Vista geral de Coimbra a partir de uma escadaria da Faculdade de Direito da universidade | Seth Kugel/The New York Times

Em Coimbra eu sou feliz e também me sinto em casa

É a primeira vez que venho a casa desde que entrei na faculdade. Admito que não fiquei muito ansioso por causa das colocações e aproveitei o meu verão ao máximo sem pensar demasiado no assunto, possivelmente por saber que a média que tinha me dava uma certa segurança para alcançar aquele que era o meu sonho – Ciências Farmacêuticas em Coimbra –, sonho este que começou quando, após a conclusão do meu 10.º ano, participei na Universidade de Verão de Farmácia. Talvez por sentir essa segurança, não criei grandes expectativas quanto ao que seria estudar nesta cidade, tão conhecida também pela sua vida académica.

Não posso obviamente falar do espírito académico que se vive noutros locais, mas, e como me disse um amigo que já está no terceiro ano do meu curso, e que foi a pessoa com quem mais convivi ao longo desta semana, o que realmente torna Coimbra uma cidade mágica são as pessoas, a cordialidade e a hospitalidade com que somos recebidos desde o primeiro momento. É mesmo assim e as experiências que vivi nestes últimos dias fizeram-me esquecer a minha relutância inicial quanto a praxes, que não considerava como oportunidades de integração ou de socialização, talvez porque o mundo de um aluno do Secundário não contempla essa realidade.



O Kevin, esse colega que está no terceiro ano que me tem ensinado muito, também me disse que as praxes em Coimbra se caracterizam pelo ambiente e pelo respeito que criam entre todos nós, e a verdade é que tem sido principalmente através delas que tenho conhecido novas pessoas e feito novas amizades. E claro, como queria mesmo muito adaptar-me à cidade onde irei passar os próximos cinco anos da minha vida, tenho participado em todas as atividades, tenho ido aos jantares para os quais fui convidado, e tento receber tudo aquilo que Coimbra me está a dar: espírito de união, de confraternização e de integração.

Balanço feito, posso falar desta última semana como uma das melhores de sempre, aquela em que mais cresci e em que aprendi o máximo de coisas. Quero agradecer a todos os doutores, às duas tunas da minha faculdade, aos elementos do NEF/AAC e aos meus colegas caloiros por terem feito esta semana valer tanto a pena. Os meus amigos de infância, que estão a estudar noutras faculdades de outros pontos do país, não acreditam que seja possível criar relações tão fortes numa só semana e a maioria não se consegue rever nas minhas palavras. Sinto que, nesse aspeto, Coimbra tem algo de muito especial… Claro que acredito na singularidade de cada cidade e acredito que cada uma terá as suas mais-valias… mas Coimbra tem, de facto, aquele encanto… não só na hora da despedida, como diz a canção, mas na hora da chegada…

Fico apenas triste por, tal como Fernando Pessoa, sentir que não consigo exprimir totalmente toda a emoção que realmente estou a viver e dela não conseguir dar conta na sua totalidade.

Não sendo justo fazer distinções é a todas as pessoas com quem tenho partilhado estes momentos que dedico estas palavras. De facto, agora que regresso a casa, percebo que é a Coimbra que quero voltar, para poder continuar a aprender tanto e a receber tanto dela. Até porque em Coimbra eu sou feliz e também me sinto em casa.

Colabora!

Este texto faz parte de uma nova série de textos de opinião de alunos do ensino secundário e superior sobre a sua visão do ensino e da educação.

Gostavas de publicar um texto? Colabora connosco.