Entre elas, que não há abraço mais quente do que em bloco, que não há sorriso mais sentido do que o trocado com o colega do lado e que partilhar é tudo. Ser vulnerável e humilde é ser forte e que tudo o que somos, somos como um todo.
Quem nos praxa é um amigo disfarçado e, tudo o que faz, só o faz por querer dar aos seus caloiros o melhor ano de sempre, como também já teve o seu. É um pai que se preocupa com os seus filhos e se sacrifica para os fazer crescer. Sofre connosco a dor que sentimos mas sabe que há coisas que têm que ser feitas e não são fáceis. Há maus doutores? Também há maus pais, ambos devem ser penalizados. Não, eles não são bichos maus e papões, são pessoas que encenam um teatro sério no qual são os maus da fita. Tudo isto para que quando, as grandes adversidades aparecerem, os caloiros saibam lidar com elas. Como? Juntos e humildes. Todos aqueles que me (bem) praxaram têm um lugar especial e insubstituível no meu coração, por tudo o que me transmitiram e pelos momentos de praxe que nunca vou esquecer.
Abdiquei? Sim. A toda a hora, o Homem abdica de pequenas coisas em prol de coisas de maior valor. A liberdade é um mito: somos livres de escolher quais as amarras que queremos que nos condicionem, aquelas que valem a pena (Estado, Educação, Trabalho, Casamento… Em tudo se abdica). Basicamente, confiei parte da minha liberdade; em troca deram-me o melhor ano de sempre com o melhor grupo que poderia ter. Fair enough? Berramos, enchemos e sujamos-mos por orgulho no que somos e não porque nos obrigaram. Se o colega do lado consegue, todos conseguiremos, juntos.
É este o sentimento colectivo que tem faltado em muitas sociedades. As pessoas são cada vez mais egocêntricas e não entendem que quando esquecem as adversidades e diferenças do grupo, quando esquecem as futilidades e caprichos da sua individualidade e, finalmente, se unem incondicionalmente, magia acontece e todos ganham.
Não, a praxe não deve ser levada ao extremo (há limites para tudo) e não, não sou a favor da praxe, em geral. Sou a favor da MINHA praxe que EU tive e COMO tive. Essa sim, valeu a pena.
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Este texto faz parte de uma nova série de textos de opinião de alunos do ensino secundário e superior sobre a sua visão do ensino e da educação.
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