Ah, Professores… ou, há professores?

Caros professores do ensino secundário,

A maior parte de vocês, sem querer ser ofensivo, é velho e desatualizado.

Durante o meu percurso de escolaridade obrigatória, durante doze anos, houve sempre em mim uma dúvida constante: Quem são afinal os professores do secundário?

Tendo em conta a minha experiência pessoal, e o meu percurso pulado de escola em escola, tive a oportunidade de conhecer e conviver com diferentes tipos de professores.



Existem professores de que nunca mais me esqueci. Recordo ainda o nome, a expressão característica da sua cara e o apoio que reconheci e agradeci que me fosse dado. Sim, também há bons professores nas escolas secundárias.

Vi professores inteiramente dedicados ao seu trabalho e à sua paixão pelo ensino serem gozados, desvalorizados e muitas vezes desrespeitados pelos alunos por terem boa vontade e paciência. Vi igualmente muitos professores que pouco se importavam com os alunos e no entanto isso nunca os impediu de serem adorados por eles.

Conheci professores que viram em mim mais do que outros algum dia poderão sequer ver neles próprios; professores que ainda não desistiram dos alunos (aquelas pestes irritantes com as hormonas aos saltos, que gostam de dizer bacuradas, fazer gracinhas e responder torto, com a recompensa de serem “populares” por isso, pelo menos enquanto ainda estão no secundário!).

Os alunos também fazem os professores. Não é à toa que alguns professores ganham um carinho especial por determinada turma, e uma grande repulsa por outra. Mais uma vez, durante o meu percurso, fui percebendo que por vezes o professor limita-se a ser o reflexo da turma que ensina.

Existe ainda um tipo de professor que se limita a impingir-nos o que vem nos livros escolares, com pouco conhecimento da própria disciplina que leciona e aparentemente sem vontade de investigar ou saber mais do que aquilo que lhe disseram que supostamente era verdade. Professores que não avaliam pelo que o aluno sabe pensar mas por aquilo que pretendia ensinar-lhe a pensar. Apercebi-me disso no meu segundo ano do secundário… a educação do nosso país está a ficar para trás, está, como já disse inicialmente em relação aos professores, velha e desatualizada.

Procuram constantemente impingir-nos um monte de informação desnecessária e sem qualquer tipo de interesse. Perdem, porque nos querem ensinar o que pensar e não COMO PENSAR. Por outras palavras, a maior parte dos professores dá o peixe mas não ensina a pescar (e por vezes, nem ele próprio o sabe fazer). Estes são também os professores que procuram por respostas decoradas nos testes de avaliação e exames, em vez de procurarem a verdadeira capacidade de raciocínio do aluno, e valorizá-lo por isso.

No entanto, para mim, existe ainda um tipo de professor ainda pior: o invejoso ressabiado.

Aquele que não suporta ver nem muito menos reconhece que um aluno possa ser mais inteligente do que ele ou ter mais capacidades. Aquele que acha que o aluno nunca saberá tanto como ele, e que, caso veja algum que o consiga fazer, dedica-se mais a tentar envergonhar e convencer esse mesmo aluno de que é idiota, do que a ensinar todos os restantes. Esses, são os professores mais perigosos. Imaginem só como seria se o modo de pensar destes professores fosse correto… diria que cada vez que alguém se licencia é sempre “mais incapaz” do que o último que o fez. Não haveria evolução ou desenvolvimento, ou estou errado?

Tudo isto para dizer o quê?

Tudo isto para dizer que quando cheguei à universidade, vi finalmente professores que desprezavam datas ou características sem interesse mas que se preocupavam, sim, em fazer crescer em mim a vontade de interpretar e realmente compreender as coisas. Professores que me desafiaram e se dispuseram a ouvir todas as minhas “ideias malucas” que a maior parte dos meus professores do secundário desvalorizou, desprezou ou simplesmente não quis saber.

Por fim, quero apenas dizer que não quero de todo parecer ingrata em relação aos professores do secundário… por isso digo, e com muito prazer, que o seu extremo é tão grande que há professores que se vir passar na rua sou capaz de ir ter com eles de propósito, com um sorriso sincero e uma palavra carinhosa; e outros que se vir ou passarem por mim, tanto me escondo para que não me vejam ou simplesmente finjo que não os vejo.

Por tudo isto, caros professores do ensino secundário, gostaria de vos perguntar: Quando andam pela rua, qual dos dois extremos preferem ser?

Colabora!

Este texto faz parte de uma série de textos de opinião de alunos do ensino secundário e superior sobre a sua visão do ensino e da educação.

Gostavas de publicar um texto? Colabora connosco.