Enquanto estudantes que somos ou que já fomos, pensamos sempre nesta condição como uma posição de subordinação. Ou seja, que estaremos sempre abaixo daquilo que funcionários, professores e diretores nos ordenam fazer. No entanto, nós também podemos ser líderes! Quer na escola e no ensino superior, quer noutras organizações e no nosso dia a dia, podemos melhorar competências de modo a que consigamos ter um papel mais ativo e consciente nas decisões que tomamos. Escrevo este texto precisamente para te deixar com um enquadramento do que é ser líder e com algumas estratégias para várias situações que podemos acionar para sermos mais líderes das nossas vidas – independentemente de te encontrares num curso como Recursos Humanos, Administração, Educação ou Artes, por exemplo.
Ser liderado não implica que não se possa ser um líder. Todos nós temos a possibilidade de desenvolver um carisma que se traduz num orgulho de nós mesmos e do que fazemos e, também, numa inspiração para outras pessoas. Se o chefe é apenas aquele que está acima dos subordinados, o líder está com ou entre os liderados/comandados. Ele sabe que, formalmente, tem um papel a cumprir – o de orientar ou guiar – mas sente-se igualmente na obrigação de tornar o grupo comunicante, coeso e permeável à mudança.
No dia a dia, um aspeto que devemos treinar para melhorar as nossas competências de liderança é sem dúvida a comunicação para um grupo ou público-alvo. Um líder é um bom comunicador, o que implica transmitir as ideias com clareza e usar um tom de voz assertivo. Junto de pessoas que conheces, podes trabalhar estas questões, tentando regular a voz e fortalecer os teus argumentos como suporte à comunicação, já que o reconhecimento da liderança passa pela valorização daquilo que o líder está a dizer e da maneira como o diz. Os teus próprios professores, como pessoas com autoridade dentro da sala de aula, podem ajudar-te nestas questões do tom de voz, do tipo de frases a usar, do respeito entre o público e o comunicador, de modo a que te tornes mais apto no diálogo e na transmissão de uma mensagem.
Quando estiveres a conceber um trabalho escolar de grupo tenta ser audaz, portanto, ousado. Propõe novos temas e discussões e brainstormings acerca das temáticas escolhidas, pois assim conseguirás compreender o quanto sabes do assunto e qual a margem de aperfeiçoamento. Se o grupo com quem ficares nas avaliações for sempre ou muitas vezes mesmo podes sugerir que em cada uma delas um membro diferente seja o líder estabelecido, de modo a despertar a democracia necessária à liderança construtiva através da invocação de diferentes metodologias de trabalho e para que todos possam treinar o papel de um líder.
Uma vez que a sociedade se organiza em grupos e comunidades é imprescindível reunirmos uma liderança nas nossas socializações. Haver vários líderes num grupo não simboliza uma incompatibilidade. Em primeiro lugar, porque nem todos os membros do grupo são igualmente bons em todas as temáticas, o que dá espaço a que haja uma diversidade de lideranças na mesma entidade. Por outro lado, porque um líder deve-o ser, ao mesmo tempo, em relação a si mesmo, o que significa que todos podemos ser líderes, isto é, comandantes autónomos dos nossos próprios destinos.
Se te encontrares ou se vieres a encontrar-te numa posição de chefia, traz a liderança através do entusiasmo! Esta é uma palavra de ordem, na medida em que as pessoas que liderares só se sentirão empolgadas se o próprio líder estiver genuinamente entusiasmado com as tarefas que tem de cumprir (Whyte, 1994)[1]. Esta motivação nasce do interior, ou seja, por mais que os comandados possam contribuir para o seu estado de espírito é do líder que deve partir a motivação (Vergara, 2000)[2] para a ação eficaz e colaborativa.
Com a tua própria família tenta estimular debates acerca de coisas que podem ser melhoradas, por exemplo, na gestão das tarefas diárias da casa. É possível sermos líderes mesmo dentro do nosso contexto familiar ou de amigos, visto que o diálogo e a propensão para a mudança são dois elementos cruciais em qualquer esfera da nossa vida. Agora que vêm aí as eleições para eleger o Governo e os deputados traz à discussão as propostas dos candidatos e pergunta o que os teus pais, avós, irmãos e amigos acham das mesmas e dos partidos, para que ouças diferentes perspetivas, fiques informado e treines as tuas capacidades de argumentação.
A liderança é uma construção de sonhos através da partilha do trabalho realizado (Pereira, 2014)[3]. Um líder credível é aquele que acredita e que permite que outros acreditem nele. Sê líder de ti mesmo, de outros e do caminho que percorres!
[1] Whyte, David (1994). The Heart Aroused: Poety and the preservation of the Soul in Corporate América. Currency-Doubleday.
[2] Vergara, Sylvia C. (2000). Projetos e relatórios de pesquisa em administração. Atlas.
[3] Pereira, Maria Célia Bastos (2014). RH Essencial: Gestão estratégica de pessoas e competências. Saraiva.
Colabora!
Este texto faz parte de uma série de textos de opinião de alunos do ensino secundário e superior sobre a sua visão do ensino e da educação.
Gostavas de publicar um texto? Colabora connosco.