“Na nossa faculdade existe uma cultura do medo. Medo se falamos mais do que devíamos. Há quatro anos que estou aqui e que sinto essa cultura.”
Há pouco tempo, os alunos da FDUL fecharam a universidade. Exigiam respeito. Direito (enquanto curso), por tudo o que lhe é inerente, é uma área propensa ao insuflar de egos, ao excesso de poder, à demagogia e aos vícios. Não deixa de ser sintomático que parta dos alunos dessa área esta acção.
As universidades, ao contrário do que se faz crer, vivem na mais completa rebaldaria: Há vários (muitos?) professores com pedagogia (engraçada a parte em que se exige mestrado aos alunos para a vertente pedagógica, mas parte dos professores não a tenha) de pneu, fazem o que querem, vivem para o umbigo, ignoram os regulamentos, tratam os alunos ora com condescendência, ora com injustiça, etc etc etc. Os serviços funcionam a carvão. Mas tudo se paga. As pessoas sujeitam-se por receio. Ninguém faz nada.
O ensino superior é uma putice. Uma mercearia de esquina (e mal frequentada).
Nunca ninguém investigou em condições o caso do esfaqueamento, por parte de um aluno, do Presidente da Escola de Direito da universidade do Minho, em 2007. Falta de coragem? Prossigamos.
Primeiro, uma adenda: O que escreverei a seguir não servirá de desculpa para o comportamento do aluno Sérgio Barbosa, mas a verdade é que o mesmo foi condenado na praça pública sem hipótese de contraditório (o que não de ser irónico, face à área de estudos).
Vou escusar-me a fazer publicidade às publicações periódicas da época. Quase todas alinharam pelo mesmo diapasão: o aluno tinha problemas mentais, queria estatuto especial por causa de um problema de gaguez, estava frustrado porque com a passagem para o processo de Bolonha, iria ser prejudicado, era conflituoso, etc etc etc.
O presidente da Associação Académica da Universidade do Minho à altura, Pedro Soares, referiu que “já tinha conversado com o colega e que quer a estrutura representativa dos estudantes quer a própria universidade tinha tentado ajudar o aluno que estava algo «desequilibrado»”.
A representante dos alunos de Direito, Cláudia Castro, acrescentou que “este caso foi particularmente chocante para a Escola de Direito pelo facto de esta ser uma faculdade onde alunos e professores mantêm ‘excelentes relações’.”
A Universidade fez o que lhe competia: instaurou um processo ao aluno, que viria a desembocar na sua expulsão.
Mas, a questão central manteve-se sem resposta: O que esteve por detrás deste acto de desespero (sim, falámos, sobretudo, de desespero)?
O Blog da Associação Europeia de Estudantes de Direito – Universidade do Minho ajuda a responder. Centenas de alunos do Curso de Direito “abriram o livro”, ainda que anonimamente (medo de represálias?):
- “Penso que o mais importante em todo o processo é efectivamente que as pessoas se questionem relativamente ao que levou o Sérgio a cometer tal acto.Estando dentro do curso, parece-me mais do que claro, que a explicação vai muito para além dos comentários á insegurança e eventual desequilíbrio emocional do aluno. Convém tentar perceber exactamente o que o levou a tal estado. Sinceramente, e sabendo que as minhas palavras serão politicamente incorrectas, o acontecimento não me surpreendeu totalmente. Há já muito que, em conversas entre colegas, se questionava se seria um aluno ou um pai de um aluno a agir, e se o alvo seria o Presidente da Escola, o Director de Curso ou o Dr. Nuno Oliveira. Algumas coisas que se passam na Escola levam alguns alunos a estados de desespero total, incluindo muitas depressões profundas e duradouras, desistência do curso, desistência da universidade até. Penso que seria importante que, uma situação grave como esta, ajudasse, pelo menos, a levantar a ponta do véu que cobre o icebergue que é a Escola de Direito da Universidade do Minho.”;
- “Nada justifica o uso da violência! Nada justifica que possa tentar fazer-se justiça ou vingança ou desabafo ou o que quer seja pelas próprias mãos. Penso que ninguém que esteja de boa fé pode aceitar os actos do aluno em questão. O que é verdade é que factos são factos, e o que ocorreu é gravíssimo. É tipicamente português querer imediatamente casar a culpa. Penso que cumpre à justiça as consequências. No entanto, é facto incontornável que a Escola de Direito, a nossa Escola, sofre de problemas muito sérios. Penso que sobra muito em suposta exigência o que falta em qualidade pedagógica. A academia não pode ser um quadro de comparações; o ensino superior não deve ser um palco onde a vaidade pessoal e a busca de prestígio professoral se faça à custa de uma suposta incapacidade dos alunos!;
- “Só espero que este infeliz acontecimento sirva para que as associações de estudantes, para que a comunicação social e a própria sociedade pensem um pouco sobre o que se passa no nosso curso! Acontecem coisas que como diz o povo “contadas ninguém acredita”!! Eu também já fui vítima de injustiças gritantes durante o curso e com alguns professores. Não estamos aqui a falar de pequenos desentendimentos com alguns docentes, falamos sim de verdadeiras faltas de respeito pelos alunos, de insultos baratos, de reprovações infundadas, uma pouca vergonha!!! É pena não podermos gritar aquilo que se sussura nos corredores… vai-se sussurando, não vá alguém ouvir e aí estamos tramados e podemos bem dizer adeus ao nosso cursinho! Fiquei admirado com o acontecimento, mais por não ter acontecido mais cedo e pelo alvo atingido ter sido o prof luis gonçalves….nao deve tardar muito para alguém entrar em desespero e fazer o mesmo ao nosso “querido” nuno oliveira e companhia!”;
- “não posso esconder que há nesta Escola um constante desrespeito dos direitos mais básicos de qualquer ser humano – o direito a pelo menos ser tratado com dignidade e não como um animal! Que farias tu se te atirassem a máquina de calcular, propriedade tua, para o chão, tal como assistimos ontem em pleno exame? Que farias tu se em frente a toda a gente ouvisses o mesmo professor insultar-te de pessoa fraudulenta em pleno exame só porque um documento que pelos vistos já devia estar na Secretaria sobre um pagamento de propinas qualquer, não estava, embora as tivesses já pago e regularizado a situação? (…) Acho que é legítimo agora que pelo menos quem é próximo do Sérgio tente recompor a verdade sobre o passado dele… Ele sempre foi um óptimo amigo!”;
- “como aluna do curso de direito da UM não poderia deixar de me pronunciar…fiquei estupefacta com o que aconteceu, tenho pena que as coisas tivessem tomado estes moldes…mas também como aluna não posso deixar de dizer que é necessário reflectir…todos nós sabemos o que se passa dentro desta escola!! Infelizmente parece que foi preciso acontecer este trágico incidente para que se alertassem as consciências, espero que os alunos desta escola se unam para mudar o que todos parecem concordar…numa assembleia geral dos alunos de direito no ano transacto pareceu-me notório que todos estavam de acordo em fazer algo depois dos escandalosos resultados nos exames de então…pelas mesmas notas, aos estudantes de direito era passado atestado de burrice…(…)
- Sérgio: ninguém te louva a atitude, mas agora que está feita resta-te arrependimento e assumir as responsabilidades e não fica mal de todo pedires desculpe ao Prof. mesmo que te sintas injustiçado. Sabes, eu que tenho idade para ser teu pai, que cheguei a ter cadeiras de 4º ano, a determinada altura, por respeito a mim próprio, desisti do curso de Direito da UM por não suportar alguns senhores DRs (não lhes publico o nome pois não o merecem e todos sabemos quem são) e jamais lhe poderemos chamar professores, pois isso era insultar aqueles que verdadeiramente o são) e por isso compreendo a tua atitude irreflectida. Rapaz: que todos estes testemunhos sirvam para abonar a teu favor em tribunal. Serve-te deles para que haja justiça. Pede aos teus pais um pouco mais de sacrificio e vai a uma privada ou a uma pública e acaba o curso. (…) Ao prof. Luís Gonçalves: melhoras e restabelecimento rápido, que este caso que o atingiu seja exemplo para outros que “gozam” com a cara dos alunos e, por fim, perdoe ao moço, pois também o Professor, no caso do seu doutoramento, sentiu na pele o que é ser vitima de injustiças.”;
- “O professor que se diz agrediu um aluno é o mesmo que agora dizem atirou a máquina de calcular do aluno ao chão? E há alunos que o defendem? Esquisito. Onde estão os restantes responsáveis da Escola de Direito e o próprio Reitor perante tal desfaçatez? Sr.º Ministro, veja o que se passa em Braga, por favor faça algo, ou mande simplesmente gente de Lisboa investigar.É assunto que merece ser notícia em Bruxelas.Então em Portugal e no ensino superior isto é assim…Que ricos mestres temos a dar aulas no Estado…”;
- “É exactamente o mesmo professor, o que foi alvo do processo instaurado pelo aluno, é o mesmo que atirou a maquina de calcular de outro aluno em pleno exame. É o mesmo que faz muita coisa…Tal como em plena oral dizer a uma senhora que ela devia ir pra casa lavar a roupa e a loiça pois para Direito não tinha quaisquer capacidades intelectuais para o fazer. E tambem numa primeira aula de uma cadeira que lecciona, disse aos alunos que pedir revisão/recurso de prova só resulta em ficar com uma nota bem pior do que antes… Tentem perceber bem o que se passa nesta Escola que se diz de Direito….”;
- “Comentam os alunos de direito, que é um autêntico regime feudal que a Escola de Direito vive. Mais grave ainda, é a verdadeira violação das suas expectativas na constatação de que, da publicidade de Universidade ultramoderna, na prática, tudo ou nada muda em relação ao que se passa em Coimbra (ou mesmo na “UM” nos anos 80). Pior ainda é o facto de – FACTO CONHECIDO POR TODOS OS PROFESSORES DA UNIVERSIDADE DO MINHO E NÃO SÓ – alguns dos colegas “docentes” da ED sejam dos mais arrogantes e mais autistas da “UM”, facto que se comprova: nas notas dos alunos; nas transferências para outros cursos ou faculdades; nas relações externas da ED; nos conflitos entre Escolas – EEG/ED – e mesmo para com os coitados dos alunos, que pagam e pagam para que docentes de avançada idade que fazem com que haja situações de enorme desconforto para a Universidade do Minho continuem por cá… PS: Como a maioria escreve anonimamente, sigo a tradição. Mas questiono-me “porque será?”.”;
- Para quem conhece o Sérgio, todos nós sabemos que ele é um rapaz super educado,super calado e timido, atencioso e amigo. Justificar a atitude dele, nao o posso fazer, compreende-la, totalmente. Dsclp a expressão, estou-me a cagar para guerras entre associações. Que a AEDUM este ano tem trabalhado, é verdade, mas é bom de referir, este ano. E independentemente disso, não é verdade que os professores e os alunos se relacionem bem. Isso é mentira e qualquer pessoa nem precisa de andar na UM, basta ler estes posts se apercebe disso. Mas já que estamos num blog e a maior parte dos posts está em anónimo, quem de quem aqui escreveu teria “tomates” para dizer a comunicação social a verdade cara a cara?? Se nem aqui no blog o fazemos! Ainda há pouco tempo, houve uma conferencia da ELSA com o tema: Pedagogia no ensino de direito, para quem la esteve, eu so vi tres pessoas a falarem, dois membros dessa associação e uma aluna. De resto ninguém abriu a boca, ninguem tinha nada a dizer? Eu tinha, mas por saber que ” ainda me queimo” ou pensar, deixa-me estar calado pq senao sao menos umas cadeiras que eu faço este ano. Quantos de voces é que ja se sentiram assim? Quantos é que ja foram ver exames e apesar de nao concordarem em mt com a correcção, se calam na perspectiva de terem ou uma oral dentro de dias, ou por quererem fazer a cadeira pelo menos o mais rapido possível e se falarem honestamente o mais provável é passarem a ter sp 7 durante varios anos. Em qntas aulas já estiveram em que ouviram comentários absurdos, mas nao retorquiram pq sabem que ficam marcados? Se sorriu para o prof? Claro, se é hipocrisia? É, sem duvida. Mas no fim sao eles que tem a faca e o queijo na mão. Obviamente, as melhoras para o Prof e muita FORÇA para o Sergio, pq és um optimo miúdo e apenas cometeste o erro de deixar que eles chegassem ate ti. E para nao variar, e pq será,Anonimo!”;
- “So para que vejam a que ponto se chega…..nos ja fizemos um abaixo-assinado contra o Prof Nuno Oliveira……muita gente assinou!!! resultado?? ate hoje nada!!!!!! eu lembro me de estar nma das suas aulas e ouvir o seguinte comentario do prof. “eu vi cada assinatura, depois nao se queixem das notas!”. Ate hoje estou para saber o que foi feito do abaixo assinado!!!! Estou farta disto. Seguindo o conselho do colega aqui deixo um exemplo que aconteceu comigo…em plena oral a professora vira se para mim e diz “nao vou com a tua cara nao sei porque mas nao vou e por isso nao perco sequer 2 minutos contigo, estas reprovada sai!” Sem eu ter respondido a alguma questao! testemunhas? porta fechada o que por lei é proibido! Como diria o outro : e esta hein???”;
- “Relativamente a toda esta situação, como é óbvio, considero a conduta do Sérgio reprovável e condenável. Não deveria ter feito o que fez, até porque inviabilizou imensos projectos de vida e com toda a certeza sonhos de um futuro. Mas, tal como muitos que antes de mim tão bem disseram, esta situação era previsível de acontecer. Podia ter sido com outros contornos, podia ter sido a outro alvo que não o Dr. Luís Gonçalves, podia ter sido por alguém que não fosse estudante de Direito, mas um pai, familiar ou amigo. Há algum tempo que caminho pelo túnel que é o curso de Direito e, digo túnel, porque soube onde era a entrada, o início, mas não sei onde é que está o fim, a saída. Entrei neste curso com uma visão, com sonhos de um futuro risonho e confesso que hoje, me sinto desiludido e até mesmo toldado nos meus sonhos, e a razão, reside em tudo o que se passa neste curso, na forma como sou tratado, nos sentimentos que me foram cravejados. Temos imensas barreiras e, não são barreiras científicas, nem barreiras de estudo. São barreiras de um poder corrupto instituído com uma única finalidade: ter condições paraque certas pessoas, possam descarregar as suas frustrações profissionais e a sua mediocridade científica.”;
- “Caríssimos colegas, Depois de tantas reacções a esta situação creio que podemos tirar algumas ilações…
- É censurável a atitude do Sérgio porem caberá ás entidades competentes fazer o seu julgamento sendo precipitado e ilegítimo qualquer juízo da nossa parte tendo em conta o desconhecimento real dos factos que envolvem toda a situação. Além disso nenhum de nós está habilitado para opinar ou fazer juízos de valor sobre a personalidade do Sérgio mto menos aqueles que não o conhecem.
- É inegável o descontentamento que reina no seio da nossa academia fruto da forma prepotente como alguns docentes exercem a sua actividade à margem de qualquer regra ou hierarquia ostentando um saber que não transmitem nem possuem alimentando um fosso cada vez maior entre estudantes e professores através de actos de autoritarismo e arbitrariedade sempre protegidos pela vergonhosa impunidade do estatuto de docente universitário que mais não é do que a uma manifestação de evidente corporativismo.
- Não podemos esquecer também a forma obscurantista que caracteriza a entrada dos nossos docentes na escola de direito (relembro que o clã Oliveira tem hoje representação notável) principalmente o facto de antigos alunos passarem rapidamente das cadeiras do auditório para o púlpito da docência, sem antes passarem pela imprescindível formação pedagógica de que todos reclamamos e de que todos somos órfãos.
- Fica também evidente pelo anonimato das opiniões que apesar de vivermos num republica onde a liberdade de expressão é um corolário e um motivo de orgulho… essa liberdade é ainda limitada no campus de Gualtar onde o livre exercício da livre opinião se torna um alvo fácil perante o autoritarismo dos professores fazendo assim imperar um silêncio de “paz podre” e um descontentamento manifestado em surdina…Para ilustrar esta situação podemos recorrer a uma panóplia de exemplos de injustiças por parte dos docentes silenciadas pelo medo e pelo sentimento de impotência dos estudantes fruto da falta de instrumentos de defesa dos seus direitos… Todos nós presenciamos já episódios de injustiça e má educação chocantes de dr Horster e do dr Nuno Oliveira e manifestações de incompetência reiterada de outros…
- Também o papel das associações de estudantes é vergonhoso, a AEDUM e AAUM e ELSA vivem anestesiadas e entretidas na realização de eventos lúdicos interessantíssimos (como o já clássico torneio de futebol) mas no que diz respeito à representação dos interesses de estudantes esse papel é muito limitado… E quando falo em defesa dos interesses dos estudantes refiro-me a uma atitude activa de controlo e fiscalização preventiva sem depender da queixa dos estudantes.
- Como estudante reconheço também as minhas responsabilidades pois todos nós preferimos muitas vezes deixar andar e estudar mais um pouco para fazer as cadeiras ignorando a realidade a lamentável que nos rodeia esquecendo as injustiças ao sol da esplanada da montalegrense e na euforia das noites académicas…
- Espero que a escola no se comporte de forma autista perante tudo isto… e considere a necessidade urgente de mudanças para o bom-nome de curso…”;
- Que pseudo adaptação a Bolonha foi esta? O plano de estudos é essencialmente o mesmo, retiraram apenas algumas cadeiras perfeitamente dispensáveis e comprimiram tudo, até cadeiras anuais que passam a semestrais, mantendo praticamente o mesmo programa. Porque somos dos pouquíssimos cursos que mantemos um plano de estudos onde as anuais predominam? Porque terá saído o Dr. Horster da Católica, quando à uns anos se reformularam para Bolonha, “semestralizando” o curso? Será que (man)temos este modelo, por influência do Dr. Horster? É este modelo sequer compatível com a calendarização de exames? Vejo mesmo alguns professores a queixarem-se… Porque é que não houve nenhuma mudança metodológica de fundo com Bolonha? E isto apesar do Presidente da Escola afirmar, recorrentemente, que sim, que houve uma evolução tremenda a todos os níveis. Tenho dúvidas que a avaliação contínua do 1º ano na forma de “cada um para seu lado” seja o desejado… Porque é que o Dr. Wladimir é o único a aderir ao e-learning? Ultra-conservadorismo, falta de formação dos docentes? Nos últimos anos o reitor tem sugerido que se abra a época especial, algo que todos os cursos «excepto Direito» tem acatado. Porque é que a nossa escola é a única a considerar isso oportunismo? Somos bons demais, é? Porque é o reitor este ano terá deixado de dar a “sugestão” e passado a dar uma “ordem”… Porque são recorrentes os problemas com as equivalências de créditos em Erasmus, em universidades com protocolo? Porque é que as taxas de reprovação são tão altas? Existe realmente tanta gente burra e tanta gente que não estuda, como eles querem fazer crer? Nalgumas cadeiras a situação é ou foi realmente gritante… Assim como foi gritante a diferença sentida quando a Professora Palmira Cabral se afastou da cadeira de Economia Política … 400 inscritos numa cadeira de 1º ano e que nem sequer era jurídica… Tudo normalíssimo. Assim como foi normal o afastamento de um professor de finanças públicas porque não preencheu as quotas de reprovação minimamente exigidas pelas “normas não escritas” do curso de Direito.
- “Quanto ao Sérgio, não o conhecia, simplesmente troquei algumas palavras com ele dentro de salas de aulas. Posso somente dizer que lamento que se tenha visto obrigado a tomar este rumo, porque acredito que foi precisamente isso que aconteceu. Como poderia ele ter terminado o curso na UM com o atrito com o Horster? E como poderia ele pedir transferência para outra universidade, se é necessária a autorização desse mesmo professor/autoridade? Por isso amigos, façam como eu, descubram os mails dos jornalistas que publicaram artigos sobre o incidente, das autoridades, e quem mais encontrarem que nos dê ouvidos, entrem em contacto, e peçam só para que investigam os “segredos” que cá nascem e cá têm tendência a morrer.”;
- “No entanto, creio que não foi a situação do Sérgio: já vários colegas disseram que o aluno começou com problemas não desde que entrou, mas com a segunda matricula, e que ele antes das vicissitudes era uma pessoa muito diferente: O colega este ano está na quinta matricula. A vida dele mudou sim, e ele sentiu-se certamente inferiorizado quando agredido por um ‘manda-chuva’ da Escola de Direito. E quando não encontrou quem testemunhasse a seu favor, (certamente porque o medo sobrepunha-se a um sentimento de justiça, ou porque previam as repercussões). Em consequência disto, alguns colegas tiveram uma certa apreensão em serem conotados com ele, e afastaram-se. Claro que não seriam esses verdadeiros amigos, mas só posso acreditar que o Sérgio se tenha sentido abandonado: pelo curso, pela sorte, pela justiça.”;
- “Em relação ao Sérgio conheço-o, somos amigos, e as declarações do Sr. João Leite são falsas e caluniosas. O Sérgio é um bom amigo, uma excelente pessoa. Claro que eu nunca previa este desfecho. Todos fomos apanhados de surpresa. Não querendo arranjar desculpa para o que fez, uma coisa é certa. É da maior importância para o futuro da instituição descobrir tudo o que está por detrás deste acontecimento. Os professores responsáveis têm que admitir que não souberam lidar com as mudanças operadas no nosso curso. Plano antigo, Plano novo, Processo de Bolonha… O exemplo mais caricato foi a extinção de cadeiras do plano antigo, com os alunos desse plano a terem que fazer mesmo assim o respectivo exame sem que tivesse sido leccionada qualquer aula. Que é isto??? Pagamos propinas para quê??? Eu também fui apanhado no “triângulo das Bermudas” Professor, Escola de Direito, Serviços Académicos… Mas foi só uma vez porque jurei nunca mais… Rezo para não ter mais problemas e acabar o curso o mais rápido possível… O Sérgio foi persistente até que não aguentou mais…Será que podíamos ter feito algo para evitar o que aconteceu? Talvez… Mas agora é fácil falar…”;
- “É de facto vergonhoso o que se passa na Escola de Direito da UM! Vergonhoso! Não posso de forma alguma achar correcta a atitude do meu colega Sérgio,pois nada justifica este tipo de atitudes! Mas sinto na “pele” aquilo que ele sente…alvo de injustiças! A nossa Escola é uma vergonha! Os senhores Drs acham-se os senhores de tudo! Somos alunos bons,razoáveis mas não entendo o que acontece que quando entramos em Direito na UM,ficamos todos “burros” porque as nossas notas são uma autêntica VERGONHA! E como é possível que os nossos professores, e mais ainda,aqueles que são no fundo responsáveis pelo bom funcionamento do nosso curso,como e possível que ninguém repare em tudo isto?! Será normal os alunos reprovarem constantemente com notas vergonhosas! Há muitas coisas nesta Escola que muita gente não percebe! Digo muita gente, porque há quem não tenha nada contra,vá-se lá saber porquê! Esta pouca vergonha que aqui se passa na UM não se deve passar em mais lado nenhum. Em Coimbra os estudantes de Direito são unidos e quando algo está mal,todos juntos lutam pelos seus direitos! Aqui na UM nós não temos direitos! Nem sabemos o que isso é! É incrível como nos sujeitamos a tudo sem proferir um “ai”! O que aconteceu com o Sérgio (rapaz perfeitamente normal,não é nenhum doente mental como alguns o querem fazer!), ainda vai dar muito que falar e se, esta situação não mudar esta Escola vai andar “nas bocas de todos”,e quando a “bomba” rebentar há muita gente que não vai ter medo de dar a cara e contar tudo o que se passa aqui! Porque afinal de contas, a partir do momento em que entramos aqui ficamos todos assolados com o medo e ninguém reage a nada…medo de nunca mais conseguir acabar o curso…medo de tudo! Para aqui deixarmos a nossa opinião temos de esconder a nossa identidade! Mas porquê?! Porque temos medo! Onde está afinal a nossa liberdade de expressão?! Ela existe?! Ela pode existir mas nós não a usamos,porque o medo é tão grande que sabemos que quem vence são os mais fortes! Nesta Escola funciona a lei do mais forte! E essa lei existe?! Onde está prevista?! Afinal que justiça é esta?!”;
- “O maior erro que cometi na vida foi ter pensado que o curso de Direito na UM seria algo de muito bom! Passei por outra Universidade, mas o sonho sempre foi entrar na UM(sei lá porquê!),mas foi o pior que podia ter feito! Frequentei o curso de Direito noutra Universidade e por isso posso fazer comparações! Tinha bons professores,exigentes mas bons! Sim porque não é a exigência que faz de um professor um “mau professor”! E tenho pena não ter aí permanecido. O sonho tornou-se num pesadelo quando percebi que as coisas não funcionavam como eu imaginava! A nível de professores estamos muito aquém do que seria esperado numa Universidade conceituada como a UM (salvo raras excepções!). Há um prazer constante de reprovar alunos! É inacreditável! Há professores que não respeitam direitos tão simples,tão básicos como o direito que temos de fazer exame oral quando a nossa nota é de 8 ou 9 valores,essas notas paraalguns não existem! Não respeitam prazos para lançar as notas! E quem os pune? Niguém! Mas se formos nós a não cumprir o prazo de pagamento de propinas?! O que nos acontece? São estas diferenças que deixam todos com sentimentos estranhos! Depois estranham esta revolta,angústia! Não estranhem porque ela existe na maioria dos alunos de Direito desta Universidade! Qual é o direito de um professor lanças notas e depois no dia seguinte chegar à conclusão que se enganou e lançar as notas de novo? Mas mais impressionante é o facto de toda a gente aceitar isto! Ou se não aceitam porque não fazem nada? Porque não reclamam? E, quando nós nos enganamos alguém nos perdoa? Alguém nos tolera? Qual é o direito de os professores perderem os exames dos alunos e nem sequer se dão ao trabalho de colocar uma pequena nota na pauta para o aluno contactar o docente? Simplesmente coloca lá daquelas notas que estamos mais que habituados a encontrar nas nossas pautas! E a responsabilidade do professor? Não é responsável pelos seus actos? Vejam os vossos exames pois nunca se sabe se o próximo exame a desaparecer será o vosso! Estejam atentos!”;
- “o que se passa nesta escola ,dita de Direito,é tão vergonhoso que me obriga a contar mais uma das muitas injustiças deste curso: eu enquanto finalista desta licenciatura corro o risco de não acabar este ano pois não sou Deus, nao tenho a capacidade de ser omnipresente.. por ter cadeiras em atraso( algo muito normal em direito), tenho na época de recurso três cadeiras no mesmo dia e á mesma hora..ou seja só posso fazer uma… mas afinal para que é que eu pago 900 euros de propinas se nem os exames posso fazer?sei que como eu muitos outros alunos se encontram nesta situação… que Estado de Direito é este? enfim.. lá vai anonimo….”;
- Cara colega, esperemos que de facto tudo o que aconteceu não seja em vão. Não podemos apoiar a conduta do nosso colega Sérgio, mas todos sabemos quais os verdadeiros motivos que o levaram a cometer tal “loucura”! Não terá sido pelo estatuto que dizem que pretendia, mas sim por um acumular de injustiças! Injustiças estas que todos sofremos! São notáveis aqui os elogios ao Prof.Dr.Cândido de Oliveira e porque será? Talvez seja das poucas pessoas que se podem aproveitar nesta Escola! E dizia uma colega aqui neste blog, que nós temos os melhores professores de Direito do país! Como é possível alguém afirmar isto?! Alguns sem dúvida que são professores que dignificam o cargo! Mas quantos?!”;
Ficam aqui, assim, alguns dos comentários tecidos a propósito do acontecimento, e de tudo o que era “abafado” entre as paredes da escola de direito da universidade do minho.
Perguntas e conclusões:
- Por que é que o Reitor não interveio? E o Conselho Geral? E o Ministério do Ensino Superior?
- Por que é a que a Comunicação Social não investigou?
- Por que é que as Associações estudantis demonstraram passividade e conivência?
As queixas dos alunos incidem, sobretudo, no comportamento dois professores: o director de curso, Horster, e o professor Nuno Oliveira.
A direcção de curso revelou-se incapaz de conduzir o processo de Bolonha. Afiançou, primeiro, que ninguém seria forçado a mudar, tendo depois, já com nova direcção de curso, pouco tempo depois, obrigado os alunos a passar a TODAS as cadeiras, para assim terem transferência directa para o novo modelo.
O professor Luís Gonçalves terá sido um dano colateral.
O silêncio daqueles que assistiram a tudo permitiu que houvesse uma escalada de injustiça, como em tantos e tantos casos da história mundial.
Revelação importante:
“Sérgio Barbosa, encontrava-se numa acção em tribunal, movida pelo mesmo, contra um dos responsáveis máximos do curso de Direito, o professor Horster. A sua acção justificou-se por, alegadamente, ter sido vítima de um comportamento nada próprio para com o aluno, expulsando-o inapropriadamente do seu gabinete, recorrendo inclusivamente a uma agressão, por simplesmente não simpatizar nem respeitar o seu problema de gaguez. Neste contexto, o Prof. Doutor Luís Gonçalves, desempenhava o papel de testemunha a favor do colega Sérgio Barbosa, decidindo à última hora e, aparentemente sem justificação concreta, recuar na sua posição.”
O professor Horster exerceu maus tratos psicológicos a Sérgio Barbosa durante todo o seu percurso, dizendo-lhe, entre outras preciosidades, “que nunca conhecera um advogado gago”.
O professor Horster está, presentemente, a dar aulas na universidade Portucalense. O professor Nuno Oliveira, está, tanto quanto sei, a fazer investigação na universidade do Minho.
Infelizmente, as universidades estão pejadas de Horsters e de Nunos. Para nosso mal.
E enquanto se calarem, o mal continuará.
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Este texto faz parte de uma série de textos de opinião de alunos do ensino secundário e superior sobre a sua visão do ensino e da educação.
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