Exames Nacionais: um verdadeiro “Adamastor”

Exames… aquelas resmas de folhas que se acumulam à minha frente e me provocam sentimentos disfóricos… imagens, fórmulas, números vindos de um universo tão distante…

Não posso adiar mais! O plano de começar a realizar todos os exames dos últimos oito anos está quase a desvanecer no meu horizonte… recordo o meu sonho utópico de começar a fazê-lo em março, talvez dois por semana, para cada disciplina de exame, obviamente!

Esta é a primeira meta que todos os alunos do 11o estabelecem, movidos por uma força anímica peculiar… mas rapidamente começamos a criar outros objetivos intermédios… Afinal o estudo “intensivo” para os exames nacionais já não começa em março mas sim em meados de abril. Os dois exames que planeávamos fazer por semana dão lugar a apenas um…



É nessa luta travada contra o tempo que o nosso consciente começa a aceitar este desafio, as incertezas são muitas e parecemos envoltos num nevoeiro profundo mas…“É a Hora!”

Esses últimos meses passam a voar.

Exames povoados de anotações rápidas, na esperança de serem lidas nas últimas semanas. Consultas atribuladas aos cadernos passados, em busca daquela explicação que certamente dissipará muitas das nossas dúvidas. E um inexplicável sentimento de insegurança que insiste em dominar os nossos pensamentos…

Faltam 24h para o exame.

Nessa semana esclarecemos as últimas dúvidas, vimos aquele exercício de equilíbrio térmico entre duas substâncias ou aquela AL que sempre nos tinha atormentado…

Na véspera fecham-se os livros de resumos, os infindáveis apontamentos, os exames resolvidos e todo o material que fomos adquirindo e acumulando ao longo desses meses.

Contudo este desafio ainda está longe de chegar ao fim e é agora, nestas últimas 24h “pré-exame” que é fulcral cultivar a confiança e otimismo na nossa mente.

Chegou a fatídica manhã do exame.

A ansiedade toma-nos irremediavelmente, sentimos que não estamos preparados mas esquecemo-nos de que muito provavelmente nunca iríamos estar…

Percorremos o trajeto que tantas vezes fizemos ao longo destes dois anos. Nesses dias esta era uma realidade longínqua mas hoje essa memória provoca em nós uma certa nostalgia indecifrável.

Entramos na sala, definimos o nosso lugar, olhamos à nossa volta sem ver coisa alguma, recolhemo-nos na nossa mente e (des)esperamos.

À medida que vamos resolvendo o exame sentimos uma crescente confiança saudável, as sombras que moravam em nós desaparecem e começamos a acreditar num resultado promissor.

Acabamos um pouco antes do início da tolerância, porque outra das preocupações de quem vai fazer exame pela primeira vez é realmente o fator tempo. Pensamos que o tempo nunca será suficiente, mas a verdade é que ainda nos sobram minutos para fazer um balanço destes anos e principalmente destes dias… conseguimos superar as dificuldades e ultrapassar este desafio. O plano que delineámos no início desta epopeia já não é o mesmo, mudou e fez-nos mudar, acima de tudo evoluímos a nível académico e pessoal.

Esse dia chega ao fim. Essas horas passaram tão depressa como as anteriores.

Possivelmente daqui a alguns meses não nos iremos lembrar do dia do exame ou mesmo do próprio exame.

Outras situações semelhantes voltarão a impor-se durante a nossa caminhada, os mesmos anseios irão ressurgir… E mais uma vez conquistaremos o sucesso!

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Este texto faz parte de uma série de textos de opinião de alunos do ensino secundário e superior sobre a sua visão do ensino e da educação.

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