Vagas nas universidades em Lisboa e no Porto vão baixar 5%.
Antes de mais é uma decisão acertada na minha opinião.
E a propósito das declarações que esta medida poderá transferir os alunos para escolas de menor qualidade remete-nos a uma série de questões.
Começaria pelas elites educacionais que ainda parecem persistir no nosso País, em pleno século XXI. As elites educacionais, onde só os melhores e os mais capacitados poderiam estudar leva-nos ao tempo da monarquia e das regiões sub-desenvolvidas, onde só quem vivia na metrópole, com possibilidades financeiras e alguma dedicação para a coisa poderia estudar. No mundo civilizado, e de acordo com as convenções internacionais e o acesso universal à educação, estudar deixou (ou pelo menos deveria deixar) de ser algo exclusivo de alguns, tornando o acesso à educação e à formação uma escolha livre.
Assim, pelo nosso país fora formou-se excelentes instituições de ensino superior (sendo a mais a antiga a Universidade de Coimbra) onde se garantem ensino de qualidade e de prestígio, portanto longe das capitais. Contudo parece ainda persistir aquela elite educacional, egocêntrica e exclusiva, onde a pompa e circunstância parecem lemas educacionais. A educação e a formação existem pelas pessoas e não para as pessoas.
Em parte alguma do Mundo, se deve formar para a pompa e circunstância, nem tão pouco formar com base em valores discriminatórios, onde “nós é que somos os melhores e o resto não presta”.
Este tipo de declaração, faz-nos pensar que o nosso sistema de ensino superior anda a duas velocidades, em Lisboa e Porto é que é ótimo, o resto só existe porque é paisagem.
Por outro lado, ao afirmarmos que as outras instituições têm pouca qualidade, estamos a afirmar que centenas de docentes (muitos formados naquela mesma instituição) não têm competência nenhuma, ou seja, o trabalho, esforço e dedicação de centenas de professores neste país não tem credito nenhum, só teria se estivessem, claro em Lisboa. Penso que tais declarações devem ser revoltantes não só para os professores mas também para milhares de alunos que pelo país fora estudam e formam-se igualmente competentes, e diria mais, possivelmente muito mais competentes a nível de valores humanos, onde não existem elites educacionais e que estão certamente mais à frente no tempo.
Todas as instituições existem para os alunos e pelas suas ambições.
Para mim, enquanto ex-aluno do ensino superior público são muito tristes este tipo de afirmação. Vem por em causa a minha dedicação e esforço. Vem por em causa a de dezenas de docentes que contribuíram para a minha formação.
Não obstante disso, afirmo que existem instituições que ainda se encontram em 1911.
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Este texto faz parte de uma série de textos de opinião de alunos do ensino secundário e superior sobre a sua visão do ensino e da educação.
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