se reflete na desvalorização do corpo docente e das dificuldades do sistema de ensino. Apesar de se verificar uma melhoria no sistema de ensino, todos os anos o número de jovens formados aumenta, o que se traduz numa geração muito bem qualificada que, no entanto, não têm a oportunidade de ser integrada no mercado de trabalho nacional. A qualificação destes estudantes foi uma aposta e um sacrifício por parte dos contribuintes e das famílias mas, depois da jornada académica terminar, a realidade laboral obriga-os a procurar oportunidades profissionais fora do país em que se formaram.
A “fuga de cérebros”, como é chamada a emigração dos jovens, origina um segundo problema, diretamente ligado à falta de estratégias para integrar esta geração qualificada. Depois de frequentar universidades de excelência e de beneficiar da realidade do ensino português, o expectável seria encontrar emprego no tecido empresarial do país. No entanto, como vimos, a falta de oportunidades em várias áreas leva milhares de jovens a emigrar para países onde as capacidades de um estudante, que investiu na sua educação e que retirou o melhor da aprendizagem, são reconhecidas.
Estes problemas devem ser resolvidos e normalmente têm solução, mas parece que o país não está a responder ao processo de formação das gerações atuais e futuras. Tudo isto começa por unir sinergias de modo a criar uma resposta inteligente e eficaz que permita aos estudantes trabalharem no seu país.
Em conclusão, o problema é a “fuga” destes jovens formados, que vão contribuir para o desenvolvimento de novas oportunidades no mercado laboral de países vizinhos. Depois não digam “adeus aos estudantes” quando se esquecem de proporcionar respostas aos seus problemas.
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Este texto faz parte de uma série de textos de opinião de alunos do ensino secundário e superior sobre a sua visão do ensino e da educação.
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