Bem, posso dar a minha opinião como alguém que já acabou o terceiro ano de engenharia mecânica e vai agora para o quarto ano na FEUP no próximo semestre.
O primeiro ano não é nada por aí além, mas acho que é preciso começar já a perceber que vai ser mais difícil que o secundário e estar com um bom método de estudo porque dás bases de matemática (refiro com mais ênfase álgebra, que muito pessoal se dá mal por alguma razão) que vais precisar para cadeiras futuras. No primeiro semestre do primeiro ano vais ter 6 cadeiras, uma é só meio semestre, que é o famoso "Projeto FEUP" (vai-te roubar imenso tempo e não tem importância quase nenhuma, só compensa pelo "como fazer um relatório corretamente"), tens álgebra e análise matemática para início de bases para o futuro do curso, introdução à engenharia mecânica que não é nada por aí além e ciência dos materiais onde metade da matéria dás em química de 12.º (vá também em físico-química) e a outra metade é mais difícil (no meu ano saiu cenas no exame que ninguém estava à espera, o que não ajudou, mas acho que já trocaram de docentes nessa cadeira, portanto não sei como está, mas a segunda parte da matéria continua a não ser muito fácil). Não falando agora em cadeiras, até porque nem as sei todas de cor, no segundo semestre do primeiro ano começas a dar coisas mais viradas para "mecânica", ou seja, já coisas que um engenheiro mecânico deve saber, como mecânica I e termodinâmica I. Segundo ano vais começar a construir nisso, as cadeiras ficam mais complicadas, ajuda já ter um bom método de estudo à entrada deste ano e tentar não deixar cadeiras para trás. Há quem diga que o segundo ano é o mais difícil do curso, mas eu pessoalmente penso que seja o terceiro, não só pelo cadeirão do curso estar nesse ano, mas também pelo trabalho e a dificuldade da matéria que existe já no terceiro ano. Por exemplo, eu, em termos psicológicos, senti um maior desgaste no terceiro ano (mesmo pré-covid, ou seja, no primeiro semestre).
Em termos de professores, é como em tudo no mundo, apanhas bons e maus professores. No primeiro ano vais apanhar gente boa, pelo menos eu apanhei, os professores são relativamente "chill", mas vais começar também a notar que há certas personagens que parecem ter um parafuso a menos. Avançando no curso vão aparecendo mais pessoal com a falta de um parafuso, mas também, com sorte, apanhas pessoal que vai querer criar um bom ambiente na sala de aula (depois até posso dizer nome de profs que tive que criaram esse ambiente). Obviamente também apanhas uns que, de certa forma, ou querem que tu faças o trabalho todo (possível que apanhem um desses já no segundo semestre do primeiro ano) ou que se estão literalmente a marimbar para os estudantes.
Em termos de departamento, face a minhas vivências no último ano, eu considero que é uma bela palhaçada. Não me levem a mal, o departamento tem nome, em termos de cadeiras do curso e tal ao longo dos anos está bem organizada (apesar de haver cadeiras que uma pessoa não percebe qual a relevância para um engenheiro mecânico), mas a organização interna em termos de coisas é triste, para ser bonzinho. Pessoalmente, eu não gosto do diretor de curso, é uma pessoa que não aparenta ter tempo para acompanhar os estudantes (está envolvido em mil e uma coisas, tem poucas horas por semana para um atendimento a estudantes presencialmente e muito raramente parece responder aos emails - apesar de ter imensos para responder, devido a vivências pessoais que não vou contar, não tem critério naqueles que responde ou não responde). Para além disso, tem a mania de estar sempre do lado dos professores (aconteceu um episódio este semestre passado em que, segundo o regulamento da faculdade, os professores falharam, todos os estudantes do curso mostraram a sua frustração perante a situação e ele manifestou estar do lado dos professores que falharam, penalizando, assim, os estudantes). Portanto, esse é um fator que é frustrante na FEUP, para além de às vezes os exames serem assim vindos lá do inferno, mas isso, em parte, também deve o nível de exigência que existe no curso. Devo dizer que tenho amigos que, se soubessem o grau de dificuldade das cadeiras junto com a desorganização existente no departamento tinham escolhido outra faculdade para tirar o curso.
Em geral, o curso é bom, é preciso ter um pouco de sorte com os professores e saber escolher, o ambiente não é mau, mas o pessoal do Porto e arredores costuma formar logo grupos a abrir e se fores de fora podes ficar um pouco de lado, mas o projeto FEUP, até um ponto, permite inclusão, existe também atividades promovidas pelo núcleo de estudantes do curso para incluir os estudantes e com o tempo também dá para interagir com a turma em que ficas colocado. Ah, e não se preocupem que no primeiro ano (e, apesar de mais difícil, nos restantes também, mas menos, acho eu) têm tempo de sobra para fazer coisas, dá para conciliar aulas, estudo e algo mais.
Só uma nota final, se quiserem seguir uma área relacionada com a área automóvel, não recomendo a FEUP, eu vim para cá, adoro automóveis e desporto motorizado, sabia que havia atividades extra-curriculares relacionadas, mas quando entrei deixou de haver (quer dizer, em real verdade, tinha deixado de existir há dois anos, eles só continuaram foi a ter os carros) e estive eu atrás de um professor e à procura de pessoal para começar algo, que agora está meio morto porque não há dinheiro. Para além disso, havia uma cadeira sobre automóveis no quinto ano que estava de olho e no próximo ano letivo (durante o meu quarto ano) vai ser o último ano da cadeira.
Alguma dúvida assim mais específica estejam à vontade para perguntar, só não vos vou dizer apenas as rosas, mas também os espinhos do curso, ou seja, vou tentar ser o mais honesto possível.