Investigadora portuguesa distinguida por projecto sobre doença inflamatória intestinal

Uma investigadora do Instituto de Investigação e Inovação (i3S), no Porto, foi distinguida pela Organização Internacional para o Estudo das Doenças Inflamatórias Intestinais (IOIBD) com um projecto que visa “identificar a causa da doença e definir estratégias preventivas”.

Em entrevista à Lusa, Salomé Pinho, líder do grupo de investigação Immunology, Cancer & GlycoMedicine do i3S da Universidade do Porto e a primeira investigadora portuguesa a ser premiada pela IOIBD, revelou que o projecto visa “identificar a causa e prevenir o desenvolvimento” da doença inflamatória intestinal, que engloba a Doença de Crohn e a Colite Ulcerosa.



“Neste momento o que existe é o tratamento após o diagnóstico e toda uma panóplia de avaliações clínicas, terapêuticas e de monitorização do doente. O que pretendemos é actuar antes, ou seja, na prevenção e na capacidade de prever o início da doença”, frisou a investigadora.

O projecto, denominado “Predict: Identificação de mecanismos causais na doença inflamatória intestinal”, e que conta com a colaboração do médico e professor americano Jean-Frederic Colombel e de investigadores da Faculdade de Medicina Icahn (Estados Unidos da América), vai analisar, numa primeira fase, uma população de indivíduos americanos “única a nível mundial”. “Esta população vai nos permitir estudar o antes e o depois da doença, isto porque são indivíduos que não tinham a doença, mas que, entretanto, a desenvolveram”, contou.

Segundo Salomé Pinho, a doença inflamatória do intestino tem, a nível mundial, um pico de incidência entre os 15 e 30 anos, afectando sobretudo a população mais jovem e activa. “Esta é uma doença devastadora porque o comprometimento social destes doentes é imenso e porque obriga a hospitalizações consecutivas. Portanto, qualquer estratégia que possa identificar os mecanismos causais vai abrir seguramente janelas para o desenvolvimento de terapias capazes de prevenir o desenvolvimento da doença”, frisou.

O projecto, que se inicia em Janeiro, pretende assim, nos próximos três anos, definir estratégias de prevenção e desenvolver “metodologias inovadoras”. “Vamos desenvolver metodologias de diagnóstico não-invasivas e que vão permitir identificar qual a via que está por detrás dos mecanismos desta doença”, acrescentou Salomé Pinho.

Esta é a primeira vez que uma investigadora portuguesa é distinguida pela Organização Internacional para o Estudo das Doenças Inflamatórias Intestinais (IOIBD), uma organização que reúne médicos e cientistas internacionais e que financia projectos inovadores para o desenvolvimento de tratamentos curativos da doença.