Medicina

 
Olá!
Eu gostava de um dia fazer investigação em Neurociência, acham que para isso é preferível escolher medicina ou engenharia biomédica?

É difícil escolher porque se queres fazer Neurociência deves mesmo optar por um mestrado em Neurociências/Neurobiologia e ambos os cursos que disseste são de 5/6 anos já com mestrado incluído...
 
Por seres boa pessoa é que eu desejo a honra de poderes assistir "duas" vezes

P.s. Só agora reparei que faltam umas aspas em duas

Acho que era mais em "assistir". #faleci
 
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Acho que era mais em "assistir". #faleci
Desculpa mas não é só assistir, também tens de participar uma vez que o seminário tem de ser mais dinâmico
 
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"O exame tem um peso enorme na carreira, pois é a única forma de aceder à especialidade."
É mesmo a única forma? Pergunto isto porque acho que alguém me disse que a média do curso também contava (mas pouco).
Agora vai passar a contar 20% da tua nota para concorrer à especialidade. Antes era 100% o exame final (O infame Harrison)
 
Se existem esses problemas, porque é que o curso de Medicina continua com o mesmo número de vagas?
 
Se existem esses problemas, porque é que o curso de Medicina continua com o mesmo número de vagas?
Porque ha a percepção de faltas de médicos quando na realidade ha é ma distribuição destes. Porque redução de vagas implica que haja uma subida das medias o que não e visto com bons olhos para quem quer entrar em Medicina. Ha muitos motivos mas acho que não vale a pena estar aqui a dissecar o assunto
 
Médicos: 25% estão deprimidos e 40% exaustos emocionalmente

Muito preocupante. Não é nada que me surpreenda, mas confesso que não estava a espera que os números fossem superiores nos médicos mais jovens. Sempre pensei que o burnout fosse aumentando com a idade/anos de carreira (que é o que acontece nos EUA por exemplo). Seria interessante perceber as razões para esta diferença.
 
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Tem estado na moda criticar os Médicos e isso vê-se bem pelos comentários do Reddit ou em qualquer jornal online. Infelizmente tem sido essa a tendência...

Vocês têm noção que alguém de fora (que não é médico, não está em medicina nem quer entrar em medicina) lê notícias a dizer que há falta de médicos e depois, se for preciso apenas passadas umas semanas, lê notícias a dizer que há médicos a mais. Ninguém compreende. Nas notícias falam da falta de médicos em centros de saúde. Falta de especialidades nas urgências. Os médicos obrigados a trabalhar 24h seguidas. O homem que foi 11 vezes às urgências e não detectaram um tumor.

A sério, o que acham que as pessoas vão pensar? Claro que as pessoas vão descascar nos médicos. Ainda para mais quando ainda existe a ideia de que os médios ganham rios de dinheiro.

Mas digam-me, se não há falta de médicos, porque é que há médicos a trabalhar 24h seguidas?
 
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Vocês têm noção que alguém de fora (que não é médico, não está em medicina nem quer entrar em medicina) lê notícias a dizer que há falta de médicos e depois, se for preciso apenas passadas umas semanas, lê notícias a dizer que há médicos a mais. Ninguém compreende. Nas notícias falam da falta de médicos em centros de saúde. Falta de especialidades nas urgências. Os médicos obrigados a trabalhar 24h seguidas. O homem que foi 11 vezes às urgências e não detectaram um tumor.

A sério, o que acham que as pessoas vão pensar? Claro que as pessoas vão descascar nos médicos. Ainda para mais quando ainda existe a ideia de que os médios ganham rios de dinheiro.

Mas digam-me, se não há falta de médicos, porque é que há médicos a trabalhar 24h seguidas?

Mas essas notícias de falta de médicos/excesso de médicos não é culpa da profissão mas sim da comunicação social+políticos. Como eu disse no post anterior há é má-distribuição de médicos (excesso no litoral e escassez na periferia) e também há especialidades (especialmente dos cuidados primários) onde há défice.
Medicina Interna é uma especialidade onde há falta de médicos e parte da razão porque não se formam mais é que não há capacidade formativa para tal (porque é preciso teres alguém mais velho a ensinar os mais novos) e também porque comparativamente com outras especialidades têm menos possibilidade de ganhar dinheiro. Curiosamente, é das especialidades que lida com os doentes mais complexos (idosos, muitos acima de 85 anos de idade, com diversas patologias a coexistirem no mesmo doente e com uma panóplia de medicamentos).

Os médicos são obrigados a trabalhar 24h, em parte porque as pessoas têm patologias/doenças/acidentes a qualquer hora. Se tu tiveres um acidente de mota às 3h da manhã, e estiveres ferido, queres que ao chegares ao Hospital tenhas médicos para te poderem examinar. Quem está de banco/urgência, faz 24 horas porque é assim que funciona. Não são todas as especialidades a fazer 24h mas por exemplo Medicina Interna é uma delas, Cirurgia Geral e mais outras. O problema das 24h não é a carga horário em si (que é pesada sem dúvida) mas as condições em que fazes essas 24h (salário que recebes, quantidade de doentes que tens de ver e especialmente a burocracia que nunca mais acaba...)
 
Mas essas notícias de falta de médicos/excesso de médicos não é culpa da profissão mas sim da comunicação social+políticos. Como eu disse no post anterior há é má-distribuição de médicos (excesso no litoral e escassez na periferia) e também há especialidades (especialmente dos cuidados primários) onde há défice.
Compreendo, também me parece ser essa a situação, pelo pouco que sei. O meu comentário era mais sobre "quem não faz ideia, claro que vai culpar os médicos", quando na realidade a maior parte do problema deve ser do ministério/coordenação de centros hospitalares/gestão dos hospitais (algo por aí).
Medicina Interna é uma especialidade onde há falta de médicos e parte da razão porque não se formam mais é que não há capacidade formativa para tal (porque é preciso teres alguém mais velho a ensinar os mais novos) e também porque comparativamente com outras especialidades têm menos possibilidade de ganhar dinheiro. Curiosamente, é das especialidades que lida com os doentes mais complexos (idosos, muitos acima de 85 anos de idade, com diversas patologias a coexistirem no mesmo doente e com uma panóplia de medicamentos).
E é daí a discussão de "existem demasiadas vagas para medicina" e "x número de estudantes sem vaga para especialidade", correto?
Os médicos são obrigados a trabalhar 24h, em parte porque as pessoas têm patologias/doenças/acidentes a qualquer hora. Se tu tiveres um acidente de mota às 3h da manhã, e estiveres ferido, queres que ao chegares ao Hospital tenhas médicos para te poderem examinar. Quem está de banco/urgência, faz 24 horas porque é assim que funciona.
Então mas isso não faz sentido nenhum. Em vez de um médico a fazer 24h de seguida, não faria mais sentido ter 3 médicos, 8h cada? Em vez de teres, por exemplo, um médico de segunda às 00h até às 24h, outro terça das 00h às 24h e outro quarta no mesmo horário, tens esses três, todos os dias, um faz 00h - 08h, outro faz 08h - 16h e o terceiro faz 16h-24h. Deve haver algum outro problema porque eu acho a solução simples demais. Se há médicos para fazer x horas em turnos de 24h também há para fazer as mesmas horas mais repartidas. Não é necessário um médico fazer 24h de seguida para teres sempre médicos de serviço.

"Quem está de banco/urgência, faz 24 horas porque é assim que funciona."

Mas não faz sentido. Posso estar enganado, mas os enfermeiros (que também têm de existir enfermeiros de serviço 24h/24h) também fazem turnos de 24h? Não conheço nenhuma outra profissão que seja necessário funcionar 24h por dia que tenha turnos tão grandes para assegurar o funcionamento (posso estar enganado, claro, ou são profissões menos mediatizadas).

O problema das 24h não é a carga horário em si (que é pesada sem dúvida) mas as condições em que fazes essas 24h (salário que recebes, quantidade de doentes que tens de ver e especialmente a burocracia que nunca mais acaba...)

Eu acho que o problema das 24h é a carga de horário em primeiro lugar. Ninguém está a 100% das suas capacidades depois de 15h, 18h, 22h horas de trabalho contínuo. Seja um canalizador, engenheiro, contabilista, padeiro, empregado de fábrica, o que for. Muito menos alguém que tem a vida de outras pessoas na mão.
 
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Então mas isso não faz sentido nenhum. Em vez de um médico a fazer 24h de seguida, não faria mais sentido ter 3 médicos, 8h cada? Em vez de teres, por exemplo, um médico de segunda às 00h até às 24h, outro terça das 00h às 24h e outro quarta no mesmo horário, tens esses três, todos os dias, um faz 00h - 08h, outro faz 08h - 16h e o terceiro faz 16h-24h. Deve haver algum outro problema porque eu acho a solução simples demais. Se há médicos para fazer x horas em turnos de 24h também há para fazer as mesmas horas mais repartidas. Não é necessário um médico fazer 24h de seguida para teres sempre médicos de serviço.



Mas não faz sentido. Posso estar enganado, mas os enfermeiros (que também têm de existir enfermeiros de serviço 24h/24h) também fazem turnos de 24h? Não conheço nenhuma outra profissão que seja necessário funcionar 24h por dia que tenha turnos tão grandes para assegurar o funcionamento (posso estar enganado, claro, ou são profissões menos mediatizadas).



Eu acho que o problema das 24h é a carga de horário em primeiro lugar. Ninguém está a 100% das suas capacidades depois de 15h, 18h, 22h horas de trabalho contínuo. Seja um canalizador, engenheiro, contabilista, padeiro, empregado de fábrica, o que for. Muito menos alguém que tem a vida de outras pessoas na mão.
Há quem defenda que deve mesmo fazer as 24h seguidas para seguir melhor o doente. A maior parte do que se passa nas Urgências não é tratada em 5 minutos como nas séries; demora, mesmo com boas práticas, umas horas. Passam-se horas entre chegares, fazerem-te o exame físico, fazeres análises ao sangue, ires à Radiologia fazer raio-x/TC/RM/eco, vir o relatório desse mesmo exame, esperar que faças as x horas de jejum aconselhado até à cirurgia, esperar que o bloco esteja preparado e com a equipa pronta... Se de em 8 em 8h estiveres a mudar de médico, ele vai voltar a ter de rever o processo todo. Com turnos de 24h a probabilidade de um médico te conseguir seguir desde que entras no serviço até estares bem encaminhado aumenta. Claro que o que tu dizes de 24h ser muito tempo para uma pessoa manter as suas capacidades é muito válido, e por isso é que isto não é propriamente consensual.
Por enquanto, se forem às Urgências e virem o médico a ir buscar um café, uma sandes ou simplesmente parar um bocadinho para descansar, tentem pôr-se no lugar dele e pensar que de facto é preciso pausas para aguentar 24h (ou mesmo 8h!) no melhor estado possível :)

Mas acho que as queixas dos médicos nem são tanto as de fazer 24h seguidas, digamos, uma vez por semana. São sim as de fazer 24h seguidas e dois dias depois repetir a dose, e de, em certos serviços acabar o turno da Urgência para irem diretamente para o trabalho "normal" nas enfermarias/consultas. E muitas vezes pagos à hora com valores semelhantes aos de trabalhadores não-qualificados com responsabilidades muito menores. ;)
 
E é daí a discussão de "existem demasiadas vagas para medicina" e "x número de estudantes sem vaga para especialidade", correto?
Sim porque infelizmente estamos no limite da capacidade formativa (tanto de tutores e de população - isto porque tens que ter um mínimo de doentes para a tua formação ser correcta).

Então mas isso não faz sentido nenhum. Em vez de um médico a fazer 24h de seguida, não faria mais sentido ter 3 médicos, 8h cada? Em vez de teres, por exemplo, um médico de segunda às 00h até às 24h, outro terça das 00h às 24h e outro quarta no mesmo horário, tens esses três, todos os dias, um faz 00h - 08h, outro faz 08h - 16h e o terceiro faz 16h-24h. Deve haver algum outro problema porque eu acho a solução simples demais. Se há médicos para fazer x horas em turnos de 24h também há para fazer as mesmas horas mais repartidas. Não é necessário um médico fazer 24h de seguida para teres sempre médicos de serviço.
Faz sim porque as urgências são um caos autêntico. Não sempre e não a todas as horas mas há alturas que é um inferno autêntico. Como a fish disse se tiveres que andar a trocar de turnos de 8h em 8h então aí as filas de espera ainda seriam maiores! Isto porque tens que informar a nova equipa dos doentes que tens e o naqueles mais urgentes o que se tem de fazer. Por exemplo, uma apendicite que entre às 23h na urgência pode ser só operado a meio da noite porque entretanto é preciso pedir análises, RX, ECG, etc. Já para não falar de recolher história clínica, exame físico, alergias, etc. E depois a questão de: para onde irá este doente? Há vagas nalgum hospital? Isso implica também pegar no telefone e falar com os colegas para saber (há alturas que se perde mesmo muito tempo a fazer isto).

E repara que isto vem de alguém que anda no 3º ano. O que te estou a falar é uma perspectiva de aluno. Porventura quem é mesmo Médico poderá acrescentar mais coisas importantes e até corrigir algumas delas.

PS: eu penso que esta discussão é bastante útil e penso que não se enquadra em offtopic porque são questões que irá tocar qualquer aluno que vá entrarem Medicina.