Mais abandono e menos diplomados de alunos portadores de deficiência no Ensino Superior

Foto de ThisisEngineering RAEng

O número de estudantes com Necessidades Educativas Especiais que abandonaram o ensino superior durante a pandemia aumentou. De acordo com os dados da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência, 323 alunos com NEE desistiram dos seus cursos (7,1%).

Para além disso, o número de estudantes que concluíram o curso diminuiu cerca de 19,7%. O inquérito, realizado em 100 estabelecimentos de Ensino Superior e 287 unidades orgânicas, tanto públicas como privadas, revela a importância do ensino presencial”.

Por outro lado, há mais estudantes com NEE no ensino superior (o seu número passou de 2582 em 2020/2021 para 2779 neste ano lectivo). Estes alunos entram através de um contingente especial de acesso, que lhes reserva 4% das vagas fixadas para a 1.ª fase do concurso nacional e 2% para a 2.ª fase do concurso nacional. Mas com uma continua subida do número de alunos matriculados, seria de esperar um aumento contínuo do número de diplomados, algo que não acontece, como se pode verificar no gráfico em baixo.

Fonte: DGEEC. Gráfico Uniarea.

O presidente da Comissão Nacional de Acesso ao Ensino Superior, Fontainhas Fernandes, alerta que “é preciso obter mais informação, perguntar aos estudantes quais os motivos [da desistência], se financeiros ou de outro tipo”.

Alunos afirmam que apoios não são suficientes

O relatório Towards equity and inclusion in higher education in Europe, publicado no mês passado pela rede europeia Eurydice, já aponta que os estudantes com deficiência têm “maiores probabilidades de abandonar os estudos ou ter um fraco desempenho” por comparação aos seus outros colegas. O relatório aponta como uma das principais falhas em Portugal a necessidade de criar ambientes de aprendizagem inclusivos entre professores e alunos, ponto no qual o nosso país pontua com zero pontos.

Um outro inquérito promovido, em 2020, pela rede europeia EUROSTUDENT mostra que Portugal está entre os nove países europeus com maiores taxas de insatisfação entre os alunos NEE. Quando se lhes pede para avaliarem os apoios dados pelas instituições do ensino superior, 46% dos estudantes portugueses com deficiência afirmam que “não são de todo suficientes”.

Algumas instituições de ensino superior também apontam a pandemia para a justificação desta tendência, como é o caso da Universidade do Porto, em declarações ao jornal Público.