A entrada no ensino superior remete para uma fase crucial na vida de muitos estudantes, marcada por diversos desafios académicos, transições pessoais e o desenvolvimento de novas responsabilidades. Embora esta etapa seja frequentemente associada ao crescimento intelectual e profissional, também pode ser um período de grande stress e de desafios emocionais. A saúde mental dos estudantes universitários tem ganhado crescente atenção nos últimos anos, à medida que aumentam os relatos de ansiedade, depressão e outras perturbações mentais na população estudantil.
Uma das principais fontes de stress para os estudantes universitários é a própria pressão académica. A exigência e expectativa de médias elevadas, prazos rigorosos a cumprir e a competição por oportunidades futuras, como estágios e empregos, podem criar um ambiente de grande tensão e sobrecarga, sobretudo quando também existe a necessidade de equilibrar as atividades curriculares com outras responsabilidades pessoais.
A entrada na universidade muitas vezes significa o afastamento do círculo familiar e social estabelecido. Esta mudança pode suscitar sentimentos de solidão e isolamento, especialmente para aqueles que se mudam para uma nova cidade. A dificuldade em construir novas amizades e redes de apoio pode agravar esses sentimentos, contribuindo para o desenvolvimento de problemas de saúde mental, os quais podem ter um impacto profundo na vida dos estudantes. Particularmente, sintomas característicos de ansiedade e depressão podem resultar não só em dificuldades de concentração, desmotivação e quebra no desempenho académico, como potenciar o desenvolvimento de hábitos de vida pouco saudáveis, como uma alimentação inadequada, má higiene do sono e consumo de substâncias. Poderá, assim, gerar-se um ciclo vicioso difícil de romper, que impacta significativamente o bem-estar físico e emocional dos estudantes.
Embora o diálogo sobre saúde mental possua cada vez mais espaço no nosso dia-a-dia, o estigma ainda é uma barreira significativa para muitos estudantes que precisam de ajuda. O medo de serem julgados ou rotulados pode levar ao silêncio e à negligência das próprias necessidades emocionais. Como tal, reforçar os serviços de apoio psicológico à comunidade académica revela-se imperativo – pela saúde dos/as jovens estudantes e pela possibilidade de reduzir os números de abandono académico no primeiro ano de curso.
É crucial que as instituições de ensino superior reconheçam esses desafios e adotem estratégias eficazes para apoiar o bem-estar emocional de seus estudantes. As universidades devem garantir que os estudantes tenham acesso facilitado e confidencial a serviços de apoio psicológico. Os docentes desempenham um papel crucial no apoio à saúde mental dos estudantes, sendo fundamental a capacitação destes para o reconhecimento de sinais de problemas de saúde mental, facilitando o encaminhamento dos alunos para os recursos adequados.
Facilitar a criação de redes de apoio entre os estudantes pode ainda ajudar a reduzir o isolamento social e promover um sentimento de pertença. Iniciativas como grupos de mentoria ou associações estudantis oferecem oportunidades para a construção de conexões significativas, podendo estas serem promotoras de uma cultura de aceitação e compreensão em relação à saúde mental.
Promover a saúde mental é essencial não apenas para o sucesso académico, mas também para o desenvolvimento integral e bem-estar dos nossos estudantes, preparando-os para uma vida equilibrada que vai muito além das fronteias universitárias.
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Este texto faz parte de uma série de textos de opinião de alunos do ensino secundário e superior sobre a sua visão do ensino e da educação.
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