Desabafo de um indeciso: o drama da escolha de um curso superior

Bem amigos, chegou a altura das decisões, o momento porque esperávamos está tão perto, o ensino superior a um passo. Vejo muita gente decidida já, um enorme número de candidaturas no primeiro dia, demonstrando o empenho de quem sabe o que quer da vida. E depois eu, que pareço uma autentica galinha tonta.

Tenho um sonho de ser astronauta, algo quase impossível sim, mas penso que seja daqueles sonhos que nos ajuda a ter uma vida emocionante ao tentar alcançá-lo. Mas a minha dúvida é que curso devo seguir, algo de que goste e me facilite essa aventura.

Sabendo como sou nestes momentos, queria informar-me ao máximo e decidi contactar um engenheiro numa empresa aeroespacial que sigo no twitter (que aparentemente também sonha com o planeta vermelho), óbvio que não esperava resposta, mas até a tive. Perguntei que cursos me ajudariam alcançar o sonho de ser um astronauta e tive a resposta: para aumentar as chances deveria tornar-me um piloto ou médico, caso gostasse obviamente. E embora não vá seguir qualquer um destes cursos simplesmente porque me disseram que seria o melhor para esse sonho,o caos total instalou-se na minha mente pelo facto de me ter feito pensar numa imensidão de cursos que não tinha considerado ao longo destes três anos.



No secundário fui-me associando cada vez mais às engenharias, não só porque não morria de amores por Biologia e Geologia, como comecei a gostar bastante mais de Física e Química e Matemática, tendo tido a oportunidade de ter um professor fenomenal de Física no 12º ano que ajudou a que se viesse a tornar a minha disciplina favorita. Juntando isso às visitas que fazia regularmente à Alameda com uns amigos igualmente interessados (mas mais decididos), começou a surgir uma ideia romântica do IST.

Mas aquela sugestão fez-me pensar de novo. O que quero eu da vida? No que é que sou bom realmente (fora do mundo ficcional dos testes e exames)? E a verdade é que não sei.

Tenho, como todos nós, uns gostos conhecidos, umas preferências e antipatias quanto a disciplinas de secundário. Mas pensando bem, essas disciplinas não são amostras do que realmente nos espera. A mudança para o Ensino Superior vai impor uma mudança de paradigma, todos os alunos nos falam de que é um mundo totalmente diferente e infelizmente, isso dificulta uma situação já difícil para todos os indecisos como eu. Olhamos para uma imensidão de cursos, todos com nomes apelativos que parecem prometer um futuro próspero. Vamos ver o currículo dos cursos e vemos uma quantidade de cadeiras que pouco ou nada nos dizem.

Os representantes dos cursos vendem-nos uma imagem de ser a melhor coisa à face da terra, e só misturando com opiniões de cursos ou faculdades “adversárias” é que muitas vezes conseguimos encontrar o lado menos brilhante da moeda.

Até podemos ir às faculdades em questão, mas acabamos muitas vezes por sair de lá com ainda mais dúvidas, um caso de paralisia por excesso de informação (analysis paralysis para os interessados).

Haverá alguma solução melhor que atirar uns quantos dados e deixar o universo decidir? Sinceramente chego a duvidar por vezes. Este é um dos primeiros momentos cruciais, em que temos de tomar uma decisão importante e que em que parece que temos o peso do mundo e o destino do nosso futuro “eu” aos ombros, é suposto tomar uma boa decisão quando temos tantas opções e ao mesmo tempo pouco conhecimento do que queremos e gostamos de fazer?

Acho que temos de entender a importância relativa das coisas, não vai ser um curso que nos diferencia hoje em dia, não é por tirarem Engenharia Aeroespacial, Direito ou Medicina que se vão tornar ricos obrigatoriamente (e muito menos ser astronautas), ou por não seguirem para o Ensino Superior que vão passar fome.

Sim, os cursos podem fornecer conhecimentos que nos abrem portas, o título antes do nome pode soar bem e valer uns quantos euros a mais (ou dar mais confiança) quando entramos pela primeira vez no mercado de trabalho, mas no final acaba por ser uma questão do nosso empenho, vontade de trabalhar, cooperar e crescer como pessoas. Garanto-vos que se tirarem um curso de nome muito pomposo e pararem aí, ou têm bons amigos ou o futuro não será muito brilhante.

Só me resta desejar-vos um melhor discernimento que o meu, que ainda vou precisar de mais uma semana no mínimo até ter um esboço das minhas preferências, mas não stressem, nem sofram por antecipação, não vai ser o curso que escolhem que vos vai roubar a oportunidade de cumprir os vossos maiores sonhos.

E já agora, ouvi dizer que as melhores decisões se tomam na praia ou numa esplanada a beber uma bebida gelada com uns amigos. Acho que vale a pena tentarmos esta estratégia!

Colabora!

Este texto faz parte de uma série de textos de opinião de alunos do ensino secundário e superior sobre a sua visão do ensino e da educação.

Gostavas de publicar um texto? Colabora connosco.