Custos da frequência de um curso superior


O ensino superior começa daqui a menos de um mês e é normal que comeces a pensar nos custos que estes 3 a 6 anos podem trazer. Já te tínhamos falado dos apoios disponíveis para os estudantes do ensino superior, mas agora queremos falar do resto: propinas, alojamento, alimentação e saúde. Com base numa recolha,  falamos-te aqui das despesas a ter em conta de norte a sul do país.

Propinas e taxas de inscrição

As propinas serão uma das tuas grandes despesas, com um valor que é fixado todos os anos no início do ano letivo pelas universidades e politécnicos. Este ano há boas notícias, com uma descida considerável do seu valor, sendo 871,52 euros o valor máximo definido pelo Orçamento do Estado para 2019. Desde 2003/2004 que as propinas não eram tão baixas.

“A partir do ano letivo 2019/2020, com vista a reforçar o ingresso de jovens no ensino superior, o valor da propina a fixar pelas instituições de ensino superior públicas não pode ser superior a duas vezes o valor do indexante de apoios sociais fixado para o ano em que se inicia o ano letivo”, lê-se no artigo 198.º da Lei n.º 71/2018 que define o Orçamento do Estado para 2019. O valor do Indexante dos Apoios Sociais (IAS) — que também serve de cálculo às prestações sociais —, é de 435,76€, em 2019.

Muitas das universidades e politécnicos já atualizaram a propina para o próximo ano letivo, como a Universidade de Lisboa ou o Instituto Politécnico de Setúbal, definiram que os alunos de licenciatura vão pagar 871,52 euros de propina. Mais baixo do que este valor só os institutos politécnicos de Beja (780 euros), de Castelo Branco (856 euros) e do Cávado e Ave (870 euros).

Nos anos 1990, tirar um curso superior em Portugal custava cerca de 200 euros por ano, um valor muito diferente do atual. Desde então, os valores não pararam de subir. Em 2003, as licenciaturas atingiram os 800 e 900 euros e, em 2012, ultrapassaram a barreira dos mil euros em muitas instituições. Ao valor das propinas, acresce a taxa de inscrição, os seguros ou outros emolumentos fixados por cada instituição. Para facilitar o pagamento das propinas, as instituições têm sistemas de pagamento faseados que podem ir até 10 prestações — mas o melhor é consultares os serviços académicos da instituição em causa para ter a certeza de qual o modelo adotado.

Alojamento: Residências vs. quartos alugados

Os alunos deslocados podem ficar alojados em residências universitárias que possuem um baixo custo. O número de camas disponíveis fica muito aquém das necessidades, sejam para alunos bolseiros ou não bolseiros, alunos estrangeiros ou professores. Desse modo, é dada prioridade aos alunos que tenham requerido apoio social (bolsas de estudo) e aos alunos dos anos anteriores que já demonstram que a situação económica do agregado familiar o justifica.

Listamos em baixo o número de residências e camas que cada instituição de ensino possui, bem como o preço por mês praticado para bolseiros e não bolseiros. Chamamos à atenção que alguns dos valores poderão ainda não estar atualizados para este ano lectivo, dado que algumas não disponibilizaram ainda essa informação.

As residências universitárias, geridas pelos Serviços de Ação Social de cada instituição de ensino, foram pensadas para os estudantes bolseiros, com menores possibilidades financeiras. Por isso, estes têm sempre acesso prioritário ao alojamento, pagando uma mensalidade inferior à dos estudantes não bolseiros. Apenas as residências do ISCTE não pertencem aos seus Serviços de Ação Social da universidade, apesar de serem geridas pelo instituto universitário.

Há que ressalvar, porém, a situação da residência no Instituto Politécnico do Cávado e Vale do Ave. Este politécnico não tinha residências universitárias até ao ano letivo 2016/2017, altura em que adaptou um edifício antigo no centro de Barcelos para receber os estudantes universitários. Esta residência destina-se exclusivamente a estudantes bolseiros ou apoiados pelo Fundo de Emergência.

É importante lembrar que o preço do alojamento está sempre dependente do tipo de quarto (partilhado ou não).

Os estudantes bolseiros que transitam para o segundo ou terceiro ano de faculdade têm sempre prioridade no acesso às residências universitárias. Apesar disso, é sempre guardada uma cota para os novos alunos, de modo a dar resposta a todos.

Para além das residências universitárias, os estudantes deslocados têm sempre a hipótese de alugar um quarto perto da faculdade. Como procurar uma casa pode ser uma verdadeira dor de cabeça: para ajudar, as associações de estudantes e os Serviços de Ação Social costumam ter à disposição dos alunos uma espécie de “base de dados” com algumas propostas de aluguer. Para mais informações, contacta a universidade ou politécnico a que te pretendes candidatar.

Para além das residências universitárias, podes optar por alugar um quarto perto da faculdade. Os preços variam muito, dependendo da zona do país. De um modo geral, o alojamento na zona do litoral é muito mais caro do que no interior do país. Alugar um quarto em Lisboa ou em Coimbra (entre 200 a 350 euros), sai muito mais caro do que alugar um quarto na Covilhã ou em Braga (entre 120 a 150 euros), por exemplo.

Como procurar uma casa pode ser uma verdadeira dor de cabeça, as associações de estudantes e os Serviços de Ação Social costumam ter à tua disposição algumas propostas de aluguer, bem como algumas associações académicas. Para mais informações, contacta a universidade ou politécnico a que te estas a candidatar e/ou as associações académicas/de estudantes.

Alimentação: Cantinas e refeitórios

No que diz respeito à alimentação, a maioria das faculdades dá como referência um valor entre os 100 e os 250 euros mensais. Mas claro que tudo dependerá do estilo de vida que tiveres. Para te ajudar a poupar todas as instituições de ensino superior têm à tua disposição cantinas e refeitórios, que servem diariamente milhares de refeições a preços reduzidos.

O preço máximo para o prato social costuma ser definido todos os anos, em outubro: 0,63% do IAS. Os valores para o próximo ano letivo ainda não estão definidos, mas, segundo a regra, não devem ultrapassar os 2,75 euros por refeição completa, composta normalmente por pão, sopa, prato principal, salada e fruta ou sobremesa. Ainda assim, muitas instituições optam por ter preços mais baixos.

De ressalvar ainda que, por vezes, o preço da refeição está dependente da compra ou não antecipada de senha. Noutros casos, a compra de packs de senhas também pode significar uma redução no custo total.

Os Serviços de Ação Social de algumas instituições começaram também a criar outras opções: mensalidades das residências com meias pensões e pensões completas, espaços nas universidades para os alunos poderem aquecer as refeições que trazem de casa e serviços de take away a preços reduzidos para quem quer levar refeições para casa.

Para mais informações sobre as cantinas ou refeitórios (horários, preços e ementas), consulta o site dos Serviços de Ação Social da instituição a que pensas candidatar-te.

Outras despesas

Os gastos com a saúde não serão a principal despesa de quem entra no ensino superior, mas a preocupação com os custos não pode impedir os alunos de acederem a estes serviços, nomeadamente aos gabinetes de psicologia criados para apoiar os estudantes que estão deprimidos, com dificuldades de adaptação, a precisar de orientação profissional ou que têm outras questões do foro psicológico. Na generalidade, estas consultas são gratuitas.

Noutras instituições é possível encontrar consultas de medicina geral, planeamento familiar e nutrição ou ainda oftalmologia, medicina dentária e acompanhamento de comportamentos aditivos e dependências. Na generalidade, também estas consultas são gratuitas ou têm custos reduzidos para os alunos.

As restantes despesas variam muito conforme o curso que irás frequentar. Sugerimos que acompanhes o tópico de discussão acerca deste tema no nosso fórum: Orçamento mensal. Poderás perceber que outras despesas nos estão aqui a escapar e que se apliquem ao teu curso, bem como colocar as tuas próprias questões.