No ano passado era finalista e agora sou caloira. De novo. Não haverá possivelmente altura melhor de contar a minha história do que agora. Talvez não a contei mais cedo por ter receio das opiniões das pessoas que me são mais queridas.
No 12º não sabia muito bem o que queria seguir, como acontece como muitas pessoas, e naturalmente acabei por pedir conselhos de pessoas que conhecia e que já estavam na faculdade. Sempre gostei de computadores e tudo o que se relacionava com eles e quando falei com um amigo que estava em Engenharia Informática e me falou do paraíso que é trabalhar nessa área e os benefícios, fiquei convencida. Pus Engenharia Informática na primeira e segunda opção e acabei por entrar mesmo na primeira. Estava completamente em êxtase. Não poderia estar mais feliz.
No entanto, ao longo do tempo eu percebi que não era o que me fazia mais feliz, eu estava “programada” para fazer aquilo. Mas não tinha vontade. Chegou a tal ponto que já nem sequer me reconhecia ao espelho, já não sabia quem eu era, deixei de ser a pessoa alegre e positiva que era antes de entrar na licenciatura. Depois de 5 anos a tentar, resolvi que o limite tinha chegado e que não podia pôr o meu curso acima da minha sanidade mental. Ainda considerei que talvez fosse pelo método de ensino ou pelos professores, pelo que considerei pedir transferência de faculdade, mas em pouco tempo me apercebi que era mesmo o curso em si que estava a deixar-me depressiva. Resolvi então fazer a mudança de curso e faculdade, escolhendo um curso que tem tudo a ver comigo. Línguas e Relações Empresariais. Sempre adorei línguas e na altura não escolhi nada disso porque “não tem saída”, “não ganhas grande coisa”, e me deixei mais uma vez influenciar por pessoas que não eu. Claro que tive imenso receio, de deitar 5 anos de Engenharia Informática para o “lixo” e começar outro curso completamente diferente do 0. Mas foi a melhor escolha que podia ter feito! Se é aborrecido ter me esfalfado a estudar no curso de Ciências e Tecnologias quando podia ter estado em Línguas e Humanidades, sim é. Se é aborrecido ter que ter feito o exame de Matemática A para agora nem sequer fazer uso dele, sim é. Mas nada melhor do que me deitar ao fim do dia e estar feliz com as minhas escolhas.
Errar faz parte e conhecimento não ocupa lugar. Portanto se estás numa situação parecida à minha, se não estás feliz no curso em que estás ou com a faculdade em si, não esperes mais! Seja por mudança de par curso/instituição ou concorrer novamente pelo concurso nacional, fá-lo, porque ninguém vai trabalhar por ti, e se não te sentes feliz, como vais trabalhar numa área que em vez de te trazer felicidade todos os dias, te faz duvidar das tuas escolhas todos os dias?
Tinha receio da reação das pessoas que me são mais queridas e foram as pessoas que mais me apoiaram, as outras pessoas não interessam. Interessa o teu bem estar. Este ano conheci mais pessoas com casos parecidos com o meu e somos dos maiores apoios uns aos outros.
Arrependimento é algo que não sinto de forma nenhuma e se pudesse voltar a fazer tudo de novo, fazia-o. Não precisas de acabar a licenciatura com 21 anos nem o mestrado com 23. Precisas de estar feliz e seguir o teu caminho ao teu próprio ritmo!
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Este texto faz parte de uma série de textos de opinião de alunos do ensino secundário e superior sobre a sua visão do ensino e da educação.
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