Abertura de novos cursos de Medicina

 

RuiLopes16

Membro
Matrícula
1 Maio 2020
Mensagens
38
Curso
Engenharia Informática
Instituição
UMinho
Olá! Caso ainda não tenham visto, aqui vai:

Estão à vontade para se pronunciar sobre o assunto.
 
Não precisamos de médicos indiferenciados, precisamos de médicos especialistas. E para formar médicos especialistas, precisamos de outros especialistas que tenham tempo para acompanhar os internos sem estarem sobrecarregados com trabalho clínico ou administrativo. Precisamos de hospitais que tenham espaço para receber alunos e condições para formar internos. Precisamos de investimento na formação dos internos, já que a grande maioria paga a formação pós-graduada do próprio bolso, e se queres estar nos lugares cimeiros do concurso, vais andar a comer pão com atum muito tempo.

Depois os próprios especialistas ficam no SNS e no país principalmente por amor ao sistema público. As condições fora do SNS são muito melhores, principalmente no estrangeiro, onde também há uma falta enorme de médicos. É bonita a vocação, mas as pessoas precisam de comer e precisam de ter uma vida. Tendo em conta que um médico se torna especialista depois dos 30 anos, há um grande investimento que o SNS simplesmente não está a dar retorno, enquanto outras alternativas o dão.

Estes cursos só vão aumentar o número de médicos indiferenciados, com competências clínicas muito limitadas, que provavelmente terão de arranjar alternativas laborais. Podem fazer algum trabalho clínico, VMER etc mas é um mercado limitadíssimo para eles, portanto provavelmente terão de tirar especialidade lá fora ou arranjar trabalho fora da área clínica (ex: indústria, consultoria, tecnologia), ou seja acabam por sair do SNS na mesma.

Abrir cursos de medicina é atirar areia para um pote que está a ruir cada vez mais na base. É uma medida que serve para angariar votos a curto prazo mas vai ter consequências negativas para a classe profissional e para a saúde das populações.

Quanto a esta frase "A questão é que para formar um médico de família experiente não é preciso, se calhar, ter o mesmo nível, a mesma duração de formação, que um especialista em oncologia ou um especialista em doenças mentais." está tudo dito sobre o conhecimento deste ministro para ditar a formação médica, ou mesmo superior no geral.
 
Última edição:
O ministro é um boy, e como boy que é, é incompetente e desadequado para o cargo que ocupa. A emigração é a solução meus amigos, até para aqueles que estejam "bem" em portugal. Para quem não sabe, um médico ganha hoje apenas mais 100€ que há 20 anos atrás (vide tabelas disponíveis no site do SIM) e não há qualquer progressão salarial (começam a carreira a ganhar pouco acima dos 1000 € e acabam no mesmo valor). A pouca diferença nestes 20 anos fica muito abaixo da inflação, e tirem o cavalinho da chuva, que daqui a outros 20 está tudo igual (ou pior). Emigrando, o céu é o limite, e nem é preciso ir para muito longe.
 
O ministro é um boy, e como boy que é, é incompetente e desadequado para o cargo que ocupa. A emigração é a solução meus amigos, até para aqueles que estejam "bem" em portugal. Para quem não sabe, um médico ganha hoje apenas mais 100€ que há 20 anos atrás (vide tabelas disponíveis no site do SIM) e não há qualquer progressão salarial (começam a carreira a ganhar pouco acima dos 1000 € e acabam no mesmo valor). A pouca diferença nestes 20 anos fica muito abaixo da inflação, e tirem o cavalinho da chuva, que daqui a outros 20 está tudo igual (ou pior). Emigrando, o céu é o limite, e nem é preciso ir para muito longe.
Pensei mesmo que o ministro fosse uma girl, que estúpido da minha parte.
 
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Lição do dia:

Um boy é, geralmente, um funcionário público, membro do governo ou da administração do Estado, que só está no cargo que ocupa pela sua filiação partidária, ou pelas suas relações de amizade ou familiares, e não porque seja realmente a pessoa mais adequada e competente na sua área de atuação. O termo vem da expressão "jobs for the boys". Enfim, algo muito comum em Portugal.
 
Não estou a conseguir lidar com as declarações do sr. primeiro ministro. Como é que é possível continuarem com este discurso e, pior ainda, em público para os meios de comunicação… :(

“Não vale a pena discutir se temos médicos a mais, ou se temos a menos, porque há uma coisa que é certa: Há uma maior procura da formação de medicina do que aquela que é oferecida…”
Enfim, sem palavras…
 
Não estou a conseguir lidar com as declarações do sr. primeiro ministro. Como é que é possível continuarem com este discurso e, pior ainda, em público para os meios de comunicação… :(

“Não vale a pena discutir se temos médicos a mais, ou se temos a menos, porque há uma coisa que é certa: Há uma maior procura da formação de medicina do que aquela que é oferecida…”
Enfim, sem palavras…

O primeiro ministro fala assim porque se um dia ficar doente não será visto por um médico indiferenciado ou por um cirurgião com meia dúzia de apêndices feitos no internato, e não vai estar numa sala com 15 alunos a fazer fila para lhe palparem a hérnia inguinal. É fácil falar assim porque não vai sofrer com as consequências da degradação do SNS. Além de que fazer as reformas necessárias para termos mais especialistas custaria muito mais dinheiro, demoraria mais tempo e não teria um efeito tão visível a curto prazo. Abrir uns cursos novos e continuar a mandar boçalidades para ganhar uns votos (atacar os privilegiados médicos é populismo 101 desde o tempo do antigo regime) é muito mais fácil.
 
Montenegro anunciou mais vagas e cursos de Medicina. É uma medida populista que trará emigração em massa mas também terá um efeito positivo. A panca nacional com a Medicina em dez anos morrerá o que será excelente para todos. Só lamento que tenha de ser desta forma desastrosa. Mas não é sustentável termos 90% dos alunos acima dd 18 de Secundário na área de Ciências num curso como sucedía há uns anos. Precisamos de alunos de topo em Engenharias ou que queiram ser professores de Secundário. Espero que com a abertura de Medicina em Évora e Vila Real a média venha finalmente para um valor abaixo de 17,5. O fim da panca do senhor Doutor será bom para todos, os alunos de topo perderão a pressão que existe em algumas famílias para serem Doutores, e libertarão vagas para quem quer seguir o sonho e tem vocação. O preço a pagar é alto? Sim, desemprego e emigração. Mas infelizmente em Portugal as coisas só mudam a mal. Não é justo termos miúdos com 17 porque estudaram numa escola pública que não presta serem ultrapassados por outros de colégios privados com médias internas “compradas” por causa da panca médica.
 
Montenegro anunciou mais vagas e cursos de Medicina. É uma medida populista que trará emigração em massa mas também terá um efeito positivo. A panca nacional com a Medicina em dez anos morrerá o que será excelente para todos. Só lamento que tenha de ser desta forma desastrosa. Mas não é sustentável termos 90% dos alunos acima dd 18 de Secundário na área de Ciências num curso como sucedía há uns anos. Precisamos de alunos de topo em Engenharias ou que queiram ser professores de Secundário. Espero que com a abertura de Medicina em Évora e Vila Real a média venha finalmente para um valor abaixo de 17,5. O fim da panca do senhor Doutor será bom para todos, os alunos de topo perderão a pressão que existe em algumas famílias para serem Doutores, e libertarão vagas para quem quer seguir o sonho e tem vocação. O preço a pagar é alto? Sim, desemprego e emigração. Mas infelizmente em Portugal as coisas só mudam a mal. Não é justo termos miúdos com 17 porque estudaram numa escola pública que não presta serem ultrapassados por outros de colégios privados com médias internas “compradas” por causa da panca médica.
Se a média de medicina for 17, vão dizer "não é justo termos miúdos com 16 a não entrar em medicina". Se a média de medicina for 16, vão dizer "não é justo termos miúdos com 15 a não entrar em medicina". E por aí em diante.

Espero que com a abertura de Medicina em Évora e Vila Real a média venha finalmente para um valor abaixo de 17,5. O fim da panca do senhor Doutor será bom para todos, os alunos de topo perderão a pressão que existe em algumas famílias para serem Doutores, e libertarão vagas para quem quer seguir o sonho e tem vocação.
E as pessoas com média de 17 não têm pressão para ser "doutoras"? E as pessoas que entraram com média alta não podem ter o sonho de ser médicas? Não percebo essa colocação num pedestal de quem não teve média para medicina, simultaneamente com a demonização das pessoas que entraram.
Para não falar do facto que não tem obrigatoriamente de ser sonho nenhum... pode ser apenas um emprego.

para quem quer seguir o sonho e tem vocação
Isso passa com a precariedade. 🤪
 
Pela leitura que fiz dos vários comentários concluo que um engenheiro pode/deve ser precário, um professor pode/deve ser precário, um enfermeiro pode/deve ser precário, um jornalista pode/deve ser precário, um arquiteto pode/deve ser precário, (…),apenas e só porque tiveram o sonho de fazer essa licenciatura. Lutam, trabalham todos os dias para ver reconhecida a sua competência a fim de manter os seus empregos e de se sustentarem. Já os MÉDICOS têm de ser licenciados (mestrados) em Lisboa, Porto ou Coimbra, porque até nas outras universidades onde existe o curso houve em tempos pressões corporativas para que não abrisse, e apenas os profissionais desses três distritos, entre os 18 existentes no continente a que se somam também os arquipélagos, é que terão competência para orientar esses jovens, bem como os centros hospitalares desses distritos menos povoados e que tratam milhares de pessoas anualmente, não servem também para esses futuros senhores doutores. Há falta de professores de matemática e licenciados em áreas afins podem “socorrer” a Educação nacional para que todos tenhamos acesso ao ensino, mas já um licenciado/mestrado em Medicina que não entre numa especialidade não serve para socorrer (agora sim, sem aspas) milhares de pessoas que tentam aceder à Saúde em Portugal e não conseguem. Se se dão ao luxo de poder escolher entre o particular e o SNS, escolham… Vocês querem é ficar com os dois e isso todo o português já compreendeu. Mas não tentem fazer das pessoas estúpidas. A globalização diz-nos que a Europa é o nosso quintal, a América é do outro lado da rua, por isso emigram portugueses professores, enfermeiros, engenheiros, jornalistas, arquitetos,… se tiver de ser, deixem também emigrar médicos porque de certeza que alguns ficarão, não se deve é deixar de perseguir o sonho. Mas gostaria que algum de vós falasse também em números diferentes e que contrariam a vossa tese. Quantos médicos (especialistas, ou não) é que gostam tanto do SNS, fazem férias no Verão sem se preocupar se deixam as suas unidades de saúde em número suficiente para atender a população? Quantos desviam doentes para clínicas e hospitais privados com a promessa (verdadeira) de um atendimento mais célere? Se houver mais médicos esse atendimento não será também mais célere no SNS? A maior parte dos assistentes operacionais da função pública que trabalham 22 dias por mês há 22 anos, recebe o salário mínimo. Quanto recebe um médico a fazer uma noite no SNS? Mas a população até nem quer saber dos vossos honorários, querem, sim, alguém que, numa aflição, lhe possa fazer um diagnóstico, nem que seja um como é feito na urgência pelos enfermeiros e que se chama triagem. Mas já vi que os enfermeiros o podem/conseguem fazer, já o licenciado/mestrado em Medicina e sem especialidade parece ser um zero à esquerda, pelas palavras do @Snarky_Puppy…
 
Como fui citado no tópico, vou responder.

Pela leitura que fiz dos vários comentários concluo que um engenheiro pode/deve ser precário, um professor pode/deve ser precário, um enfermeiro pode/deve ser precário, um jornalista pode/deve ser precário, um arquiteto pode/deve ser precário, (…),apenas e só porque tiveram o sonho de fazer essa licenciatura. Lutam, trabalham todos os dias para ver reconhecida a sua competência a fim de manter os seus empregos e de se sustentarem. Já os MÉDICOS têm de ser licenciados (mestrados) em Lisboa, Porto ou Coimbra, porque até nas outras universidades onde existe o curso houve em tempos pressões corporativas para que não abrisse, e apenas os profissionais desses três distritos, entre os 18 existentes no continente a que se somam também os arquipélagos, é que terão competência para orientar esses jovens, bem como os centros hospitalares desses distritos menos povoados e que tratam milhares de pessoas anualmente, não servem também para esses futuros senhores doutores.
? absolutamente ninguém disse isso. E fiz questão de ir ver os comentários não há nada que indique nada disto. Este tópico é sobre médicos, acho que ninguém quer ver outros profissionais precários, mas se alguém abrir um tópico sobre professores, enfermeiros, jornalistas, etc, esse será o sítio indicado para discutir essas profissões. E isso de Lisboa, Porto, ou Coimbra não está escrito em lado nenhum, portanto nem li o resto, porque só por aqui dá para ver que tens a tua narrativa e usaste uma desculpa para a empurrares para aqui.

Há falta de professores de matemática e licenciados em áreas afins podem “socorrer” a Educação nacional para que todos tenhamos acesso ao ensino, mas já um licenciado/mestrado em Medicina que não entre numa especialidade não serve para socorrer (agora sim, sem aspas) milhares de pessoas que tentam aceder à Saúde em Portugal e não conseguem. Se se dão ao luxo de poder escolher entre o particular e o SNS, escolham… Vocês querem é ficar com os dois e isso todo o português já compreendeu. Mas não tentem fazer das pessoas estúpidas.
Médicos indiferenciados têm um campo de atuação limitado e beneficiaríamos muito mais como país se tivessemos mais médicos especialistas no SNS. Se queres que os médicos indiferenciados tenham um leque mais alargado de atividades, então ótimo, qualquer dia ainda vai acontecer isso, e depois se achas que a qualidade dos cuidados de saúde é má, vamos ver como fica nessa altura.

Por algum motivo existem especialidades. São coisas complexas e os médicos são quem assume a responsabilidade final pelos doentes, logo é necessário que trabalhem durante um período de forma tutelada até adquirirem autonomia. Podes comparar o que quiseres com outras profissões, mas isso não trará nada para a discussão, porque cada profissão é diferente e existem regras estabelecidas diferentes.

globalização diz-nos que a Europa é o nosso quintal, a América é do outro lado da rua, por isso emigram portugueses professores, enfermeiros, engenheiros, jornalistas, arquitetos,… se tiver de ser, deixem também emigrar médicos porque de certeza que alguns ficarão, não se deve é deixar de perseguir o sonho.

Ninguém está a impedir os médicos de emigrar, pelo contrário, é vê-los sair porque há mais vantagens lá fora.

Mas gostaria que algum de vós falasse também em números diferentes e que contrariam a vossa tese. Quantos médicos (especialistas, ou não) é que gostam tanto do SNS, fazem férias no Verão sem se preocupar se deixam as suas unidades de saúde em número suficiente para atender a população? Quantos desviam doentes para clínicas e hospitais privados com a promessa (verdadeira) de um atendimento mais célere? Se houver mais médicos esse atendimento não será também mais célere no SNS?
Porque não falas tu nesses números, já que os mencionaste?

Os médicos não podem fazer férias no Verão? Ou achas que tiram todos férias no Verão? As escalas são feitas para tentar assegurar os serviços, mas há serviços que vivem de tarefeiros (porque não há médicos especialistas nos quadros, repito "especialistas") e se 1 médico (especialista) nos quadros tira férias e 2-3 tarefeiros não dão disponibilidade para esse mês o serviço colapsa. A tua solução é o quê? Pôr médicos indiferenciados nos quadros dos serviços de medicina, cirurgia, etc, e obrigá-los a tirar férias quando tu queres? Não estou a perceber.

Quantos desviam doentes? Tens números? Ou vais citar uma entrevista da CMTV ou alguém que conheces para generalizar?

E desde quando é que tu podes obrigar um médico a trabalhar no SNS depois de ele já ter dado 5-7 anos do seu tempo, dinheiro e trabalho para tirar a especialidade? Porque é que não pode ir para outro sítio onde recebe mais e tem mais condições para trabalhar, se tem essa opção?

A maior parte dos assistentes operacionais da função pública que trabalham 22 dias por mês há 22 anos, recebe o salário mínimo. Quanto recebe um médico a fazer uma noite no SNS? Mas a população até nem quer saber dos vossos honorários, querem, sim, alguém que, numa aflição, lhe possa fazer um diagnóstico, nem que seja um como é feito na urgência pelos enfermeiros e que se chama triagem. Mas já vi que os enfermeiros o podem/conseguem fazer, já o licenciado/mestrado em Medicina e sem especialidade parece ser um zero à esquerda, pelas palavras do @Snarky_Puppy…

Já leste aqui alguém a dizer que os assistentes operacionais ganham bem? Porque é que o tópico sendo médicos trazes tantas outras profissões à baila? Ninguém está a dizer que os outros ganham bem, mas os outros podem (e devem) lutar pelos seus direitos se se sentem injustiçados, ou queres que os médicos agora obriguem os AOs a fazer greve?

Além disso, os assistentes operacionais também fazem horas, SIGICs e outras coisas e também ganham extra com isso. E no fim quem toma as decisões, e quem assume a responsabilidade final é o médico, não é o auxiliar, logo faz sentido haver um salário diferente.

Mas a população até nem quer saber dos vossos honorários, querem, sim, alguém que, numa aflição, lhe possa fazer um diagnóstico, nem que seja um como é feito na urgência pelos enfermeiros e que se chama triagem. Mas já vi que os enfermeiros o podem/conseguem fazer, já o licenciado/mestrado em Medicina e sem especialidade parece ser um zero à esquerda, pelas palavras do @Snarky_Puppy…
Triagem não é um diagnóstico, e o campo de atuação do enfermeiro é diferente do médico.

Desculpa lá estás aqui a mandar vir com toda a gente mas se não sabes sequer os conceitos básicos nem como se processa formação médica? Se não concordas com a especialidade, queres que eles exerçam autonomamente depois da faculdade, é isso?

Queres manter os médicos no SNS? Dá-lhes condições para isso:

- Aumentem salários (que foram congelados décadas) para fixar médicos nos quadros, não dependendo tanto de tarefeiros e não gastarem rios de dinheiro em agências de recrutamento. Podem se calhar não abrir tantos cursos de medicina que vão formar médicos para emigrar porque não vão conseguir sequer fixar-se numa especialidade por cá (apesar de tu achares que isso é inútil e eles podem fazer o que querem quando acabam o curso). E sim, isto acontece com muitos outros cursos e sim eu também não concordo, mas o tópico não é sobre outras profissões, é sobre esta.

- Já agora podem também investir nos recursos materiais e informáticos, para que os médicos não tenham de estar metade do seu tempo à espera que o PC carregue,

- Podem também deixar as pessoas exercer de acordo com as melhores práticas para que não sejam obrigados a fazer consultas de 10 minutos por doente.

Os médicos ao contrário da restante função pública tem horário normal de 40 h e são a única classe profissional que tem horas extraordinárias obrigatórias por ano (não achas que isso é um sinal claro de gestão danosa?) e são apelidados de tudo e mais alguma coisa se simplesmente cumprirem o que está no seu contrato (como aconteceu no ano passado com as horas extraordinárias). Achas que é má vontade? Isto acontece há anos e anos e simplesmente as pessoas fartaram-se, como já se fartaram os enfermeiros, professores, oficiais de justiça, polícias, técnicos de diagnóstico e terapêutica, etc. As pessoas saem à rua para lutar pelos seus direitos que estão reservados nos seus contratos e na lei e tu reclamas com isso? Ou só reclamas porque são os médicos?

E por fim, escusas de meter palavras na minha boca, que eu não disse "zero à esquerda" disse e repito que têm competências clínicas muito limitadas e que isso os obrigará a procurar trabalho fora do SNS de qualquer maneira, e que não são eles que vão resolver os problemas do SNS.
 
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Desculpe se o ofendi, mas a 2a classe profissional mais favorecida no nosso país é a classe médica, logo a seguir à dos magistrados. Não digo que ganhem bem (nem mal), fi-lo comparativamente com as outras carreiras da função/administração Pública. Sempre que houve descongelamento ou aumentos nas carreiras, a dos médicos foi sempre negociada meses antes das outras e com aumentos de dois dígitos na sua percentagem. Em nenhuma outra carreira isso acontece. Todas elas trabalham as 35h ou as 40h, mas só a dos médicos é que tem beneces nos regimes de Dedicação Plena, Exclusiva, Suplementos Associados a listas de utentes, Subsídios Adicionais Mensais, receber 2,5X a hora noturna ao fim-de-semana,… e as hora extra obrigatórias são pagas. Ninguém em Portugal se poderá vangloriar pelo reconhecimento na sua área e respetiva valorização profissional, mas daí a serem sempre uns coitadinhos quando na realidade ainda são uns priveligiados, porque no fundo ainda podem optar - é escolha, não é obrigação - onde pretendem exercer a sua profissão, já que a oferta de locais para exercer é imensa, não entendo o discurso. Já muitas das outras classes apenas podem optar pelas elevadas condições de trabalho na função pública, porque não existe oferta privada (forças de segurança, por exemplo). Mas você também se esquece que nenhum licenciado/mestrado é “profissional” só porque termina o curso, todos precisam da prática profissional e do auxílio/ensinamentos dos colegas a fim de se tornarem “autónomos” nas decisões. Há mais de 60 mil médicos em Portugal e vocês dizem que não os há em quantidade, ou qualidade, suficiente para fazer o acompanhamento de um grupo de “alunos” na especialidade, quando se sabe que os sindicatos, propositadamente, as vagas necessárias às necessidades do SNS. Porque será? Dizem que há médicos a mais e, em comparação com outros países, até temos um rádio superior… Mas não temos também uma população envelhecida, bastante superior a esses países e, logo, uma maior procura nos cuidados de saúde da população? Aliada a um SNS gratuito, não inflacionará, só por si, essa mesma procura? Também não discuto a questão da responsabilidade, essa é inquestionável e será, certamente, a área profissional onde ela terá um maior valor caso a responsabilidade dê para se mensurar, mas isso também é refletido na valorização salarial atribuída, se não ninguém quereria Medicina e os números provam que é ainda o curso mais pretendido pelos estudantes com as melhores médias do ensino secundário. Mas o valor-hora da profissão médica está definido, o que a classe pretende é que, acrescido a esse valor-hora, venha um valor-estatuto… Nunca ouvi dizer que mais escolas de Direito trariam piores advogados ou que mais cursos de educação trarão fracos professores. Já a classe médica, mais escolas de medicina é crime! Os que mencionei fazem cursos de 5 anos e ganham, com sorte, €1.000 no início de carreira, mas um licenciado em Medicina com 6 anos de curso irá ganhar 2X esse valor no início de carreira, e sem especialização. Em comparação, em Portugal, onde todos somos precários, é mal pago?! Ou acresce-se o valor-estatuto?! Condições de trabalho… veja os trabalhadores dos ministérios da Justiça, Segurança Interna, Educação,… todos têm péssimas condições de trabalho! Cada um defende a sua dama… muitas vezes vi/ouvi profissionais de saúde queixarem-se das suas finanças e de “exploração” laboral… mas nunca um médico. Todo o português se queixa de não conseguir uma consulta atempadamente, no tempo de espera para ter uma consulta, a demora na marcação de uma consulta… consulta… a classe responde que é por haver médicos a mais. Passe bem!
Saúde
 
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Infelizmente o MiguelV7 tem razão em muito do que escreveu. Mas também gostaria de acrescentar alguns dados para contextualizar.

- o salário médico base é baixo à escala europeia e pouco aumentou em 30 anos; depois de impostos e Segurança Social nem 1500 euros ficam do salário base. Se tivesse ocorrido um aumento que acompanhasse a inflação e a entrada do euro o salário base médico já deveria ser pelo menos 3000 euros.

- as tabelas de IRS portuguesas são um roubo e estão desfasadas da realidade do euro. Ou seja, quando Portugal entrou no euro deveria ter convertido para tabelas de IRS pelo menos idênticas às francesas. Em Portugal um salário de classe média em termos fiscais é tratado como um salário de rico. Uma vergonha e ninguém se revolta como deve ser.

- assim, 1500 euros chegam? Não chegam. Basta ser colocado em Lisboa ou no Algarve e não ter lá casa para viver. Pagar 800 a 1000 euros de renda mais despesas e sustentar um carro, pois sem carro não se consegue trabalhar… pagar alimentação… então e ter filhos? As pessoas fazem estas contas e por isso ou não querem ir trabalhar para certos locais ou têm dois empregos. E aí surgem os médicos a fazer SNS e privado.

O SNS se quiser cativar médicos tem de pagar mais, e o Estado tem de taxar muito menos os salários. E se quiserem médicos onde ninguém quer viver têm de resolver o problema da falta de habitação para arrendar, mas não só, têm de melhorar os serviços públicos em geral. Muitos médicos não querem ir para o Interior porque têm filhos e não há boa oferta em termos de parque escolar, e pensam no futuro dos filhos e da sua educação.

Dito tudo isto, sim, a classe médica foi protegida, houve em muita gente da classe uma arrogância e sentido da superioridade em relação às outras profissões, e isso vai acabar nos próximos anos, e ainda bem.

Entretanto, a minha grande revolta e luta é esta: a injustiça do acesso, comprovada há anos por estudos. Um aluno do Interior ou do Sul de uma má escola que termine com média 16 fica preso a esta média interna que não resulta de uma falta de esforço ou estudo. Ao mesmo tempo temos alunos de colégios privados do Norte com médias internas inflacionadas. Estima-se que em média cada aluno com um valor de média interna inflacionada passa à frente de mais de 400 alunos da escola pública. Esse aluno da escola pública teve por vezes professores que faltaram a metade das aulas, esteve meses sem professor, teve um professor de Educação Física que não dava mais de 14 a quem não sabia jogar futebol, ou um de Inglês que não dava mais de 18 a absolutamente ninguém… teve uma turma onde metade dos alunos estavam a passar o tempo, alguns andavam na ganza e criavam problemas, outros faziam bullying e ninguém queria saber… esta foi a realidade da minha escola pública do Interior e ainda é hoje porque o Estado falha! O Ministério falha! Mas pagamos impostos e a qualidade deveria ser igual para todos! E todos os anos há centenas e centenas de alunos de escolas públicas como a que eu frequentei que são passados à frente de alunos do privado com notas inflacionadas.
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Desculpe se o ofendi, mas a 2a classe profissional mais favorecida no nosso país é a classe médica, logo a seguir à dos magistrados. Não digo que ganhem bem (nem mal), fi-lo comparativamente com as outras carreiras da função/administração Pública. Sempre que houve descongelamento ou aumentos nas carreiras, a dos médicos foi sempre negociada meses antes das outras e com aumentos de dois dígitos na sua percentagem. Em nenhuma outra carreira isso acontece. Todas elas trabalham as 35h ou as 40h, mas só a dos médicos é que tem beneces nos regimes de Dedicação Plena, Exclusiva, Suplementos Associados a listas de utentes, Subsídios Adicionais Mensais, receber 2,5X a hora noturna ao fim-de-semana,… e as hora extra obrigatórias são pagas. Ninguém em Portugal se poderá vangloriar pelo reconhecimento na sua área e respetiva valorização profissional, mas daí a serem sempre uns coitadinhos quando na realidade ainda são uns priveligiados, porque no fundo ainda podem optar - é escolha, não é obrigação - onde pretendem exercer a sua profissão, já que a oferta de locais para exercer é imensa, não entendo o discurso. Já muitas das outras classes apenas podem optar pelas elevadas condições de trabalho na função pública, porque não existe oferta privada (forças de segurança, por exemplo). Mas você também se esquece que nenhum licenciado/mestrado é “profissional” só porque termina o curso, todos precisam da prática profissional e do auxílio/ensinamentos dos colegas a fim de se tornarem “autónomos” nas decisões. Há mais de 60 mil médicos em Portugal e vocês dizem que não os há em quantidade, ou qualidade, suficiente para fazer o acompanhamento de um grupo de “alunos” na especialidade, quando se sabe que os sindicatos, propositadamente, as vagas necessárias às necessidades do SNS. Porque será? Dizem que há médicos a mais e, em comparação com outros países, até temos um rádio superior… Mas não temos também uma população envelhecida, bastante superior a esses países e, logo, uma maior procura nos cuidados de saúde da população? Aliada a um SNS gratuito, não inflacionará, só por si, essa mesma procura? Também não discuto a questão da responsabilidade, essa é inquestionável e será, certamente, a área profissional onde ela terá um maior valor caso a responsabilidade dê para se mensurar, mas isso também é refletido na valorização salarial atribuída, se não ninguém quereria Medicina e os números provam que é ainda o curso mais pretendido pelos estudantes com as melhores médias do ensino secundário. Mas o valor-hora da profissão médica está definido, o que a classe pretende é que, acrescido a esse valor-hora, venha um valor-estatuto… Nunca ouvi dizer que mais escolas de Direito trariam piores advogados ou que mais cursos de educação trarão fracos professores. Já a classe médica, mais escolas de medicina é crime! Os que mencionei fazem cursos de 5 anos e ganham, com sorte, €1.000 no início de carreira, mas um licenciado em Medicina com 6 anos de curso irá ganhar 2X esse valor no início de carreira, e sem especialização. Em comparação, em Portugal, onde todos somos precários, é mal pago?! Ou acresce-se o valor-estatuto?! Condições de trabalho… veja os trabalhadores dos ministérios da Justiça, Segurança Interna, Educação,… todos têm péssimas condições de trabalho! Cada um defende a sua dama… muitas vezes vi/ouvi profissionais de saúde queixarem-se das suas finanças e de “exploração” laboral… mas nunca um médico. Todo o português se queixa de não conseguir uma consulta atempadamente, no tempo de espera para ter uma consulta, a demora na marcação de uma consulta… consulta… a classe responde que é por haver médicos a mais. Passe bem!
Saúde
MiguelV tens razão em tudo o que escreveste. Direito já foi um curso elitista há muitos e muitos anos. Quando o mercado de trabalho ficou cheio houve uma selecção natural dos bons profissionais. Os medíocres ficaram como juristas. Acontecerá o mesmo na Medicina quando o mercado encher, pois um diploma ou uma média de curso alta por si não fazem um bom profissional, são necessárias qualidades éticas, morais e humanas. Curiosamente hoje em dia começa a haver falta de licenciados em Direito. Portanto venham cursos de Medicina em Évora e Vila Real, e que cada um tenha 100 vagas!
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Recordo-me quando abriram Braga e Covilhã. A classe médica não queria, os alunos não queriam, vinha aí o desemprego… depois quando abriu o Algarve… a mesma conversa. Não sucedeu nada…
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Estamos en 2024 e há uma carência gravíssima de Médicos de Família…

 
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Ai Deus... vamos lá ver uma coisa, e como eu estou a ver que estou a repetir-me demasiado e para evitar spam, concluo por aqui. Alguém com mais paciência e empatia (força @Blasty que eu nem sou médico 😂) que continue se quiser:

- Não há falta de médicos no SNS. Há falta de médicos especialistas no SNS. Os alunos de medicina são acompanhados por médicos (internos e especialistas) e os internos por especialistas. Se os especialistas saem dos quadros não podem acompanhar internos nem alunos. Logo, o que há falta não é de médicos, é de médicos especialistas no SNS. Isto é claríssimo.

- Pessoas, mentalizem-se de uma coisa: ninguém está a querer ser coitadinho, estão a lutar pelos direitos que estão previstos nos contratos de trabalho e na lei, ponto final. Além disso, se há opções melhores noutros sítios, têm liberdade para ir para onde quiserem. As pessoas é que por algum motivo acham que medicina tem de ser uma missão. Não é, é um trabalho, e um trabalho onde há muitos sítios e países que pagam muito melhor e oferecem muito melhores condições que o SNS.

- O facto de uns estarem mal não é justificação para estarem todos. Os salários são baixos para o custo de vida em Portugal, mesmo se compararmos com outros países da Europa, de um modo geral, em vez de puxarem os de uns para baixo, talvez seja melhor lutar para empurrar os deles para cima. E por isso eu sempre apoiei as manifestações dos enfermeiros, TSDTs, professores, forças da justiça, etc. Tal como apoio os médicos.

- O envelhecimento populacional e falta de médicos não é de todo exclusivo a Portugal, a diferença é que lá fora pagam melhor e dão melhores condições logo as pessoas são atraídas para esses sítios.

- Não percebi o que é valor-estatuto. Repeti imensas vezes que abrir mais escolas não vai resolver o problema do SNS e só vai gastar mais dinheiro ao contribuinte. Isto é uma questão puramente pragmática. Não sei porque as pessoas insistem em meter arrogâncias e estatutos para isto.

- Claro que é mal pago quando se tem opções que pagam muito mais. Eu não vou ficar num sítio quando ao lado posso receber 5x mais noutro só porque sim.

- A tua última frase foi mais uma vez para enganar, porque já te explicaram aqui que não tem a ver com falta de médicos, tem a ver com falta de médicos especialistas fixos no SNS. Médicos indiferenciados não são médicos de família, nem internistas, nem cirurgiões, atuam numa esfera limitada e não são eles que vão fazer com que se diminuam os tempos de espera em lado nenhum. Literalmente não vão resolver o problema, que só vai piorar à medida que os especialistas se reformam ou saem do SNS. A percentagem que tem de ser aumentada, volto a frisar, é de especialistas nos quadros do SNS. E o que acontece há anos é uma sangria de especialistas, porque o SNS não é atrativo.

- Os problemas dos acessos e dos pobres vs ricos existe, mas não é desviando recursos para abrir mais cursos que isso se vai resolver, e sim investindo para uma educação mais justa.
 
Concordo com alguns pontos, sim…
Não há falta de médicos no país. Há falta de médicos é no SNS, e uma distribuição não equitativa dos médicos, tanto geograficamente, como em relação ao SNS. A legislação em vigor prevê que os médicos que se desloquem para as regiões mais carenciadas tenham direito a um vencimento superior em 40%, mais dois dias de férias, maior facilidade de mobilidade para os conjugues e a possibilidade de participação em projetos de investigação clínica. Para os sindicatos, pasme-se, é necessário reforçar os incentivos que já existem e acrescentar outros, nomeadamente benefícios fiscais e mais dias de férias. A bem do país, claro! A Ordem dos Médicos limita o acesso à formação no acesso à especialidade, quando determina a capacidade formativa dos hospitais para receber médicos internos, e isso impede a resposta às carências do país. Um ex-ministro propôs que as faculdades “tradicionais” que aumentassem ainda mais as vagas e elas não aceitaram, logo virou-se para mais universidades e privadas. Mas a justificação dessas universidades para não abrirem mais vagas é corretíssima, porque realmente não têm capacidade de acolhimento de novos alunos a fim de lhes proporcionar um ensino de qualidade. Para um curso abrir, é necessário que hospitais sejam parceiros do projecto e que as quase 50 especialidades médicas estejam representadas. Mas outros locais podem proporcionar a esses alunos esse ensino de qualidade… Logo, para que esses cursos em Vila Real, Évora ou Algarve tenham sido validados, é porque têm essas valências, principalmente em termos de recurso humanos - orientadores - também para as especialidades. Portugal só tem é de abrir vagas de Internato Médico, para que todos possam tirar a especialidade e serem úteis ao país. Faltam dermatologistas, mas esses vagas não abrem em número suficiente para a especialidade! O problema da classe, mais uma vez, é que se os houver em quantidade suficiente para os levar a optar apenas por um - público ou privado - acaba-se a mama! Mas só nessa altura é que haverá médicos suficientes no SNS. Nessa altura, sim, será a bem do país…