Olá
@Tiago89 obrigada por partilhares a tua opinião. Gostava de saber, se quiseres discutir, outras opiniões tuas, no que toca a estas perguntas: Não achas preocupante haver falta de futuro para esses cursos a que te referes como não tendo grande saída? Não deveriam todas as áreas do conhecimento ser valorizadas de igual forma? Num assunto diferente, não achas que, pelo menos em Portugal, existe muito pouca variedade de cursos superiores a serem leccionados, o que pode desmotivar ainda mais os mais indecisos? Exemplo: há muitos cursos que se "repetem" de uni para uni, quase todas, mas mesmo todas as universidades públicas nacionais oferecem o curso de biologia, bioquímica ou engenharia informática, por exemplo. Depois há imensos cursos que, embora tendo nomes diferentes, resumem-se muito à mesma coisa, acabam por ser "repetitivos", sentes isto? Eu acho que não fazia mal criarem cursos de "áreas/temas" novos, ou outros mais multidisciplinares (para aquelas pessoas que gostam um pouco de tudo), enfim, cursos mesmo diferentes.
Já agora, essas engenharias e a medicina a que te referes, dizes que vale a pena tirar, eu respeito, mas na minha opinião, só vale mesmo a pena se a pessoa em questão vir aí o seu sonho e gostar mesmo desses cursos.
Sei que pediste ao Tiago mas bom, vou dar a minha, já que puseste essas perguntas:
"Não achas preocupante haver falta de futuro para esses cursos a que te referes como não tendo grande saída? Não deveriam todas as áreas do conhecimento ser valorizadas de igual forma?" Preocupante... depende do que falas. Falemos do exemplo que eu conheço melhor: enfermagem e medicina. Imagina que vivias num país onde existia uma população de 3000 pessoas, dessas 3000, 500 queriam ser médicos e 600 enfermeiros, só para teres uma noção, em Lisboa, um médico de família de uma unidade de saúde familiar tem cerca de 1000 pacientes, mesmo se fossem só 500 - e parece um número EXURBITANTE, na verdade é bastante razoável, tendo em conta que trabalhas das 9 às 17, com uma hora de pausas no total, consultas de 45 minutos, recebias 10, 11 pacientes. Se trabalhares 7 dias por semana, recebes no mínimo 70 pacientes, chegavas às 6 semanas e 1 dia de trabalho com todos os teus utentes atendidos -, só precisarias de 6 médicos e, tendo em conta que cada enfermeiro (de Lisboa) tem 2000-3000 pacientes na mesma unidade, precisavas, mudando o nº de utentes de 3000 para 1500, de 2 enfermeiros... Damos os especialistas, turnos, darias emprego a 50/60 médicos e 80 enfermeiros, mais ou menos. Como é que justificavas, em orçamento de estado, dares emprego aos 500 mil wannabe médicos e a 600 wannabe enfermeiros, se só precisas de 60 e 80, de cada?
O mesmo serve para as restantes profissões, se o estado pode sobreviver com X empregados de uma certa profissão, porquê gastar recursos com X+1? entendes? Depois há as áreas que não são exploradas/são mal exploradas em Portugal mas, mais uma vez, tudo volta a dinheiro...
"Num assunto diferente, não achas que, pelo menos em Portugal, existe muito pouca variedade de cursos superiores a serem leccionados, o que pode desmotivar ainda mais os mais indecisos? Exemplo: há muitos cursos que se "repetem" de uni para uni, quase todas, mas mesmo todas as universidades públicas nacionais oferecem o curso de biologia, bioquímica ou engenharia informática, por exemplo. Depois há imensos cursos que, embora tendo nomes diferentes, resumem-se muito à mesma coisa, acabam por ser "repetitivos", sentes isto? Eu acho que não fazia mal criarem cursos de "áreas/temas" novos, ou outros mais multidisciplinares (para aquelas pessoas que gostam um pouco de tudo), enfim, cursos mesmo diferentes."
Não sei se estás familiarizada com o ensino superior mas quem dá popularidade a um curso ou outro são os alunos, não as instituições. As instituições abre as vagas, claro mas é sempre com base na afluência de estudantes. Imagina que tu tens interesse em Astronomia (falado no tópico do diário), não há uma licenciatura para isso neste momento porque deixou de haver afluência a esse curso, não se justificava estar a pagar a professores e gastar recursos para ter 10 ou 20 alunos (normalmente as vagas, excluindo certos casos... são algo superior a 1000 - na Grande Lisboa, por exemplo, não posso falar do Alentejo nem do Algarve porque não sei). Quanto a cursos iguais em faculdades diferentes, vem tudo tocar a dois pontos: localidade e competitividade. Quanto melhor uma faculdade (pública), melhor o seu orçamento. Quanto a localidade, se calhar, justifica-se ter 1 curso de biologia ou de engenharia civil em todas as unis do país porque há muitas pessoas a acederem a esses cursos, mesmo dentro de um mesmo distrito.
Resumindo: não há dinheiro para todos os cursos terem saída, os alunos "fazem" as vagas, cursos com muito acesso, precisam de várias faculdades com o mesmo curso (porque uma faculdade não pode ter 10 000 alunos num curso...)