Diário do Estudante 2020/2021

 
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Achei apenas um fragmento verazmente interessante; não tinha qualquer refalsamento ou subterfúgio para intenções páticas. Isto, claro, se o Nemo assim o determinar; não diria não a uma seroada a elucubrar as nossas geometrias cósmicas no esgrimir gladiatório dos nossos deuses colapsados.
Ou, erm...
Grou grou, grou grou! (?)*

*qual é a onomatopeia do pombo?

A negação de segundas intenções pouco significa, tendo em conta que a presença dessas mesmas segundas intenções implica a capacidade de incorrer em inverdades e dissimulações diversas, logo, não só se poderá mentir quando se tem segundas intenções, como também se poderá mentir em relação ao facto de se ter segundas intenções. De resto... com o devido respeito e todas as devidas reservas em relação ao que possa suceder no futuro, tenho reduzido interesse em esgrimas de divindades, seja nocturna, matutina ou crepuscularmente; não julgo nem condeno quem aprecie, respeito integralmente a sua escolha, mas confesso que os meus hobbies acabarão por residir noutras paragens, talvez mais pacifistas, talvez menos diferentes da infeliz norma estabelecida e muitas vezes intolerantemente aplicada, o que não deixa de ser ligeiramente irónico visto que me tenho como tendencialmente contrário às normas estabelecidas.

Quanto a onomatopeias, por experiência ornitológica própria, sugeriria "crruu crruu", só não sei é como descrever o som da carga despejada a atingir o alvo. 🙄
 
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mas confesso que os meus hobbies acabarão por residir noutras paragens, talvez mais pacifistas, talvez menos diferentes da infeliz norma estabelecida e muitas vezes intolerantemente aplicada, o que não deixa de ser ligeiramente irónico visto que me tenho como tendencialmente contrário às normas estabelecidas.

Bem, afinal Ninguém não só não é totalmente Nada, como não é nada totalmente. O que um indivíduo aprende na Uniareneia.

Quanto a onomatopeias, por experiência ornitológica própria, sugeriria "crruu crruu"

Tem razão, Nemo! Eu depois reparei nisso com a música que coloquei lá. Faz muito mais sentido ser "crucru" ou "curucuru" do que "grou-grou".
 
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Bem, afinal Ninguém não só não é totalmente Nada, como não é nada totalmente. O que um indivíduo aprende na Uniareneia.

Estais equivocado. Ninguém vem do Nada, não quer dizer que seja Nada. Mais que não seja, Ninguém é inexistente, já é alguma coisa para se ser. 🙄

Tem razão, Nemo! Eu depois reparei nisso com a música que coloquei lá. Faz muito mais sentido ser "crucru" ou "curucuru" do que "grou-grou".

"Curucuru" parece alguma palavra extraída de uma linguagem Tupi-Guarani para uma planta com vagas propriedades psicoactivas. O que me fez pensar na possibilidade de existirem organizações criminosas internacionais dedicadas ao tráfico de columbocaca, se me permites a etimologia apressada...
 
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Antonin Artaud! 🤗

Sim, era só isto que vinha comentar. Mais nada.

Sim! ❤️❤️❤️

E aquela escrita? Escrita, não, porque ele ditava tudo. Imagino o que seria carregar tudo isto nas gavetas da cognição, ou tentar transcrever isto tudo enquanto ele ditava. Brilhante.
 
Sim! ❤❤❤

E aquela escrita? Escrita, não, porque ele ditava tudo. Imagino o que seria carregar tudo isto nas gavetas da cognição, ou tentar transcrever isto tudo enquanto ele ditava. Brilhante.
Devia ser giro transcrever isso. Eu gosto dele até como actor num filme mudo sobre a Joana D'Arc ❤ 🤤
 
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Devia ser giro transcrever isso. Eu gosto dele até como actor num filme mudo sobre a Joana D'Arc ❤ 🤤

Reza a lenda de que ele não ditava apenas, mas actuava os seus ensaios com aquela intensidade e impressionismo emocional tão característico do seu savoir-faire representativo. O mundo era um performance para Artaud e até isso eu considero do mais fascinante. Até a sua rivalidade marvótica e encolerizada com André Breton era feita a-la-Aquiles-e-Heitor.

Essa disposição levou-o algumas vezes à neurastenia e ao paroxismo mas não consigo deixar de pensar que valeu a pena pela autênticidade radiante que aproveitou em todos os seus outros momentos.
 
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Hmmmm... jamais seria capaz.

Não faz mal, Nemo, eu já estou habituado à rejeição.
Como Wallace Stevens diz no seu Harmonium, há que rejeitar todo o horror no caminho do total harmonioso.
 
Não faz mal, Nemo, eu já estou habituado à rejeição.
Como Wallace Stevens diz no seu Harmonium, há que rejeitar todo o horror no caminho do total harmonioso.

Eu disse que jamais seria capaz, mas não especifiquei: jamais seria capaz de ter uma barba assim. 🙄

Quanto a quebrar corações... lamento, nunca esperei fazê-lo, mas há coisas que estão fora do meu controlo e a direcção dos meus afectos é uma delas. 😕
 
Estou assim em relação ao facto da faculdade não nos deixar levar nada de nada connosco para as aulas presenciais (a não ser material médico super indispensável). Nem bloco de notas, nem caneta, nadinha de nada. Fica tudo no cacifo, ou em casa... 🌚
Não é que eu fizesse grandes apontamentos nas aulas (por acaso, até prefiro mais ouvir o professor apenas, em vez de ouvir e escrever - perco-me pelo meio), mas resolvemos fichas e casos clínicos em muitas dessas aulas e para confirmarmos respostas e tirarmos dúvidas, dá sempre jeito.
Enfim, entendo a razão desta medida, mas pronto it’s still sad. Go away, corona. :(
 
Isto é válido para muitas disciplinas, mas penso que em Filosofia a apreciação que se faz da disciplina está muito dependente da forma como é ensinada. Filosofia tem agora uma parte inicial importante sobre lógica e outros assuntos introdutórios que pode parecer um pouco "árida", mas que eu acho até muito importante. Pode é não ser possível apreender realmente a importância e o interesse desse assunto no secundário...
Tive a sorte de ter filosofia numa altura em que não havia exame nacional à disciplina**, pelo que não havia a atual pressão de cumprir programas e com um professor que era tudo menos convencional. A matéria era dada de forma a gerar discussão e participação de todos os alunos, sempre com várias pontes com temas da atualidade. Não havia qualquer preocupação de interromper o planeamento previsto para a aula para discutir um tema que pudesse ser relevante no contexto da disciplina.

Ao mesmo tempo que eram dadas de forma muito descontraída, a avaliação era bastante rigorosa (sempre testes de 2 perguntas de desenvolvimento, cada uma a valer 10 valores, e em que era suposto cada resposta ter pelo menos 1 página). Era dada bastante importância não só ao conteúdo, mas à forma, tendo passado inclusive aulas só a discutir questões de construção frásica, e de português, com base em respostas de testes de colegas. Aprendi mais de português naquelas aulas, do que nas da disciplina. Segundo o próprio, só costumava corrigir exames nacionais** na 1ª fase de exames, dado que as notas que ele dava eram tão baixas, e o número de pedidos de reapreciações dos exames dele eram tão altos, que não costumava ser convidado a corrigir os da 2ª fase.

Se perguntarem a qualquer aluno dele com esta distância (isto já foi antes dos dinossauros) acredito que poucos se lembrarão que nota tiveram, já que isso era sempre o menos importante, mas a maioria conseguirá certamente lembrar-se de determinadas aulas que tivemos e de algumas coisas que aprendeu ali.

**Em vez de exame nacional de filosofia de 10º/11º, havia exame nacional de filosofia A, uma opcional de 12ºano que já não existe, que tinha fama de ser bastante exigente e que implicava ler pelo menos 3 obras filosóficas. Se alguém tiver curiosidade está aqui o programa:

Ao mesmo tempo sempre o achei um outsider do sistema. Extremamente inteligente, como nenhum dos professores que tive, mas com alguns problemas para resolver. Não era estranho chegar às aulas de ressaca e a pedir a alunos para lhe irem comprar águas ao bar durante a aula. Na altura achávamos graça, mas olhando com esta distância havia ali vários red flags. Infelizmente soube que uns anos depois de nos dar aulas suicidou-se. Será sempre lembrado como o melhor professor que tivemos no secundário. 🖤
 
Tive a sorte de ter filosofia numa altura em que não havia exame nacional à disciplina**, pelo que não havia a atual pressão de cumprir programas e com um professor que era tudo menos convencional. A matéria era dada de forma a gerar discussão e participação de todos os alunos, sempre com várias pontes com temas da atualidade. Não havia qualquer preocupação de interromper o planeamento previsto para a aula para discutir um tema que pudesse ser relevante no contexto da disciplina.

Ao mesmo tempo que eram dadas de forma muito descontraída, a avaliação era bastante rigorosa (sempre testes de 2 perguntas de desenvolvimento, cada uma a valer 10 valores, e em que era suposto cada resposta ter pelo menos 1 página). Era dada bastante importância não só ao conteúdo, mas à forma, tendo passado inclusive aulas só a discutir questões de construção frásica, e de português, com base em respostas de testes de colegas. Aprendi mais de português naquelas aulas, do que nas da disciplina. Segundo o próprio, só costumava corrigir exames nacionais** na 1ª fase de exames, dado que as notas que ele dava eram tão baixas, e o número de pedidos de reapreciações dos exames dele eram tão altos, que não costumava ser convidado a corrigir os da 2ª fase.

Se perguntarem a qualquer aluno dele com esta distância (isto já foi antes dos dinossauros) acredito que poucos se lembrarão que nota tiveram, já que isso era sempre o menos importante, mas a maioria conseguirá certamente lembrar-se de determinadas aulas que tivemos e de algumas coisas que aprendeu ali.

A minha professora também foi assim, ela é uma joia de mulher e de educadora. Às vezes parávamos as aulas para discutir temas da atualidade, e ela ensinava de tal maneira, que até tivemos um teste de uma só pergunta em que tínhamos que escrever 3-4 páginas se não me engano. Foi assustador, claro, mas no fim, toda a gente teve nota boa porque permitiu que nos pudéssemos expressar de uma maneira menos sucinta.
 
1ª aula do ano lectivo. ✅

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Boa 2ªfeira e boa semana! 🤗

Entretanto as pessoas que costumam visitar este tópico, mas nunca comentam, nas últimas horas:

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