Discussões político-sócio-económicas

 

Em quem votarás nas eleições legislativas 2022?

  • PS - Partido Socialista

    Votes: 7 13.7%
  • PPD/PSD - Partido Social Democrata

    Votes: 5 9.8%
  • PCP-PEV - Coligação Democrática Unitária

    Votes: 6 11.8%
  • BE - Bloco de Esquerda

    Votes: 9 17.6%
  • CDS-PP - Partido Popular

    Votes: 0 0.0%
  • PAN - Pessoas–Animais–Natureza

    Votes: 2 3.9%
  • IL - Iniciativa Liberal

    Votes: 11 21.6%
  • NC - Nós, Cidadãos!

    Votes: 0 0.0%
  • PCTP/MRPP - Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses

    Votes: 0 0.0%
  • PTP - Partido Trabalhista Português

    Votes: 0 0.0%
  • E - Ergue-te (ex-PNR - Partido Nacional Renovador)

    Votes: 0 0.0%
  • PDR - Partido Democrático Republicano

    Votes: 0 0.0%
  • MPT - Partido da Terra

    Votes: 0 0.0%
  • PURP - Partido Unido dos Reformados e Pensionistas

    Votes: 0 0.0%
  • L - LIVRE

    Votes: 4 7.8%
  • MAS - Movimento Alternativa Socialista

    Votes: 0 0.0%
  • PPM - Partido Popular Monárquico

    Votes: 1 2.0%
  • JPP - Juntos pelo Povo

    Votes: 0 0.0%
  • A - Aliança

    Votes: 0 0.0%
  • CH - Chega

    Votes: 6 11.8%
  • R.I.R. - Reagir Incluir Reciclar

    Votes: 0 0.0%
  • VP - Volt Portugal

    Votes: 0 0.0%

  • Total voters
    51
Eu vou tentar explicar o porquê que achei um pouco surpreendente: em Espanha há, neste momento, 2 grandes blocos políticos, a esquerda + independentistas e a direita, e não me surpreendia que nesta votação ela fosse desbloqueada, sinceramente. Em relação a votarem em coerência com o liberalismo, os valores do liberalismo são a vida, a liberdade e a propriedade privada, e há espaço para interpretações nesta parte na minha opinião, se não estou em erro, certo, @davis?
Certo, não estou a dizer que exista uma única interpretação, mas diria que é mais coerente um partido liberal ser a favor da eutanásia do que contra
^Concordo com este ponto de vista da @Ariana_ . Há pessoas/partidos que se dizem liberais mas na verdade são conservadores liberais, ou seja tendencialmente liberais em alguns assuntos, especialmente económicos, e conservadores noutros, como os costumes. Diria que alguém que apoie um verdadeiro liberalismo será a favor da eutanásia na minha opinião.

Feito esta reflexão, eu tendo a ser tendencialmente contra a eutanásia e tendencialmente a favor do suicídio assistido. Parecem coisas quase iguais, mas não são. No primeiro caso, a medicação letal é administrada por um médico, e no segundo é tomada pelo próprio paciente, o que quer dizer que este têm a palavra até ao último momento (há muita gente que, na hora da verdade, não é capaz de tomar a medicação para morrer). Tenho algumas preocupações da transgressão que poderá haver de um conceito mais estrito da eutanásia (já cheguei a falar de algumas questões, de ser um direito único e intransmissível que não possa ser exercido por mais ninguém, entre outras) e, creio que nisto o suicídio assistido é um pouco mais garantista, pessoalmente. O que não quer dizer que, do meu ponto de vista, não merecesse uma legislação apertada.
Mesmo que seja um médico a praticar o acto, o paciente tem essa última palavra sempre, pode é ter sido tomada antes dentro das limitações que poderão ser definidas. Também concordo que prefiro que exista um médico envolvido no processo que garanta que as coisas são feitas de forma segura.
 
^Concordo com este ponto de vista da @Ariana_ . Há pessoas/partidos que se dizem liberais mas na verdade são conservadores liberais, ou sejam tendencialmente liberais em alguns assuntos, especialmente económicos, e conservadores noutros, como os costumes. Diria que alguém que apoie um verdadeiro liberalismo será a favor da eutanásia na minha opinião.

Damn right.

@Ariana_

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Sobre o tal teste... 🥶

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Well, my Axis test. Aquele 73% me assustou a mim um bocadinho, acho exagerado. O resto, está dentro do que estava á espera, não acho nada de especial.
 
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Sempre soube que eras bué normal e 👀
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Well, my Axis test. Aquele 73% me assustou a mim um bocadinho, acho exagerado. O resto, está dentro do que estava á espera, não acho nada de especial.
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Estou a gostar desta partilha toda de testes 🤗 Podemos sempre no final elaborar um mini-relatório com os resultados apurados com os testes que aqui publicaram 🧐
 
*procurando pelo Twitter os meus resultados porque meti lá*
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Ana Abnormal
 
E aqui está... nada de demasiado surpreendente (a não a ser a parte do "normal", que eu não esperava que fosse tão elevada... 😅 )

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Certo, não estou a dizer que exista uma única interpretação, mas diria que é mais coerente um partido liberal ser a favor da eutanásia do que contra, mesmo que dentro do espectro político existam pessoas com qualquer uma das posições (com uma pesquisa bastante simples chegamos a esta conclusão, vejam-se os exemplos 1 e 2). Digo isto não do ponto de vista político, mas do filosófico - analisando a ideologia por detrás do liberalismo, no sentido lato, uma posição parece-me mais coerente que outra. O primeiro artigo não me convence nesse aspecto, precisamente: o autor parece-me confundir conceitos e, por essa mesma razão, assumir que é uma violação da liberdade parece-me fundamentalmente errado, mas não é do meu interesse alongar-me na análise dos artigos.

Certo, acho que fazes bem em pensar dessa forma, mesmo que estejamos contra ou a favor de uma coisa. Mas eu não diria que o nosso Estado é assim tão laico quanto isso (por exemplo, celebramos todos os feriados religiosos e isso não é fruto do acaso. Penso que seja do conhecimento da maioria que existe uma Concordata entre a Santa Sé e o Estado Português, o que me faz relativizar o quão laico o Estado é. Para quem não sabe, refiro-me a este documento, recentemente comentado num grupo de amigos, inclusive, porque pelos vistos há algumas pessoas que desconhecem da existência do mesmo).

Quanto à ideia do suicídio assistido, não consigo concordar, porque concordo muito mais com a administração da dose feita por um médico, que me parece mais formado para poder tomar uma acção. Uma pessoa nessa situação estará fragilizada e o facto de não conseguir ser ela própria a administrar a dose não significa que não queira que seja feito e isso é problemático - o que farias com os casos de pessoas em estado vegetativo que deixaram expressamente dito à família/médicos que quereriam ser eutanasiados? E os que estejam em coma ou em morte cerebral? Parece-me que essas pessoas são totalmente esquecidas no conceito de suicídio assistido e muitas vezes as pessoas que estão em condições para um cenário de eutanásia não só estão em fases terminais de doenças, como algumas das vezes corresponderão aos três casos que mencionei acima. Daí ser tão importante o papel dos médicos nestas questões, não só no quadro avaliativo mas porque são as pessoas mais indicadas para que o processo possa ser feito em condições, mas isto é só a minha opinião generalizada, não acho que tenha ainda reunido tudo o que precisaria saber sobre a questão.

Porque argumentas que Portugal não é um estado laico. Onde está a influência da Igreja Católica nos destinos do país?

Na minha opinião, sobre a questão do estado ser laico, o Estado português é realmente laico, e não é, de todo, um estado confessionalmente católico. Nos estados confessionalmente católicos, por exemplo, é muito mais difícil teres alguns direitos que hoje já tens claramente assegurados em Portugal, independentemente de achar correcto ou errado, como o aborto, o direito a casamento civil entre pessoas do mesmo sexo e a adoção por parte de casais homossexuais de crianças menores de idade, a questão da eutanásia que será brevemente aprovada (é algo que vai suceder, e o sabemos todos), tens muitas medidas em Portugal que vão em contra-sentido com o que é defendido pela igreja, e não vês uma oposição político-religiosa face a elas. Ninguém, em Portugal, vota contra a favor de uma medida só por ser católico ou ter outra religião. Além disso, a Concordata serve para defender os interesses da população portuguesa que é católica, que é a maioria, e regular aquilo que é a atividade da Igreja no território nacional - se estudares, a grande maioria dos países terá uma legislação mais ou menos semelhante, desde que seja um estado laico. Num estado confessional, as relações são muito mais próximas.

Hoje, em Portugal, Igreja e Estado estão completamente separados. Não é por teres 4 feriados religiosos que são festejados pela maioria da população portuguesa, e por isso faz sentido serem feriados, que deixa de o ser. Começo a não perceber, na Europa, esta "moda" que se instalou em atacar a Igreja Católica neste aspeto, ou melhor, percebo, mas isso é outra história (uma coisa é atacar os casos de violação que ocorreram nas Igrejas nas décadas de 60 a 80, e acho muito bem, outra é querem atacar a instituição pelo que alguns padres fizeram e os seus ideais seculares)...

A segunda parte da questão responderei em conjunto com o @davis.

^Concordo com este ponto de vista da @Ariana_ . Há pessoas/partidos que se dizem liberais mas na verdade são conservadores liberais, ou sejam tendencialmente liberais em alguns assuntos, especialmente económicos, e conservadores noutros, como os costumes. Diria que alguém que apoie um verdadeiro liberalismo será a favor da eutanásia na minha opinião.


Mesmo que seja um médico a praticar o acto, o paciente tem essa última palavra sempre, pode é ter sido tomada antes dentro das limitações que poderão ser definidas. Também concordo que prefiro que exista um médico envolvido no processo que garanta que as coisas são feitas de forma segura.

Acho que houve uma coisa que ficou mal expressada: quer seja numa situação de eutanásia, quer seja numa situação de suicídio assistido, a pessoa que está a morrer, o faz acompanhado de, pelo menos, um profissional de saúde adequado. A diferença entre o primeiro e o segundo, é que enquanto no primeiro essa injeção/medicação é dada por um médico/profissional devidamente certificado, e a última palavra é tomada antes dentro das limitações que poderão ser definidas, no caso do suicídio assistido consiste num xarope ou comprimido (a versão mais usada é o xarope) em que o médico dá ao paciente e este, se for sua expressa vontade falecer, toma a medicação e terá uma morte tranquila no espaço de mais ou menos 5 a 10 minutos. Por outro lado, normalmente o primeiro tem de ser feito numa cama hospitalar, por exemplo, porque implica a toma de uma injeção, no segundo a pessoa não precisa de estar ligada a qualquer máquina, apenas acompanhada do(s) profissional(is) de saúde adequados.

Já agora, não acho que para este caso o testamento vital deva contar. Ou seja, eu acho que a decisão da morte deve ser dada, no momento, pelo próprio, se este tiver uma vontade clara e consciente para exercer o tal ato. Defendo que este deve ser um direito único e intransmissível (como, por exemplo, o direito ao voto), significa que, se essa pessoa não estiver capacitada por alguma razão para dar o seu consentimento, mais ninguém o poderá fazer. Ou seja, @Ariana_, não acho que uma pessoa que esteja em estado vegetativo, morte cerebral ou em coma possa exercer a eutanásia.

E aqui está... nada de demasiado surpreendente (a não a ser a parte do "normal", que eu não esperava que fosse tão elevada... 😅 )

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Se um 96,4% em termos de left-wing não te considera nada surpreendente... a mim até dá um bocadinho de medo, que acho que o "centro" político é a melhor política xD
 
Se um 96,4% em termos de left-wing não te considera nada surpreendente... a mim até dá um bocadinho de medo, que acho que o "centro" político é a melhor política xD

Considero-me uma pessoa convictamente de esquerda e não vejo nada de errado com isso. A força das minhas convicções não tem nada a ver com qualquer tipo de extremismo da minha parte, como de resto já deves saber. Sobre esse cliché de a virtude estar no meio... nada me leva a crer que seja sempre verdade, nesta e noutras questões.
 
Última edição:
Porque argumentas que Portugal não é um estado laico. Onde está a influência da Igreja Católica nos destinos do país?

Na minha opinião, sobre a questão do estado ser laico, o Estado português é realmente laico, e não é, de todo, um estado confessionalmente católico. Nos estados confessionalmente católicos, por exemplo, é muito mais difícil teres alguns direitos que hoje já tens claramente assegurados em Portugal, independentemente de achar correcto ou errado, como o aborto, o direito a casamento civil entre pessoas do mesmo sexo e a adoção por parte de casais homossexuais de crianças menores de idade, a questão da eutanásia que será brevemente aprovada (é algo que vai suceder, e o sabemos todos), tens muitas medidas em Portugal que vão em contra-sentido com o que é defendido pela igreja, e não vês uma oposição político-religiosa face a elas. Ninguém, em Portugal, vota contra a favor de uma medida só por ser católico ou ter outra religião. Além disso, a Concordata serve para defender os interesses da população portuguesa que é católica, que é a maioria, e regular aquilo que é a atividade da Igreja no território nacional - se estudares, a grande maioria dos países terá uma legislação mais ou menos semelhante, desde que seja um estado laico. Num estado confessional, as relações são muito mais próximas.

Hoje, em Portugal, Igreja e Estado estão completamente separados. Não é por teres 4 feriados religiosos que são festejados pela maioria da população portuguesa, e por isso faz sentido serem feriados, que deixa de o ser. Começo a não perceber, na Europa, esta "moda" que se instalou em atacar a Igreja Católica neste aspeto, ou melhor, percebo, mas isso é outra história (uma coisa é atacar os casos de violação que ocorreram nas Igrejas nas décadas de 60 a 80, e acho muito bem, outra é querem atacar a instituição pelo que alguns padres fizeram e os seus ideais seculares)...

A segunda parte da questão responderei em conjunto com o @davis.
Ei, ei, calma lá, Júlio, o que eu disse é que o Estado português não é laico no sentido puro do termo, o que é muito diferente de dizer que simplesmente o Estado não é laico. Repara, estou a discutir uma definição (isto é quase uma discussão da ordem da filosofia analítica, creio) - neste caso, o de ser puramente laico e apenas fiz uma constatação - o Estado português (e poderia ser outro qualquer) não cumpre uma definição ipsis verbis do que é ser laico e apresentei razões simples para não poder enquadrar-se numa definição pura do termo. É muito simples: a partir do momento em que tens uma Concordata, a partir do momento em que celebras feriados religiosos (e tanto faz serem quatro, podia até ser só um!) e a partir do momento em que o casamento pela Igreja é legislado, tens três exemplos em que o Estado não se enquadra na definição pura do termo.

Evidentemente que dizer isto não corresponde a dizer que o Estado não é laico e concordo com as várias instâncias que deste em que somos regidos por códigos diferentes da Igreja Católica; não concordo, porém, com o que dizes das decisões políticas serem tomadas por cegos à religião. Lamento, mas isso não é verdade e basta admitirmos que o CDS-PP é um partido que claramente se diz "democrata-cristão" (retirei esta expressão deste artigo, tens mais documentos sem ser este). Ora, vais-me dizer que as forças políticas são alheias à religião? Não são, Júlio, mas isto é só um pequeno reparo. Portanto, tu tens efectivamente oposição político-religiosa, mas o meu argumento não passava por aí sequer, porque não comentei sobre as forças políticas e decisões tomadas poderem evidenciar que um Estado não é laico no sentido absoluto do termo. Aliás, a minha discussão do conceito pretendia, pura e simplesmente, observarmos que um Estado laico não é sinónimo de um Estado sem religião e que a separação entre Igreja e Estado não é assim tão literal como algumas pessoas podiam acreditar e há evidências de que o Estado partilha alguma relação com a religião, especificamente a católica, que não partilha com outras religiões.

Nesta minha discussão, mantive a minha posição absolutamente alheia. Discuti um conceito, ao qual não acrescentei as minhas visões sobre política ou sobre religião e por isso acho até bastante desonesto da tua parte associares a minha mera menção da discussão de um conceito (discussão que sempre disse mais filosófica que política, tal como fiz com o conceito de liberalismo) a uma "moda" que tu rotulaste e que ainda associaste a uma suposta causa para tal ataque ocorrer. Pois é precisamente aí que o teu argumento falha mais, porque em momento algum se tratou de um ataque. E muito menos um ataque ao conceito se basearia na razão a que associaste - a definição de Estado laico não ser pura e existirem subtilezas na nossa legislação nada tem a ver com as violações e abusos dos anos 60 a 80 (e que nem me parece uma cronologia justa, porque actos atrozes podem ocorrer sem percebermos). Em resumo, acho mesmo que assumiste uma discussão errada e julgaste que estava a tomar posição sobre política ou religião, quando não o fiz, sequer. Poderia fazer uma analogia como fizeste e dizer que também é "modinha" pegar na discussão de conceitos e associar a discussões incutidas pela "esquerdalha", mas deixo aqui meramente como piada porque sinto que estive a falar contigo e que tomaste as minhas posições como sendo outras. Espero que depois disto seja claro o suficiente.
Acho que houve uma coisa que ficou mal expressada: quer seja numa situação de eutanásia, quer seja numa situação de suicídio assistido, a pessoa que está a morrer, o faz acompanhado de, pelo menos, um profissional de saúde adequado. A diferença entre o primeiro e o segundo, é que enquanto no primeiro essa injeção/medicação é dada por um médico/profissional devidamente certificado, e a última palavra é tomada antes dentro das limitações que poderão ser definidas, no caso do suicídio assistido consiste num xarope ou comprimido (a versão mais usada é o xarope) em que o médico dá ao paciente e este, se for sua expressa vontade falecer, toma a medicação e terá uma morte tranquila no espaço de mais ou menos 5 a 10 minutos. Por outro lado, normalmente o primeiro tem de ser feito numa cama hospitalar, por exemplo, porque implica a toma de uma injeção, no segundo a pessoa não precisa de estar ligada a qualquer máquina, apenas acompanhada do(s) profissional(is) de saúde adequados.

Já agora, não acho que para este caso o testamento vital deva contar. Ou seja, eu acho que a decisão da morte deve ser dada, no momento, pelo próprio, se este tiver uma vontade clara e consciente para exercer o tal ato. Defendo que este deve ser um direito único e intransmissível (como, por exemplo, o direito ao voto), significa que, se essa pessoa não estiver capacitada por alguma razão para dar o seu consentimento, mais ninguém o poderá fazer. Ou seja, @Ariana_, não acho que uma pessoa que esteja em estado vegetativo, morte cerebral ou em coma possa exercer a eutanásia.
Eu não interpretei mal, mas a partir do momento em que é a pessoa a administrar a si própria, para mim não faz qualquer sentido. Admitindo que não sou a pessoa mais informada sobre o assunto, mas de todos os casos que vi de doenças terminais, sendo-te muito sincera, as pessoas estavam todas entubadas e garanto-te que não estavam capazes de se mexer, nem tinham forças para executarem o acto, mesmo que estejam conscientes. Na minha opinião, acho que o suicídio assistido não contempla uma boa parte dos casos que estão aptos para a eutanásia e para mim isso é muito problemático.

Eu acho que o testamento deveria contar, pelo simples facto de que as pessoas têm o direito e a liberdade de regularem as suas vidas. Se estão em estado vegetativo/morte cerebral qual é o sentido dessas pessoas não poderem exercer o seu próprio direito, só porque não estão capazes naquele exacto momento? Esse argumento parece-me até um pouco insensível. Imagina que a pessoa tinha deixado em testamento que, em qualquer situação de estado vegetativo/morte cerebral/outros quereria a eutanásia. Seguindo esse teu argumento, apesar da vontade expressa da pessoa ser essa, não poderiam fazer nada porque a pessoa não estava num estado bom para poder dizer naquele exacto momento que queria confirmar o que tinha dito no testamento. Isto é desumano e é para mim absolutamente cruel que o suicídio assistido só contemple as pessoas que possam estar capazes de conscientemente executar um acto em si próprias (e mesmo assim, acredito que ainda iam buscar argumentos sobre a lucidez da pessoa, etc.). Isso torna-se quase uma tortura para a pessoa que só quer aliviar o sofrimento que não é ultrapassável e parece-me pouco demonstrativo das pessoas que podem efectivamente usufruir desse direito. Mas isto digo eu e é a minha opinião, não a tomo pela dos outros.

Se um 96,4% em termos de left-wing não te considera nada surpreendente... a mim até dá um bocadinho de medo, que acho que o "centro" político é a melhor política xD
Quanto a isto, vinha só mesmo dizer que o que quis fazer foi uma simples partilha de resultados, por curiosidade. Reforço que estes testes não são os melhores, é fácil perceber as limitações das várias questões (sendo muitas delas, especialmente as de economia, bastante vagas. Depois tens outros problemas como serem perguntas muito específicas de determinados assuntos e ignorarem outros, o que faz com que os resultados por si só, possam não ser os mais fidedignos). Em segundo lugar, não acho que os resultados de qualquer pessoa dão o direito a terceiros de poderem dizer que têm "medo" ou que acham os resultados preocupantes. Tu próprio comentaste o teu parâmetro do Traditional e nenhuma das outras pessoas veio dizer-te que achava preocupante isso. Qualquer um dos eixos dos nossos testes não definem nada daquilo que realmente somos.

Sobre a discussão do "centro", tendo a concordar com o Alfa, na medida em que ser assumidamente de esquerda ou de direita não faz com que uma pessoa seja ignorante ao outro lado, mesmo que por vezes vejas situações em que isso acontece. O centro tem todo o direito a existir, mas não podemos limitar-nos a uma discussão simplista de "no meio é que está a virtude", mas não acho que estou preparada para uma discussão ampla do tema, mesmo que tendo a concordar que em ambos eixos políticos podem existir coisas que nos parecem positivas para a sociedade.
 
Ei, ei, calma lá, Júlio, o que eu disse é que o Estado português não é laico no sentido puro do termo, o que é muito diferente de dizer que simplesmente o Estado não é laico. Repara, estou a discutir uma definição (isto é quase uma discussão da ordem da filosofia analítica, creio) - neste caso, o de ser puramente laico e apenas fiz uma constatação - o Estado português (e poderia ser outro qualquer) não cumpre uma definição ipsis verbis do que é ser laico e apresentei razões simples para não poder enquadrar-se numa definição pura do termo. É muito simples: a partir do momento em que tens uma Concordata, a partir do momento em que celebras feriados religiosos (e tanto faz serem quatro, podia até ser só um!) e a partir do momento em que o casamento pela Igreja é legislado, tens três exemplos em que o Estado não se enquadra na definição pura do termo.

Evidentemente que dizer isto não corresponde a dizer que o Estado não é laico e concordo com as várias instâncias que deste em que somos regidos por códigos diferentes da Igreja Católica; não concordo, porém, com o que dizes das decisões políticas serem tomadas por cegos à religião. Lamento, mas isso não é verdade e basta admitirmos que o CDS-PP é um partido que claramente se diz "democrata-cristão" (retirei esta expressão deste artigo, tens mais documentos sem ser este). Ora, vais-me dizer que as forças políticas são alheias à religião? Não são, Júlio, mas isto é só um pequeno reparo. Portanto, tu tens efectivamente oposição político-religiosa, mas o meu argumento não passava por aí sequer, porque não comentei sobre as forças políticas e decisões tomadas poderem evidenciar que um Estado não é laico no sentido absoluto do termo. Aliás, a minha discussão do conceito pretendia, pura e simplesmente, observarmos que um Estado laico não é sinónimo de um Estado sem religião e que a separação entre Igreja e Estado não é assim tão literal como algumas pessoas podiam acreditar e há evidências de que o Estado partilha alguma relação com a religião, especificamente a católica, que não partilha com outras religiões.

Nesta minha discussão, mantive a minha posição absolutamente alheia. Discuti um conceito, ao qual não acrescentei as minhas visões sobre política ou sobre religião e por isso acho até bastante desonesto da tua parte associares a minha mera menção da discussão de um conceito (discussão que sempre disse mais filosófica que política, tal como fiz com o conceito de liberalismo) a uma "moda" que tu rotulaste e que ainda associaste a uma suposta causa para tal ataque ocorrer. Pois é precisamente aí que o teu argumento falha mais, porque em momento algum se tratou de um ataque. E muito menos um ataque ao conceito se basearia na razão a que associaste - a definição de Estado laico não ser pura e existirem subtilezas na nossa legislação nada tem a ver com as violações e abusos dos anos 60 a 80 (e que nem me parece uma cronologia justa, porque actos atrozes podem ocorrer sem percebermos). Em resumo, acho mesmo que assumiste uma discussão errada e julgaste que estava a tomar posição sobre política ou religião, quando não o fiz, sequer. Poderia fazer uma analogia como fizeste e dizer que também é "modinha" pegar na discussão de conceitos e associar a discussões incutidas pela "esquerdalha", mas deixo aqui meramente como piada porque sinto que estive a falar contigo e que tomaste as minhas posições como sendo outras. Espero que depois disto seja claro o suficiente.

Eu não interpretei mal, mas a partir do momento em que é a pessoa a administrar a si própria, para mim não faz qualquer sentido. Admitindo que não sou a pessoa mais informada sobre o assunto, mas de todos os casos que vi de doenças terminais, sendo-te muito sincera, as pessoas estavam todas entubadas e garanto-te que não estavam capazes de se mexer, nem tinham forças para executarem o acto, mesmo que estejam conscientes. Na minha opinião, acho que o suicídio assistido não contempla uma boa parte dos casos que estão aptos para a eutanásia e para mim isso é muito problemático.

Eu acho que o testamento deveria contar, pelo simples facto de que as pessoas têm o direito e a liberdade de regularem as suas vidas. Se estão em estado vegetativo/morte cerebral qual é o sentido dessas pessoas não poderem exercer o seu próprio direito, só porque não estão capazes naquele exacto momento? Esse argumento parece-me até um pouco insensível. Imagina que a pessoa tinha deixado em testamento que, em qualquer situação de estado vegetativo/morte cerebral/outros quereria a eutanásia. Seguindo esse teu argumento, apesar da vontade expressa da pessoa ser essa, não poderiam fazer nada porque a pessoa não estava num estado bom para poder dizer naquele exacto momento que queria confirmar o que tinha dito no testamento. Isto é desumano e é para mim absolutamente cruel que o suicídio assistido só contemple as pessoas que possam estar capazes de conscientemente executar um acto em si próprias (e mesmo assim, acredito que ainda iam buscar argumentos sobre a lucidez da pessoa, etc.). Isso torna-se quase uma tortura para a pessoa que só quer aliviar o sofrimento que não é ultrapassável e parece-me pouco demonstrativo das pessoas que podem efectivamente usufruir desse direito. Mas isto digo eu e é a minha opinião, não a tomo pela dos outros.


Quanto a isto, vinha só mesmo dizer que o que quis fazer foi uma simples partilha de resultados, por curiosidade. Reforço que estes testes não são os melhores, é fácil perceber as limitações das várias questões (sendo muitas delas, especialmente as de economia, bastante vagas. Depois tens outros problemas como serem perguntas muito específicas de determinados assuntos e ignorarem outros, o que faz com que os resultados por si só, possam não ser os mais fidedignos). Em segundo lugar, não acho que os resultados de qualquer pessoa dão o direito a terceiros de poderem dizer que têm "medo" ou que acham os resultados preocupantes. Tu próprio comentaste o teu parâmetro do Traditional e nenhuma das outras pessoas veio dizer-te que achava preocupante isso. Qualquer um dos eixos dos nossos testes não definem nada daquilo que realmente somos.

Sobre a discussão do "centro", tendo a concordar com o Alfa, na medida em que ser assumidamente de esquerda ou de direita não faz com que uma pessoa seja ignorante ao outro lado, mesmo que por vezes vejas situações em que isso acontece. O centro tem todo o direito a existir, mas não podemos limitar-nos a uma discussão simplista de "no meio é que está a virtude", mas não acho que estou preparada para uma discussão ampla do tema, mesmo que tendo a concordar que em ambos eixos políticos podem existir coisas que nos parecem positivas para a sociedade.

Ok, pensei que a tua expressão era quase uma crítica de ter falado de Portugal ser um estado laico.
E sim, assumi que estavas a indicar uma posição sobre a religião e a política tomada por ti, e não sendo esse o objetivo peço desculpa se fui um pouco agressivo nas palavras usadas. Ah, e concordo absolutamente com o CDS-PP ser um partido com ligações religiosas, mais até quando saiu o Paulo Portas. Mas direi que, tirando um conjunto de personalidades políticas (por exemplo, Marcelo é claramente católico, e conhecido por toda a gente), não tens mais nenhum partido que possas dizer que é claramente religioso, o que não quer dizer que não tenha elementos religiosos (acredito que, de certeza, haverá deputados do PS e do PSD tão católicos como Marcelo, não os conheço a todos sequer).

Já agora, pontualmente, o Estado tem acordos com outras religiões (me recorda recentemente um acordo para apoiar a construção de uma mesquita em Lisboa, que não sei se chegou a ir avante).

Em relação ao suicídio assistido, a parte do estar acompanhada era somente para frisar que a pessoa não tomava aquilo em casa ou em qualquer local obscuro. Não, era feito num hospital, acompanhada, com todas as condições de segurança.
Quanto ao resto, eu percebo a tua boa vontade, sei que és uma excelente pessoa e que dizes tudo nas melhores das intenções. E, num mundo ideal, acho que não haveria qualquer problema em fazer tudo aquilo que disseste. Mas não vivemos no mundo ideal, e creio que deixar que um testamento vital, numa situação destas, conte, é muito perigoso. Acredita que o ser humano, por dinheiro, é capaz de vender a alma literalmente ao diabo (e não é nenhuma referência religiosa, é apenas uma expressão). E sei que haverão pessoas que até poderiam ser justas portadoras da eutanásia e não seriam pelo suicídio assistido, mas prefiro uma lei que peque por defeito nestes casos do que uma lei que acabe por avalizar situações que não deviam ter sido avalizadas.

Eu próprio comentei sobre o Tradicional. O "medo" é uma palavra infeliz, mas era para dizer que achava aquele valor exagerado, como achei o meu do Tradicional. Somente isso. Não acho que no @Alfa isso seja preocupante (mesmo que ele fosse de extrema-esquerda, que não acho que seja, pelo menos na parte económica), porque ele consegue perceber as várias matérias e participar numa discussão e ter um sentido comum das coisas corretas, e nisso concedo. Não estou tão de acordo é extrapolares isso para a sociedade: acho que o cidadão-médio dos extremos não consegue ver mais nada que não seja o seu próprio umbigo, e por algum motivo todas as maiores atrocidades humanas ocorreram em governos ou de extrema-esquerda, ou de extrema-direita (e sim, acho que o @Alfa é claramente de esquerda, como ele próprio assumiu, mas não 96%).
Quanto às limitações do teste, achei estranho ele se focar muito nas questões de género (gender fluid, 2 géneros ou mais, entre outras questões), mas depois ser totalmente omisso em questões como o aborto, a eutanásia, entre outras, que são claramente definidoras da forma de pensar de uma pessoa, mais do que o seu posicionamento político (eu acredito, e às vezes pode não se refletir no Parlamento, que hajam votantes de todos os partidos a favor e contra estas matérias).

"Eu acho que o testamento deveria contar, pelo simples facto de que as pessoas têm o direito e a liberdade de regularem as suas vidas. Se estão em estado vegetativo/morte cerebral qual é o sentido dessas pessoas não poderem exercer o seu próprio direito, só porque não estão capazes naquele exacto momento?" Quanto a esta questão, e acredito que não irás concordar com a resposta, embora respeites, acho que só consegues pensar absolutamente na situação quando estás em sofrimento, ou seja, a pessoa até podia ter manifestado a sua vontade num testamento vital mas, se estivesse consciente, naquele momento, decidir não tomar a medicação, quer porque ainda não considere o seu sofrimento intolerável, quer porque mudou de opinião.

Está um testamento e não gosto de testamento, mas pronto. Certamente que me perdoam!
 
Ri-me disto mais do que devia. 😆 Especialmente para quem tem métodos estatísticos para estudar e não percebe metade daquilo.

E aqui está... nada de demasiado surpreendente (a não a ser a parte do "normal", que eu não esperava que fosse tão elevada... 😅 )

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Se um 96,4% em termos de left-wing não te considera nada surpreendente... a mim até dá um bocadinho de medo, que acho que o "centro" político é a melhor política xD
Quanto a isto, vinha só mesmo dizer que o que quis fazer foi uma simples partilha de resultados, por curiosidade. Reforço que estes testes não são os melhores, é fácil perceber as limitações das várias questões (sendo muitas delas, especialmente as de economia, bastante vagas. Depois tens outros problemas como serem perguntas muito específicas de determinados assuntos e ignorarem outros, o que faz com que os resultados por si só, possam não ser os mais fidedignos). Em segundo lugar, não acho que os resultados de qualquer pessoa dão o direito a terceiros de poderem dizer que têm "medo" ou que acham os resultados preocupantes. Tu próprio comentaste o teu parâmetro do Traditional e nenhuma das outras pessoas veio dizer-te que achava preocupante isso. Qualquer um dos eixos dos nossos testes não definem nada daquilo que realmente somos.
Concordo que as perguntas limitam bastante o resultado, estando na minha opinião o teste enviesado à esquerda. Há ali algumas perguntas (ligadas às armas e defesa, por exemplo) que mostram que está muito focado na realidade americana, deixando de fora questões que para nós seriam mais cruciais. As perguntas de economia também me pareceram demasiado redutoras.
 
Ok, pensei que a tua expressão era quase uma crítica de ter falado de Portugal ser um estado laico.
E sim, assumi que estavas a indicar uma posição sobre a religião e a política tomada por ti, e não sendo esse o objetivo peço desculpa se fui um pouco agressivo nas palavras usadas. Ah, e concordo absolutamente com o CDS-PP ser um partido com ligações religiosas, mais até quando saiu o Paulo Portas. Mas direi que, tirando um conjunto de personalidades políticas (por exemplo, Marcelo é claramente católico, e conhecido por toda a gente), não tens mais nenhum partido que possas dizer que é claramente religioso, o que não quer dizer que não tenha elementos religiosos (acredito que, de certeza, haverá deputados do PS e do PSD tão católicos como Marcelo, não os conheço a todos sequer).

Já agora, pontualmente, o Estado tem acordos com outras religiões (me recorda recentemente um acordo para apoiar a construção de uma mesquita em Lisboa, que não sei se chegou a ir avante).
Pronto, ainda bem que ficámos com as coisas esclarecidas. Eu não gosto de conotar as coisas logo como críticas ou não, se a minha análise pode parecer "negativa" porque o Estado diz-se ser uma coisa mas não é assim tanto o conceito que supostamente defende? Claro que pode parecer, cada um tira as suas conclusões do raciocínio, mas eu acho que é uma análise perfeitamente razoável e que em nada pretende atacar a Igreja. Aliás, no limite, diria que se fosse uma crítica, seria uma crítica ao próprio Estado ou à concepção do mesmo, que não é fundamentalmente tudo aquilo que supostamente um Estado laico poderia implicar. No limite, criticaria o Estado legislar o casamento católico, mas nada referir às outras religiões - e não se trata para mim de questões de quem é a maioria ou não, desde que exista um número significativo de pessoas de outras religiões a casar-se, faz sentido que a legislação contemple e regulamente esses casos, se regula uns, até porque o facto de sermos laicos implica que não há distinção entre as religiões, mesmo que elas se manifestem em quantidades de crentes diferentes. Trata-se de coerência com aquilo que dizemos ser e o estatuto com que nos apresentamos. Portanto, no meu ponto de vista, se há fundo para crítica é mais pela via das acções que o Estado pode tomar e não tanto da Igreja.

Mas a potencial crítica que poderemos fazer estou apenas a fazê-la agora, quando comentei anteriormente não tinha qualquer intenção de fazer mais do que uma constatação. Em filosofia, é relativamente comum as análises parecerem francamente negativas, mas parece-me mais que muitas vezes a filosofia coloca em questão as definições e os próprios conceitos em si e analisa as coisas de tal modo que nos pode parecer que está a criticar algo, quando não está. Não acho que interrogar, ou dizer que poderá existir um determinado cenário para uma "crítica", ou pensar criticamente sobre um assunto não significa que achemos que algo é mau ou bom. A conotação só deveria ser dada bastante depois, mas talvez seja eu que goste de segmentar muito as discussões.

Quanto ao resto, claro, o facto de dizer que existe um partido que defende e está ligado às ideias da I.C.A.R. não significa que a maioria dos partidos assim seja, nem me parece correcto limitar a expressão da religiosidade ou ausência dela por parte da classe política. Qualquer político pode ter ou não religião e pode perfeitamente expressar a sua religião, mas a partir do momento em que tens um partido cujo programa político obviamente não nega a defesa dos valores católicos, não podes dizer que corresponde a uma definição pura de um Estado laico, na medida em que um Estado é tanto mais laico quanto menos valores religiosos estão expressos não só nos seus documentos legais, como na sua representação, neste caso, nas forças partidárias. A partir do momento em que há um partido (podia ser um, ou muitos mais, é novamente indiferente o número), o Estado está indirectamente a admitir que a religião e a política continuam ou podem continuar ligadas e que a "separação entre Igreja e Estado" não é total. Ora, a meu ver, num Estado absolutamente laico, por muito que qualquer indivíduo pudesse escolher a sua religião, a religião não transpareceria de maneira nenhuma para as forças de poder. Os partidos poderiam defender os valores que quisessem, mas nunca poderiam associá-los à Igreja. Sou da opinião que isto teria uma consequência um pouco óbvia: imaginemos, com o CDS - eles continuariam a defender exactamente a mesma coisa, só que em versão encapotada. Para isso, mais vale que abertamente digam que estão sim ligados a determinada religião. Mas também mais valeria sermos mais transparentes nesta questão e podermos dizer abertamente que o nosso Estado tem alguma relação com a Igreja, não só o nosso, como muitos outros e admitirmos que coisas simples como os feriados que celebramos são uma expressão dessas mesmas relações. Para mim, tentar ignorar tudo isto é um bocado atirar areia para os olhos e achar que a religião nada tem que ver com o poder político é uma maneira limitadora de compreender as relações de poder que tivemos, as que temos e o que poderemos fazer ou não com as do futuro.

Novamente, tudo isto é a minha opinião sobre a forma como poderíamos olhar e analisar as coisas, não sou de todo nenhuma especialista e isto é só o que tenho aprendido ao tomar um ponto de vista mais analítico.

E sobre a questão que falaste, a notícia mais recente que encontrei foi esta. Em momento algum foi dito que nenhuma outra religião era protegida pelo Estado de maneira alguma, mas não é difícil percebermos a discrepância, que não é o que pode existir num Estado laico - acabei por me focar mais na legislação sobre os casamentos.
Em relação ao suicídio assistido, a parte do estar acompanhada era somente para frisar que a pessoa não tomava aquilo em casa ou em qualquer local obscuro. Não, era feito num hospital, acompanhada, com todas as condições de segurança.
Quanto ao resto, eu percebo a tua boa vontade, sei que és uma excelente pessoa e que dizes tudo nas melhores das intenções. E, num mundo ideal, acho que não haveria qualquer problema em fazer tudo aquilo que disseste. Mas não vivemos no mundo ideal, e creio que deixar que um testamento vital, numa situação destas, conte, é muito perigoso. Acredita que o ser humano, por dinheiro, é capaz de vender a alma literalmente ao diabo (e não é nenhuma referência religiosa, é apenas uma expressão). E sei que haverão pessoas que até poderiam ser justas portadoras da eutanásia e não seriam pelo suicídio assistido, mas prefiro uma lei que peque por defeito nestes casos do que uma lei que acabe por avalizar situações que não deviam ter sido avalizadas.
Júlio, mas tu defendes a castração química nos casos de pedofilia. Além de toda uma discussão sobre a eficácia do castigo, que não me interessa discutir agora, por não ser esse o assunto, também terias sempre uma probabilidade de infligires o castigo em pessoas que possam ter sido falsamente sentenciadas. Da mesma maneira que acreditas na corrupção de um documento como um testamento vital, deverias colocar também na equação a corrupção que possa existir em determinados casos, a menos que existam provas inequívocas, o que nem sempre é o caso.

Além disso, não acho que a maneira de resolver a questão da eutanásia seja "se pode haver corrupção, logo não pode haver eutanásia", porque seguindo esse raciocínio, então nunca poderás tomar várias decisões pelo simples facto de que há a probabilidade de algo sair enviesado. A forma correcta de pensar na questão, a meu ver, é aplicar e pensar em medidas que possam combater e limitar essa corrupção, tanto quanto for possível, não passa por arranjar uma alternativa que em nada substitui o que a eutanásia contempla. Porque para mim o maior defeito da solução que apresentas é que muitos dos casos das pessoas que estão aptas para a eutanásia não estão, de todo, aptas para o suicídio assistido, enquanto que os casos contemplados para o suicídio assistido parecem-me contemplados com a eutanásia. Por aqui termino a conversa, acho que tens todo o direito a tomar a posição que entendas, eu continuarei a pensar que o correcto é pensarmos medidas para tornar o processo o mais justo possível e para que possa chegar a todos aqueles que precisam, e não só alguns...
"Eu acho que o testamento deveria contar, pelo simples facto de que as pessoas têm o direito e a liberdade de regularem as suas vidas. Se estão em estado vegetativo/morte cerebral qual é o sentido dessas pessoas não poderem exercer o seu próprio direito, só porque não estão capazes naquele exacto momento?" Quanto a esta questão, e acredito que não irás concordar com a resposta, embora respeites, acho que só consegues pensar absolutamente na situação quando estás em sofrimento, ou seja, a pessoa até podia ter manifestado a sua vontade num testamento vital mas, se estivesse consciente, naquele momento, decidir não tomar a medicação, quer porque ainda não considere o seu sofrimento intolerável, quer porque mudou de opinião.

Está um testamento e não gosto de testamento, mas pronto. Certamente que me perdoam!
Certo, obviamente que discordo porque uma pessoa que esteja em estado vegetativo/coma/morte cerebral não tem mais a capacidade de conseguir formular raciocínios como eu ou tu. Estás a trabalhar num cenário hipotético de what if's, mas o mesmo poderia acontecer com o próprio suicídio assistido - e se a pessoa tomasse a medicação e automaticamente se arrependesse? E se se tivesse sentido coagida a tomá-la, por qualquer motivo real ou imaginário? São questões que para mim não fazem parte do debate real e que se tratam de incertezas - para mim, absolutamente que o testamento vital se sobreporia à não-capacidade que a pessoa agora tem para poder afirmar o que deixou por escrito, mas és livre de discordar.

Quanto aos testamentos, eu teria cuidado, não vá alguém eutanasiar-te 🤣 🙄
Eu próprio comentei sobre o Tradicional. O "medo" é uma palavra infeliz, mas era para dizer que achava aquele valor exagerado, como achei o meu do Tradicional. Somente isso. Não acho que no @Alfa isso seja preocupante (mesmo que ele fosse de extrema-esquerda, que não acho que seja, pelo menos na parte económica), porque ele consegue perceber as várias matérias e participar numa discussão e ter um sentido comum das coisas corretas, e nisso concedo. Não estou tão de acordo é extrapolares isso para a sociedade: acho que o cidadão-médio dos extremos não consegue ver mais nada que não seja o seu próprio umbigo, e por algum motivo todas as maiores atrocidades humanas ocorreram em governos ou de extrema-esquerda, ou de extrema-direita (e sim, acho que o @Alfa é claramente de esquerda, como ele próprio assumiu, mas não 96%).
Acho que estás a fazer uma generalização: há certamente pessoas dos extremos que não conseguem olhar criticamente para nada que não seja o que o próprio defende (já agora, isto não é apenas sintomático na política, a forma como nos relacionamos uns com os outros tem também alguma desta tendência para o foco no ego e para isso recomendo que experimentem ler algum dos livros do Byung-Chul Han, que gosta de falar um bocado nestas questões), mas isto não significa que não existam pessoas que estejam convictas que as suas ideias estão mais num dos eixos e isso não é sinónimo de desconsiderar o outro eixo, ou de deixar de reconhecer que é importante ter alguma diversidade, porque é a partir daí que muitas vezes se afinam os debates, que por muito que possam criar clivagens, contribuem também para que possamos melhorar as nossas convicções. Percebo o perfil que quiseste traçar, mas não acho que seja justo generalizar e não acho que seja uma boa forma de defender o centrismo. Fora isso, é absolutamente irrelevante a percentagem com que estamos em qualquer um dos eixos, é um número para já enviesado pelo teste e depois não é representativo das ideias que uma pessoa possa ou não ter. E é no debate de ideias que estou interessada.
 
Pronto, ainda bem que ficámos com as coisas esclarecidas. Eu não gosto de conotar as coisas logo como críticas ou não, se a minha análise pode parecer "negativa" porque o Estado diz-se ser uma coisa mas não é assim tanto o conceito que supostamente defende? Claro que pode parecer, cada um tira as suas conclusões do raciocínio, mas eu acho que é uma análise perfeitamente razoável e que em nada pretende atacar a Igreja. Aliás, no limite, diria que se fosse uma crítica, seria uma crítica ao próprio Estado ou à concepção do mesmo, que não é fundamentalmente tudo aquilo que supostamente um Estado laico poderia implicar. No limite, criticaria o Estado legislar o casamento católico, mas nada referir às outras religiões - e não se trata para mim de questões de quem é a maioria ou não, desde que exista um número significativo de pessoas de outras religiões a casar-se, faz sentido que a legislação contemple e regulamente esses casos, se regula uns, até porque o facto de sermos laicos implica que não há distinção entre as religiões, mesmo que elas se manifestem em quantidades de crentes diferentes. Trata-se de coerência com aquilo que dizemos ser e o estatuto com que nos apresentamos. Portanto, no meu ponto de vista, se há fundo para crítica é mais pela via das acções que o Estado pode tomar e não tanto da Igreja.

Mas a potencial crítica que poderemos fazer estou apenas a fazê-la agora, quando comentei anteriormente não tinha qualquer intenção de fazer mais do que uma constatação. Em filosofia, é relativamente comum as análises parecerem francamente negativas, mas parece-me mais que muitas vezes a filosofia coloca em questão as definições e os próprios conceitos em si e analisa as coisas de tal modo que nos pode parecer que está a criticar algo, quando não está. Não acho que interrogar, ou dizer que poderá existir um determinado cenário para uma "crítica", ou pensar criticamente sobre um assunto não significa que achemos que algo é mau ou bom. A conotação só deveria ser dada bastante depois, mas talvez seja eu que goste de segmentar muito as discussões.

Quanto ao resto, claro, o facto de dizer que existe um partido que defende e está ligado às ideias da I.C.A.R. não significa que a maioria dos partidos assim seja, nem me parece correcto limitar a expressão da religiosidade ou ausência dela por parte da classe política. Qualquer político pode ter ou não religião e pode perfeitamente expressar a sua religião, mas a partir do momento em que tens um partido cujo programa político obviamente não nega a defesa dos valores católicos, não podes dizer que corresponde a uma definição pura de um Estado laico, na medida em que um Estado é tanto mais laico quanto menos valores religiosos estão expressos não só nos seus documentos legais, como na sua representação, neste caso, nas forças partidárias. A partir do momento em que há um partido (podia ser um, ou muitos mais, é novamente indiferente o número), o Estado está indirectamente a admitir que a religião e a política continuam ou podem continuar ligadas e que a "separação entre Igreja e Estado" não é total. Ora, a meu ver, num Estado absolutamente laico, por muito que qualquer indivíduo pudesse escolher a sua religião, a religião não transpareceria de maneira nenhuma para as forças de poder. Os partidos poderiam defender os valores que quisessem, mas nunca poderiam associá-los à Igreja. Sou da opinião que isto teria uma consequência um pouco óbvia: imaginemos, com o CDS - eles continuariam a defender exactamente a mesma coisa, só que em versão encapotada. Para isso, mais vale que abertamente digam que estão sim ligados a determinada religião. Mas também mais valeria sermos mais transparentes nesta questão e podermos dizer abertamente que o nosso Estado tem alguma relação com a Igreja, não só o nosso, como muitos outros e admitirmos que coisas simples como os feriados que celebramos são uma expressão dessas mesmas relações. Para mim, tentar ignorar tudo isto é um bocado atirar areia para os olhos e achar que a religião nada tem que ver com o poder político é uma maneira limitadora de compreender as relações de poder que tivemos, as que temos e o que poderemos fazer ou não com as do futuro.

Novamente, tudo isto é a minha opinião sobre a forma como poderíamos olhar e analisar as coisas, não sou de todo nenhuma especialista e isto é só o que tenho aprendido ao tomar um ponto de vista mais analítico.

E sobre a questão que falaste, a notícia mais recente que encontrei foi esta. Em momento algum foi dito que nenhuma outra religião era protegida pelo Estado de maneira alguma, mas não é difícil percebermos a discrepância, que não é o que pode existir num Estado laico - acabei por me focar mais na legislação sobre os casamentos.

Júlio, mas tu defendes a castração química nos casos de pedofilia. Além de toda uma discussão sobre a eficácia do castigo, que não me interessa discutir agora, por não ser esse o assunto, também terias sempre uma probabilidade de infligires o castigo em pessoas que possam ter sido falsamente sentenciadas. Da mesma maneira que acreditas na corrupção de um documento como um testamento vital, deverias colocar também na equação a corrupção que possa existir em determinados casos, a menos que existam provas inequívocas, o que nem sempre é o caso.

Além disso, não acho que a maneira de resolver a questão da eutanásia seja "se pode haver corrupção, logo não pode haver eutanásia", porque seguindo esse raciocínio, então nunca poderás tomar várias decisões pelo simples facto de que há a probabilidade de algo sair enviesado. A forma correcta de pensar na questão, a meu ver, é aplicar e pensar em medidas que possam combater e limitar essa corrupção, tanto quanto for possível, não passa por arranjar uma alternativa que em nada substitui o que a eutanásia contempla. Porque para mim o maior defeito da solução que apresentas é que muitos dos casos das pessoas que estão aptas para a eutanásia não estão, de todo, aptas para o suicídio assistido, enquanto que os casos contemplados para o suicídio assistido parecem-me contemplados com a eutanásia. Por aqui termino a conversa, acho que tens todo o direito a tomar a posição que entendas, eu continuarei a pensar que o correcto é pensarmos medidas para tornar o processo o mais justo possível e para que possa chegar a todos aqueles que precisam, e não só alguns...

Certo, obviamente que discordo porque uma pessoa que esteja em estado vegetativo/coma/morte cerebral não tem mais a capacidade de conseguir formular raciocínios como eu ou tu. Estás a trabalhar num cenário hipotético de what if's, mas o mesmo poderia acontecer com o próprio suicídio assistido - e se a pessoa tomasse a medicação e automaticamente se arrependesse? E se se tivesse sentido coagida a tomá-la, por qualquer motivo real ou imaginário? São questões que para mim não fazem parte do debate real e que se tratam de incertezas - para mim, absolutamente que o testamento vital se sobreporia à não-capacidade que a pessoa agora tem para poder afirmar o que deixou por escrito, mas és livre de discordar.

Quanto aos testamentos, eu teria cuidado, não vá alguém eutanasiar-te 🤣 🙄

Acho que estás a fazer uma generalização: há certamente pessoas dos extremos que não conseguem olhar criticamente para nada que não seja o que o próprio defende (já agora, isto não é apenas sintomático na política, a forma como nos relacionamos uns com os outros tem também alguma desta tendência para o foco no ego e para isso recomendo que experimentem ler algum dos livros do Byung-Chul Han, que gosta de falar um bocado nestas questões), mas isto não significa que não existam pessoas que estejam convictas que as suas ideias estão mais num dos eixos e isso não é sinónimo de desconsiderar o outro eixo, ou de deixar de reconhecer que é importante ter alguma diversidade, porque é a partir daí que muitas vezes se afinam os debates, que por muito que possam criar clivagens, contribuem também para que possamos melhorar as nossas convicções. Percebo o perfil que quiseste traçar, mas não acho que seja justo generalizar e não acho que seja uma boa forma de defender o centrismo. Fora isso, é absolutamente irrelevante a percentagem com que estamos em qualquer um dos eixos, é um número para já enviesado pelo teste e depois não é representativo das ideias que uma pessoa possa ou não ter. E é no debate de ideias que estou interessada.

Em relação á notícia, essa foi uma delas, tinha visto mais uma ou duas atrás dessa, mas sim, é essa mesma obra. Nem sei como está agora, sinceramente, nunca mais ouvi falar do assunto desde dessa notícia, que até passou na TV, na altura.

Em relação à castração química, ela teria de ser aplicada em casos em que a violação fosse inequivocamente comprovada, obviamente. Concordo que existe uma margem de risco, e ela será tanto maior quanto mais a nossa justiça for "corrompível" - mas aí é uma situação de erro humano, que deve ser eliminada ou reduzida o mínimo possível.
Por outro lado, o que falei, que é um what's if e ocorrerá numa pequena parte dos casos (vi uma vez um estudo na Suíça que mostrava que uma %, creio entre os 20 e os 30%, desistia do suicídio assistido na hora de tomar a medicação para morrer, mas na Suíça é mais facilmente aceite um caso de suicídio assistido do que a legislação portuguesa que está a ser estudado para a eutanásia, pelo que este número poderá ser um pouco inferior), mas é uma situação que irá ocorrer. E creio que a lei deve amparar estes casos, da melhor maneira que for possível. Eu não quero que ninguém que decida morrer por estar num estado muito complicado e de sofrimento, onde já nada funcione (nem os cuidados paliativos) deixe de o poder fazer, mas não quero que ninguém que acabe por não querer morrer acabe por lhe acontecer, que é um equilíbrio que parece fácil, mas é extremamente complicado de se conseguir.

Já agora, alguém me esclareça: os projetos-leis aprovados, que agora estão a ser "refinados" na especialidade, permitiam que uma pessoa que esteja em morte cerebral/estado vegetativo/coma (que não possa expressar a sua opinião, pronto) lhe pudesse ser aplicada a eutanásia?

Não me preocupo, aqui não estou a fazer um testamento vital 😆 😆

Quanto ao último parágrafo, obviamente que é uma generalização, em termos filosóficos cai na falácia da generalização precipitada (e não é só na política, isso é um facto, mesmo não conhecendo o autor em causa). Quando defendo o "centrismo", é no sentido que, em termos políticos, os extremos nunca mostraram ser uma boa proposta para os países que os têm. Somente isso. De resto, o que conta são as ideias, estou absolutamente de acordo contigo nessa matéria.
 
Em relação à castração química, ela teria de ser aplicada em casos em que a violação fosse inequivocamente comprovada, obviamente. Concordo que existe uma margem de risco, e ela será tanto maior quanto mais a nossa justiça for "corrompível" - mas aí é uma situação de erro humano, que deve ser eliminada ou reduzida o mínimo possível.

Então na discussão do testamento vital não pode haver erro mínimo porque "pessoas vendem a alma >>literalmente<< ao diabo" mas aqui na castração química já pode haver um erro mínimo.

A dissonância. A harmonia impura.

Sistemas de justiça retributivos deviam ficar lá na Grécia de Draco ou na Mesopotamia de Hamurabi, não, Júlio? Não conseguimos sempre esfumar a influência dos nossos deuses por detrás da óptica moderna, como a @Ariana_ nos mostrou. Até há textos sagrados que não conseguem ocultar a influência dos seus deuses, vê lá tu, com essas ideias que perpassam as eras pois não é das eras que originam, mas de um imo qualquer estranho que vê renascimento em todo o lado.