Legislativas 2022: propostas dos partidos políticos para os Exames Nacionais e Acesso ao Superior


Este artigo reúne as medidas de política do sector da Educação propostas pelos partidos políticos nos programas eleitorais para as eleições legislativas de 2022, que versam sobre os Exames Nacionais e o Acesso ao Ensino Superior. Foram excluídas as medidas focadas no Ensino Básico e Secundário, que serão publicadas num segundo artigo, e ligadas ao Ensino Superior, que serão publicadas num terceiro artigo. 

Listam-se neste compêndio as ideias de todos os partidos com assento parlamentar (na sequência das eleições legislativas de 2019). Nesse sentido, consideraram-se os capítulos destinados ao sector da educação dos programas eleitorais para as legislativas de 2022 dos seguintes partidos: Bloco de Esquerda (BE), Iniciativa Liberal (IL), LIVREPartido Social Democrata (PSD), Partido Socialista (PS) e PAN – Pessoas-Animais-Natureza (PAN). O CDS – Partido Popular (CDS) não apresenta um programa eleitoral, mas sim um compromisso eleitoral; consideramos as medidas de política do sector da educação nele inscritas. O Partido Comunista Português (PCP) não apresenta um programa eleitoral, mas “reafirma a atualidade e validade do Programa Eleitoral de 2019”; consideramos as medidas constantes no compromisso eleitoral de 2022 e no programa eleitoral de 2019. O programa eleitoral do CHEGA de 2022 contém, mais do que medidas concretas, alguns princípios orientadores; optámos, portanto, por considerar também as propostas apresentadas no documento 100 Medidas de Governo. O manifesto eleitoral do Partido Ecologista Os Verdes (PEV), que concorre coligado com o PCP na CDU, tem apenas uma medidas destinada à educação, que será apresentada juntamente com as do PCP. Apenas as medidas que constam destes programas foram listadas, no seguimento da sua consulta na versão disponível a 17 de Janeiro de 2022. A ordem com que os partidos aparecem respeita os resultados das últimas eleições Legislativas 2019. 

Partido Socialista

  • Avaliar a melhoria a introduzir no acesso ao ensino superior, com vista à separação entre a certificação do ensino secundário e o acesso ao ensino superior e à valorização de todas as vias e percursos de ensino;
  • Estimular a diversificação do acesso ao ensino superior, tendo em conta os diferentes perfis dos candidatos, e aprofundando em particular, num quadro de autonomia das diferentes instituições, o acesso dos estudantes oriundos de trajetórias profissionais de nível secundário, de ofertas profissionais de pós-secundário, incluindo os cursos técnicos superiores profissionais (TESP) e os cursos de especialização tecnológica (CET), e de adultos, de modo a reforçar a equidade e a justiça social no acesso e a aposta na recuperação de gerações em que as oportunidades de acesso eram menores.

Partido Social Democrata

  • Manter o atual sistema de exames no ensino secundário;
  • Alargar e diversificar a base de captação de candidatos, oriundos de diversos percursos de conclusão do ensino secundário para as ofertas do ensino superior, através da flexibilização das vias de acesso;
  • Intensificar as pontes para apoiar a transição entre os diversos percursos verticais existentes, conferindo maior solidez e versatilidade ao nosso sistema de educação superior, as quais podem e devem ser diversas.

Bloco de Esquerda

  • Discussão sobre um Novo Modelo de Acesso ao Ensino Superior e o fim dos exames nacionais.

Partido Comunista Português

  • A defesa da Escola Pública, Gratuita e de Qualidade, com a garantia do acesso a todos aos mais elevados graus de ensino, o direito de participação democrática e o direito a um Ensino Superior que elimine desequilíbrios e injustiças com o fim dos exames nacionais de acesso e a redução progressiva do sistema de numerus clausus.

CDS – Partido Popular

Nenhuma medida identificada.

PAN – Pessoas-Animais-Natureza

  • Rever o modelo de conclusão do ensino secundário científico-humanístico, retirando a obrigatoriedade da realização de exames nacionais para alunos que não pretendam prosseguir os seus estudos;
  • Rever o modelo de acesso ao Ensino Superior considerando interesses, aptidões, projetos desenvolvidos, experiências dos/das estudantes, por oposição a um modelo exclusivamente centrado em resultados académicos;
  • Adaptar o atual modelo de concurso especial de acesso para estudantes das vias profissionalizantes, tendo como objetivo uma maior convergência com o modelo do CNAES, mas tendo em conta as especificidades destes tipos de ensino;
  • Criar uma Agência Nacional de Promoção do Ensino Superior, à semelhança da Agência Nacional de Qualificações Escolares e Profissionais (ANQEP), responsável pela identificação e sistematização de todas as áreas formativas, competências e saídas profissionais dos cursos do Ensino Superior;
  • Garantir a disponibilização atempada de toda a informação sobre o acesso ao Ensino Superior aos/às estudantes candidatos/as, com pelo menos um ano de antecedência, tendo em conta a preparação necessária para a realização deste processo;
  • Implementar programas de experimentação académica em diferentes áreas de formação de interesse dos/das estudantes no âmbito de um Gap Year/Ano Experimental, reduzindo o risco de abandono de cursos por erro de escolhas e desconhecimento.

CHEGA

  • Princípio da defesa intransigente dos exames nacionais: O CHEGA concebe os exames nacionais como pilares insubstituíveis do contrato social entre a escola e a sociedade.

Iniciativa Liberal

  • Tornar a oferta do Ensino Superior mais flexível e adaptável à procura por cursos superiores;
  • Atribuir às Instituições de Ensino Superior (IES) liberdade para fixação de numerus clausus e responsabilidade pela seleção dos estudantes que pretendam admitir, com liberdade para determinação dos métodos de admissão, incluindo testes de aptidão, vocacionais ou outros;
  • Eliminar a dependência das avaliações do Ensino Secundário para a entrada no Ensino Superior;
  • Facilitar às famílias os processos de deslocação do estudante, com mais tempo para seleção de residência.

LIVRE

  • Transformar o 12º ano num ano zero de entrada na universidade e politécnicos, permitindo não só recuperar a geração Covid como torná-la numa das mais capacitadas a entrar no ensino superior — ou na vida profissional para aqueles que fizessem apenas o ano zero e não quisessem prosseguir.

Brevemente publicaremos o segundo artigo com as sugestões de mudança do sistema de ensino e pedagógicas sugeridas pelos vários partidos políticos para o ensino básico e secundário, e um terceiro com as várias medidas para o ensino superior.