A minha jornada começou em setembro de 2018. Já estava mentalizada de que enfrentaria muitos obstáculos pois a ida para a universidade constitui sempre um processo difícil para (praticamente) todas as pessoas. Principalmente, para quem muda de cidade como eu. Apesar disto, não fazia ideia daquilo que me aconteceria a seguir.
O início das aulas foi pesado e deu para perceber que a universidade não é para brincar: montes de trabalhos para fazer e estudo diário a concretizar. Tendo isto em mente, não desisti e tentei fazer um estudo consistente e organizado. Contudo, não estava a obter os resultados que pretendia; aliás, nem a positiva estava a conseguir na maior parte das cadeiras. Fui-me abaixo mas, com o apoio de familiares e amigos, recompus-me e decidi entrar para a explicação. Pelo menos, para melhorar à cadeira principal do meu curso.
Posto isto, algumas semanas depois estava na época de recurso do 1º semestre e comecei a ter noção de que não ia conseguir fazer as cadeiras todas. Tentei focar-me apenas em algumas mas o esforço foi tão desgastante que cheguei ao fundo do poço: sentia-me completamente apática, farta daquilo tudo. Sentia que já nada na minha vida fazia sentido pois não estava a conseguir fazer absolutamente nada que pretendia. Na verdade, não estava a fazer aquilo que queriam que eu fizesse.
Dei por mim a procurar ajuda psicológica, porque o curso tinha-me levado realmente a um extremo. Nem tudo foi mau pois foi nessa altura em que estava pior, a repensar todos os meus objetivos de vida e caminhos que tinha escolhido, que percebi que não me enquadrava de forma alguma naquele curso, naquele círculo de pessoas. Não pertencia lá. Mais tarde, consigo ver claramente que a razão pela qual não sucedi, não foi por falta de capacidades nem de persistência como outrora tinha imaginado, foi sim por falta de amor àquilo a que estava a entregar a minha vida.
Foi precisamente no momento em que percebi isso (não foi há muito tempo, diga-se de passagem, foi um caminho muito longo e doloroso) que a minha vida mudou por completo. Eu percebi a chave de tudo, a eureka! Percebi que tenho o mundo nas mãos e que posso fazer aquilo que quero porque, apesar das opiniões alheias, eu é que tenho a faca e o queijo na mão. Aí, iniciei um processo de descoberta interior que penso ainda não ter terminado.
Hoje sou uma pessoa completamente diferente e que percebe que mudar de curso não é nenhum tabu e, só por não nos enquadramos num determinado sítio, não significa que consigamos (mais tarde ou mais cedo) encontrar o lugar onde pertencemos. Acredito plenamente que isso é possível. Acredito que temos de ouvir o nosso íntimo para descobrir qual é esse lugar para nós e, sem medos nem vergonhas, arriscar e simplesmente seguir a nossa paixão. Afinal de contas, nós é que somos os escritores da nossa própria história!
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Este texto faz parte de uma série de textos de opinião de alunos do ensino secundário e superior sobre a sua visão do ensino e da educação.
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