Discussões político-sócio-económicas

 
 

Em quem votarás nas eleições legislativas 2022?

  • PS - Partido Socialista

    Votes: 7 13.7%
  • PPD/PSD - Partido Social Democrata

    Votes: 5 9.8%
  • PCP-PEV - Coligação Democrática Unitária

    Votes: 6 11.8%
  • BE - Bloco de Esquerda

    Votes: 9 17.6%
  • CDS-PP - Partido Popular

    Votes: 0 0.0%
  • PAN - Pessoas–Animais–Natureza

    Votes: 2 3.9%
  • IL - Iniciativa Liberal

    Votes: 11 21.6%
  • NC - Nós, Cidadãos!

    Votes: 0 0.0%
  • PCTP/MRPP - Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses

    Votes: 0 0.0%
  • PTP - Partido Trabalhista Português

    Votes: 0 0.0%
  • E - Ergue-te (ex-PNR - Partido Nacional Renovador)

    Votes: 0 0.0%
  • PDR - Partido Democrático Republicano

    Votes: 0 0.0%
  • MPT - Partido da Terra

    Votes: 0 0.0%
  • PURP - Partido Unido dos Reformados e Pensionistas

    Votes: 0 0.0%
  • L - LIVRE

    Votes: 4 7.8%
  • MAS - Movimento Alternativa Socialista

    Votes: 0 0.0%
  • PPM - Partido Popular Monárquico

    Votes: 1 2.0%
  • JPP - Juntos pelo Povo

    Votes: 0 0.0%
  • A - Aliança

    Votes: 0 0.0%
  • CH - Chega

    Votes: 6 11.8%
  • R.I.R. - Reagir Incluir Reciclar

    Votes: 0 0.0%
  • VP - Volt Portugal

    Votes: 0 0.0%

  • Total voters
    51
gravidade moral

Continuo a não perceber como é que o direito a uma morte digna é uma matéria de "gravidade moral", mas é igual com quase todas as circunstâncias em que o termo é empregue, ou seja, numa tradução quase feia, é uma objeção ao facto de que não podermos controlar a vida e a circunstância de vida dos outros. É a mesma "gravidade moral" do casamento entre pessoas do mesmo sexo ou a mesma "gravidade moral" do aborto.

Eu não sou contra um referendo da eutanásia, de todo, mas um país não avança com a sua democracia porque analisa moralidades subjectivas, mas sim porque analisa moralidades objectivas, e a moralidade objectiva duma sociedade moderna está, e está sempre, e estará sempre associada à dignidade da pessoa e na proteção da dignidade individual concomitante com o respeito dos valores colectivos. Aliás, os valores colectivos só existem porque -- e para -- salvaguardar a dignidade de cada indivíduo.

Não me apanharão nunca a defender que alguém deve ser privado duma morte digna, ritualizada e respeitada (e respeitante), porque isso fere as minhas moralidades subjectivas. Isso, sim, é a superioridade moral de que muita gente fala no campo político mas raramente usa como deve ser. Não há nada na eutanásia que contrarie nenhum pilar da moralidade objectiva que conheça excepto o da primazia da vida, mas a vida e a morte, embora tidas como absolutos porque tal como alguém não pode mergulhar no mesmo rio duas vezes, também não pode, através da linguagem, conservar toda a fluídez dos conceitos, e assim sendo, a vida e a morte são um gradiente muito interessante; a conclusão voluntária da vida é ainda mais antiga que a democracia. A própria lírica grega conta-nos de heróis como Ajáx que, de facto, se suicidam, e aqui já entendemos este suicídio como motivado apenas pelo foro psicológico, que é minoriário nas instâncias de eutanásia que conhecemos até então. A conclusão prévia duma vida que iria terminar de maneira pior e de forma mais violenta irá deveras ser determinada por um nível de empatia e misericórdia de cada um e de como cada um observa esse parâmetro. Agora, não me vendam o peixe de que o suicídio é contra a moralidade colectiva da preservação da vida quando existem e sempre existirão excepções absolutamente medonhas a esta moralidade. Aliás, arrisco-me a dizer que é a herança moral mais trangredida e deturpada de todas ao longo da História. Abrem excepções de todos os tipos mais abomináveis, mas não o fazem para uma morte digna e para a defesa da autonomia do ser individual? Bah. Fariseus, somente.

Há discussões éticas a serem feitas por profissionais de saúde, e essas são mesmo impactantes e devem ser ouvidas, e são esses profissionais que importa ouvir; é importante termos o direito a algo que nos diz respeito a nós e à nossa dignidade, e é importante ouvir a quem caberá a responsabilidade da manifestação desse direito, como os profissionais de saúde. Não acho que seja pertinente ouvir uma meia dúzia de gatos pintados que estão muito ofendidos com o facto da sua moralidade subjectiva ser injuriada porque outra pessoa quer terminar a sua vida aflitiva e cruciante. Não lhes diz respeito. A não ser, claro, que queiram também eles poder vir a recorrer à eutanásia, e nesse caso, há panfletos.
 
     
 
Não há nada na eutanásia que contrarie nenhum pilar da moralidade objectiva que conheça excepto o da primazia da vida

Acrescento apenas (porque não há muito mais a acrescentar) que apenas numa concepção muito literal do valor da vida humana se poderá considerar que a eutanásia ameaça ou contraria de alguma forma esse valor. A vida humana, como a vida de qualquer ser, deve ser valorizada na medida em que proporciona a quem dela usufrui uma existência digna, autónoma, livre de sofrimento, passível de ser fruída em todas as suas potencialidades. Esta concepção do valor da vida humana, que não é, em sentido algum, radical, tem como consequência necessária a possibilidade de decidir em consciência sobre o seu término. O "direito à morte", entendido desta maneira, é implicado pelo pleno direito à vida.
 
       
Acrescento apenas (porque não há muito mais a acrescentar) que apenas numa concepção muito literal do valor da vida humana se poderá considerar que a eutanásia ameaça ou contraria de alguma forma esse valor. A vida humana, como a vida de qualquer ser, deve ser valorizada na medida em que proporciona a quem dela usufrui uma existência digna, autónoma, livre de sofrimento, passível de ser fruída em todas as suas potencialidades. Esta concepção do valor da vida humana, que não é, em sentido algum, radical, tem como consequência necessária a possibilidade de decidir em consciência sobre o seu término. O "direito à morte", entendido desta maneira, é implicado pelo pleno direito à vida.

Foi isso que quis dizer um pouco adiante, mas a tua síntese é imperfectível. Eu peco um pouco por escrever estas coisas à pressa mas não tenho tempo para iniciar e terminar todas as cláusulas do discurso nestas mensagens mais densas.

Obrigado, Alfa. 😊

(Aqui o não tenho tempo é literal e não uma expressão para “não me apetece”)
 
  • Like
Reactions: pdrjs and Alfa
 
     
Continuo a não perceber como é que o direito a uma morte digna é uma matéria de "gravidade moral", mas é igual com quase todas as circunstâncias em que o termo é empregue, ou seja, numa tradução quase feia, é uma objeção ao facto de que não podermos controlar a vida e a circunstância de vida dos outros. É a mesma "gravidade moral" do casamento entre pessoas do mesmo sexo ou a mesma "gravidade moral" do aborto.

Eu não sou contra um referendo da eutanásia, de todo, mas um país não avança com a sua democracia porque analisa moralidades subjectivas, mas sim porque analisa moralidades objectivas, e a moralidade objectiva duma sociedade moderna está, e está sempre, e estará sempre associada à dignidade da pessoa e na proteção da dignidade individual concomitante com o respeito dos valores colectivos. Aliás, os valores colectivos só existem porque -- e para -- salvaguardar a dignidade de cada indivíduo.

Não me apanharão nunca a defender que alguém deve ser privado duma morte digna, ritualizada e respeitada (e respeitante), porque isso fere as minhas moralidades subjectivas. Isso, sim, é a superioridade moral de que muita gente fala no campo político mas raramente usa como deve ser. Não há nada na eutanásia que contrarie nenhum pilar da moralidade objectiva que conheça excepto o da primazia da vida, mas a vida e a morte, embora tidas como absolutos porque tal como alguém não pode mergulhar no mesmo rio duas vezes, também não pode, através da linguagem, conservar toda a fluídez dos conceitos, e assim sendo, a vida e a morte são um gradiente muito interessante; a conclusão voluntária da vida é ainda mais antiga que a democracia. A própria lírica grega conta-nos de heróis como Ajáx que, de facto, se suicidam, e aqui já entendemos este suicídio como motivado apenas pelo foro psicológico, que é minoriário nas instâncias de eutanásia que conhecemos até então. A conclusão prévia duma vida que iria terminar de maneira pior e de forma mais violenta irá deveras ser determinada por um nível de empatia e misericórdia de cada um e de como cada um observa esse parâmetro. Agora, não me vendam o peixe de que o suicídio é contra a moralidade colectiva da preservação da vida quando existem e sempre existirão excepções absolutamente medonhas a esta moralidade. Aliás, arrisco-me a dizer que é a herança moral mais trangredida e deturpada de todas ao longo da História. Abrem excepções de todos os tipos mais abomináveis, mas não o fazem para uma morte digna e para a defesa da autonomia do ser individual? Bah. Fariseus, somente.

Há discussões éticas a serem feitas por profissionais de saúde, e essas são mesmo impactantes e devem ser ouvidas, e são esses profissionais que importa ouvir; é importante termos o direito a algo que nos diz respeito a nós e à nossa dignidade, e é importante ouvir a quem caberá a responsabilidade da manifestação desse direito, como os profissionais de saúde. Não acho que seja pertinente ouvir uma meia dúzia de gatos pintados que estão muito ofendidos com o facto da sua moralidade subjectiva ser injuriada porque outra pessoa quer terminar a sua vida aflitiva e cruciante. Não lhes diz respeito. A não ser, claro, que queiram também eles poder vir a recorrer à eutanásia, e nesse caso, há panfletos.
Mas a minha questão aqui não era a questão material controvertida, apenas o processo de decisão. De qualquer modo, o assunto é, sim, de grande gravidade moral e jurídica: se a morte assistida vier a ser legalizada, dever-se-á garantir que todos os pressupostos estão reunidos e que não ocorrem as chamadas rampas deslizantes. Não pode haver dúvidas que quem escolhe morrer o faz por sua própria vontade, e não sujeito a qualquer tipo de pressões oriundas sejam de onde for.

O que quer que se decidisse deveria ter sido precedido de debate sério e participado e de voto popular; eis sobretudo que aqui queria expor.
 
       
De qualquer modo, o assunto é, sim, de grande gravidade moral e jurídica: se a morte assistida vier a ser legalizada, dever-se-á garantir que todos os pressupostos estão reunidos e que não ocorrem as chamadas rampas deslizantes. Não pode haver dúvidas que quem escolhe morrer o faz por sua própria vontade, e não sujeito a qualquer tipo de pressões oriundas sejam de onde for.

Não, não é, e não o é especialmente como "rampa deslizante". O facto da população geral poder votar um "sim" ou "não" em matéria de eutanásia não fará, de todo, com que o diploma seja formulado duma maneira que cubra e respeite todas as nuances, porque um "sim" e um "não" não cobre todas as nuances. Essa complexidade é técnica; cabe aos profissionais de saúde, aos legisladores, muitos deles profissionais jurídicos, e quaisquer outras entidades que possam assistir a criação de um diploma justo. Não entendo, ainda, onde é que isso é materia moral. Ser competente é material de gravidade moral? Elaborar um bom diploma (como já muitos foram feitos em matéria de eutanásia) é uma questão de gravidade moral?

É uma questão de grande gravidade moral uma pessoa ser pressionada ao suicídio? Sim, deveras, mas só mesmo para essa pessoa, e não é um tipo de gravidade moral que seja da competência duma regra geral e normativa. Há inúmeras pessoas pressionadas ao suicídio mesmo agora, enquanto temos esta conversa, e poucas delas terão mortes dignas. E não digo isto para apoiar o uso da eutanásia nesses casos invulgares, de todo, e é necessário um acompanhamento psiquiátrico muito meticuloso em torno de quem toma estas decisões, de preferência, sem enviezamento, mas usei o exemplo mais para "provar a fonte". O fenómeno que descreves já existe e já ocorre sem o direito à morte digna. A única coisa que não existe é mesmo o direito à morte digna.
 
               
Ver anexo 16649Ver anexo 16650


Nas últimas semanas, as tomadas de posição do Bloco têm sido (ainda mais) risíveis.

Só para que não nos fiquemos pelos títulos e pelos soundbites, ficam aqui a proposta da IL e a proposta do BE sobre este tema, para que possam ser mais adequadamente comparadas as propostas e mais facilmente compreendidas as posições tomadas:
Esta última proposta ainda não foi votada.
 
       
Só para que não nos fiquemos pelos títulos e pelos soundbites, ficam aqui a proposta da IL e a proposta do BE sobre este tema, para que possam ser mais adequadamente comparadas as propostas e mais facilmente compreendidas as posições tomadas:
Esta última proposta ainda não foi votada.

Obrigado pelo complemento.
Propostas muito idênticas - no essencial têm até muitos termos e expressões em comum - e que diferem em pouco mais do que a introdução.
A única diferença apreciável que encontrei reside neste ponto da proposta do BE:
" 3. Garanta o reforço dos recursos humanos, técnicos e financeiros dessa plataforma pública e de outros mecanismos com propósitos análogos, para assim garantir a materialização efetiva e eficiente dos seus fins. "

Parece-me vago e insuficiente para justificar a abstenção anterior, mais ainda tendo em conta a comunicação do grupo parlamentar do BE a respeito da proposta da IL:

1604102745015.png
 
  • Like
Reactions: tempus
       
Obrigado pelo complemento.
Propostas muito idênticas - no essencial têm até muitos termos e expressões em comum - e que diferem em pouco mais do que a introdução.
A única diferença apreciável que encontrei reside neste ponto da proposta do BE:
" 3. Garanta o reforço dos recursos humanos, técnicos e financeiros dessa plataforma pública e de outros mecanismos com propósitos análogos, para assim garantir a materialização efetiva e eficiente dos seus fins. "

Parece-me vago e insuficiente para justificar a abstenção anterior, mais ainda tendo em conta a comunicação do grupo parlamentar do BE a respeito da proposta da IL:

Ver anexo 16657

Essa comunicação leva-me precisamente a crer que o GP do BE se absteve devido a esse ponto, que estaria insuficientemente reforçado na proposta da IL. Talvez tenha sido esse o motivo.
 
       
Como é que estão a olhar, neste momento, para as eleições norte-americanas, que parece que não terão resultado hoje?

Já agora, como olham para elas, tendo em conta as sondagens?
 
       
Como é que estão a olhar, neste momento, para as eleições norte-americanas, que parece que não terão resultado hoje?

Já agora, como olham para elas, tendo em conta as sondagens?
Já me disseram que deveremos esperar pelo menos até dia 6, mas eu simplesmente estou a verificar de hora em hora. O Nevada nunca mais se despacha, que nervos!

Não andei com a maior atenção às sondagens, mas se os votos se mantiverem como têm sido, temos Biden presidente. Neste momento o Biden está com 264/270 e o Trump com 214/270.
 
       
Já me disseram que deveremos esperar pelo menos até dia 6, mas eu simplesmente estou a verificar de hora em hora. O Nevada nunca mais se despacha, que nervos!

Não andei com a maior atenção às sondagens, mas se os votos se mantiverem como têm sido, temos Biden presidente. Neste momento o Biden está com 264/270 e o Trump com 214/270.

O Nevada está a contar os votos à velocidade de um estado africano, só pode xD e agora se juntou a Georgia, aquilo nunca mais acaba de ser contado. Está a ser leeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeento...

Quanto aos nervos, suponho que desde quinta os teus devem-se ter elevado n vezes.

Mas eu olho para os resultados de duas formas: o Trump vai sair derrotado, mas vivo. Pode não haver trumpismo na presidência, e acho que todos nós, democratas (não no sentido de apoiar o Biden mas de defendermos o modelo Democracia), estaremos contentes com o resultado que já só é uma questão de ser oficial. No entanto, o trumpismo está vivo e ele vai continuar, por aí, com menos poder, claro, mas ainda aí

Eu questionei isso por dois motivos: não sei se viram a sondagem no Nevada e na Florida... no primeiro, davam 13% de vantagem ao Biden e na Florida 4%, os resultados ficaram muito diferentes.
Post automatically merged:

O problema das eleições americanas, segundo Trump

1604754591839.png
 
       
Quanto aos nervos, suponho que desde quinta os teus devem-se ter elevado n vezes.
Nem imaginas! Fiquei contente quando se começou a ver estados a virar para o azul, mas o Nevada... nossa. Eu já estive a contar votos para o Parlamento dos Jovens e estava sozinhe e demorei menos! 😂
Vou ainda mencionar que o Kanye West conseguiu 60K votos, oh pá, o ser humano é impressionante. *facepalm*
 
  • Like
Reactions: Júlio Ribeiro
       
O Kanye West teve uma votação que chegava para ser presidente em 1788, batendo Washington. Nem brinques ahahahahahah e suponho que 90% dos votos foram de fanáticos da Kardashian Quanto á contagem dos votos... Pá, aquilo está mesmo muito demorado... Mas é preciso perceber que teres malucos armados á porta preparados para te abater se lhes concederes a derrota + Trump é um ambiente complicado para trabalhar.
 
  • Like
Reactions: Deleted member 5277
       
giphy.gif
 
       
Ver anexo 16649Ver anexo 16650


Nas últimas semanas, as tomadas de posição do Bloco têm sido (ainda mais) risíveis.

Uma continuação deste assunto:

 
  • Like
Reactions: davis
       

Achei interessante este assunto, até porque vai chegar a Portugal em breve também. Achei estranho o partido liberal em Espanha (C's) votar a favor 👀👀
 
       

Achei interessante este assunto, até porque vai chegar a Portugal em breve também. Achei estranho o partido liberal em Espanha (C's) votar a favor 👀👀
A mim não me surpreende que o partido liberal tenha votado em coerência com o liberalismo. Até porque eles já há uns meses mostraram que apoiavam a aprovação. Quanto a Portugal, ainda não tenho a certeza da minha opinião sobre o tema, nem creio que esteja suficientemente informada para tomar uma posição realmente fundamentada, mas do pouco que li, diria que tendencialmente aprovo a eutanásia, só não sei se a aprovo nos moldes que está a ser proposta 😅

Mudando de tema e já que estamos provavelmente em pausa e estudo para exames, experimentem fazer o 4 Axes test 🤗
Sem Título.png
Confused-GIF.gif
 
       
A mim não me surpreende que o partido liberal tenha votado em coerência com o liberalismo. Até porque eles já há uns meses mostraram que apoiavam a aprovação. Quanto a Portugal, ainda não tenho a certeza da minha opinião sobre o tema, nem creio que esteja suficientemente informada para tomar uma posição realmente fundamentada, mas do pouco que li, diria que tendencialmente aprovo a eutanásia, só não sei se a aprovo nos moldes que está a ser proposta 😅

Mudando de tema e já que estamos provavelmente em pausa e estudo para exames, experimentem fazer o 4 Axes test 🤗
Confused-GIF.gif

Eu vou tentar explicar o porquê que achei um pouco surpreendente: em Espanha há, neste momento, 2 grandes blocos políticos, a esquerda + independentistas e a direita, e não me surpreendia que nesta votação ela fosse desbloqueada, sinceramente. Em relação a votarem em coerência com o liberalismo, os valores do liberalismo são a vida, a liberdade e a propriedade privada, e há espaço para interpretações nesta parte na minha opinião, se não estou em erro, certo, @davis?

Quanto à eutanásia, pessoalmente, como católico, me recuso a mim que ela seja aplicada tendo em conta os meus valores de que acredito na vida até à morte natural. No entanto, como o Estado e os outros, num estado laico, tem o dever de respeitar as minhas crenças religiosas, eu não tenho o direito de as impôr a ninguém - creio que não posso obrigar ninguém a viver numa situação de sofrimento tal que ache que não vale a pena viver. Acho que todos concordamos nisto.

Feito esta reflexão, eu tendo a ser tendencialmente contra a eutanásia e tendencialmente a favor do suicídio assistido. Parecem coisas quase iguais, mas não são. No primeiro caso, a medicação letal é administrada por um médico, e no segundo é tomada pelo próprio paciente, o que quer dizer que este têm a palavra até ao último momento (há muita gente que, na hora da verdade, não é capaz de tomar a medicação para morrer). Tenho algumas preocupações da transgressão que poderá haver de um conceito mais estrito da eutanásia (já cheguei a falar de algumas questões, de ser um direito único e intransmissível que não possa ser exercido por mais ninguém, entre outras) e, creio que nisto o suicídio assistido é um pouco mais garantista, pessoalmente. O que não quer dizer que, do meu ponto de vista, não merecesse uma legislação apertada.

Neste ponto de vista, acho a solução do suicídio assistido bastante mais segura. Provavelmente, num referendo, o suicídio assistido votaria a favor (a não ser que a proposta fosse muito abstrata e má na minha opinião), algo que dificilmente faria com a eutanásia, pela experiência de alguns países que tenho visto.
 
  • Like
Reactions: davis
       
Eu vou tentar explicar o porquê que achei um pouco surpreendente: em Espanha há, neste momento, 2 grandes blocos políticos, a esquerda + independentistas e a direita, e não me surpreendia que nesta votação ela fosse desbloqueada, sinceramente. Em relação a votarem em coerência com o liberalismo, os valores do liberalismo são a vida, a liberdade e a propriedade privada, e há espaço para interpretações nesta parte na minha opinião, se não estou em erro, certo, @davis?

Quanto à eutanásia, pessoalmente, como católico, me recuso a mim que ela seja aplicada tendo em conta os meus valores de que acredito na vida até à morte natural. No entanto, como o Estado e os outros, num estado laico, tem o dever de respeitar as minhas crenças religiosas, eu não tenho o direito de as impôr a ninguém - creio que não posso obrigar ninguém a viver numa situação de sofrimento tal que ache que não vale a pena viver. Acho que todos concordamos nisto.

Feito esta reflexão, eu tendo a ser tendencialmente contra a eutanásia e tendencialmente a favor do suicídio assistido. Parecem coisas quase iguais, mas não são. No primeiro caso, a medicação letal é administrada por um médico, e no segundo é tomada pelo próprio paciente, o que quer dizer que este têm a palavra até ao último momento (há muita gente que, na hora da verdade, não é capaz de tomar a medicação para morrer). Tenho algumas preocupações da transgressão que poderá haver de um conceito mais estrito da eutanásia (já cheguei a falar de algumas questões, de ser um direito único e intransmissível que não possa ser exercido por mais ninguém, entre outras) e, creio que nisto o suicídio assistido é um pouco mais garantista, pessoalmente. O que não quer dizer que, do meu ponto de vista, não merecesse uma legislação apertada.

Neste ponto de vista, acho a solução do suicídio assistido bastante mais segura. Provavelmente, num referendo, o suicídio assistido votaria a favor (a não ser que a proposta fosse muito abstrata e má na minha opinião), algo que dificilmente faria com a eutanásia, pela experiência de alguns países que tenho visto.
Certo, não estou a dizer que exista uma única interpretação, mas diria que é mais coerente um partido liberal ser a favor da eutanásia do que contra, mesmo que dentro do espectro político existam pessoas com qualquer uma das posições (com uma pesquisa bastante simples chegamos a esta conclusão, vejam-se os exemplos 1 e 2). Digo isto não do ponto de vista político, mas do filosófico - analisando a ideologia por detrás do liberalismo, no sentido lato, uma posição parece-me mais coerente que outra. O primeiro artigo não me convence nesse aspecto, precisamente: o autor parece-me confundir conceitos e, por essa mesma razão, assumir que é uma violação da liberdade parece-me fundamentalmente errado, mas não é do meu interesse alongar-me na análise dos artigos.

Certo, acho que fazes bem em pensar dessa forma, mesmo que estejamos contra ou a favor de uma coisa. Mas eu não diria que o nosso Estado é assim tão laico quanto isso (por exemplo, celebramos todos os feriados religiosos e isso não é fruto do acaso. Penso que seja do conhecimento da maioria que existe uma Concordata entre a Santa Sé e o Estado Português, o que me faz relativizar o quão laico o Estado é. Para quem não sabe, refiro-me a este documento, recentemente comentado num grupo de amigos, inclusive, porque pelos vistos há algumas pessoas que desconhecem da existência do mesmo).

Quanto à ideia do suicídio assistido, não consigo concordar, porque concordo muito mais com a administração da dose feita por um médico, que me parece mais formado para poder tomar uma acção. Uma pessoa nessa situação estará fragilizada e o facto de não conseguir ser ela própria a administrar a dose não significa que não queira que seja feito e isso é problemático - o que farias com os casos de pessoas em estado vegetativo que deixaram expressamente dito à família/médicos que quereriam ser eutanasiados? E os que estejam em coma ou em morte cerebral? Parece-me que essas pessoas são totalmente esquecidas no conceito de suicídio assistido e muitas vezes as pessoas que estão em condições para um cenário de eutanásia não só estão em fases terminais de doenças, como algumas das vezes corresponderão aos três casos que mencionei acima. Daí ser tão importante o papel dos médicos nestas questões, não só no quadro avaliativo mas porque são as pessoas mais indicadas para que o processo possa ser feito em condições, mas isto é só a minha opinião generalizada, não acho que tenha ainda reunido tudo o que precisaria saber sobre a questão.