Insólitos da sala de aula

   
Também concordo com isso dos professores de filosofia. Um dá minha escola andava sempre aos empurrões com os alunos. Ocupava meio corredor e ia sempre com uma mala atrás. Se algum estivesse no seu caminho, chegava à beira dele e berrava "Com licença!". Se ele não saísse empurrava-o contra a parede. :tearsofjoy:
 
O meu professor de Filosofia arranjava as desculpas mais estapafúrdias para mirar as meninas, por exemplo:
"A emancipação progressiva da mulher foi alicerçada em princípios ideológicos vanguardistas, designadamente o femininismo -> por exemplo, vamos lá a ver quantas meninas hoje trouxeram mini-saia" *Começa a olhar para debaixo das mesas das raparigas* :innocent:
A maioria dos professores homens são tarados. Na minha escola tinha um que olhava descaradamente para certas partes dos corpos das alunas mais bonitas, menosprezava as que eram menos, fazia de tudo para nos corredores da escola encontrar as alunas e falar com elas ou simplesmente passar muito perto delas (se é que me entendem), vivia a falar dos seus problemas sexuais durante as aulas, e ainda por cima adorava espalhar pela escola que as alunas adoravam ele (só que não), que estavam apaixonadas por ele.... se uma aluna demonstrava de alguma forma que não gostava dele ou das suas atitudes... tinha sempre má nota ou o professor espalhava para a escola que a aluna tinha tentado algo com ele e ele que não quis.....
Moral da história: é por isso que nunca gostei de professores homens. Prefiro as mulheres.
Não sabia que este tipo de situações é tão frequente...Pelos vistos, acontece mais vezes do que devia :confused2:
Uma amiga minha conheceu uma rapariga que teve de fazer uma prova oral na faculdade e, por acaso, nesse dia levou um vestido pelo joelho. Sabem o que o raio do professor fez no final? Foi ao pé dela e murmurou: "Dois dedos acima e tinhas mais um valor..." o_O
 
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Havia um professor da minha escola que falava sempre a sussurrar, nunca percebi muito bem. E era professor de música o_O. Quando um professor da minha turma faltava era sempre ele que nos dava substituição. Então, quando entrávamos na sala tínhamos sempre a mesma lista escrita no quadro.
"Tarefas que podem fazer:
1. Ler
2. Trabalhos de casa
3. Dormir"
Sempre que falávamos (mesmo que baixinho) ele chegava à nossa beira e dizia, a sussurrar claro, "shh, estão a falar muito alto", ou então, se não estivéssemos a fazer nada ia à nossa beira dizer para nos deitarmos e fecharmos os olhos xD.
Já que estão a falar de mandar os alunos para a rua, numa das aulas com esse professor ele perguntou o que queríamos fazer (foi das primeiras). Um amigo meu, como nós ainda não o conhecíamos, levantou o braço e disse, normalmente, que podíamos ir jogar futebol. O professor vira-se e diz que ele estava a falar muito alto e mandou-o para a rua :tearsofjoy:.
Mas ele era altamente. Às vezes, nos intervalos, ia fazer parkour com os seus alunos :D
Essa do parkour "rebentou-me" com os abdominais :tearsofjoy::tearsofjoy::tearsofjoy:
 
Eu também sempre fui um dos melhores alunos das turmas onde estive e também ficavam todos espantados quando acontecia algo desse género :p
Quanto a expulsões assim de repente lembro-me de 4.
Fui expulso 2 vezes no 6º ano (ou 1 no 5º e outra no 6º, já nem sei bem xD). A 1ª vez foi numa aula de Área de Projeto (ou algo com nome parecido) em que tínhamos aulas numa sala com computadores, se bem me lembro o professor mandou-me para a rua porque estava a falar muito.

A 2ª foi em EVT (tínhamos 2 professores e um deles era o mesmo de área de projeto, ele não devia gostar mesmo de mim mas eu também não gostava nada dele :p), a rapariga que se sentava ao meu lado tinha um pancada qualquer pelo meu cabelo e estava sempre a fazer-me festas na cabeça, para além disso falávamos bastante e dessa vez começámos a rir e os professores mandaram-nos para a rua e ela ainda ficou a deitar-me as culpas por termos sido expulsos x'D

Outra foi no 9º, a minha colega do lado em ciências naturais também conversava muito comigo, ela passava literalmente a aula toda a falar para mim e dessa vez acabámos na rua bem como uma outra colega nossa que estava virada para trás a falar connosco.

A outra que me lembro foi no ano passado numa aula teórica de álgebra linear e geometria analítica. Eu e mais 2 amigos meus estávamos na última fila e outro amigo nosso estava na fila logo à nossa frente. O que estava à nossa frente não estava a ver bem o quadro então levantou-se para ir temporariamente para um lugar vago umas filas mais á frente para copiar o que a professora escrevia no quadro. Ele deixou o telemóvel em cima da mesa cá atrás então um dos meus amigos pegou no telemóvel e pediu-me para o esconder e quando o outro voltou para o lugar onde estava inicialmente passado um bocado reparou que não estava lá o telemóvel, aí ele desconfiou logo do tal que teve a ideia e como nós negávamos que lhe tivessemos tirado o telemóvel ele pegou no telemóvel do que teve a ideia e disse: "Vou telefonar para o meu telemóvel, ele está com som portanto se ele toca vocês estão f**" xD aí eu fiquei todo atrapalhado e estava a tentar tirar o som do telemóvel dele e enquanto isso o que estava ao meu lado só se ria, por causa dele também me comecei a rir. O pior foi que a prof reparou que se passava algo que não estava relacionado com a aula então e disse: "Vocês os 4, rua!" :tearsofjoy:
Com isto tudo o nosso amigo ficou zangado por ter ido para a rua sem ter culpa :D :D
Eu não sou assim tão rebelde :P
No entanto, detestava ir a palestras no secundário. Muitos dos que iam dar palestras eram "senhores doutores professores" da Universidade X, e alguns tinham uma maneira estranha de falar. Um dia foi lá um que carregava imenso nos R's, a falar e a escrever - nos slides que nos mostrou tinha escrito "estrrrelas", entre outras gafes. O problema era quando eu e o meu melhor amigo ficávamos sentados ao pé um do outro. Ele também não controla o riso e chegou a ter de me pedir lenços, porque chorava de tanto rir :P
 
Eu não sou assim tão rebelde :p
No entanto, detestava ir a palestras no secundário. Muitos dos que iam dar palestras eram "senhores doutores professores" da Universidade X, e alguns tinham uma maneira estranha de falar. Um dia foi lá um que carregava imenso nos R's, a falar e a escrever - nos slides que nos mostrou tinha escrito "estrrrelas", entre outras gafes. O problema era quando eu e o meu melhor amigo ficávamos sentados ao pé um do outro. Ele também não controla o riso e chegou a ter de me pedir lenços, porque chorava de tanto rir :p
Não sou rebelde mas quando começo a rir parece que fico descontrolado xD
Antes de uma aula de sistemas lógicos estava com 2 colegas a estudar porque iamos ter teste em breve e a meio do estudo um deles começa a desenhar numa mesa um circuito qualquer e a explicar em tom sério "isto liga-se aqui, aquilo liga ali, depois juntas tudo e... batata no teste" :tearsofjoy:
Chorei mesmo de tanto rir dessa vez até eles se riram sem parar por me verem a rir.
 
Não sou rebelde mas quando começo a rir parece que fico descontrolado xD
Antes de uma aula de sistemas lógicos estava com 2 colegas a estudar porque iamos ter teste em breve e a meio do estudo um deles começa a desenhar numa mesa um circuito qualquer e a explicar em tom sério "isto liga-se aqui, aquilo liga ali, depois juntas tudo e... batata no teste" :tearsofjoy:
Chorei mesmo de tanto rir dessa vez até eles se riram sem parar por me verem a rir.
:tearsofjoy::tearsofjoy:
 
Eu estava a pensar se contava esta ou não, mas cá vai :rolleyes:
Nos testes não gosto que falem para mim, porque já estou nervosa que chegue. O meu professor de Português do secundário tinha o hábito de, nos últimos 10 minutos, estar sempre a avisar: "Vou começar a recolher os testes!", "Pensem em começar a entregar!", etc, etc. Tudo isso me tirava do sério!! Nos últimos minutos é mais complicado pensar, porque sei que tenho de entregar o teste e o facto de estar lá alguém sempre a falar e a pressionar, "corta-me" muitas vezes o raciocínio. Certo dia o professor apanhou-me num momento em que eu estava concentradíssima a pensar na conclusão que devia pôr na dissertação e começou com as típicas frases do "Vamos lá, eu vou-me embora e não levo os vossos testes...". Estava tão atrapalhada que me virei para ele e lhe disse com "berdadeiro" sotaque do Porto: "OH "HÓME", TENHA LÁ CALMA, PORRA!!!!!:rage: ". O professor e os meus colegas começaram a rir, e foi aí que caí em mim e percebi que estava demasiado nervosa xD
Depois senti-me mesmo mal, porque gostava muito daquele professor e nem quis acreditar que o tratei daquela maneira :pensive::persevere:
 
Eu estava a pensar se contava esta ou não, mas cá vai :rolleyes:
Nos testes não gosto que falem para mim, porque já estou nervosa que chegue. O meu professor de Português do secundário tinha o hábito de, nos últimos 10 minutos, estar sempre a avisar: "Vou começar a recolher os testes!", "Pensem em começar a entregar!", etc, etc. Tudo isso me tirava do sério!! Nos últimos minutos é mais complicado pensar, porque sei que tenho de entregar o teste e o facto de estar lá alguém sempre a falar e a pressionar, "corta-me" muitas vezes o raciocínio. Certo dia o professor apanhou-me num momento em que eu estava concentradíssima a pensar na conclusão que devia pôr na dissertação e começou com as típicas frases do "Vamos lá, eu vou-me embora e não levo os vossos testes...". Estava tão atrapalhada que me virei para ele e lhe disse com "berdadeiro" sotaque do Porto: "OH "HÓME", TENHA LÁ CALMA, PORRA!!!!!:rage: ". O professor e os meus colegas começaram a rir, e foi aí que caí em mim e percebi que estava demasiado nervosa xD
Depois senti-me mesmo mal, porque gostava muito daquele professor e nem quis acreditar que o tratei daquela maneira :pensive::persevere:
Sim, isso realmente enerva bastante, tens ainda algo por fazer e quando as ideias estão a ficar claras na tua cabeça o professor interrompe e lá se vai aquilo em que estavas a pensar :sweat:
Não gosto igualmente quando o pessoal começa a falar depois de acabarem os seus testes, ainda por cima sou daqueles que demora muito e fica sempre até à última para acabar e com pessoas a falar o meu raciocínio é ainda mais lento.
Uma vez um colega meu que era provavelmente o melhor aluno da turma estava com dificuldade num teste de matemática e o professor (aquele de que falei no meu 1º post) não ficava lá depois da hora, ele recolhia os testes assim que tocava para a saída e dessa vez ele diz para o meu colega: "Tens de entregar, senão ficas com o teste" e dito isto tira-lhe o teste. O meu colega ficou tão furioso que se levantou e atirou a caneta para o chão e disse uma asneira, aquela que começa por f xD, após isto o professor volta atrás e devolve-lhe o teste para ele acabar o que estava a fazer :tearsofjoy:
 
Acho que nunca conheci um professor de filosofia propriamente normal.
Haha, os meus professores de Filosofia nem foram maus de todo. Gostei muito da minha professora de 10º ano, dava a matéria de tal maneira que conseguia cativar a turma inteira. No 11º tive outra professora menos apelativa, as aulas tornaram-se mais maçudas, tínhamos de escrever muito.
 
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O meu professor de Português do secundário tinha o hábito de, nos últimos 10 minutos, estar sempre a avisar: "Vou começar a recolher os testes!", "Pensem em começar a entregar!", etc, etc. Tudo isso me tirava do sério!! Nos últimos minutos é mais complicado pensar, porque sei que tenho de entregar o teste e o facto de estar lá alguém sempre a falar e a pressionar, "corta-me" muitas vezes o raciocínio. (...) Depois senti-me mesmo mal, porque gostava muito daquele professor e nem quis acreditar que o tratei daquela maneira :pensive::persevere:
Ah, desses ainda vais apanhar durante bastante tempo. É a coisa que mais detesto. Já tenho dificuldade em concentrar-me para um teste. Depois, naqueles últimos minutos em que uma pessoa vai resolver a última pergunta e começam a dizer "têm de entregar" e "pensem em entregar" como disseste, entre outras coisas, deixo de conseguir pensar, dá-me uma raiva e um nervosismo enormes. Olha, nem por acaso, tive uma chatice com um professor este semestre por causa disso...
 
Ah, desses ainda vais apanhar durante bastante tempo. É a coisa que mais detesto. Já tenho dificuldade em concentrar-me para um teste. Depois, naqueles últimos minutos em que uma pessoa vai resolver a última pergunta e começam a dizer "têm de entregar" e "pensem em entregar" como disseste, entre outras coisas, deixo de conseguir pensar, dá-me uma raiva e um nervosismo enormes. Olha, nem por acaso, tive uma chatice com um professor este semestre por causa disso...
Eu também tenho dificuldade em concentrar-me nos testes; à mínima coisa distraio-me. Estou a trabalhar no assunto xD
Uma das coisas que pensei depois de ter falado daquela forma para o professor foi: "Se tivesse sido na faculdade, com um professor mais autoritário, não tinha tido tanta sorte.". Acho que ele foi um pouco apanhado de surpresa porque costumo ser tranquila. Mas em situações de maior pressão (testes/exames, apresentações orais) deixo os nervos apoderarem-se de mim. Tenho de controlar a situação (já digo isto há uns anos :oops:!

A chatice que tiveste com o professor a que te referes, ficou resolvida?
 
Sim, isso realmente enerva bastante, tens ainda algo por fazer e quando as ideias estão a ficar claras na tua cabeça o professor interrompe e lá se vai aquilo em que estavas a pensar :sweat:
Não gosto igualmente quando o pessoal começa a falar depois de acabarem os seus testes, ainda por cima sou daqueles que demora muito e fica sempre até à última para acabar e com pessoas a falar o meu raciocínio é ainda mais lento.
Uma vez um colega meu que era provavelmente o melhor aluno da turma estava com dificuldade num teste de matemática e o professor (aquele de que falei no meu 1º post) não ficava lá depois da hora, ele recolhia os testes assim que tocava para a saída e dessa vez ele diz para o meu colega: "Tens de entregar, senão ficas com o teste" e dito isto tira-lhe o teste. O meu colega ficou tão furioso que se levantou e atirou a caneta para o chão e disse uma asneira, aquela que começa por f xD, após isto o professor volta atrás e devolve-lhe o teste para ele acabar o que estava a fazer :tearsofjoy:
A cerca de 5 minutos do final do exame de PT um rapaz que estava na minha sala teve uma espécie de "iluminação". Digo isto, porque ele deve ter-se lembrado de uma resposta para uma pergunta e disse: "Ahhh!" (não se pode falar nos exames, mas isso passou). No final do exame, ficou todo chateado porque não ter acabado a resposta. Fez umas gesticulações estranhas com o corpo até que o pequeno demónio se libertou: "F*****", disse ele. :rolleyes:
 
Gostaria de expor as minhas apreciações sobre a professora de inglês do 11º (isto foi transcrição de algo que já escrevi antes...):
«Ela é o que nós podemos designar por "dândi feminina"... Terá os seus cinquenta bem puxados, já não vai para nova, mas, mesmo assim, insiste em cobrir-se de maquilhagem e de produtos igualmente eficazes para retardar o processo biológico mais natural que é o envelhecimento. Deve pulverizar-se de quantidades absurdas de pó de arroz, deve untar-se dos mais enganadores óleos rejuvenescedores, pois ela parece que nos vinha ensinar de máscara... Uma colega minha, conhecida pelos seus epigramas mordazes contra os professores, não tardou a pronunciar-se a respeito dos rituais de beleza a que a pobre senhora se sujeitava: "Ela parece um autêntico palhaço! Tem tantas camadas de base, que quando me está a explicar algo e se ri, temo logo que tudo aquilo estale e se venha cravar um pedaço na minha cara!". Eu nunca fui de vilipendiar professores nas suas costas (nem à sua frente!), mas até identifiquei a espirituosidade do dito e, inevitavelmente, sempre que a professora se ria, não me continha e ria também, mais por recordação da reminiscência do que propriamente para retribuir o riso...
A fisionomia da professora até seria medianamente suportável nas aulas, tirando os já expectáveis gracejos mais obscenos dos rufias da turma de humanidades (partindo do princípio que o dito da minha colega era inofensivo a nível de calão). Porém, o ridículo da pobre senhora ascendia também ao vestuário exuberante que envergava ("ostentava" talvez fosse o termo correto...). Todos os dias a víamos com uma nova combinação dos vários elementos que compõem o traje vulgar. Não temerei ser injusto se disser que ninguém das duas turmas ia com o temperamento dela. Apenas eu e os dois melhores alunos da turma de ciências nos coibíamos de açoitar a professora em praça pública, não porque aprovássemos o seu estilo de vida, mas por profundo respeito à autoridade instituída. Confesso, porém, que uma vez alimentei o tripúdio que se instalava, ainda que estivesse cego de indignação perante uma combinação de roupa da professora. Nesse dia, a professora estava toda de preto (mas não era claramente luto), carregava aos ombros um xaile pouco espesso, daqueles característicos dos fadistas lisboetas ou que seria admissível numa honesta carmelita, usava calças justas e de ganga escurecida e os pés deviam-se sentir a sufocar dentro de umas botas aterradoramente desproporcionadas e de aspeto tãoheavy-metal, que eram de arrepiar. Ela ostentava ao peito uma cruz de latão (como a que tão humildemente o Papa dá uso) e naquele dia em particular, gingou muito para que a cruz oscilasse e desse mostras da sua existência, apesar de já todos terem dado por ela. Confesso que fiquei ainda mais impressionado (como se isto não bastasse!) quando a professora no fim da aula, intercetada por uma questão minha a respeito do seu colar de cariz religioso, consignou que não era católica e que estava a usá-lo como mero adorno. A minha indignação não conheceu limites, como podes calcular, dado que, sendo eu um fervoroso católico, não podia admitir que alguém usasse uma cruz ao peito só porque era bonito! Toda a simbologia da cruz, bem como os seus poderosos efeitos (nomeadamente, o paládio contra o ser maligno) estavam assim a ser anulados pela pretensão da professora de se exibir! Saído da aula, e fora de mim, comentei com a segunda melhor aluna que a professora parecia uma freira fadista... O que o meu comentário teve de invulgar, e decerto o percebeste tu, foi o facto de ter reunido numa só pessoa características de duas, quase incompatíveis e antagónicas. Se a freira comporta no seu caráter toda a castidade das santas cousas, a fadista, por outro lado, está apegada a tudo quanto é de mais sórdido e abjeto, vivendo na devassidão e na estoinice absolutas. E o meu comentário não tinha apenas uma intenção risível, como podes concluir se te recordares do modo como te apresentei, a nível do vestuário, a professora naquele dia. Da cintura para cima, envergava um autêntico traje de casta monja; da cintura para baixo, se não se lhe conhecesse a cintura para cima, julgar-se-ia que se tratava de uma idólatra de Satanás (será que esse ser ainda merece nome maiúscula...) ou, do mal o menos, de uma simples fadista, se cuidarmos que a vida de fadista não tem as suas vicissitudes... Foi a única vez em que esbocei um dito insurrecto contra a autoridade e a partir dele não procuro vanglória, alarde ou reconhecimento, dado que fui apanhado num momento de maior decoro religioso. É certo que o dito circulou e que o nome do autor também, mas, graças aos santos, isso nunca calhou nos ouvidos errados, como os da DT ou da própria professora de inglês. E mesmo se calhasse, dado o facto de ter intactas permanentemente a minha sobriedade e conduta, julgar-se-ia que era calúnia (tão vulgares são na nossa escola!) e não se depositaria qualquer confiança.
Abordarei outro "vício" da referida professora de inglês. Ela, além de cuidar excessiva e imoderadamente da sua imagem, não é propriamente especialista na eleição de palavras do seu léxico para as explicações de matéria que vai dando, à turma de ciências, ou para as discussões que vai travando, com a turma de humanidades. Por esse motivo, recorre àquilo que em Português se designaria Processo de Neoformação de Palavras... Decerto compreenderás já o que quero chegar com esta afirmação... Além da prodigiosa capacidade para inventar palavras, ela ainda era capaz de utilizar as expressões mais estapafúrdias (ou em contextos estapafúrdios), julgando que os alunos seriam pacóvios e iletrados, não conseguindo distinguir o que se pode considerar palavra do que não é. E porque isto parece conversa fiada, passarei às palavras cuja autoria é da excelentíssima professora. Convém escrever uma nota de rodapé que diga que estas palavras eram vulgarmente arremessadas em processo de repreensão dos de humanidades. A primeira registada (porque reservei uma área particular do caderno para registar estas magníficas tiradas) foi "trangomância". Hás de me desculpar o facto de não te apresentar o contexto em que as palavras foram enquadradas (algo providencial para que se conseguisse, ainda que dubiamente, subentender a carga semântica atribuída a essa mistura aleatória de letras), mas a professora fala muito rapidamente e não fui capaz de o captar... Bom, prosseguindo: temos também as palavras "marocas", "chazada", "baldória", "chabascal" (ortografia arbitrariamente elegida por mim, dependendo dos traços fonéticos com que foram usados pela professora), entre outras que não cheguei a assentar, ou porque estava desatento nos momentos em que ela despedia as rancorosas reprimendas contra os rufias, ou porque a confusão mental da senhora, passando brusca e abruptamente de um assunto para outro nos obrigava a seguir o seu tortuoso raciocínio (ela tem um modo muito peculiar de fazer valer os seus pontos de vista...). Além de palavras enfaticamente pronunciadas (mas nulas em significado...), a professora faz uso das mais excêntricas expressões. Ora combina palavras existentes para formar uma estrutura macroscópica desprovida de sentidos, ora descontextualiza outras já existentes. Por vezes, tem umas saídas passíveis de serem simplesmente caracterizadas como alvares... Para exemplificar, comecemos com a afirmação "Olhem que eu não estou de serviço no departamento do bebé dorme!". Até se apreende o sentido; para os que têm ginástica mental, é evidente que a professora queria realçar o caráter pueril das atitudes dos rufias. Porém, a estrutura da frase é tão rústica e de uma originalidade tão decadente, que eles, malvados e desejosos de zombar, questionaram a professora quanto ao significado que ela pretendia atribuir à sua exclamação... Passaram o resto da santa semana a ridicularizar a pobre senhora (nesses momentos, digo-te sinceramente, até compartilhava a punção que a professora sentia ao se ver assim chasqueada...). Outras tiradas, igualmente célebres na nossa turma, foram "Não vou gastar os holofotes com vocês" (será que ela queria dizer que deixaria de lhes prestar atenção se continuassem assim? nesse caso, o que seriam os "holofotes"?...), "à reta via" (esta não sei mesmo o que significa...), "peal da logorreia" (uma inovadora, mas desditosa, combinação do português com o inglês, resultando igualmente numa expressão de intuito duvidoso), "parece que estou a desbravar uma floresta-virgem" (esta até que esta formosa, pois, além de ser original, tem significado inteligível), "Vou-vos enfiar uma garrafa pela boca abaixo!" (ameaça vagamente caricata, tendo em conta o sujeito de enunciação da mesma e a impossibilidade da sua perpetuação), "Vocês estão a imprimir um tipo de aula que não me interessa nada!" (possivelmente é a impressora que tem defeito, tem de ir para reparação...), "Isto aqui não é um bazar!" (ao ouvires isto no meio da aula, até imaginas a turma toda de burca e de turbante numa azáfama em zelosas negociações, dignas de serem consideradas "da China"...), "Tenho de me levantar, estou com o cóccix a doer!" (imagina agora a tua professora, inicialmente muito serena a ouvir a leitura de um texto, a levantar-se de súbito, interrompendo o leitor, e a massajar a zona do nervo ciático...), "Eu não sou mais tempo de antena!" (será que ela estava a fazer propaganda que não devia?!), "Está-se a concentrar nos braços de Morfeu" (esta está divina, principalmente porque foi bem aplicada; foi dirigida a um aluno que estava a fazer da sua secretária uma almofada e da sala, um dormitório...), "Ainda não vos mandei para aquela parte porque ainda não calhou" (aí está como insinuar má-educação sem se perder, contudo, a compostura cordial; note-se a repetição do "ainda", o que demonstra a eventualidade de esse "ainda" ser transposto e de a professora vir a reiterar a afirmação, mas sendo mais direta).»