Antes de entrarmos no ensino superior ouvimos os mais variados relatos de pessoas que mudaram de curso várias vezes até encontrarem o certo ou que permaneceram no ensino secundário para melhorar as médias de modo a conseguirem alcançaram o curso que tanto desejavam. Muito raras são as histórias de pessoas que efetivamente entraram no curso que sabiam (ou não) que queriam e que sentiram que fizeram a escolha ideal.
A pesquisa muitas vezes intensiva que os estudantes do secundário realizam para descobrir mais sobre os cursos e experiências de antigos ou atuais alunos pode muitas vezes impactar o nosso julgamento. Também eu fiz esta minha análise ponderando os pontos positivos e os menos positivos, e assim decidi embarcar para esta nova aventura, com algum receio, mas acima de tudo muito entusiasmo.
Ora, tendo iniciado o segundo semestre recentemente, deparo-me com questões de familiares curiosos por saber como está a correr esta nova experiência. Quando reflito sobre o assunto chego à conclusão de que estou muito satisfeita com a minha escolha, fico quase perplexa. Como consequência, o síndrome de impostor vem bater à porta – com que então achas que fizeste a escolha acertada e estás a gostar do curso? Estima-se que 70% das pessoas sofrem deste fenómeno psicológico, mesmo quando têm evidências do seu sucesso, acreditam que não são competentes. Começo logo a criar cenários de que brevemente me vou arrepender de ter sequer pensado nisto.
Por ser mais comum, sendo nós jovens adultos que ainda têm muito para descobrir sobre si mesmos, mudarmos de ideias, quando deparados com o oposto, com certeza de algo, é normal nos deixarmos levar por pensamentos degradadores.
Hesitei muito em conversar sobre este tema com colegas, assim como, em escrever este texto, pelo receio de parecer que estou a exibir a minha “sorte”, no entanto, acredito que haja mais pessoas que se podem identificar. Deveria ser mais do que aceitável afirmar a nossa felicidade em encontrar um curso que nos preenche, nos desafia diariamente e com que nos identificamos.
Por fim, há que deixar algo claro: admiro profundamente quem é capaz de admitir que entrou no curso errado e que toma a coragem de sair e prosseguir o que realmente quer. Mas quero alertar que existem “casos de sucesso” que também merecem ser reconhecidos, porque essa felicidade é totalmente legítima, então, não deixemos o síndrome de impostor nos roubar isso.