Olá! Já disseram praticamente tudo, mas decidi vir deixar a minha perspetiva.
No início eu também tinha bastante receio da praxe, não sabia como era, nem se me ia ajudar na integração. Mas ajudar que seria importante tirar as minhas próprias conclusões. E assim fiz.
O primeiro dia foi o choque, até chorei, e estava decidida a desistir. Depois do primeiro jantar de praxe, ainda mais. Bebi, assim como quase todos os meus colegas. Não fui obrigada, mas senti aquela pressão de me integrar e ser igual aos outros.
Já tinha decidido desistir no fim da primeira semana. Cheguei à segunda feira da semana seguinte, e escolhi ficar. A partir daí tive dias de praxe divertidos, cansativos, desgastantes. Mas nunca estive sozinha. Porque na praxe tu não vives nada sozinho, não vives nada que os teus colegas não vivam ou que os teus doutores tenham vivido. Mesmo que às vezes me custasse, os doutores falavam com os caloiros, ouviam-nos, apoiavam-nos. E depois tinha os meus colegas que eram praxados tal como eu, que se apoiavam uns aos outros quando a praxe se tornava mais difícil. Às vezes fazíamos coisas estúpidas, sem sentido, mas não havia nenhum momento em que alguém ficasse sozinho. Fazíamos jogos, divertiamo-nos. Nos próximos jantares eu disse não imensas vezes, e ninguém me obrigou a nada. Nunca. E sempre que algo corria menos bem, ou sempre que alguém queria desistir, todos estávamos lá para ajudar.
Fiquei até ao último dia de praxe, fui batizada, julgada. E acredita, no primeiro dia sem praxe, eu passei pela entrada do pólo onde eu já tinha sido praxada, e apercebi-me da falta que a praxe ia fazer. Os dias começaram a parecer mais vazios, como se faltasse alguma coisa. E de facto faltava.
Ainda hoje (não que tenha passado assim tanto tempo, visto que vou para o 2° ano) falo com colegas meus de praxe acerca de imensas coisas que fizemos na praxe, e rimo-nos imenso. Pensamos em como a praxe mudou o nosso ano de caloiros, mesmo tendo sido difícil.
A praxe é daquelas coisas às quais só dás valor quando acaba. A praxe não é humilhação, a praxe é apoio, é companheirismo. Sei de pessoas que saíram da praxe e se arrependem. E se eu tivesse desistido naquela primeira semana de praxe, o meu ano de caloira nunca teria sido tão bom. É na praxe que encontro o sentido para o meu ano de caloira. Foi a praxe que fez de mim uma caloira feliz e orgulhosa por ter ficado até ao fim. E o porquê disso? Eu não estava sozinha. Porque na praxe, ninguém está sozinho. Na praxe existe um só.
Por isso o meu conselho é tirares as tuas próprias conclusões, cada pessoa tem as suas vivências e perspetivas, e esse é um direito de todos os caloiros. Por mais opiniões que vejas na net, essas são muito relativas. E pensa, o ano de caloiro é a tua única oportunidade. Só se é caloiro uma vez, e apesar de todas as dificuldades que te possam surgir, o teu ano de caloiro é o teu ano. Vive-o ao máximo, acima de tudo. E a praxe faz parte.
Espero ter ajudado!