Foi há pouco tempo.
Um típico jantar de secundário: falamos obviamente da nova experiência que é a universidade, dos nossos cursos, daquelas cadeiras que (já) odiamos, dos professores que não dão nota acima de 12, da praxe, das novas pessoas que conhecemos, de como o secundário era bom…
Depois falou-se do emprego. (Tinham que falar…)
“Porque o meu curso tem 96,7% de empregabilidade e o teu só tem 95,6%…”
“Ah, porque com essa licenciatura vais trabalhar para o McDonnald´s…”
“Ninguém bate o meu curso – já cheiro o dinheiro!”
Foi nessa altura que decidi pedir o meu café e ir embora. Sinceramente, a questão da empregabilidade dos cursos é daquelas coisas que não gosto mesmo de falar, nem num jantar entre amigos – a conversa é sempre a mesma. E já vos digo porquê.
Vamos então ver os factos:
Vivemos num país onde a taxa de desemprego para licenciados em qualquer área está a aumentar – ouviram bem, qualquer área!
O investimento em estruturas de investigação de desenvolvimento continua a cair drasticamente.
O número de jovens empregados na sua área com contratos de trabalho efetivos (isto é, vão trabalhar sempre na mesma empresa) é nulo.
Dito isto, não faz sentido comparar os cursos, seja qual for a variável.
Faz sentido é abrirmos a nossa mente e olharmos para outros horizontes, porque o mundo é redondo, lembram-se?
Quem disse que não há emprego? Nos Estados Unidos, grandes empresas como a Apple, a Microsoft e até o Facebook estão contratando psicólogos por todo o mundo, uma área que aqui em Portugal tem uma das maiores taxas de desemprego.
O British Museum está à procura de formados em literatura para projetos de investigação, outra área que aqui é rotulada como “inútil”.
Grandes multinacionais de negócios (bancos, empresas de gestão…) estão à procura de historiadores para gerirem diversos departamentos. Quem diria que um historiador dava um bom gestor?
“Oh, mas isso é impossível! São empresas muito grandes – é difícil te contratarem.”
Pois claro, com essa mentalidade pequena, ninguém contrata ninguém.
Mas pensem um pouco:
E se o Marlon Brando dissesse: “Ah, ser actor é só para os sortudos, tenho que encarar a realidade…”
E se o Freddie Mercury dissesse “Ah, eu nunca vou ser tão bom cantor como o Robert Plant…”
E se o Edmund Hillary dissesse “O Everest é impossível de escalar, desisto…”
Todos nós temos a oportunidade de brilhar. É preciso ter coragem, espírito de sacrifício e uma boa dose de paciência. Mas se concentramo-nos nos nossos sonhos e tirarmos inspiração daqueles que já chegaram ao topo, meus amigos, podemos ser aquilo que quisermos. Ninguém chega ao topo sem sacrifício, isso é um facto.
Sigam os cursos que vocês gostam! (Mesmo se toda a gente vos disser que não.)
Lembrem-se sempre: “só temos sucesso se fizermos um bom trabalho. E só fazemos um bom trabalho se amarmos aquilo que fazemos.”
Há emprego para todos que se esforçam, acreditem.
Há emprego para todas as áreas. A questão é que pode não ser cá. Mas não deixem com que isso vos trave – façam o que for preciso para serem felizes.
E façam na vida aquilo que realmente gostam, que verdadeiramente amam. E tentem sempre ser os melhores naquilo que fazem.
“Trabalha no que amas, e nunca mais terás que trabalhar para o resto da vida” – Confúcio
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Este texto faz parte de uma série de textos de opinião de alunos do ensino secundário e superior sobre a sua visão do ensino e da educação.
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