Vou deixar o meu testemunho que pode servir para alguém que esteja com algumas dúvidas...
Estudei Direito na Universidade de Coimbra. Tal como muitos estudantes, também tive dúvidas aquando da escolha do estabelecimento de ensino. Não tinha dúvidas que seria ensino superior público nem quanto ao curso.
Tinha conhecidos ("da terrinha") que estudavam ou tinham estudado na Universidade Nova de Lisboa e na Clássica e também em Coimbra e no Porto.
Posso afirmar com toda a certeza que o curso de Direito em Coimbra é extremamente teórico, porém há cadeiras denominadas "práticas", mas que no fundo consistem em resolver casos práticos e debitar muita matéria teórica, embora sejam aulas mais dinâmicas em que conseguimos ter maior interacção com o professor (geralmente - professor assistente). Ao passo que, o professor regente da cadeira muitas das vezes não dá abertura para exposição de dúvidas ou debate.
Coimbra, ao que parece, sempre foi assim e acredito que sempre será.
Sem dúvida que nos dá imensa bagagem para a vida, tanto a nível profissional como pessoal.
Posso dizer, e na minha modesta opinião, que é bastante equiparável com o curso que é ministrado na Clássica de Lisboa e muito mais exigente que o mesmo curso feito na Nova de Lisboa ou no Porto. (Claro que sempre aparecerá alunos dessas outras universidades a dizer o contrário.)
Mais, a maior parte "dos grandes nomes" vêm de Coimbra. Por isso, não há que se iludir, há uma reputação a manter (inclusive a nível internacional).
Relativamente ao método de avaliação é, na maior parte dos casos, apenas um: exame final (em janeiro e fevereiro - 1.º semestre e em junho e julho - 2.º semestre). Isto só por si já torna a exigência bastante grande... Temos que pôr num único exame de 2hs toda a matéria que aprendemos ao longo do semestre. Mas claro, não há nada mau que não possa piorar... ao contrário do que se passa na Universidade do Porto, os exames são praticamente de 2 em 2 dias. Geralmente, por exemplo a 4 de janeiro inicia a época de exames com um exame do 1.º ano e um do 3.º ano. No dia 5 será um exame do 2.º e um do 4.º ano. No dia 6 volta a ser um exame do 1.º e um do 3.º ano. E assim sucessivamente, alternadamente. (no Porto havia uma semana de intervalo entre um e outro - digo "havia" porque não sei como é atualmente). Dificuldades? É facto que temos que estudar ao longo do semestre e não apenas na época de exames. Ao longo do semestre lemos os livros, resumimos matérias, passamos apontamentos a computador, etc. Mas o "marrar" propriamente dito (sim, por mais que se diga que temos que aprendes há coisas que são claramente decoradas, quanto mais não seja o raciocínio e a estrutura a seguir para resolver determinado caso prático) ocorre nas vésperas de exames e 2 dias não são suficientes, de todo! A minha experiência? Partindo do exemplo de a bocado, se eu ia a exame do dia 04 de janiero, já não ia ao do dia 6. Faltava e deixava essa cadeira para ir ao exame da época de recurso. E ia ao do dia 8 e assim ficava com 4 dias ao invés de 2, por vezes mais, quando se apanha o fim-de-semana. Se era arriscado, era porque estava automaticamente a perder uma oportunidade de fazer uma cadeira que já tinha deixado para recurso em fevereiro. Por outro lado, corria o risco de ir a todos e não passar a nenhum (sim, isso acontece a muito boa gente). Mas cada um é que sabe como lhe dá mais jeito. Só não podemos nos esquecer que quando tiramos nota de 8 ou 9 temos a oportunidade de fazer a cadeira numa prova oral e essas podem entrar em conflito com o estudo dos outros exames que temos por fazer entretanto, porque uma prova oral pode ser marcada "colada" a um exame escrito, desde que com um intervalo de 24hs entre um e outro. (Isto consta dos regulamentos internos da faculdade e, obviamente estes exemplos são os da minha altura (2008-2013)).
Foquei-me mais em explicar um bocadinho do curso propriamente dito, pois penso que a vida académica e a cidade não deixam qualquer dúvidas.
Uma coisa é certa: muita gente leva anos a concluir o curso e muitos desistem nessa jornada, mas é como tudo na vida: só sobrevivem os mais fortes. É preciso dedicação, muito estudo e força de vontade porque por mais de uma vez vais ter a certeza de que a nota que tiveste foi injusta e não haverá nada que possas fazer em relação a isso a não ser estudar mais para a próxima. Todavia, há sempre tempo para tudo!