Há uma nova e poderosa ferramenta de chatbot de inteligência artificial chamada ChatGPT, que se tornou viral recentemente com a capacidade de escrever trabalhos muito bons em segundos, que está a colocar em alerta os professores de escolas e universidades de todo o mundo.
A ferramenta, lançada no final de novembro do ano passado, pode criar respostas detalhadas para perguntas simples como “Quem foi o 25º presidente dos Estados Unidos?”, bem como respostas a questões mais complexas como “Que desenvolvimentos políticos levaram à queda do Império Romano?”.
Nesse sentido, já há professores a ajustar sua abordagem para os trabalhos escritos e há discussões sobre mudanças nos métodos de ensino e avaliação. Em vez de se concentrar apenas no produto final, que poderia ser feito facilmente pelo ChatGPT, alguns estão a pedir aos alunos que entreguem os seus trabalhos em vários estágios do processo de redação, por exemplo.
Nas semanas desde que o grupo de pesquisa de inteligência artificial OpenAI lançou o ChatGPT, que é treinado com base numa enorme quantidade de informações online para criar as suas respostas, a ferramenta foi usada para escrever trabalhos (com algumas imprecisões factuais), letras de música no estilo de vários artistas e até redigiu artigos científicos que enganaram alguns cientistas. Inclusive, podes ver em baixo um poema que pedimos ao ChatGPT para redigir sobre o frio ao estilo de Fernando Pessoa, que nos foi devolvido em poucos segundos.
Mas, embora muitos possam ver a ferramenta como uma novidade com consequências desconhecidas a longo prazo, um número crescente de escolas e professores está preocupado com o seu impacto imediato sobre os alunos e a capacidade de fraude nos trabalhos.
Alguns educadores agora estão a repensar os seus trabalhos e projetos em resposta ao ChatGPT, mesmo que ainda não esteja claro o quão difundido é o uso da ferramenta entre os alunos e o quão prejudicial pode realmente ser para a aprendizagem.
Em entrevista à CNN, alguns professores universitários disseram que estão voltando aos trabalhos feitos em sala de aula pela primeira vez em anos, e outros estão exigindo trabalhos mais personalizados.
Enquanto isso, as escolas públicas da cidade de Nova York e Seattle já proibiram alunos e professores de usar o ChatGPT nas redes e dispositivos do distrito.
Embora tenham já existido algumas histórias de casos de fraude que circulam na internet e que despertam o medo de que mais pode estar por vir, alguns professores pedem aos seus colegas que não reajam de forma exagerada a esta nova tecnologia.
Um porta-voz da OpenAI já veio afirmar que “não queremos que o ChatGPT seja usado para fins fraudulentos nas escolas ou em qualquer outro lugar, por isso já estamos a desenvolver formas de ajudar qualquer pessoa a identificar o texto gerado por este sistema. Estamos ansiosos para trabalhar com educadores em soluções úteis e outras formas de ajudar professores e alunos a beneficiarem da inteligência artificial”.
Algumas empresas de deteção de plágio, como a Turnitin, já estão a trabalhar ativamente nas ferramentas de detecção de plágio do ChatGPT que podem ajudar os professores a identificar quando os trabalhos são escritos pela ferramenta.
Mas podemos aprender usando esta tecnologia?
Nem todos os professores estão com uma atitude tão negativa relativamente ao ChatGPT. Reid, um professor da Coastal Carolina University, disse à CNN que acredita que os professores devem trabalhar com o ChatGPT e ensinar as melhores práticas na sala de aula.
Reid disse que os professores podem incentivar os alunos a fazer uma pergunta sobre o trabalho na ferramenta e compararem esse resultado com o que escreveram pessoalmente.
“Isso também pode permitir uma oportunidade de ensino para os alunos verem o que falharam, analisar as várias abordagens que poderiam ter adotado ou usá-lo como ponto de partida para ajudar com um esboço”, disse Reid.
Ele argumentou que sempre haverá maneiras de os alunos fazerem falcatruas online, então ensiná-los como o ChatGPT pode melhorar sua própria escrita pode ser um passo prático positivo.
Leslie Layne, professora de inglês e linguística da Universidade de Lynchburg, na Virgínia, concorda. Ela agora planeia ensinar aos alunos como o ChatGPT pode melhorar a escrita dos trabalhos deles.
“O ChatGPT pode dar aos alunos um início rápido, para que eles não comecem com uma página em branco. Mas não chega perto de um produto acabado”, disse ela. “Queremos que os alunos incluam mais fontes e evidências, para que possam ser usadas como algo para construção”.
Ela comparou o ChatGPT ao clamor em torno das calculadoras quando elas foram lançadas. “As pessoas estavam muito preocupadas que perderíamos a capacidade de fazer matemática básica”, disse ela. “Agora carregamos uma para onde quer que vamos com nossos telefones, e é muito útil”.
Artigo escrito com base nos testemunhos recolhidos neste artigo da CNN.