Percurso Pedonal

E está quase…

Em setembro de 2014 desafiei-me a mim mesma a uma grande aventura: a universidade. Um local diferente, uma cidade diferente, pessoas diferentes e eu sozinha. Nunca tive problemas em fazer ‘’novas amizades’’ portanto, fácil. Era o primeiro dia de praxe e (…) não vou contar isto de novo, vou mesmo passar para a parte em que me encontro: o fim.

‘’Na universidade vais encontrar das melhores pessoas, aproveita, vão ser os melhores anos da tua vida’’ foi a primeira ou das primeiras coisas que me disseram quando para cá entrei, na Mui Nobre Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, no curso que sempre quis: Ciências da Comunicação, mal eu sabia que as pessoas que me disseram isto estavam mais certas que nunca.

Hoje sinto que a missão está cumprida, mas ao mesmo tempo um aperto no meu coração, já será a saudade a falar por si? Nunca no meu tempo de existência 3 anos passaram desta forma, tão rápido.



“Vila Real oh que linda és, tens o corgo aos pés” esta e muitas outras musicas que acompanharam a minha vida académica, quer fosse de manhã, tarde ou noite faziam sentido, ‘’aqui viemos parar, aqui a vila real’’ ensinou-nos a tornar esta cidade mais bonita, ‘’e conclui e verifiquei ser este o curso para que estava destinado.’’

“O Fado Universidade, é tudo aquilo que sinto” com uma capa traçada, abraçada a quem mais fez por mim, com as lágrimas a correrem-me pela cara, as mãos a tremer: de frio e nervosismo, um misto de emoções, as certezas de quem já passou tudo que havia a passar, que fez tudo aquilo que devia ter feito, o sentimento de ida, mas sem volta, ou pelo menos a volta não é tão duradoura como nos outros anos, vimos apenas de visita. ‘’Um copo aqui, um copo ali’’ e as noites passam, já sabemos as músicas de cor e salteado que o dj vai passar, mas vamos na mesma, fazemos as amizades mais genuínas e bebemos mais um shot, porque o ‘’shot’’ é um brinde à amizade. No fim da noite? No fim da noite, saímos todos amigos, vamos comer um panik misto, uma canjinha ou um ovinho cozido, damos as gargalhadas que menos contamos dar, fazemos um caminho que de linha recta tem pouco, mas o importante é chegar à nossa casinha. À nossa casinha, ou à de alguém que seja nosso amigo. O importante é termos um sitio para dormir, e isso: temos sempre. Porque num quarto destes, onde cabe um ou dois, cabem três, quatro, cinco, seis ou sete, cabe sempre quem nós quisermos, amontoa-se um cobertor, mais uma roupita a fazer de almofada e ali se passa a noite. Leem-se as paredes repletas de papeis e mensagens deixadas por quem lá passa, ri-se das fotografias coladas, e recordam-se ali tantos momentos.

As promoções são sempre as nossas melhores amigas, há sempre que aproveitar, então em coisas que não se estragam, é mesmo para não perder a oportunidade.

Os jantares são fluentes, ora hoje é na minha casa, amanhã é na de alguém, divide-se sempre os custos e assim não custa nada a ninguém. E os convidados nunca são só aqueles que convidamos, há sempre mais alguém para se juntar à festa. Abre-se uma garrafa, bebe-se mais uma lata, faz-se mais uma mistura, mais um brinde, e não tarda estamos todos na rua, prontos para chegar ao destino, seja qual for, é sempre bem-vindo.

E falando em destinos, já não falta muito para chegar a última queima, vestem-se as camisolas e os casacos de curso que por incrível que pareça sobrevivem a tudo, cantam-se hinos de curso, prometem-se regressos, desejam-se as melhores coisas para quem fica, queima-se as fitas, almoça-se com a família biológica e com a família que fomos criando, chora-se, toma-se banho no lago e leva-se umas cartoladas: aí é que vão ser elas, as palavras que são ditas nesse momento, parecem que são congeladas e decoradas para sempre!

Realmente, percebemos que a vida de estudante está a acabar, faz-se uma retrospectiva e percebe-se que foi uma loucura nunca antes vista, mas que valeu mais a pena do que qualquer outra coisa.

Agora? É tempo de aproveitar o que ainda nos resta, aproveitar todas as serenatas, noites, manhãs e tardes que nos restam, aproveitar a lua e o sol que nos acompanham, aproveitar os sorrisos mais humildes que vamos encontrando, deixar o melhor exemplo e os melhores conselhos para quem aqui fica. Aproveitar como nunca, porque o tempo não volta atrás e depois só resta o arrependimento de não termos aproveitado.

“Vais aprender com a saudade, que não houve melhor amiga que a UTAD.”

Obrigada Vila Real.

“Como é que eu hei-de, como é que eu hei-de, como é que eu hei-de ir embora?”

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Este texto faz parte de uma série de textos de opinião de alunos do ensino secundário e superior sobre a sua visão do ensino e da educação.

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