Este post é acerca das médias estratosféricas em Portugal, não causadas em si pela média "bombástica" dos alunos, mas sim pela falta de universidades, pois como me disse a minha explicadora de matemática, há países com médias superiores, mas que contrabalançam com mais universidades.
Uma grande amiga minha, irei chamar-lhe de K, queria candidatar-se ao curso com média inferior à dela (logo, entrava à partida). Infelizmente, ela nasceu em 02´, e por isso apanhou os exames que sinto que foram o inicio do apocalipse. No meio do nada, já não conseguia entrar, e no ano a seguir tentou e não conseguiu, porque mesmo com exames mais difíceis não chegava.
Quando entrei para o secundário em 2020, estava feliz por pensar que ia ter média para Farmácia. ATÉ VER O CENÁRIO APOCALÍPTICO.
IREI DEIXAR AQUI EM BAIXO ALGUMAS SÚBIDAS DE MÉDIAS EM CT (TODAS DELAS DE LISBOA)
(por anos: 2019,2020,2021, arrendondas)
Ciências Veterinaria: 15,8; 17; 17,6.
Biologia: 14,8; 16,1; 17
Biologia Celular e Molecular: 16,2; 16,9; 17,8
Diétetica e nutrição: 14,4;15,5; 16,4.
Ciências Farmacêuticas: 14,3; 15,4; 16,6.
Há várias que subiram drasticamente pelo que eu vi ontem quando mirambolei pelo site da DGES e pode parecer falacioso por não estarem cá todas ( em alguns cursos só aparecem as médias do último ano, ou parecem ser privadas pelos nomes diferentes, portanto não as pus)
Mas a verdade é que rapidamente estão a subir e isso deixa-me enfurecida, não por mim que dou graças a ter a chance de estudar no estrangeiro, mas por quem nasce em determinado ano fica fora do seu curso de sonho. Por exemplo, se a K tivesse nascido em 01 e não 02 teria entrado no curso que queria. Para além do que disse agora, parte-me o coração ouvir que não sei quantas pessoas ficam anos e anos a trabalhar para entrar no ensino superior, quando nos outros países, pelo que ouvi dizer, não é assim, pelo menos assim tão grave. Li uma notícia que me marcou muito: uma rapariga com 24 anos a refazer o exame de português, e deu a entender que o tinha feito em todos os anos. 24-18=6. Imaginem gastarem 6 anos da vossa vida para entrar na faculdade, atrasarem 6 anos da vossa independência económica e progressão na carreira, soa quase maligno da parte do estado. Parece que não querem formar jovens.
Faltam médicos, por exemplo, como presumo que faltem em todo o mundo e as vagas não abrem.
Faltam professores nas escolas, mas como atrair professores num sistema tão arcaico, para um ordenado mísero que nem sei se chega para pagar o preço médio de uma renda (o preço médio de uma renda, não sei é em Lisboa ou no global, é 1000 e tal, e o salário médio é 1347. Pensem comigo, quantos ganham abaixo disto se há pessoas a ganhar mais de 2000 euros, muitas vezes até muito mais, e a média é inferior a 1500?)
Para quê ler os Maias e as suas críticas ao ensino se permanece tudo igual, para sublinhar o novo recurso expressivo hipocrisia?
Apocalíptico? Para quê tanto drama? Houve uma subida nas médias dos exames devido à facilidade dos exames de 2020, e houve uma subida das médias internas devido à aldrabice que resultou do ensino à distância. Não vai durar para sempre, nem é o fim do mundo, porque, em princípio, se as médias dos outros foram inflacionadas, as tuas também foram. Os candidatos do mesmo ano continuam a candidatar-se em pé de igualdade.
Isto é pura especulação. Se tivesse nascido antes, podia não ter tido a mesma média interna, por exemplo.
O problema aqui foi ela tomar por garantido que as médias iam ficar iguais, que é algo que ninguém sabe, e, subsidiariamente, que ela ia entrar.
Imaginem gastarem 6 anos da vossa vida para entrar na faculdade, atrasarem 6 anos da vossa independência económica e progressão na carreira, soa quase maligno da parte do estado
... maligno? Ela devia entrar só porque sim? Se não tem média para entrar, porque havia de entrar? A escolha foi dela definir um objectivo para o qual ela não tem média. E mais, se gastou tantos anos nisso é porque não investigou bem as suas opções. Fazia 1 ano de serviço militar em regime de voluntariado e depois tinha acesso ao contingente para militares, que muito poucas pessoas usam, o que quer dizer que teria a entrada quase garantida, aí sim; ou estudava outra coisa e usava o concurso para licenciados, demorando 3 anos em vez de 6.
Este post é acerca das médias estratosféricas em Portugal, não causadas em si pela média "bombástica" dos alunos, mas sim pela falta de universidades, pois como me disse a minha explicadora de matemática, há países com médias superiores, mas que contrabalançam com mais universidades.
Uma grande amiga minha, irei chamar-lhe de K, queria candidatar-se ao curso com média inferior à dela (logo, entrava à partida). Infelizmente, ela nasceu em 02´, e por isso apanhou os exames que sinto que foram o inicio do apocalipse. No meio do nada, já não conseguia entrar, e no ano a seguir tentou e não conseguiu, porque mesmo com exames mais difíceis não chegava.
Quando entrei para o secundário em 2020, estava feliz por pensar que ia ter média para Farmácia. ATÉ VER O CENÁRIO APOCALÍPTICO.
IREI DEIXAR AQUI EM BAIXO ALGUMAS SÚBIDAS DE MÉDIAS EM CT (TODAS DELAS DE LISBOA)
(por anos: 2019,2020,2021, arrendondas)
Ciências Veterinaria: 15,8; 17; 17,6.
Biologia: 14,8; 16,1; 17
Biologia Celular e Molecular: 16,2; 16,9; 17,8
Diétetica e nutrição: 14,4;15,5; 16,4.
Ciências Farmacêuticas: 14,3; 15,4; 16,6.
Há várias que subiram drasticamente pelo que eu vi ontem quando mirambolei pelo site da DGES e pode parecer falacioso por não estarem cá todas ( em alguns cursos só aparecem as médias do último ano, ou parecem ser privadas pelos nomes diferentes, portanto não as pus)
Mas a verdade é que rapidamente estão a subir e isso deixa-me enfurecida, não por mim que dou graças a ter a chance de estudar no estrangeiro, mas por quem nasce em determinado ano fica fora do seu curso de sonho. Por exemplo, se a K tivesse nascido em 01 e não 02 teria entrado no curso que queria. Para além do que disse agora, parte-me o coração ouvir que não sei quantas pessoas ficam anos e anos a trabalhar para entrar no ensino superior, quando nos outros países, pelo que ouvi dizer, não é assim, pelo menos assim tão grave. Li uma notícia que me marcou muito: uma rapariga com 24 anos a refazer o exame de português, e deu a entender que o tinha feito em todos os anos. 24-18=6. Imaginem gastarem 6 anos da vossa vida para entrar na faculdade, atrasarem 6 anos da vossa independência económica e progressão na carreira, soa quase maligno da parte do estado. Parece que não querem formar jovens.
Faltam médicos, por exemplo, como presumo que faltem em todo o mundo e as vagas não abrem.
Faltam professores nas escolas, mas como atrair professores num sistema tão arcaico, para um ordenado mísero que nem sei se chega para pagar o preço médio de uma renda (o preço médio de uma renda, não sei é em Lisboa ou no global, é 1000 e tal, e o salário médio é 1347. Pensem comigo, quantos ganham abaixo disto se há pessoas a ganhar mais de 2000 euros, muitas vezes até muito mais, e a média é inferior a 1500?)
Para quê ler os Maias e as suas críticas ao ensino se permanece tudo igual, para sublinhar o novo recurso expressivo hipocrisia?
Olá! A frustração que demonstras é completamente compreensível e a verdade é que o panorama do ensino superior português é muito complicado e tem vindo a agravar-se com o passar do tempo. Há um grande problema que se verifica desde sempre, mas quanto mais o tempo avança, mais difícil tem vindo a ser:
1) Há uma enorme discrepância na procura de certas instituições e cursos face a outras. Os politécnicos do interior, sobretudo, mas também as universidades mais no interior do país enfrentam algumas (e no caso de alguns cursos, sérias) dificuldades em conseguir captar vagas. Isso mesmo, apesar de dizeres que há falta de instituições, há imensos cursos que não chegam a preencher as vagas nem no final das 3 fases do concurso. Isto porque os alunos procuram opções mais semelhantes, mais conhecidas e tendem a preferir universidades e politécnicos nas principais cidades.
2) O facto de que os alunos têm tendências na sua procura, origina que o número de vagas começa a ser muito inferior à procura que o curso tem e centenas de candidatos fiquem de fora. O controlo de vagas é feito pelo governo e por órgãos como a A3ES - se um curso quiser aumentar vagas, tem de ter autorização específica para esse aumento. Ora, esse controlo é sempre feito tendo em conta o que se prevê de procura no mercado de trabalho e também por capacidade das infraestruturas (e recursos humanos, como docentes - outro grande problema na sustentabilidade de alguns cursos, faltam docentes especializados na área científica do curso, faltam contratações que a instituição de Ensino Superior não faz por subfinanciamento). De acordo com estes órgãos, não se justifica o aumento de um curso de 50 para 100 vagas, por exemplo, se existem taxas de desemprego do curso que não motivam a que mais vagas sejam criadas, de forma a não aumentar ainda mais as taxas de desemprego - outro problema, a criação de postos de trabalho. Isto é tudo um problema que é uma bola de neve e que não surgiu sozinho, veio como resultado destes e de outros problemas que de certeza me estão a escapar.
3) No caso específico de Medicina, as faculdades já se pronunciaram sobre o assunto há uns anos: a questão não é existirem exactamente falta de "médicos" formados, mas sim o problema das vagas na especialidade, empurrando-os para a condição de indiferenciados, situações de terem de ser médicos tarefeiros, entre outras situações que não são, de todo, a minha especialidade. A questão das vagas na especialidade parece-me muito muito importante, porque é impossível admitir mais alunos se no final o que vai acontecer é continuar a dar condições muito precárias de emprego. Ainda assim, as faculdades que actualmente têm o curso de Medicina recusam-se a aumentar muito mais a sua oferta e muitas justificaram também não terem infraestruturas que pudessem acomodar mais estudantes, correndo o risco da qualidade de ensino diminuir. A mim, parecem-me motivações válidas e há perspectivas de mais universidades portuguesas virem abrir cursos de Medicina. Problema: um curso não surge do dia para a noite, é necessário terem centros de investigação e laboratórios associados, estabilizarem um corpo docente, criarem todas as unidades curriculares e passar por um processo de acreditação com a A3ES, em que são feitas negociações entre a instituição proponente e a A3ES até acharem que o curso está em condições de começar o seu funcionamento. Processos estes que demoram tempo, mas está bastante na mira de que pelo menos mais 3 universidades vão oferecer o curso de Medicina dentro dos próximos anos. Mesmo quando essas instituições tiverem o curso, vão sempre existir centenas de estudantes fora do concurso e o numerus clausus pressupõe precisamente isso - é um sistema que nivela os alunos e aceita-os de acordo com as vagas que podem preencher.
4) As médias que vês em 2020 são a situação atípica da pandemia e dos exames de 2020, que dispararam em muito as notas das provas de ingresso dos alunos, com modas muito altas nas notas (como Matemática A, cuja moda creio ter sido 19 valores). É normal que em 2021 as médias tenham mantido, porque mesmo que os exames tenham descido nesse ano, as provas de 2020 são válidas até ao concurso de 2022 e enquanto forem válidas, as notas vão ter esta tendência pouco regular comparado com os outros anos - também porque muitos estudantes nesse ano de 2020 não entraram onde queriam e continuaram a tentar em anos posteriores, com exames de 2020. Este ano esses exames são válidos pela última vez, pelo que é esperado que nos próximos anos as notas fiquem mais normalizadas sem enormes subidas ou descidas. Porém, isso não vai fazer com que as notas se tornem baixas, sobretudo porque há um número crescente de candidatos ao Ensino Superior e muitas das vagas criadas são precisamente na tal situação que relatei de depois os cursos não preencherem porque criaram-se vagas mas não se criaram vagas nos interesses dos candidatos.
5) Quanto a veres cursos que só apresentam a nota do ano passado, é porque os cursos de mestrado integrado foram extintos em vários casos e passaram a ser licenciaturas, por isso não aparecem as médias anteriores à extinção. No caso das privadas, as mesmas detém a informação das notas dos colocados, pelo que não estão acessíveis na DGES. Também há cursos que não apresentam a nota porque têm concursos locais de acesso (comum em escolas artísticas, como a ESTC e a ESMAE).
6) Acho realmente compreensível o stress associado a esta fase de candidaturas, ao ter de tentar até conseguir, mas não me parece que o acumular da frustração seja uma boa estratégia para lidar com tudo isto. Acho que quanto mais a K se concentrasse no facto de que entraria em todos os anos anteriores em 2020 é só um factor para acumular sentimentos muito negativos. O melhor, nesses casos é simplesmente pensar que realmente não se sabe como seria se tivesse concorrido em 1999, 2011 ou 2019 porque isso também implicaria fazer as provas de ingresso de 1999, 2011 e 2019 e se calhar os resultados nem eram os mesmos. Ou talvez fossem, mas nada muda o facto de que é o concurso nacional de acesso que funciona desta maneira - existem limites de vagas e um número crescente de candidatos; todos os anos têm surgido novos cursos, quanto a surgirem novas instituições só o tempo o dirá, porém, espero que não tenham de atravessar o subfinanciamento que já atravessamos, pois no final do dia estaria a formar pessoas para depois ingressarem no mercado de trabalho com poucas condições. Além disso, tanto tu como a K podem perspectivar o que outras pessoas também fazem quando não calham no curso que queriam: uns ficam a repetir exames/melhorias, outros ingressam noutro curso superior e no final do ano lectivo concorrem pela mudança par instituição/curso, um concurso institucional que tem menos candidatos que o CNAES e por isso várias vezes ocorre que os alunos conseguem mudar para o curso que querem ao final de 1 ano e que esse ano não é relevante no que diz respeito ao mercado de trabalho e ao que as entidades empregadoras vão pensar.
Espero que tanto tu como a K encontrem soluções e consigam entrar em cursos que vos satisfaçam. Boa sorte!!
Irei começar pela hipócrisia:
Sim, eu sei que a hipocrisia não é um recurso expressivo, foi só pelo facto de ter um h e sublinhar a real hipocrisia. Sem insulto à tua inteligência, porque até pareces ter um cérebro bem organizado, achei que seria relativamente óbvio que não é literalmente, é figurativo para ressaltar o que já referi.
Depois, claro é para a aprovação à disciplina, isso não está em causa. De novo, a frase foi dita para realçar.
Agora, para assuntos mais sérios.
Sim, compreendo que obviamente se deve aos exames de 2020 terem sido fáceis e aos critérios de avaliação das escolas (honestamente, na minha os alunos desceram todos, pois era literalmente impossível copiar e as regras eram estritas, mas isso é a minha escola de topo. nas outras, pelo que ouvi, foi o contrário.). Agora, não sei se estão realmente todos em pé de igualdade, quanto a isso humildemente discordo.
Não me queixo disto de maneira egocêntrica, porque nem sequer sou pessoa de copiar, mas como referi na minha instituição de ensino, pois eram-nos dados testes com sensivelmente menos matéria (diria menos 10-25%) com metade do tempo, e se não entregasses na hora (aconteceu-me por problemas informáticos e não culpo obviamente a escola) perderias imensos valores. Acho que varia muito com a instituição do ensino, como depende o grau de dificuldade dos exames e o seu aproveitamento do local onde andas.
Quanto às médias deste ano, não conto que desçam muito. Dou-te uma coisa, tens razão quanto à inflação que todos conhecemos de 2020 e penso que muita gente repetiu o exame em 2020, sem contar com quem fez os exames de 12 ano, mas 03 fez o exame de matemática o ano passado e as médias obviamente desceram e as médias subiram na mesma. Acho que elas vão continuar por aqui, sinceramente, não sei se vão descer significativamente.
Claro, aquela parte é especulação. Penso que como a diferença é de apenas um ano, não haveria grande diferença entre os programas e consequentemente notas, mas isso também depende dos exames. Acho uma boa crítica ao meu argumento, porém não penso que a média variasse muito, por isso é que o disse.
Com maligno obviamente não quero dizer infinitas vagas no ensino superior, simplesmente assusta-me, ressalto que não tanto para mim, pensar que certas pessoas não entram por décimas, ou porque não conseguiram pôr o seu potencial em testes, como é o normal (não sempre) caso de pessoas neurodivergentes (como eu que fui há pouco tempo diagnosticada com ADHD). Não quero glamorizar nenhum país nem sistema de ensino, porém a média parece mais insegura cá e volátil que por exemplo na república checa, onde precisas de tirar x para passar, ou seja atinges a meta ou não atinges, objetivamente. Não é tanto questão notas-exames ou décimas. Percebes o que quero dizer, creio eu. Quanto à mulher de 6 anos, ela reside apenas na minha memória enquanto foco de uma notícia, não sei porque não fez isso do voluntariado. Obrigada por ressaltares essa hipótese!
Sim, também é verdade que não terá sido universal a aldrabice resultante do ensino à distância. Na esmagadora maioria das escolas públicas, imagino que tenha ficado muito mais fácil.
Haver escolas mais estritas que outras, em que é mais fácil ou mais difícil copiar ou usar cábulas, é algo que existe quer seja à distância quer seja presencial. O ensino à distância pode ter exacerbado este problema.
Obviamente, sem frequentar exactamente a mesma escola e ter exactamente as mesmas aulas, não se está em absoluto pé de igualdade, mas o que eu pretendia dizer é que o grau de igualdade para com estudantes do mesmo ano não me parece ter sido gravemente distorcido em relação aos dos anos anteriores.
porém a média parece mais insegura cá e volátil que por exemplo na república checa, onde precisas de tirar x para passar, ou seja atinges a meta ou não atinges, objetivamente. Não é tanto questão notas-exames ou décimas.
Não entendo como funcionaria esse sistema. Como é que eles procedem à seriação dos candidatos? Criam vagas teoricamente infinitas para cada estudante acima de certa nota? É uma ideia interessante, mas isso seria muito difícil para as universidades administrarem - não saberem até saírem os resultados quantos estudantes vão ter, quantas turmas vão ter de formar, de quantos docentes vão precisar...
... ou, como disse a Ariana, ainda podia usar o concurso de mudança de par instituição/curso, nem me lembrei disso - tinha a cabeça na Medicina, em que não existe esse concurso.
Sim, também imagino que tenha sido facílimo, e sim, existiram sempre parâmetros diferentes em escolas, nunca haverá, sem dúvida, um pé de igualdade e percebo muito bem o que queres defender com a tua tesa, que julgo como bem estruturada, mas começo a acreditar que estamos a entrar quase numa nova era de médias, como se fosse uma era geólogica. Falarei com mais detalhe no post em resposta à Ariana, que infelizmente ainda não li, mas não sei se te lembras da vida pré-iave, ou seja altura do gave (pelo menos de veres os testes como eu).
As médias eram fraquissimas, quase todas elas negativas, que iam desde os 5 aos 9. Como já deves saber, depedendo da média ser negativa o positiva e para que lado está esse espetro, a maioria das notas encontra-se aí. Por exemplo, encontrei, se não me engano, um exame onde a média a Geologia ou foi 6 ou 4, mas acho que foi 6. Para a média ser assim, tendo em conta que continuavam a existir alguns, poucos mas existentes, 20s, as notas tendiam mesmo para a sua inexistência. Com a mudança da estrutura do exame e o agrupamento das disciplinas (não sei se influencia muito) verificou-se uma média muito superior nos exames. Se calhar, entrámos numa nova era do iave.
Quando ao ensino superior no estrangeiro, pouco sei, portanto infelizmente não posso acender nenhuma luz, de momento, nas nossas cabeças. Trouxe ao baile porque é um pouco menos "wobbly", ou seja é um bocado mais objetiva a meta. A meta dependerá consequentemente mais de ti do que da afluência às faculdades. Falaram-me disso enquanto privada (a faculdade é pública somente para os residentes e nativos do país que falam a língua), pelo que deve haver menos competição, mas a faculdade era genuinamente boa, uma onde alguns cientistas andaram. Ouvi dizer que fazem uma entrevista para testarem-te, portanto devem ter em si os seus métodos. É um exame trabalhoso porque só conta aquilo e tens de começar à estudar, pelo menos se fores de fora, em Outubro, o que não deve agradar muitos, sem contares com estudar matéria de outro país que nem deste em inglês, enquanto terminas cá o secundário e estudas para os exames nacionais na mesma. Portanto, tem os seus pros e contras.
Quanto aos cursos que subiram, deixem em cima alguns. Sei que pode parecer uma amostra pouco representativa, mas queria focar-me nos mais concorridos que eram mais acessíveis à pouco tempo. Em Humanidades, com todo o devido respeito, como há menos alunos, há menos competição( sendo que também há menos cursos) o que faz com que as médias sejam mais baixas no final. Escolhi a universidade de Lisboa, ou universidades públicas em Lisboa porque é a referência nacional, normalmente as pessoas, desde a capital até as serras, preferem vir para Lisboa, ou porque tem mais vida, ou porque é melhor, etc. Conheço pessoas do campo, todas elas preferiam ir para Lisboa por ser mais cosmopolitana e pela faculdade em si. Não consigo imaginar um beto do urban, por exemplo, ou uma alterna a desejarem muito ir para a Beira Interior quando estão habituados à vida cosmopolitana.
Pelas médias terem subido na mesma, pelo menos na vasta pesquisa que fiz no site, julgo que estamos numa nova era do iave.
Olá! A frustração que demonstras é completamente compreensível e a verdade é que o panorama do ensino superior português é muito complicado e tem vindo a agravar-se com o passar do tempo. Há um grande problema que se verifica desde sempre, mas quanto mais o tempo avança, mais difícil tem vindo a ser:
1) Há uma enorme discrepância na procura de certas instituições e cursos face a outras. Os politécnicos do interior, sobretudo, mas também as universidades mais no interior do país enfrentam algumas (e no caso de alguns cursos, sérias) dificuldades em conseguir captar vagas. Isso mesmo, apesar de dizeres que há falta de instituições, há imensos cursos que não chegam a preencher as vagas nem no final das 3 fases do concurso. Isto porque os alunos procuram opções mais semelhantes, mais conhecidas e tendem a preferir universidades e politécnicos nas principais cidades.
2) O facto de que os alunos têm tendências na sua procura, origina que o número de vagas começa a ser muito inferior à procura que o curso tem e centenas de candidatos fiquem de fora. O controlo de vagas é feito pelo governo e por órgãos como a A3ES - se um curso quiser aumentar vagas, tem de ter autorização específica para esse aumento. Ora, esse controlo é sempre feito tendo em conta o que se prevê de procura no mercado de trabalho e também por capacidade das infraestruturas (e recursos humanos, como docentes - outro grande problema na sustentabilidade de alguns cursos, faltam docentes especializados na área científica do curso, faltam contratações que a instituição de Ensino Superior não faz por subfinanciamento). De acordo com estes órgãos, não se justifica o aumento de um curso de 50 para 100 vagas, por exemplo, se existem taxas de desemprego do curso que não motivam a que mais vagas sejam criadas, de forma a não aumentar ainda mais as taxas de desemprego - outro problema, a criação de postos de trabalho. Isto é tudo um problema que é uma bola de neve e que não surgiu sozinho, veio como resultado destes e de outros problemas que de certeza me estão a escapar.
3) No caso específico de Medicina, as faculdades já se pronunciaram sobre o assunto há uns anos: a questão não é existirem exactamente falta de "médicos" formados, mas sim o problema das vagas na especialidade, empurrando-os para a condição de indiferenciados, situações de terem de ser médicos tarefeiros, entre outras situações que não são, de todo, a minha especialidade. A questão das vagas na especialidade parece-me muito muito importante, porque é impossível admitir mais alunos se no final o que vai acontecer é continuar a dar condições muito precárias de emprego. Ainda assim, as faculdades que actualmente têm o curso de Medicina recusam-se a aumentar muito mais a sua oferta e muitas justificaram também não terem infraestruturas que pudessem acomodar mais estudantes, correndo o risco da qualidade de ensino diminuir. A mim, parecem-me motivações válidas e há perspectivas de mais universidades portuguesas virem abrir cursos de Medicina. Problema: um curso não surge do dia para a noite, é necessário terem centros de investigação e laboratórios associados, estabilizarem um corpo docente, criarem todas as unidades curriculares e passar por um processo de acreditação com a A3ES, em que são feitas negociações entre a instituição proponente e a A3ES até acharem que o curso está em condições de começar o seu funcionamento. Processos estes que demoram tempo, mas está bastante na mira de que pelo menos mais 3 universidades vão oferecer o curso de Medicina dentro dos próximos anos. Mesmo quando essas instituições tiverem o curso, vão sempre existir centenas de estudantes fora do concurso e o numerus clausus pressupõe precisamente isso - é um sistema que nivela os alunos e aceita-os de acordo com as vagas que podem preencher.
4) As médias que vês em 2020 são a situação atípica da pandemia e dos exames de 2020, que dispararam em muito as notas das provas de ingresso dos alunos, com modas muito altas nas notas (como Matemática A, cuja moda creio ter sido 19 valores). É normal que em 2021 as médias tenham mantido, porque mesmo que os exames tenham descido nesse ano, as provas de 2020 são válidas até ao concurso de 2022 e enquanto forem válidas, as notas vão ter esta tendência pouco regular comparado com os outros anos - também porque muitos estudantes nesse ano de 2020 não entraram onde queriam e continuaram a tentar em anos posteriores, com exames de 2020. Este ano esses exames são válidos pela última vez, pelo que é esperado que nos próximos anos as notas fiquem mais normalizadas sem enormes subidas ou descidas. Porém, isso não vai fazer com que as notas se tornem baixas, sobretudo porque há um número crescente de candidatos ao Ensino Superior e muitas das vagas criadas são precisamente na tal situação que relatei de depois os cursos não preencherem porque criaram-se vagas mas não se criaram vagas nos interesses dos candidatos.
5) Quanto a veres cursos que só apresentam a nota do ano passado, é porque os cursos de mestrado integrado foram extintos em vários casos e passaram a ser licenciaturas, por isso não aparecem as médias anteriores à extinção. No caso das privadas, as mesmas detém a informação das notas dos colocados, pelo que não estão acessíveis na DGES. Também há cursos que não apresentam a nota porque têm concursos locais de acesso (comum em escolas artísticas, como a ESTC e a ESMAE).
6) Acho realmente compreensível o stress associado a esta fase de candidaturas, ao ter de tentar até conseguir, mas não me parece que o acumular da frustração seja uma boa estratégia para lidar com tudo isto. Acho que quanto mais a K se concentrasse no facto de que entraria em todos os anos anteriores em 2020 é só um factor para acumular sentimentos muito negativos. O melhor, nesses casos é simplesmente pensar que realmente não se sabe como seria se tivesse concorrido em 1999, 2011 ou 2019 porque isso também implicaria fazer as provas de ingresso de 1999, 2011 e 2019 e se calhar os resultados nem eram os mesmos. Ou talvez fossem, mas nada muda o facto de que é o concurso nacional de acesso que funciona desta maneira - existem limites de vagas e um número crescente de candidatos; todos os anos têm surgido novos cursos, quanto a surgirem novas instituições só o tempo o dirá, porém, espero que não tenham de atravessar o subfinanciamento que já atravessamos, pois no final do dia estaria a formar pessoas para depois ingressarem no mercado de trabalho com poucas condições. Além disso, tanto tu como a K podem perspectivar o que outras pessoas também fazem quando não calham no curso que queriam: uns ficam a repetir exames/melhorias, outros ingressam noutro curso superior e no final do ano lectivo concorrem pela mudança par instituição/curso, um concurso institucional que tem menos candidatos que o CNAES e por isso várias vezes ocorre que os alunos conseguem mudar para o curso que querem ao final de 1 ano e que esse ano não é relevante no que diz respeito ao mercado de trabalho e ao que as entidades empregadoras vão pensar.
Espero que tanto tu como a K encontrem soluções e consigam entrar em cursos que vos satisfaçam. Boa sorte!!
Obrigada pela longa resposta Ariana, e sim o ensino superior sempre foi complicado! Irei falar disso depois de responder aos teus, certamente fortes, pontos. Irei identificar as minhas respostas pelos teus pontos.
1) Sim, realmente está belíssimamente explicado. Digo que há falta de universidades porque uma fonte de confiança que trabalhou numa universidade me relatou isso e explicou calmamente, mas não nego o teu forte ponto! Há cursos muito poucos atrativos em geral e muito difíceis de captar vagas, como Estudos Africanos. Não gostaria de chamar nenhum curso de inútil, mas vi as suas saídas porque ouvi falar e não pareceu trazer algo de excessivamente vantajoso para os alumnis, pois parecia ser quase um visa refinado para poderes trabalhar em África, não explicava muito bem o que trazia à mesa. Quanto aos locais, como a densidade populacional é muito dispare em Portugal, e consequentemente tudo o que envolve seres humanos, é infelizmente normal que quase ninguém queira estudar anos e anos aí.
2) Claro, isso é infelizmente uma bola de neve, porque ao ser impossível formar tantos, perdemos consequentemente postos de emprego mas isso salva o desemprego. É como a relação economia-ambiente, se deitar laranjas fora porque há excesso é um desperdício alimentar, mas se as vender surgirá deflação, e iremos lucrar menos e teremos menos dinheiro para produzir laranjas face ao preço normal desta.
É um problema que nos afeta a todos, infelizmente
3) Ouvi muito "falta de médicos" e "sobrecarga no SNS" não só das notícias mas dos médicos com que interajo. Obviamente, não penso que os responsáveis por tal se sentem à sombra da bananeira mas realmente os hospitais estão um problemáticos, e respeito e apoio muito que estejam a fazer esforços para contrabalançar o sistema, que desesperadamente precisa de ajuda. É normal não saciarmos a fome instantaneamente, mas se houver um build up o sistema colapsa. É com isso que tenho em mente as vagas.
4) Este é o meu tópico favorito! Acho que tens, obviamente, razão em tudo o que dizes. Foram exames atípicos e que são válidos até este ano, mas estou preocupada que seja uma nova era do iave. Nos anos 2000, as médias nos exames eram todas negativas, se não me engano, ou quase todas. Lembro-me de um ano Grego ter 5,6; Inglês 5, Física um 4,1 na segunda fase se não me engano, Geologia com 6 na segunda fase, julgo eu. Era um contexto social muito diferente, como é óbvio, mas gostava de fazer uma comparação. Antigamente, era difícil suplantar uma média negativa, ou seja pelo menos um 9,5, pelo que era difícil entrar no ensino superior pela média do exame. Hoje em dia, é relativamente fácil para os alunos do país suplantarem o 9,5, mas em troca isso já não chega. Com a mudança do GAVE para IAVE e uma estrutura mais benigna para quem não estudasse muito, ou que não soubesse lá muito bem o que responder, as médias subiram relativamente muito face ao que eram. Felizmente, hoje podemos contar com o Professor Marco do Estuda FQ ou com os Professores Indianos do Youtube. Agora, pelo menos quem fez os exames do GAVE de 1996-2004 não pode dizer o mesmo. Acho que beneficiamos hoje de muito que contribui para as altas médias, o que me leva a crer que se calhar isto veio para ficar...
5) Obrigada por me educares.
6) Tens razão. Este post era mais para discutir acerca destas médias muito altas que ainda não sabemos se ficam ou se não ficam e refletir acerca do sistema. O meu parceiro vai inscriver-se em Bioquímica em vez de BG Celular, mas estava a 6 décimas abaixo da média do ano passado. Como estamos todos a fazer contas com as médias dos anos passados e há muitos colegas meus quase a perderem a cabeça com as médias a dar tudo, não sei se vão ficar na mesma ou não. Para explicar a parte do meu parceiro, imaginem que toda a gente que tem uma média inferior a 17,8 põe BG Celular em opções sem serem a primeira, e quem têm essa tal média põe, provavelmente fica na mesma, entram porque os outros julgavam que não iam entrar, mas com estes exames infelizes deviam conseguir entrar. Efeito Placebo acadêmico, não passa de pura teoria.
1) Sim, realmente está belíssimamente explicado. Digo que há falta de universidades porque uma fonte de confiança que trabalhou numa universidade me relatou isso e explicou calmamente, mas não nego o teu forte ponto! Há cursos muito poucos atrativos em geral e muito difíceis de captar vagas, como Estudos Africanos. Não gostaria de chamar nenhum curso de inútil, mas vi as suas saídas porque ouvi falar e não pareceu trazer algo de excessivamente vantajoso para os alumnis, pois parecia ser quase um visa refinado para poderes trabalhar em África, não explicava muito bem o que trazia à mesa. Quanto aos locais, como a densidade populacional é muito dispare em Portugal, e consequentemente tudo o que envolve seres humanos, é infelizmente normal que quase ninguém queira estudar anos e anos aí.
Sim, estás certa, alguns cursos têm dificuldades em tornarem-se atractivos e muitas vezes nem é porque os cursos em si não podem ser interessantes (como é o caso de Estudos Africanos, por exemplo, cujo curso conheço na FLUL e até conheço um licenciado que adorou o que estudou, está a mestrar em Cooperação Internacional e a única coisa que se queixou foi que infelizmente a licenciatura não lhe dava muitas opções de empregos que gostasse, porque não se via a fazer investigação). Muitas vezes o problema está na definição que os cursos dão a si mesmos, na apresentação do plano de estudos e dos objectivos do curso no site e isso é até comentado nas avaliações da A3ES. Aliás, recentemente, avaliei um mestrado em que um dos problemas era precisamente a definição do curso não se adequar bem ao que o curso realmente é.
Outro problema é também esse da distribuição irregular entre as instituições e as vagas disponíveis e foi um dado curioso que tive conhecimento pela minha gestora de projectos na A3ES - ela comentou que vários estudos comprovavam que os alunos não querem sair para muito longe da sua área de residência. Ou seja, a maioria dos alunos que escolhiam ficar em instituições do interior são sobretudo os alunos mais pobres e que não têm recursos para irem para outros lados e por isso ficam em zonas próximas da sua área de residência. Mas é muito mais difícil convencer um aluno da área metropolitana de Lisboa ou do Porto a escolher um curso de um politécnico no interior, quando a oferta nestas cidades já é tão vasta. Por isso, as IES devem não só apostar em definições atractivas e transparentes sobre os seus cursos, como devem criar mecanismos de apoio e incentivo para que alunos escolham aquelas instituições. Existem alguns, mas não têm enorme expressão: por exemplo, a UBI oferece apoios aos melhores candidatos que coloquem na 1ª opção a instituição em alguns cursos e existem as bolsas +Superior para incentivar à frequência das instituições do interior. A meu ver, a pouca expressão destes mecanismos tem a ver que estes por si só não são suficientes para captarem por si só os alunos, sendo que muitos alunos que beneficiam do +Superior eram já alunos que queriam escolher essas instituições de qualquer das formas, não foi uma situação de "prefiro esta instituição no interior do que uma faculdade do litoral porque nesta aqui oferecem-me este incentivo". Um incentivo económico por si só tem pouca expressão nos interesses dos alunos, é preciso apostar noutras coisas, como boa oferta de estágios, oportunidades dos alunos desenvolverem investigação, contratação de docentes especializados nas áreas científicas do curso (avaliei um curso da UTAD e outro do Politécnico de Viseu em que um dos problemas que estes cursos enfrentavam era que o corpo docente não era doutorado nas áreas principais do curso, porque os doutorados nessa área são escassos ainda e os que há não querem sair das grandes cidades, ou por vezes essas instituições nem oferecem grandes contratações, porque vivem o problema do subfinanciamento de forma ainda mais grave que as maiores universidades.
3) Ouvi muito "falta de médicos" e "sobrecarga no SNS" não só das notícias mas dos médicos com que interajo. Obviamente, não penso que os responsáveis por tal se sentem à sombra da bananeira mas realmente os hospitais estão um problemáticos, e respeito e apoio muito que estejam a fazer esforços para contrabalançar o sistema, que desesperadamente precisa de ajuda. É normal não saciarmos a fome instantaneamente, mas se houver um build up o sistema colapsa. É com isso que tenho em mente as vagas.
Sim, porque a falta de médicos é porque muitos deles não procuram trabalhar nas condições que o SNS lhes dá, por exemplo e porque o processo entre o final da formação a começarem a trabalhar e terem de fazer provas, etc, são processos burocráticos (e ainda por cima com poucas vagas nas especialidades para a quantidade de candidatos). Não há falta de médicos por si só embora não seja pior formar mais médicos, há no geral má gestão dos recursos disponíveis. Não acho que seja propriamente sensato as actuais instituições oferecerem mais vagas, mas é muito importante que mais instituições as possam oferecer, tal como querem prever que vá acontecer em Évora, Aveiro e Algarve, se não estou em erro.
4) Este é o meu tópico favorito! Acho que tens, obviamente, razão em tudo o que dizes. Foram exames atípicos e que são válidos até este ano, mas estou preocupada que seja uma nova era do iave. Nos anos 2000, as médias nos exames eram todas negativas, se não me engano, ou quase todas. Lembro-me de um ano Grego ter 5,6; Inglês 5, Física um 4,1 na segunda fase se não me engano, Geologia com 6 na segunda fase, julgo eu. Era um contexto social muito diferente, como é óbvio, mas gostava de fazer uma comparação. Antigamente, era difícil suplantar uma média negativa, ou seja pelo menos um 9,5, pelo que era difícil entrar no ensino superior pela média do exame. Hoje em dia, é relativamente fácil para os alunos do país suplantarem o 9,5, mas em troca isso já não chega. Com a mudança do GAVE para IAVE e uma estrutura mais benigna para quem não estudasse muito, ou que não soubesse lá muito bem o que responder, as médias subiram relativamente muito face ao que eram. Felizmente, hoje podemos contar com o Professor Marco do Estuda FQ ou com os Professores Indianos do Youtube. Agora, pelo menos quem fez os exames do GAVE de 1996-2004 não pode dizer o mesmo. Acho que beneficiamos hoje de muito que contribui para as altas médias, o que me leva a crer que se calhar isto veio para ficar...
Sim, tens razão sobre serem tempos muito diferentes e alturas em que muitos alunos não perspectivavam sequer irem para o Ensino Superior... Há muitos mais candidatos ao Ensino Superior actualmente do que nesses anos todos, embora em 1996 se tenham verificado bastantes candidatos. No entanto, no início dos anos 2000 já eram bastante menos e actualmente temos mais de 60.000 candidatos na 1ª fase - quando me candidatei ultrapassava por pouco os 50.000. No geral, é um bom sinal, significa que o nível médio da escolaridade vai subir bastante com o passar dos anos e o Governo tem aberto mais vagas com o aumento de candidatos, mas claro que nunca vai acompanhar esse crescimento. É possível que a oferta venha a aumentar com o passar do tempo, como tem estado a acontecer.
Pode acontecer sim, mas não é assim tão comum, porque as pessoas com médias um pouco abaixo disso continuam em princípio a candidatar-se a esses cursos (e acho muito bem que o façam, sinceramente, têm 6 opções para poder fazê-lo). Claro, os alunos com médias mais distantes dos cursos não se sentem tão tentados a colocar. Acho que não vale muito a pena debaterem-se sobre as médias deste ano, porque é mesmo futurologia, por mais dados que se analisem, como bem dizes podem ocorrer placebos e mesmo o interesse dos estudantes pode flutuar um pouco, podem surgir outras opções que se coloquem na mira dos candidatos - por exemplo, Aeroespacial no IST é super concorrido, mas parte dessa concorrência migra agora para Aveiro e outros sítios que venham a oferecer o curso. Eu espero sinceramente que vocês entrem nas vossas opções ideais, mas a verdade é que muitos estudantes não calham na sua primeira opção - e é okay, às vezes somos nós próprios que criamos uma mentalidade um pouco tóxica por pensarmos que as outras opções são todas menos boas, que não vamos ser felizes sem aquela primeira, que vamos ter menos mérito por não termos calhado na 1ª ou até imensos estudantes que acham que a média serve para muito mais do que aceder aos cursos e meses depois dão conta que nenhum professor na universidade quer saber da média propriamente dita dos alunos que vieram do secundário. Sei que nem todos entram nas suas primeiras opções, mas espero que pelo menos consigam encontrar opções que vos satisfaçam ou até planos B como mudar de curso depois.
Ainda bem que criaste este tópico, no entanto. Não estou aqui com o intuito de educar as pessoas de qualquer forma ou fazer-vos pensar que estão a pensar mal, mas acho muito importante podermos reflectir juntos nestas questões - já que, embora ache que debatermo-nos sobre as médias é um exercício difícil e pouco preciso, acho que uma conversa saudável sobre os assuntos leva-nos sempre a poder ouvir experiências de outras pessoas e poder partilhar as nossas e acho que acaba por acalmar um pouco as pessoas em geral, quando começamos a perceber que problemas podem existir e que alternativas temos. Obrigada!
3) Ouvi muito "falta de médicos" e "sobrecarga no SNS" não só das notícias mas dos médicos com que interajo. Obviamente, não penso que os responsáveis por tal se sentem à sombra da bananeira mas realmente os hospitais estão um problemáticos, e respeito e apoio muito que estejam a fazer esforços para contrabalançar o sistema, que desesperadamente precisa de ajuda. É normal não saciarmos a fome instantaneamente, mas se houver um build up o sistema colapsa. É com isso que tenho em mente as vagas.
Sim, porque a falta de médicos é porque muitos deles não procuram trabalhar nas condições que o SNS lhes dá, por exemplo e porque o processo entre o final da formação a começarem a trabalhar e terem de fazer provas, etc, são processos burocráticos (e ainda por cima com poucas vagas nas especialidades para a quantidade de candidatos). Não há falta de médicos por si só embora não seja pior formar mais médicos, há no geral má gestão dos recursos disponíveis. Não acho que seja propriamente sensato as actuais instituições oferecerem mais vagas, mas é muito importante que mais instituições as possam oferecer, tal como querem prever que vá acontecer em Évora, Aveiro e Algarve, se não estou em erro.
No geral não há falta de médicos em Portugal - ou seja, se virmos o total de médicos do país, independentemente de onde exerçam, até temos mais médicos por 1000 habitantes e formamos mais médicos por 1000 habitantes do que a média da OCDE. Porém, há muitos médicos fora do SNS, e tem havido uma acentuação da saída do SNS (e de Portugal) nos últimos tempos (que está a acontecer também noutros países (inclusive saída da profissão), provavelmente influenciada pelo impacto da pandemia nos profissionais de saúde).
O problema das vagas para a especialidade é da falta de condições mas também muito da falta de especialistas no SNS para ensinar os internos. Com a saída do SNS, há menos especialistas nos serviços, pelo que há menor capacidade de formar novos especialistas. Por isso é que aumentar as vagas para o curso de Medicina não é a solução. É investir dinheiro na formação para depois termos o mesmo número de especialistas a ser formado, com um aumento dos médicos sem especialidade (que é um situação um bocado precária). A solução tem de passar por reabilitar o SNS, torná-lo mais atrativo para os médicos, para diminuir a quantidade de médicos fora do SNS.
Sim, também é verdade que não terá sido universal a aldrabice resultante do ensino à distância. Na esmagadora maioria das escolas públicas, imagino que tenha ficado muito mais fácil.
Haver escolas mais estritas que outras, em que é mais fácil ou mais difícil copiar ou usar cábulas, é algo que existe quer seja à distância quer seja presencial. O ensino à distância pode ter exacerbado este problema.
Obviamente, sem frequentar exactamente a mesma escola e ter exactamente as mesmas aulas, não se está em absoluto pé de igualdade, mas o que eu pretendia dizer é que o grau de igualdade para com estudantes do mesmo ano não me parece ter sido gravemente distorcido em relação aos dos anos anteriores.
Isso depende do curso. Médias subirem em 2021 é uma anomalia, agora estou curioso acerca de que curso será esse.
Não entendo como funcionaria esse sistema. Como é que eles procedem à seriação dos candidatos? Criam vagas teoricamente infinitas para cada estudante acima de certa nota? É uma ideia interessante, mas isso seria muito difícil para as universidades administrarem - não saberem até saírem os resultados quantos estudantes vão ter, quantas turmas vão ter de formar, de quantos docentes vão precisar...
... ou, como disse a Ariana, ainda podia usar o concurso de mudança de par instituição/curso, nem me lembrei disso - tinha a cabeça na Medicina, em que não existe esse concurso.
Estive a pensar e já me lembrei o provável porquê das médias terem subido!
Pensa comigo, em que ano nasceram as pessoas que estavam no 11 ano em 2020?
2020-17= 2003.
A maioria dos exames são feitos no 11 ano, pois a maioria das disciplinas acabam aí e anulamentos, exames em geral, e melhorias são feitos principalmente nesses anos, pelo que quem estava nesse ano beneficiou muito desses exames, para além de que o 11 ano é o ano mais trabalhoso e difícil do secundário, logo a escola facilitada ajudou as médias a galopar!
Os de 2004 que se candidatam este ano passaram o 10 ano em casa, o segundo pior ano do secundário, mas ao menos não tiveram exames facilitados, pelo que as médias devem descer...
Estive a pensar e já me lembrei o provável porquê das médias terem subido!
Pensa comigo, em que ano nasceram as pessoas que estavam no 11 ano em 2020?
2020-17= 2003.
A maioria dos exames são feitos no 11 ano, pois a maioria das disciplinas acabam aí e anulamentos, exames em geral, e melhorias são feitos principalmente nesses anos, pelo que quem estava nesse ano beneficiou muito desses exames, para além de que o 11 ano é o ano mais trabalhoso e difícil do secundário, logo a escola facilitada ajudou as médias a galopar!
Os de 2004 que se candidatam este ano passaram o 10 ano em casa, o segundo pior ano do secundário, mas ao menos não tiveram exames facilitados, pelo que as médias devem descer...
Eu creio que as médias vão descer mas não me acredito que desçam tanto quanto subiram pela inflação da nota interna. Também vai depender dos cursos. Houve subida em Mat A e FQ pelo que cursos como engenharias penso que possam subir.
Eu creio que as médias vão descer mas não me acredito que desçam tanto quanto subiram pela inflação da nota interna. Também vai depender dos cursos. Houve subida em Mat A e FQ pelo que cursos como engenharias penso que possam subir.
Sim! Cursos que pedirem Biologia terão médias inferiores, porque teoricamente os do 12 ano odiaram o exame do ano passado (achei muito muito muito mais fácil) e os critérios deste foram uma palhaçada... enfim. Acho que engenharias devem subir de qualquer maneira, sinto que cada vez o foco está mais nessas coisas e menos nos cursos mais tradicionais (medicina, farmácia, etc), mas é só um pressentimento meu.
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