Até que ponto aprendemos o que nos ensinam

Desde que saímos do ventre das nossas mães que nos são apresentadas diferentes formas de aprendizagem. Começamos por aprender o nosso idioma, essencial para comunicarmos com os outros seres que nos rodeiam, de seguida são-nos apresentados diferentes exercícios de lógica, memória, raciocínio e cultura geral para começarmos a desenvolver a máquina interna que possuímos, até que chega o dia de termos contacto com o ensino propriamente dito. Com o desenvolvimento da nossa máquina interna desenvolvemos um mundo cada vez mais exigente e superior a nós mesmos e a educação é essencial e imprescindível para nos inserirmos numa sociedade cada vez mais competitiva e desenvolvida. Mas… e quando surgem seres diferentes desta sociedade? Será que o nosso ensino está construído para todos ou apenas para a maioria?

Sempre questionei muito a educação e é frequente vermos estudos que provam que a mesma não está adaptada às necessidades de todos. Para mim, não é tanto a questão da adaptação mas sim a forma como a educação nos é administrada. Muitos estudantes chegam ao fim do ensino secundário sem saberem qual a área em que se querem debruçar para o resto das suas vidas e a razão principal disso acontecer é a falta de contacto com a realidade, com o mercado de trabalho, com as empresas e entidades competentes e sobretudo pelo facto do ensino não estar adaptado aos multi-potencialistas. Na minha humilde opinião, educação é sinónimo de aprendizagem em várias vertentes. É aprendermos sobre os fascínios do nosso planeta e não tanto estarmos dentro de 4 paredes a interiorizar conceitos que são despejados por pessoas que todos os anos se limitam a repetir o mesmo. Não quero com isto dizer que não é fundamental haver pessoas competentes para ensinar e para captar a nossa atenção nem que, por vezes, não seja necessário estarmos entre 4 paredes a interiorizar conhecimentos, sem dúvida que precisamos destas ferramentas básicas para conseguirmos amplificar os nossos saberes e avançar nas nossas descobertas, contudo penso que esta transmissão de conhecimento deveria ser menos monocórdica e mais motivante. Nem é necessário mudar o ambiente de sala de aula, mas sim utilizar as palavras certas, usar exemplos reais do dia-a-dia, dar a conhecer aos alunos exemplos reais do mundo laboral, criar conferências para que pessoas já formadas e que já se encontram no mercado de trabalho possam transmitir quais foram as suas maiores adversidades neste mundo tão competitivo e esmagador.



Hoje em dia, os estudantes sabem imensa teoria e têm acesso constante a toda a informação mas falta-lhes o mais importante que é capacidade de resolução de problemas, tolerância à frustração e às adversidades e sobretudo paixão pelas profissões que escolheram desempenhar. Nada destas coisas são transmitidas na maioria das vezes, e constituem as ferramentas essenciais para adultos de sucesso.

 

Embora sempre tenha sido uma estudante empenhada e com boas notas e tenha conseguido ao fim de algumas tentativas escolher a área em que me irei aplicar ao longo da minha vida, sempre senti a minha motivação a oscilar como uma montanha russa. Nunca compreendi o porquê de termos de escolher uma determinada área e focarmo-nos nela até ao fim dos nossos dias, quando existem tantos mistérios diversificados por desvendar. Acredito que se existissem escolas para multi- potencialistas que permitissem aos alunos frequentar várias áreas de ensino, haveriam menos alunos frustrados e mais adultos preenchidos e realizados. Tal como, num curso superior convencional, os alunos possuem diferentes cadeiras ao longo dos semestres, nestas escolas para multi-potencialistas, os alunos teriam vários desafios sobre áreas muito diferentes e saberiam um pouco de tudo, descobririam novas paixões e sentir-se-iam exploradores nesta imensidão de conhecimento que é o mundo em que vivemos. Sempre tive curiosidade em perceber o mundo que me rodeava e faz-me imensa confusão ver pessoas que se limitam a colocar o foco numa dada área e depois esquecem tudo o resto. Acredito que educar é muito mais do que absorver os mesmos conhecimentos que todos os anos são passados aos alunos. Se repararmos, hoje em dia, ser estudante é decorar informação, despejar essa informação numa prova de avaliação e a partir daí esquece-la e começar a decorar uma nova.

Isto é um autêntico atentado à criatividade, à dinâmica e à própria educação do indivíduo. Fará sentido perdermos o nosso tempo somente a decorar informação que apenas ficará retida na nossa memória por um curto período de tempo quando existem tantas coisas novas para desenvolver e descobrir?

Penso que deveríamos apostar num ensino mais criativo e desafiante porque educar e viver é construir o nosso interior a partir das aprendizagens que retiramos do exterior.

 

Sejamos exploradores ao invés de máquinas monocórdicas e inadaptadas.

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Este texto faz parte de uma nova série de textos de opinião de alunos do ensino secundário e superior sobre a sua visão do ensino e da educação.

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