Maria (M.): Fala-nos um pouco do teu curso, em que consiste e quais são as suas saídas profissionais.
Ana Catarina Pinho (A. C. P.): Estudo Contabilidade e Finanças no Instituto Politécnico de Setúbal. O curso possibilita uma formação sólida nas áreas de Contabilidade, Finanças e Fiscalidade, o que permitirá aceder a um vasto leque de áreas de inserção profissional tais como Técnicos Oficiais de Contas, Revisores Oficiais de Contas, Analistas Financeiros, Gestores de Patrimónios, Gestores de Carteiras de activos financeiros, Gestores de Conta, Gestores de Organizações, Técnicos de Fiscalidade, Consultores Fiscais e Gestores de Informação Interna.
A taxa de empregabilidade na Licenciatura em Contabilidade e Finanças é bastante elevada, verificando-se que 82% dos diplomados obtiveram emprego até um ano depois de concluído o ciclo de estudos. (Dados constantes no Relatório de Acreditação da Agência A3ES relativo à Licenciatura em Contabilidade e Finanças, 2012).
João Santos (J. S.): O curso de Finanças e Contabilidade consiste numa aprendizagem mais relacionada com a área bancária, de investimentos, de contabilidade e de Gestão da parte financeira das instituições. As nossas cadeiras estão todas interligadas e baseiam-se nestas áreas principalmente. As principais saídas profissionais, na parte financeira, são os trabalhos bancários, corretor de bolsa, e outros trabalhos em empresas de investimentos. Na área da contabilidade temos saídas profissionais como ser revisor ou técnico de contas, trabalhos de consultadoria ou administrar e gerir os dados financeiros de empresas ou outras instituições.
Nuno Oliveira (N. O.): O meu curso é Contabilidade e Finanças e tem imensas saídas, como a direção financeira, o acesso a quadros de instituições financeiras e de entidades seguradoras, também podemos ser técnicos oficiais de contas e revisores oficiais de contas, etc.
M.: O que te levou a escolher o teu curso e que factores tiveste em conta? Foi a tua primeira escolha?
A. C. P.: Confesso que nunca tive bem a certeza do que escolher. Com grandes dúvidas do que realmente queria, no ensino secundário optei pela área das Ciências Socioeconómicas por achar que mais nenhuma área preenchia os meus interesses, juntando ao facto de, desde sempre, ter um gostinho por tudo o que tivesse relacionado com a área económica. Relativamente à escolha da Licenciatura, depois de algumas pesquisas intensivas, decidi realmente que Gestão de Recursos Humanos iria ser a minha primeira escolha, sendo que me permitiria juntar o gosto pela área económica e o gosto pelas ciências sociais que também nunca me foi indiferente, sendo a minha segunda opção a licenciatura em Contabilidade e Finanças. Acabei por entrar em Contabilidade e Finanças, a minha segunda hipótese, por uma questão de décimas. Já que assim tinha calhado, e sendo também que tinha noção do elevado nível de empregabilidade da licenciatura, acabei por decidir abraçá-la e fazer dela a minha primeira opção, também porque, na verdade, a dúvida entre as duas era muito grande.
J. S.: Este curso foi a minha segunda opção, sendo que a primeira era Gestão.
Optei por seguir este caminho sabendo que me permitia seguir os meus planos para a minha carreira profissional sem que nada se alterasse. O facto de querer entrar no ISCTE acabou por me influenciar na escolha de um curso na mesma área de forma a ficar nesta universidade.
N. O.: Frequentei um curso profissional de contabilidade e como estive em contacto com a área decidi que o queria fazer. A única opção que tive em conta foi Gestão, mas quando se acaba esse curso, trabalha-se primeiramente na contabilidade e não se possuem as bases suficientes.
M.: O que é que te surpreendeu pela positiva e pela negativa no curso?
A. C. P.: É certo que estava um pouco receosa com o curso, se realmente iria gostar e me iria adaptar facilmente, e posso dizer que me surpreendi positivamente, apesar de trabalhoso e no início me sentir um pouco perdida, apercebi-me ao longo do tempo que havia assuntos que realmente me interessavam mais do que aquilo que eu imaginava e que não me eram assim tão estranhos.
É muito positivo o facto de serem muitos os recursos de que dispomos e a facilidade de comunicação que há com os professores é ótima, sendo que se mostram sempre disponíveis para nos ajudar.
Negativamente falando, há sempre matérias e conteúdos de que gostamos menos e que fazem suscitar algumas dúvidas, mas que penso que é perfeitamente normal e que acontece com todos nós.
J. S.: O que mais me surpreendeu pela positiva foi o facto de o curso ser de um prestígio maior do que aquilo que estava à espera, ou seja, o curso permite grandes ofertas de trabalho em diversas áreas e empresas de renome. Pela negativa não consigo destacar nada de relevante em relação ao curso.
N. O.: Hum, questão difícil, não estava à espera que os professores fossem tão bons nem o ensino no IPLeiria… Acho que os professores estão motivados a dar a matéria e isso já ajuda imenso!
M.: Como tem sido a experiência de estudar nesse curso? O que é que te marcou mais?
A. C. P.: A experiência tem sido muito boa e bastante proveitosa no sentido que me tem permitido evoluir em vários aspetos e me tem permitido também aprender muito ao lidar com outras pessoas e também com um ambiente novo.
J. S.: A experiência tem sido espetacular, o curso e a universidade surpreenderam-me pelo grande conhecimento que se obtém e pela grande qualidade de ensino, para além de destacar o bom ambiente de convívio e entreajuda que se cria entre todos os alunos, e esse ambiente, que já é típico do ISCTE, foi o que me acabou por marcar mais.
N. O.: Muito boa mesmo, as amizades que foram criadas, bem como o grau de dificuldade, que até elevado. A ideia de que o politécnico é isto e aquilo e que a universidade não é… As coisas não são bem assim, temos muito trabalho mesmo e se queremos ter boas notas temos que estudar muito, não há quaisquer facilidades.
M.: Como descreverias a tua adaptação ao ensino superior? Quais foram os teus principais desafios?
A. C. P.: Apesar de estar muito expectante no início, acho que não tive uma adaptação muito complicada, apesar de alguns aspetos menos positivos como o facto de custar sempre um pouco mais a quem tem de mudar de cidade para ir para a universidade como foi o meu caso. Decidi participar nas praxes mesmo não sendo da opinião que é a melhor forma de integração, mas o que é certo é que acabei por conhecer pessoas e criar laços de amizade. Por ser um assunto alvo de tantas opiniões diferentes sou da opinião que cada caso é um caso e que todos devem experimentar para tirarem as suas próprias conclusões.
Um dos meus maiores desafios foi adaptar-me à exigência e ao ritmo de trabalho necessários para acompanhar tudo da melhor forma, sendo que o tempo parece muito pouco para tudo o que há para fazer. É necessária uma grande independência no que diz respeito à nossa própria organização.
J. S.: A minha adaptação foi muito boa, o ensino superior é algo que sempre quis seguir e que sempre esperei alcançar com alguma ansiedade, mas fazer novos amigos e conhecer a vida universitária foi algo que desfrutei imenso. Sem dúvida que o principal desafio foi o de ter de desenvolver novos hábitos de estudos, porque já la vão os tempos em que se estudava dois ou três dias antes de cada teste como no secundário. A juntar a isto vem o desafio de estar longe de casa, por isso vejo-me obrigado a crescer e a aprender mais coisas sozinho.
N. O.: Muito boa, sinceramente…as saídas com os amigos e a quantidade e o grau de dificuldade da matéria a estudar. Estive envolvido na praxe, que considero ter sido a melhor altura na universidade. E faço parte do núcleo do meu curso.
M.: Achas que o teu curso te prepara para o exercício da profissão, isto é, que adquires as principais competências que um profissional dessa área deve ter?
A. C. P.: Acho que o curso prepara para o exercício da profissão pois apesar de toda a parte teórica, algumas unidades curriculares proporcionam-nos uma visão prática das profissões para as quais o curso habilita, procurando cobrir as necessidades básicas que nos assegurem uma abordagem mais fácil do mundo laboral.
J. S.: Sem dúvida alguma, este curso permite no terceiro ano uma especialização em finanças ou contabilidade, e durante estes dois primeiros anos temos muitas oportunidades e muitas cadeiras que nos permitem realmente perceber o que queremos seguir. As competências que começamos a desenvolver é algo que se nota logo nos primeiros meses do início do curso, somos muito bem preparados para o mercado de trabalho.
N. O.: Sim acho. Por exemplo, o IPLeiria, em Contabilidade e Finanças deixou de levar os estudantes para estágio no último ano pois iam basicamente “arrumar papéis”, então a escola criou uma cadeira que permite ao aluno fazer um “estágio” em que faz a contabilidade de uma empresa durante x meses como se fosse numa empresa real e tem mesmo que contactar com outras empresas e isso, ou seja, é deveras importante para a consolidação de conhecimentos, algo que nunca seria feito num estágio. E essa cadeira foi certificada pela ordem dos contabilistas.
M.: Consideras o teu curso difícil? Porquê?
A. C. P.: Na minha opinião é um curso que implica muito trabalho, esforço e dedicação. Como em todos os cursos há unidades curriculares mais acessíveis mas também há algumas que nos dão algumas dores de cabeça. A dificuldade vai depender muito da capacidade de trabalho de cada um.
J. S.: Não considero difícil. A principal razão para não achar difícil é o facto de gostar muito do que estou a fazer, o que já é meio caminho andado para ter sucesso no curso. Mas analisando bem o que é dado penso que o nível de dificuldade não é muito mais elevado que o do secundário. Depois o facto de não deixar o estudo para a última da hora e o facto de todas as cadeiras estarem interligadas e abordarem muitos temas comuns, permite acompanhar mais facilmente as matérias dadas.
N. O.: Sim, porque temos que “apanhar” a contabilidade logo de início, caso contrario, está tudo perdido, e como a maior parte dos meus colegas vem do ensino regular, não tem essa noção.
M.: Quais são as tuas expectativas no que toca à entrada no mercado de trabalho? Que perspectivas tens?
A. C. P.: O facto de a taxa de empregabilidade nesta área ser alta pode ser um ponto bastante positivo, sendo que o que poderá dificultar a entrada no mercado de trabalho será o facto de existirem muitos licenciados nesta área, tornando-a, desta forma, bastante competitiva, sendo que temos sempre a possibilidade de criar a nossa própria empresa. Outro ponto bastante positivo é o facto de ser um curso bastante abrangente, o que nos facilitará de alguma forma e nos permitirá ter mais oportunidades.
J. S.: No que toca á entrada no mercado de trabalho não tenho grandes preocupações. O ISCTE tem diversas relações com muitas empresas de renome que nos permitem ter grandes saídas profissionais e ganhar uma boa experiência de trabalho quando saímos da universidade. Com um bom empenho no curso, é possível seguir a profissão que queremos, numa parte é devido à reputação do ISCTE, e noutra parte é devido á procura que existe no mercado de trabalho deste tipo, seja ele nacional ou internacional.
N. O.: Muito boas, espero arranjar logo trabalho, o que nesta área não é difícil.
M.: Pensas em continuar a estudar para um mestrados/doutoramentos ou pós-graduações?
A. C. P.: O prosseguimento de estudos depois da licenciatura é algo que por enquanto ainda não tenho bem definido.
J. S.: Sim, logo no final do curso penso começar a tirar um mestrado em Gestão, o que já faz parte dos meus planos há muito tempo.
N. O.: Penso em acabar a licenciatura, trabalhar dois anos e tirar um mestrado posteriormente.
M.: Se soubesses o que sabes hoje, candidatavas-te para o mesmo curso novamente? Porque?
A. C. P.: Penso que sim, que apesar de já me ter questionado se estou no curso certo que voltava a candidatar-me. O Instituto Politécnico de Setúbal é uma instituição excelente, estou numa área que gosto, e o curso tem muita qualidade e é muito abrangente pois permite o acesso a um vasto leque de saídas profissionais.
J. S.: Sim, sem pensar duas vezes. A minha ideia sempre foi estar num curso de Gestão, mas acabei por cair num curso, sem ter bem a noção no que me estava a meter, que acabou por me surpreender muito pela positiva. A paixão que tenho pelas áreas económicas e o facto de vir sem ter quaisquer tipo de expectativas sobre o que o curso podia ser, faz com que desfrute esta experiência universitária ainda mais.
N. O.: Sim, não me arrependo nada da escolha.
M.: Que recomendações deixas aos candidatos ao ensino superior deste ano?
A. C. P.: A recomendação que deixo aos candidatos ao ensino superior é que pesquisem, analisem com atenção e escolham um curso que realmente vos satisfaça e vos realize, e que não deixem de seguir o que desejam só porque à partida é um curso bastante difícil. Se é realmente o que querem, não perdem nada em arriscar!
J. S.: Que se informem bem sobre a variedade de cursos que existem, não se prendam pelas áreas típicas de Gestão ou economia, avaliem bem todas as opções disponíveis. Estas áreas económicas têm algumas semelhanças mas um dos grandes erros é pensar que isto é tudo o mesmo independentemente do curso que se escolha. É bom que se informem sobres as saídas profissionais que cada curso tem, e que escolham o curso que querem baseado no que mais gostam de fazer.
N. O.: Pensem muito bem qual o curso que queriam ou tentem aproveitar as oportunidades que as universidades dão para conhecer um bocadinho cada curso, e não se deixem influenciar por elas, pois elas têm objetivos em deixar-nos lá com o que aparentam ser.
M.: O que dizem… as tuas notas?
A. C. P.: As minhas notas refletem um pouco os meus interesses pois variam muito consoante as unidades curriculares e consoante o interesse e dedicação por elas. Algumas refletem o meu máximo esforço e tempo investido, sendo que outras me deixaram descontente por saber que podia ter dado mais de mim, mas acima de tudo sinto-me orgulhosa pelas conquistas.
J. S.: As minhas notas dizem que há tempo para tudo. Há tempo para estudar e planear bem o que são os nossos objetivos a nível profissional mas também há muito tempo para aproveitarmos bem novas coisas, como estar com os nossos amigos, sair á noite e fazer outras coisas fora do plano de ensino. A vida social não afeta a vida escolar e vice-versa se tivermos responsabilidade e soubermos o que estamos a fazer.
N. O.: Com média de 15, dizem que está a correr muito bem.
Ana Catarina Pinho é aluna da Escola Superior de Ciências Empresariais do Instituto Politécnico de Setúbal, João Santos do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa e Nuno Oliveira é estudante da Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico de Leiria.