Fuga de Informação Exame de Português

   
Eu peço muita desculpa por estar a bater numa tecla já bastante gasta, mas eu ainda gostaria de perceber, perceber mesmo,
  1. Porque é que os exames são garante de justiça e igualdade no ensino?
  2. Admitindo 1, porque é que esta fuga (mais a mais sem divulgação de perguntas particulares...) põe em causa a justiça?
  3. Admitindo 2, porque é que é esta fuga (e não outras, mais silenciosas e desconhecidas) põe em causa a justiça?
  4. Admitindo 2 também, como é que a anulação reporia a justiça?
  5. Admitindo 4, como é que se impediria que situações futuras como esta voltassem a acontecer?
Pronto, era isto.

Quanto ao 5, podes ter a certeza que se o governo tivesse que lidar com os constrangimentos de uma anulação, tomavam medidas que garantiam que pelo menos a probabilidade de fugas diminuísse. Mas assim não há chatices, não se muda nada.
Muito obrigado, @fraser.



Isto também é pertinente.



Mais uma vez, eu não confiaria nas declarações do ministro que vêm citadas de modo fragmentado nas notícias. A frase mais completa que vi citada do Ministro da Educação foi: "Se alguém saiu beneficiado por essa fuga de informação, de forma comprovada, obviamente que sofrerá as consequências que estão inscritas nos regulamentos."

O ênfase aqui deve ser posto em "de forma comprovada". Eu sou extremamente céptico em relação à exequibilidade de comprovar que um dado aluno beneficiou com a informação. Mesmo aqueles em relação aos quais se venha a comprovar que tiveram acesso à gravação podem dizer que a trataram como rumor (como, de resto, naquela fase, deveria ser tratada). Até a autora da gravação pode alegar isto; o que ela diz na gravação assim o corrobora.

Concordo que provavelmente não provem, mas 1) afirmam que é isso que deve ser feito (independentemente de conseguirem ou não) 2) responsabilizam os alunos publicamente.
 
Concordo que provavelmente não provem, mas 1) afirmam que é isso que deve ser feito (independentemente de conseguirem ou não) 2) responsabilizam os alunos publicamente.

1) Afirmam que devem cumprir o que está previsto nos regulamentos, atitude que, a avaliar pelo que tens dito, te deveria deixar satisfeita.

2) O ministro também afirma que se deverá agir criminalmente contra os autores da fuga. Não os alunos. Não acho que ele tenha responsabilizado os alunos publicamente.
 
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1) Afirmam que devem cumprir o que está previsto nos regulamentos, atitude que, a avaliar pelo que tens dito, te deveria deixar satisfeita.

2) O ministro também afirma que se deverá agir criminalmente contra os autores da fuga. Não os alunos. Não acho que ele tenha responsabilizado os alunos publicamente.

1) se consideras o regulamento como fraude de alunos, a fraude não é dos alunos.
2) os alunos que se comprovem como beneficiados, são penalizados. Isso é responsabilizar.
3) Não há uma alusão ao que uma fuga significa, e isso é que me deixa podre.
--- Post atualizado ---
A sério, não te parece que estão a dizer que isto é tudo obra de meia dúzia de pessoas e pronto, e está tudo bem na educação em Portugal?
 
1) se consideras o regulamento como fraude de alunos, a fraude não é dos alunos.
2) os alunos que se comprovem como beneficiados, são penalizados. Isso é responsabilizar.
3) Não há uma alusão ao que uma fuga significa, e isso é que me deixa podre.
--- Post atualizado ---
A sério, não te parece que estão a dizer que isto é tudo obra de meia dúzia de pessoas e pronto, e está tudo bem na educação em Portugal?

Não, parece-me que estão a dizer que isto tudo é obra de meia dúzia de pessoas (e é, até menos) e que irão responsabilizar os autores da fuga.

Anular o exame enviaria a seguinte mensagem: "ah é, andam a dizer cá para fora o que não devem? Vamos lá lixar milhares de alunos para ver se voltam a fazer!" Os alunos não têm culpa e eu não acho que esta medida servisse para combater fugas de informação. Se eu estivesse plenamente convencido de que anular este exame iria acabar com estes problemas, então pensaria duas vezes no assunto (mas mesmo assim não sei onde me posicionaria).
 
Não, parece-me que estão a dizer que isto tudo é obra de meia dúzia de pessoas (e é, até menos) e que irão responsabilizar os autores da fuga.

Anular o exame enviaria a seguinte mensagem: "ah é, andam a dizer cá para fora o que não devem? Vamos lá lixar milhares de alunos para ver se voltam a fazer!" Os alunos não têm culpa e eu não acho que esta medida servisse para combater fugas de informação. Se eu estivesse plenamente convencido de que anular este exame iria acabar com estes problemas, então pensaria duas vezes no assunto (mas mesmo assim não sei onde me posicionaria).

Mas o objetivo de uma anulação não é punir alunos, é evitar que alguns sejam prejudicados pelo benefício de outros (mas aqui já concordamos em discordar).
Quanto a ser medida para evitar futuras fugas, uma anulação é uma coisa enorme, trabalho, pessoas, despesas... quando uma coisa assim acontece obriga a que organismos tomem medidas para o evitar.

Mas, neste momento, ministro não põe em causa seja o que for. Se há uma fuga, algo vai mal. Mas parece que só questão de fulano e sicrano, para o ano tudo igual.
 
Vão tomar medidas em relação a algo que nem assumem?

Não vi o ministro negar ou não assumir o que quer que fosse. Se houve contenção nas palavras, isso deveu-se provavelmente a ainda haver uma investigação em curso. Parece-me sensato.
 
Não vi o ministro negar ou não assumir o que quer que fosse. Se houve contenção nas palavras, isso deveu-se provavelmente a ainda haver uma investigação em curso. Parece-me sensato.

Mas não esperou para dizer que alunos que se comprovassem beneficiados iam ser penalizados. E, considerando que é pouco provável acontecer, faz ainda menos sentido a escolha desta informação como parte da declaração (por isso é que o interpreto como uma responsabilização pública dos alunos). Uma declaração não é só o que é dito, é também o que não é dito.
Não sei o que vai acontecer, como é evidente, mas não estas declarações não me parecem bons augúrios.
 
Quanto ao 5, podes ter a certeza que se o governo tivesse que lidar com os constrangimentos de uma anulação, tomavam medidas que garantiam que pelo menos a probabilidade de fugas diminuísse.

Então, a anulação torna-se uma punição para o governo? Por intermédio dos alunos? Que são, na verdade, os prejudicados? Não entendo...

De qualquer dos modos, achas mesmo que o governo se importa? E, por outro lado, achas mesmo que seria a existência desses constrangimentos associados à anulação que, por si só, levaria a que se tomassem medidas para diminuir as fugas? Muito provavelmente, o que poderia surgir era uma muito maior tendência para abafar quaisquer notícias sobre isso, levando, como creio já ter sido aqui referido por diversas pessoas, a fugas silenciosas (como, de resto, podemos especular que existem todos os anos)...
 
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Governo enfrenta prova diabólica jurídica ao não anular exame de Português

Mais um exemplo (ainda que desnecessário) da desonestidade da comunicação social. O título da notícia diz precisamente o oposto do conteúdo. Apesar de a notícia não estar disponível na íntegra, os primeiros parágrafos indicam aquilo que eu já tinha dito aqui: que identificar os alunos beneficiados com a fuga de informação e demonstrar que de facto foram beneficiados é uma tarefa quase impossível. O título insinua que a não anulação foi uma má decisão, quando a notícia diz que é a potencial anulação de algumas provas que requer a tal "prova diabólica".
 
Governo enfrenta prova diabólica jurídica ao não anular exame de Português

Mais um exemplo (ainda que desnecessário) da desonestidade da comunicação social. O título da notícia diz precisamente o oposto do conteúdo. Apesar de a notícia não estar disponível na íntegra, os primeiros parágrafos indicam aquilo que eu já tinha dito aqui: que identificar os alunos beneficiados com a fuga de informação e demonstrar que de facto foram beneficiados é uma tarefa quase impossível. O título insinua que a não anulação foi uma má decisão, quando a notícia diz que é a potencial anulação de algumas provas que requer a tal "prova diabólica".

Concordo, é enganador e desonesto.

Bem, retiro-me, acho que muitos deixamos as opiniões claras, penso que a partir de certo ponto as discussões deixam de ser produtivas e não vale a pena entrar-se quase em pugilato...
 
Já não vão fazer exame de português, é que li uma notícia bo dia 2 de Julho que dizia que ia haver, mas acho que não, alguém sabe?
 
Editado por um moderador:
Numa notícia do ano passado do DN, disponível aqui, diz-se:

"Além disso, se algum autor caísse na tentação de "orientar os alunos" no sentido de terem excelentes resultados nas provas isso era visível no momento da divulgação dos resultados. "Há um controlo que pode ser feito quando saem os resultados. Qualquer anomalia é obviamente detetada, isso levaria sempre a uma investigação." Para Hélder Sousa nem precisava de haver um julgamento ou processo jurídico. A desconfiança seria "a porta aberta para convidar as pessoas a sair". Algo que nunca aconteceu, em 19 anos de provas."

Nesta notícia do Público, no entanto, diz-se:

"O Expresso escreve que se trata de “uma professora de uma escola pública da Grande Lisboa que há vários anos participa no processo de elaboração e revisão das provas”, e que também dá explicações a alunos do ensino secundário. Em anos anteriores, já tinha havido suspeitas de que a docente tinha transmitido informações aos alunos sobre o que sairia nos exames, mas não ficou comprovada qualquer irregularidade."

Em que ficamos?
 
"Além disso, se algum autor caísse na tentação de "orientar os alunos" no sentido de terem excelentes resultados nas provas isso era visível no momento da divulgação dos resultados. "Há um controlo que pode ser feito quando saem os resultados. Qualquer anomalia é obviamente detetada, isso levaria sempre a uma investigação." Para Hélder Sousa nem precisava de haver um julgamento ou processo jurídico. A desconfiança seria "a porta aberta para convidar as pessoas a sair". Algo que nunca aconteceu, em 19 anos de provas."
O "algo que nunca aconteceu" pode referir-se a ter existido ou não desconfiança ou a ter sido aberta a porta a alguém para sair. Se for a segunda vai ao encontro ao que o Público refere.
 
O "algo que nunca aconteceu" pode referir-se a ter existido ou não desconfiança ou a ter sido aberta a porta a alguém para sair. Se for a segunda vai ao encontro ao que o Público refere.

Ainda assim, foi insinuado que não haveria tolerância em relação a suspeitas. Especialmente suspeitas recorrentes sobre a mesma pessoa.
 
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Ainda assim, foi insinuado que não haveria tolerância em relação a suspeitas. Especialmente suspeitas recorrentes sobre a mesma pessoa.
Certo, estava só a fazer de advogado do diabo. Acho que o sentido no artigo até é o primeiro.
 
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Certo, estava só a fazer de advogado do diabo. Acho que o sentido no artigo até é o primeiro.

Para além disso, se havia suspeitas, porquê continuarem a ter a senhora na equipa que faz os exames? Estou só a conjecturar, mas se calhar nem era preciso despedi-la, bastaria não haver renovação do contrato...
 
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Ainda sobre esta novela, o Expresso deste fim de semana revela que a suspeita é nada menos que a presidente da associação de professores de português:
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