Pois. Há sempre alguém que fica prejudicado e outros não. Por exemplo, esses 30% podem não parecer muito mas para os casos dos alunos que têm uma média interna de 10 e precisam de um 8,5 para passar no exame, há um stress imenso pois se já era difícil durante o ano letivo, imagina no exame.
Os exames nacionais supostamente são instrumentos de avaliação global, feitos para avaliar as aprendizagens desenvolvidas durante a disciplina. Se são justos e adequados ao seu objetivo é outra conversa e não interessa diretamente para esta discussão (não é um problema da legislação, mas sim de quem os faz).
Dito isto, e supondo que cumprem a sua função, se um aluno não atinge um certo valor é porque, supostamente, não desenvolveu as aprendizagens necessárias para progredir na disciplina (o princípio é o mesmo do que nos testes, apesar de poder ter outros motivos que estão em baixo). Ainda por cima, há a margem de 1,5 valor.
O que eu disse é polémico, eu sei, mas os 30%, em si, não é o problema de todo. A cultura/obsessão dos exames, a própria estrutura da prova, a deficiente preparação ou desigualdade da mesma entre alunos, etc. Isso, sim, é o problema e não se resolve com a abolição dessa percentagem na CIF (esta abolição não teria impacto nenhum nas mesmas, inclusive).
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Resumindo, para mim, os três maiores problemas do ensino secundário (relacionados com esta discussão) são:
- As diferenças entre alunos na mesma e escola e entre escolas- Desigualdades socioeconómicas dos alunos, condições das escolas, professores, etc.
- A desvalorização da saúde mental- A saúde mental ainda é pouco valorizada e a falta de apoio nesse campo cria as tais situações de ansiedade, aproveitamento baixo, depressões, entre outros.
- A cultura dos exames- Apesar das percentagens e de serem provas de ingresso, a aprendizagem tem de ser mais virada para ela mesma e não para a realização de uma prova. Como? Ainda não pensei o suficiente, mas é mudar a mentalidade, diria eu.