Questões LGBTQIA+

 
Nada contra a Ellen Page ser transgénero, cada pessoa é livre de se identificar ou fazer as operações que achar necessárias para se sentir bem consigo mesma. Agora, será que é necessariamente insultuoso referir-se na notícia pelos pronomes femininos que sempre a caracterizaram a vida toda até ao momento?
Até por uma questão de enquadramento da notícia, se referir-se apenas que Elliot Page assumiu ser transgénero e mesmo referindo os filmes em que protagonizou, a maioria das pessoas não o iria reconhecer. Iria reconhecer sim pelo nome Ellen e pela fotografia enquanto mulher que são a identidade pela qual foi sempre conhecida. E mesmo com o passar do tempo, a sua identidade passada assim como os filmes que protagonizou irão ser sempre relembrados pela sua identidade enquanto atriz.
Seria o mesmo que agora o Cristiano Ronaldo assumir-se transgénero e passar-se a chamar Joana. Todos os fãs de futebol, por mais que começassem a referir-se enquanto Joana, iria ser sempre relembrado pelos feitos enquanto Cristiano Ronaldo. A fim ao cabo é a mesma pessoa mas com duas identidades diferentes cuja nenhuma das mesmas deve ser reprovável de ser referida, na minha opinião.
Acho que independentemente de ser "estranho" para os outros ou não, o mínimo que podemos fazer é respeitá-lo. Isto é algo que só diz respeito a ele e mais ninguém. As pessoas não passam a ter direito a uma opinião sobre a forma como o devem tratar só porque o viram em algum filme ou em algum contexto social...

Da mesma forma que se algum João se sentir mais confortável a ser chamado de Jota ou pelo sobrenome, toda a gente vai passar a chamá-lo por Jota ou pelo sobrenome sem grande aparato. A diferença é que para uma pessoa transgénero a mudança está sobre algo muito mais profundo e importante do que passar a ser tratado por Jota com consequências muito reais a nível pessoal e psicológico. Fico feliz pelo Elliot por ter tido a coragem que teve, não deve ter sido uma decisão fácil mas o mais importante é viver a nossa verdade.
 
Última edição:
O Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, André Moz Caldas, deu uma entrevista à revista da Universidade de Lisboa na qual, entre outros assuntos, comentou o tema da homofobia e da sua orientação sexual. O excerto relevante:

Não sei exatamente porque é que a homofobia existe. Acho que é um jugo do qual a sociedade se libertará, mas ainda há algum caminho para lá chegar. O que é que podemos fazer? As pessoas públicas viverem a sua homossexualidade com naturalidade. Sou o primeiro membro do governo casado com uma pessoa do mesmo sexo e não faço disso especial alarde público, mas também não sinto que seja apenas um aspeto da minha vida pessoal. E espero que isso possa significar, para os jovens portugueses, que não estão condenados a um ostracismo. Se houver um jovem que, pelo meu exemplo, se possa sentir mais livre para viver a sua orientação sexual abertamente, eu ficaria muito feliz. Nunca me senti vitimizado em razão da minha orientação sexual, mas tenho consciência de que, sendo de Lisboa e de um contexto social e familiar progressista, a minha experiência não se compara com a de outras pessoas homossexuais. Não nos podemos permitir vitimizar-nos, e devemos desarmar os nossos adversários vivendo abertamente a sexualidade. Ninguém me pode aviltar em função da minha orientação sexual, porque não o admito. Se alguém me aviltar, não me posso sentir diminuído – sinto, pelo contrário, que o outro é diminuído. Enquanto sociedade, temos de perceber que existe diversidade e que as pessoas não são diminuídas por integrarem uma minoria, de índole sexual ou outra. E quem pertence a uma minoria tem de ter uma grande energia para se dar permanentemente ao respeito.

A entrevista completa pode ser encontrada aqui: https://www.ulisboa.pt/sites/ulisboa.pt/files/publications/files/revista_ulisboa_16.pdf
 
Última edição:
new pronouns just dropped, pls use them
Doctor-Who.jpg
 
No IST também foi criado um no fim do ano passado. Se quiserem ver as reacções à criação do mesmo é só passarem pelos comentários desta publicação: :rolleyes:
Clara Pereira

Estava a procrastinar muito e tive um momento de "hey, conheço esta pessoa!" (o que é pouco surpreendente, o QueerIST foi criado essencialmente por pessoas de MEFT, com o que aliás muita gente goza nestes comentários). Nestes 3 anos, o QueerIST fez um excelente trabalho (e ótimos churrascos) e um núcleo que pelo que me contam teve dificuldade em ser aprovado na AGA da AEIST é agora um dos núcleos cuja atividade a associação - e o mesmo o IST - mais publicita, merecidamente. O MEFT é um bocado uma bolha muitas vezes isolada do resto do Técnico e por isso a minha visão pode ser bastante enviesada, mas parece-me que o ambiente no IST tornou-se mais inclusivo e parece-me difícil de acreditar que isso não se deve em boa parte ao trabalho do QueerIST e à coragem da Clara (e da Rita e de vários outros).
 
Estava a procrastinar muito e tive um momento de "hey, conheço esta pessoa!" (o que é pouco surpreendente, o QueerIST foi criado essencialmente por pessoas de MEFT, com o que aliás muita gente goza nestes comentários). Nestes 3 anos, o QueerIST fez um excelente trabalho (e ótimos churrascos) e um núcleo que pelo que me contam teve dificuldade em ser aprovado na AGA da AEIST é agora um dos núcleos cuja atividade a associação - e o mesmo o IST - mais publicita, merecidamente. O MEFT é um bocado uma bolha muitas vezes isolada do resto do Técnico e por isso a minha visão pode ser bastante enviesada, mas parece-me que o ambiente no IST tornou-se mais inclusivo e parece-me difícil de acreditar que isso não se deve em boa parte ao trabalho do QueerIST e à coragem da Clara (e da Rita e de vários outros).
De quem entrou no Técnico em 2006, esteve lá uns anos, saiu para ir fazer outras coisas, e tendo agora voltado em 2019 para o mestrado, o ambiente no Técnico está efetivamente muito melhor. Creio que todos nós, entretanto, já evoluímos como sociedade em muitas questões, e isso se vai também refletir no ambiente das universidades. Mas não vejo como é que sequer haveria espaço para uma proposta destas no Técnico que eu frequentei em 2006.

A evolução que noto no Técnico vai em todos os sentidos e vê-se em "pequenas" coisas que acho que hoje têm “grandes” efeitos. Eu entrei num Técnico com um órgão de gestão 100% masculino. Do Presidente, aos Vice-Presidentes aos vogais. Todos os presidentes dos restantes órgãos, da Assembleia de Representantes, ao Conselho Científico ao Pedagógico eram homens. Todos os que constituíam a Assembleia de Representantes eram homens. Só havia mulheres em cargos secundários do Conselho Científico e do Pedagógico, e apenas uma em cada um deles. Hoje o Técnico tem um Conselho de Gestão com 50% dos seus 10 vice presidentes mulheres, 8 em 25 dos membros do Conselho Científico são mulheres, e o Conselho Pedagógico é presidido por uma mulher, tem 5 em 11 representantes dos professores mulheres e 5 em 12 dos representantes dos estudantes são mulheres. O rácio homens / mulheres nos estudantes do Técnico anda hoje nos 70% / 30%, pelo que me parece que existiu uma evolução na representação gigante em pouco mais de 10 anos, o que acredito que possa ter ajudado a criar um ambiente mais inclusivo a todos os níveis, combatendo alguma da masculinidade tóxica que se sentia no Técnico da altura. Ainda não existiu uma mulher como Presidente da instituição em +100 anos de história, mas lá chegaremos um dia, espero eu.
 
Bem, há uns meses contei à minha psicóloga que estava a experienciar disforia mas não foi algo abordado porque não estava pronto para falar acerca do assunto. Contudo, tornou-se insuportável e desabafei tudo e ela ajudou-me a contar à minha mãe. A psicóloga foi extremamente querida e sensível ao tema, mas não sei como lidar com a minha mãe (que é a única pessoa que sabe para além dos meus amigos). Chegámos a um compromisso de que enquanto não tenho diagnóstico e não avanço com a parte hormonal, ela usará o meu deadname e os pronomes do género que me foi associado à nascença. Contudo, ela tem feito perguntas e afirmações muito invasivas (especialmente sobre a minha vida sexual) e não sei mesmo como me impor pois se lhe disser que essas perguntas são inapropriadas, sou rotulado como intolerante e sensível.
Noutras notícias, estou urgentemente à procura de emprego para poder pagar binders (a minha família não me ajudará com isso) e futuramente, cirurgias (felizmente, a minha mãe apoia a parte hormonal), mas está mesmo difícil. Um supermercado perto de minha casa está à procura de funcionários, mas o processo de recrutamento ainda não acabou e pronto, desculpem o rant.
 
Recado para qualquer pessoal transmasculina a ler isto: tenham muito cuidado a fazer binding. Ontem usei durante demasiado tempo (porque me dá conforto) e já fiquei com as costelas e ombros doridos. Aprendam com os meus erros e tenham cuidado. xD
Assinado: my dumb self
 
Recado para qualquer pessoal transmasculina a ler isto: tenham muito cuidado a fazer binding. Ontem usei durante demasiado tempo (porque me dá conforto) e já fiquei com as costelas e ombros doridos. Aprendam com os meus erros e tenham cuidado. xD
Assinado: my dumb self

Já experimentaste ir trocando o binder com ligaduras? Havia um gajo que conhecia que ele ia trocando durante o dia.
 
Eu uso mesmo um colete. Agora vou tirando pausas ao longo do dia e faço alongamentos depois de o tirar.
Ahhh ok! Ainda bem ^^

Soon 🔪😊 manifesting
 
Ainda vai demorar. Pelo menos eu queria estar com HRT primeiro, essa é mesmo a minha prioridade!

Espero que consigas! Será que consegues ter acesso mais rápido com um profissional de saúde mental?
 
Não sei se é permitido mas... há um projeto que acho que vocês iriam gostar!
 
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Já experimentaste ir trocando o binder com ligaduras? Havia um gajo que conhecia que ele ia trocando durante o dia.

Disclaimer: não sou trans. Mas sou do 6º ano de medicina, se isso servir de alguma coisa. Não usem ligaduras, por favor 😞. Um binder permite distribuir as forças compressivas enquanto que as ligaduras não.
Agora com licença, vou regressar ao meu recolhimento.
 
Disclaimer: não sou trans. Mas sou do 6º ano de medicina, se isso servir de alguma coisa. Não usem ligaduras, por favor 😞. Um binder permite distribuir as forças compressivas enquanto que as ligaduras não.
Agora com licença, vou regressar ao meu recolhimento.

Que grande hibernação. 😲 Aparece mais vezes!
 
Disclaimer: não sou trans. Mas sou do 6º ano de medicina, se isso servir de alguma coisa. Não usem ligaduras, por favor 😞. Um binder permite distribuir as forças compressivas enquanto que as ligaduras não.
Agora com licença, vou regressar ao meu recolhimento.
Yup. Comprei um binder apropriado ao meu tamanho, tenho que comprar outro tho, rip. xD
Aparece mais vezes!! T^T
 
Disclaimer: não sou trans. Mas sou do 6º ano de medicina, se isso servir de alguma coisa. Não usem ligaduras, por favor 😞. Um binder permite distribuir as forças compressivas enquanto que as ligaduras não.
Agora com licença, vou regressar ao meu recolhimento.

Mas se a pessoa não tem outro binder, e não consegue mesmo estar sem algo que tape, sempre é melhor que nada. Não sei.
 
De quem entrou no Técnico em 2006, esteve lá uns anos, saiu para ir fazer outras coisas, e tendo agora voltado em 2019 para o mestrado, o ambiente no Técnico está efetivamente muito melhor. Creio que todos nós, entretanto, já evoluímos como sociedade em muitas questões, e isso se vai também refletir no ambiente das universidades. Mas não vejo como é que sequer haveria espaço para uma proposta destas no Técnico que eu frequentei em 2006.

A evolução que noto no Técnico vai em todos os sentidos e vê-se em "pequenas" coisas que acho que hoje têm “grandes” efeitos. Eu entrei num Técnico com um órgão de gestão 100% masculino. Do Presidente, aos Vice-Presidentes aos vogais. Todos os presidentes dos restantes órgãos, da Assembleia de Representantes, ao Conselho Científico ao Pedagógico eram homens. Todos os que constituíam a Assembleia de Representantes eram homens. Só havia mulheres em cargos secundários do Conselho Científico e do Pedagógico, e apenas uma em cada um deles. Hoje o Técnico tem um Conselho de Gestão com 50% dos seus 10 vice presidentes mulheres, 8 em 25 dos membros do Conselho Científico são mulheres, e o Conselho Pedagógico é presidido por uma mulher, tem 5 em 11 representantes dos professores mulheres e 5 em 12 dos representantes dos estudantes são mulheres. O rácio homens / mulheres nos estudantes do Técnico anda hoje nos 70% / 30%, pelo que me parece que existiu uma evolução na representação gigante em pouco mais de 10 anos, o que acredito que possa ter ajudado a criar um ambiente mais inclusivo a todos os níveis, combatendo alguma da masculinidade tóxica que se sentia no Técnico da altura. Ainda não existiu uma mulher como Presidente da instituição em +100 anos de história, mas lá chegaremos um dia, espero eu.

Quando era inocente pensava que o IST por ser "só homens" teria um ambiente bastante tóxico, tipo balneário de futebol, mas depois o meu primeiro namorado era de lá e depois dele tive outras relações com pessoas também de lá (devia ter uma pancada por engenheiros, lol). Na altura fiquei muito surpreendido porque pensava que aquilo era só machos alfa super homofóbicos.