São conhecidos, desde as 00h01 de domingo, as notas dos últimos colocados da primeira fase de acesso ao ensino ao ensino superior Português e, este ano, houve algumas surpresas.
Relativamente aos cursos de medicina, verificou-se, no geral, uma descida das notas (-2.47 na FMUP, -2.3 no ICBAS-UP, -1.5 na ECS-UM, -1.5 na FMUC, -1.7 na FMUL e -0.3 na FCS-UBI). No entanto, existiram exceções a esta tendência: a NMS-FCM e a UMa mantiveram os resultados do ano transato (179.2 e 177.8, respetivamente), ao passo que, no ciclo básico de medicina na UAç, a nota deste ano subiu relativamente ao ano passado: passou de 177.3 para 177.5, uma subida de +0.2.
Embora muitas pessoas esperassem subidas um pouco maiores, como se pode ver neste tópico do nosso fórum, esta não terá sido a grande surpresa no que concerne às médias das escolas médicas de Portugal. Este ano, ao contrário do que vinha a ser hábito, existiram algumas alterações nas preferências dos futuros estudantes de medicina: a NMS-FCM e a UMa foram preferidas em detrimento da FMUL e FCS-UBI, respetivamente.
Relativamente ao primeiro caso, temos de voltar a 2007 para encontrar um ano em que a nota do último colocado na 1.ª fase na NMS-FCM tivesse sido superior à FMUL – nesse ano, era possível entrar na NMS-FCM com a prova de ingresso de Matemática A, unicamente (ao contrário das restantes escolas médicas), o que explica a inversão dos resultados (nesse ano, a NMS-FCM foi, aliás, a faculdade de medicina com nota mais elevada). Desde então, o curso da FMUL teve sempre uma nota do último candidato superior ao curso da NMS-FCM na 1.ª fase de candidatura… até este ano, em que a NMS-FCM ultrapassou a FMUL por 4 décimas.
Já quanto ao segundo caso, nunca a UMa tinha tido uma nota superior à FCS-UBI. Na UMa, leciona-se unicamente o ciclo básico de medicina: os primeiros dois anos do curso decorrem na UMa, sendo que, a partir do 3.º ano, os estudantes da UMa têm aulas na FMUL, até ao fim dos seis anos do mestrado integrado. Já na FCS-UBI, o curso, sendo um mestrado integrado, tem a duração de seis anos. A nota superior na UMa (177.8) relativamente à UBI (177.7) pode indicar que os candidatos, este ano, preferiram estudar dois anos no arquipélago da Madeira, findos os quais continuam os estudos no continente, ao invés de estudarem durante 6 anos na Beira Interior.
No entanto, a grande surpresa não terão sido estas pequenas variações nas preferências dos estudantes de medicina. A verdade é que, embora o curso de medicina na FMUP continue a ser a escola médica de preferência dos candidatos a medicina, este curso já não é o curso mais desejado – nem se encontra, tão pouco, no pódio, aparecendo apenas em quarto lugar. À frente da FMUP estão Engenharia Aeroespecial e Engenharia Física Tecnológica, ambas no IST, e Engenharia e Gestão Industrial, na FEUP.
Engenharia Aeroespacial surge em primeiro lugar, com 185.3 (representando uma subida de +0.3 relativamente ao ano transato, em que era 185.0). Engenharia Aerospacial vinha subindo já há algum tempo na classificação: em 2014, era o terceiro curso com maior nota e, em 2015, ocupava a segunda posição. Foi em 2016 que finalmente atingiu o primeiro lugar.
Por sua vez, a subida de Engenharia Física Tecnológica foi mais brusca: este curso, 13.º em 2014 e 5.º em 2015, partilha agora o primeiro lugar com Engenharia Aerospacial, ambos com 185.3 (embora Engenharia Física Tecnológica tenha menos vagas). Em 2015, o curso de Engenharia Física Tecnológica tinha uma média de 182.0, o que significa que, num ano, existiu uma subida de +3 valores.
A terminar o pódio, em terceiro lugar, surge o curso de Engenharia e Gestão Industrial da FEUP, com 184.8 (+3.8 do que em 2015). Este mestrado integrado ocupara a oitava posição em 2014 e 2015, saltando agora para uma posição de destaque e ultrapassando assim o ex-líder, o MIMED da FMUP.
Outras Engenharias que ficaram à frente de cursos de Medicina foram Bioengenharia, na FEUP, em sétimo lugar e apenas ultrapassado pela FMUP e ICBAS-UP, e Engenharia Biomédica, no IST, em décimo lugar, atrás da ECS-UM e FMUC.
Uma outra surpresa foi a presença de Matemática Aplicada e Computação, no IST, agora em oitavo lugar, com 180.5 (+5.7 valores). Este curso estava, em 2015, na 18.ª posição e, em 2014, na 28.ª posição, atrás de todos os cursos de medicina.
Estes resultados podem indiciar uma mudança nas preferências dos estudantes portugueses, que se voltam agora para outros cursos de renome e qualidade nas escolas superiores portuguesas.