Quando cheguei à faculdade, professores e colegas que tive a oportunidade de conhecer, admiravam-se da minha bravura em ter escolhido estudar para uma instituição a uma hora e meia de distância, de avião. Sim, de avião. Todos me perguntavam do que é que sentia realmente mais falta. A minha resposta foi sempre a mesma, “da minha família”. Só um estudante deslocado sabe o que é adormecer de lágrimas nos olhos e ter de acordar com um sorriso. É quase como uma obrigação, um capricho, pois foi-nos depositada a confiança de prosseguir responsavelmente os estudos.
Dói acordar e não ver o sorriso da tua mãe ao pequeno almoço. Dói não teres o teu pai ao fim do dia, alguém a quem tinhas sempre de ceder o comando da televisão. Dói (mesmo!) chegar a cada depois de todas as aulas que te consumiram e não teres alguém à tua espera. Sinto um grande vazio. De ter alguém que te dá a plena sensação de segurança, de conforto. Sentimentos que nunca deste o devido valor nos anos em que estudavas na tua terra. Porém, existem aspetos positivos, aliás, muito positivos, mas ainda não fui psicologicamente capaz de sobrepor tudo o que existe de bom à minha volta, à distância que me separa do meu lar. Dilacera-me. Lentamente.
Hoje, quase no fim do segundo semestre, se me tornarem a questionar do que sinto realmente falta, a minha resposta continuará a ser a mesma, “da minha família”. Passem os anos que passarem.
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Este texto faz parte de uma nova série de textos de opinião de alunos do ensino secundário e superior sobre a sua visão do ensino e da educação.
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