Ensino Profissional: Quero ir para a universidade, será que vou conseguir?

Sou a Lisandra, tenho 18 anos e entrei na segunda fase do concurso nacional de acesso ao ensino superior.

Era aluna de um curso profissional de Informática no qual sempre me esforcei para ser a melhor aluna daquele curso.

A decisão de ir para um curso profissional veio quando estava na fase de escolher o queria seguir no ensino secundário , tinha uma psicóloga que me disse que os cursos de ciências e humanidades eram muito difíceis e que o melhor mesmo era ir para um profissional. Comecei a pensar que aquele seria mesmo o melhor rumo , visto que tinha tido a minha irmã que também frequentou um curso profissional e ficou logo empregada depois de acabar o 12ºano.



Naquela altura não tinha muito em ideia do que queria ser no futuro. Apesar de eu nos dias de hoje achar  que os alunos tomam decisões muito antecipadas quando escolhem o que querem seguir, porque tal como me aconteceu a mim, chegam ao segundo ano do secundário e dizem,”não era isto que eu queria…”.

Cheguei ao primeiro dia de aulas do meu curso e achei aquilo tudo muito estranho, os alunos eram mal educados , respondiam mal ao professores, desobedeciam… Uma série de coisas que todos dizem ser “Típicas do Profissional”. Na escola que eu frequentei o meu curso toda a gente dizia mal dos cursos profissionais, às vezes as pessoas chegavam a olhar de lado para mim , outras diziam ” Tu num curso?! Não deves estar bem!” Sim isto foi verídico.

Mas apesar de tudo e de todos eu comecei a gostar do curso , na verdade sempre gostei de computadores. Aquilo ao início parecia um bicho de sete cabeças , mas depois de entrar no ritmo não quis outra coisa.

Cheguei ao 11º ano e tomei a decisão que queria seguir com os estudos. Toda a gente pensava que eu estava a gozar, ninguém queria acreditar. Porque a verdade é esta: quase ninguém que vai para o ensino profissional quer ir para a universidade, muitos deles até usam o profissional como passaporte para concluir o 12º ano.

Sempre fui uma aluna aplicada mas a partir do momento em que comecei a pensar que queria ir para o ensino superior comecei a aplicar-me cada vez mais até que tive média para a bolsa de mérito.

Chego ao 12º ano . Era o último ano do curso, começo a pensar que tinha mesmo muito que me aplicar para conseguir gerir o tão pouco tempo que nos restava. O estágio começava daqui a poucos meses , restavam 3 meses de aulas nem queria acreditar. Em Fevereiro tomo a decisão de me inscrever mesmo nos exames , os meus professores ficaram super orgulhosos , iam ter uma aluna de um profissional a fazer exames nacionais , era quase histórico para eles. Mas também sentiram receio que seria muita coisa ao mesmo tempo para fazer.

O estágio começou em Abril , tinha dois meses para estudar, parecia muito, mas por de trás desses meses havia muito trabalho para fazer.

O Estágio foi um processo complicado , estagiava a 30 km de casa , ia e vinha todos os dias , mas  todo o esforço foi compensado , terminei com um 19,5 valores!

Realizei os exames , passei no exame de português , era aquele que me interessava.

Mas nem tudo foram coisas boas porque só tinha tirado 10 valores no exame e a minha média de curso era 15,9 valores, o exame desceu a média concorri ao superior com 13,7 valores.

Tinha o sonho de entrar em criminologia ou direito, mas infelizmente não consegui entrar na primeira fase, fiquei destroçada. Voltei a concorrer à segunda fase e fiquei colocada num politécnico no Curso de Gestão Pública.

Fiquei orgulhosa e gostava de transmitir o meu testemunho que serve de exemplo para muitos que pensam que os profissionais não prestam ou são só para burros. Isso não é verdade, estar num curso profissional também exige muito trabalho e para quem se aplicar serve igualmente para seguir no ensino superior. Por isso digo esforço e dedicação é a base de tudo.

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Este texto faz parte de uma série de textos de opinião de alunos do ensino secundário e superior sobre a sua visão do ensino e da educação.

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