Eu e a praxe

Eu sempre tive um bichinho de saber o que era a praxe e o que significava o vestir do traje. Desde aquilo que aconteceu no Meco (Lisboa, Portugal), esse bichinho cresceu ainda mais, uma vez que sempre quis perceber o que tinha acontecido de verdade e se aquilo era mesmo praxe.

Entrei para uma faculdade, longe de casa e ainda privada. Os primeiros tempos foram um pouco complicados. Entrei para a praxe, entrei para a faculdade e continuei a trabalhar. Ia pouco à praxe ao inicio, ate que agora estou a compensar isso. Agora sinto que faço parte daquilo e consigo perceber a família da praxe que criei. Foi pena só ter percebido isso agora que o ano está a acabar. Perdi provavelmente muitas oportunidades, mas agora tento apanhá-las todas e estou a gostar. Ao início pensava que os doutores eram tipos os “monstros do Loch Ness”, mas afinal não o são. Os doutores mostram-se sempre disponíveis para te ouvir e compreender. Independentemente da figura que tomam na praxe, fora da praxe são as melhores pessoas que podes vir a conhecer. Eles também sabem brincar e conviver, mesmo que não pareça.



Agora está-se a aproximar o grande momento da Queima das Fitas, ou seja, o momento de ir ao cortejo, passar a tribuna e deixar de ser caloira. Isso significa que vestirei o traje pela primeira vez, que me tornarei pastrana e já nada será o mesmo. Quer dizer que o ano de caloiro terminou e já não posso voltar atrás.

 

A praxe não é obrigatória para ninguém, só para quem se comprometeu a lá estar, mas mesmo assim pode-se sempre desistir. Onde está um, pode estar outro, pois caloiro é só um! Vou sentir falta da t-shirt e dos tempos em que era tudo para nós, caloiros! Os jantares, as festas e tudo o resto! O objetivo é praxarem-nos para sermos bons praxistas e representarmos quem nos praxou!

E a verdade que eu aprendi neste meu ano de caloira é que o que aconteceu no Meco não é praxe. Independentemente de aqueles rapazes/ raparigas serem caloiros, aquilo foi um abuso por parte dos doutores. Caloiro também pode dizer que “Não” dependendo da situação e do perigo. A conta do abuso, alguns faleceram e a partir daí muitos pais culpam a praxe e proíbem os seus educandos de fazerem parte da família que a praxe cria. E a culpa permanecerá sempre da praxe e muitos não se poderão juntar a nós, nem pertencer à família da praxe.

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Este texto faz parte de uma série de textos de opinião de alunos do ensino secundário e superior sobre a sua visão do ensino e da educação.

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