Artigo 13: focam-se sobretudo nas redes sociais, esquecem-se da censura e dos direitos de quem trabalhou


É óbvio que todos gostamos de ver aquele filme grátis, ter acesso ao livro que precisamos de forma ‘gratuita’, mas esquecem-se que de certa forma quem trabalhou e criou essa obra, que nós tanto queremos ver/obter, não está a receber mérito ou lucro pelo seu trabalho. A partir de uma certa altura da nossa vida temos de trabalhar para pagar as nossas contas e fazer a nossa vida. Deste modo ninguém ia gostar de trabalhar e chegar ao final do mês e receber apenas metade do seu ordenado, ou mesmo nem receber ordenado, porque há indivíduos a usarem o nosso trabalho sem nos pagar.

Eu próprio já descarreguei filmes, séries, músicas, jogos, livros, programas, não sou nenhum santo. Sou sim contra os preços ridículos que são estabelecidos por estes produtos.

Enquanto jovem, de carteira magra, sem possibilidades de ir todas as semanas ao cinema, de sempre que sai um jogo novo ir imediatamente comprá-lo, a 60/70€, de pagar dezenas de euros por livros que são pedidos durante o nosso percurso escolar. O mais óbvio é chegar ao google e com uma simples pesquisa obter esse conteúdo de forma gratuita.

O que eu acho é que a união europeia em conjunto com os governos, deviam estar mais preocupados em estabelecer preços razoáveis face ao panorama atual, permitir outras condições de acesso a este tipo de conteúdo. Um exemplo simples disto foi durante o festival do cinema, a 2,5€ as salas de cinema do país encheram, famílias de 4/5 membros puderam ir todos ao cinema por 10/12,5€, face ao preço médio de 6€ por bilhete nos restantes dias do ano para uma família ir ao cinema já fica por 24/30€, isto só em bilhetes. Agora os cinemas preferem vender mais a um preço menor ou menos a um preço maior? O que será que  compensa mais?

À medida que começamos a obter o nosso dinheiro começamos a pagar para obter os conteúdos que queremos, porque já temos posse de compra que não tínhamos quando éramos mais novos e não nascemos num berço de ouro. O panorama nacional não é o melhor, com o ordenado mínimo baixo face à média da UE, e 23% da população nacional está receber este salário, sem contar com os desempregados, torna-se impossível os nosso progenitores conseguirem pagar as contas e pôr-nos comer na mesa e terem ainda de gastar centenas de euros por mês para lazer dos filhos.

Se há poder para estabelecer estas leis de direitos de autor, vão me dizer que não há poder para estabelecerem preços máximos? Há poder para passarem multas a empresas e não há para regular preços?

O Google Imagens pode acabar é verdade, ou não, a google não pode fazer um investimento para comprarem o seu banco de imagens, 100% de acordo, contudo podem fazer um Marketplace das imagens em que os lucros iam para os autores. Com preços razoáveis, pois muitas das imagens utilizadas são para trabalhos escolares das crianças. Acredito mesmo que com esforço a Google conseguia fazer uma versão do Google Imagens escolar, com imagens dos diversos temas de estudos onde qualquer pessoa podia contribuir com imagens de forma gratuita, sem receber por isso, ajudar de livre vontade.

As redes socias não vão desaparecer, elas vão continuar, contudo a maneira de as usar vai ser alterada. Não posso colocar uma foto e usar uma descrição de outra pessoa, coloco uma foto e uso uma descrição minha, vai promover a minha criatividade, e a forma de me expressar, em vez de ir há internet e copiar uma frase eu crio uma frase. Posso continuar a ir à praia no verão e tirar uma foto lá e publicar, sem stress, não posso tirar fotos onde aparecem marcas, não vejo o problema nisso. Eu quando tiro fotos é pela paisagem, que não tem direitos
de autor, a mim ou a amigos, essas podem ser publicadas de livre vontade onde cada um se sentir à vontade.

Face ao Youtube, isto vai fazer uma limpeza geral eliminar vídeos e conteúdo repetido. Um youtuber tem uma ideia e faz um vídeo, no dia seguinte milhares de youtubers de todo o mundo estão a imitar e a lucrar com as ideias dos outros. Além da limpeza geral, vai promover conteúdo mais diversificado, mais original, sem irmos aos recomendados do Youtube e ver vídeos repetidos por youtuber diferentes. Se calhar o teu youtuber favorito ou o meu não se vão aguentar nesta nova abordagem, não é desejar mal aos youtubers, mas acho que já está na hora de haver uma diversidade maior de conteúdo e mais originalidade.

O mais grave nisto tudo acaba por ser a censura que vamos sentir, e aqui sim é onde a revolta devia estar toda, vamos poder de deixar de dar a nossa opinião sobre as marcas/produtos, comentar sobre assuntos que aconteçam em que haja marcas conhecidas. Podemos comentar, mas vamos ter de o fazer sem poder denunciar a marca ou o produto, o que acaba por ou ser inútil a nossa opinião pois não referimos a quem nos dirigimos ou temos de falar sobre as marcas em código, o que não sei até que ponto poderá ser possível com esta nova lei.

Em suma, devíamos estar mais preocupados em combater a censura e fazer pressão sobre os governos para regularizarem os preços para valores acessíveis para qualquer família, nos mercados onde a pirataria está elevada, pedir que os criadores de conteúdo lesados trabalhem em conjuntos com as grandes plataformas de modo a criar um novo sistema de remuneração para esses mesmos face ao sistema atual, deixando o conteúdo livre como está agora o Youtube, e por mais vídeos repetidos que houvessem, o lucro revertia sempre para o
criador da ideia.

Não digam não ao artigo 13, digam não há censura e sim às formas de combater os preços altos praticados na Europa, digam sim à cooperação entre os criadores de conteúdo e as plataformas para uma internet mais justa.

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Este texto faz parte de uma série de textos de opinião de alunos do ensino secundário e superior sobre a sua visão do ensino e da educação.

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