A minha atribulada tentativa de entrar na universidade como aluno do profissional

Venho aqui contar-vos a minha história/luta que enfrentei para entrar na universidade!

No final do 3°ciclo vi-me obrigado (como todos os meus colegas) a escolher uma área mais específica de estudo. Desde cedo o meu sonho era ser engenheiro mecânico, e por isso só tinha duas escolhas ou ia para ciências e tecnologias ou ia para um curso profissional de mecânica.

A minha decisão foi difícil mas lá caí na tentação de ir logo para a área da mecânica (curso profissional), logo de início percebi que a teoria era pouca para o meu sonho de ser engenheiro mecânico, mas lá continuei porque adorava a prática.



No final do 10°ano tive 1 mês em estágio e aí percebi que não era aquilo que queria (trabalhar na produção de uma empresa), pois senti-me uma pessoa com muito poucos conhecimentos no mundo de trabalho. Decidi logo, quero ir para a universidade tirar Engenharia Mecânica!

Mas e agora? O que tenho de fazer? 3 exames? Bem, ou contínuo o curso e vou para explicações e faço os exames, ou perco 1 ano de escola e vou para ciências e tecnologias. A minha decisão foi outra vez complicada e voltei a escolher o curso para não perder 1 ano de escola e também porque não nado propriamente em dinheiro para me dar ao luxo de perder 1 ano.

Ok! E agora? Tenho exame de físico-química daqui a 1 ano e exame de matemática e português daqui a dois! Inscrevi-me logo em explicações de matemática e físico-química, pois a matéria de um curso profissional é tipo da primária.

Bem e chegou-se a Junho de 2016 altura do exame de físico-química, 7 meses de estudo intenso, mas era demasiada matéria para assimilar o que deveria ter dado em 2 anos.

Dia 13 de Julho de 2016, 8 valores no exame nacional! Desespero total, mas não desisti! Mas pensei logo, isto vai ser quase impossível: Ora bem 3 exames, 1 estágio numa empresa, mais um projeto de curso e um horário sobrecarregado a chegar todos os dias as 18h a casa até ao final do ano.

Mas pronto lá pôs mãos à obra logo em Agosto de 2016: continuar a preparação para o exame de Matemática A, retomar o estudo para o exame de Físico-química A e começar a ler umas coisitas para o exame de Português.

Lá começou o ano letivo e o tempo que me sobrava para estudar era tão pouco que eu nem sabia o que estudar! O curso não me dava muito trabalho mas ocupava-me o horário semanal quase por completo. Na verdade até me dava prazer andar o dia entretido com umas bricolagens na escola e depois chegar a casa e lutar pelo meu objetivo/sonho.

Mas rapidamente esse prazer passou quase a sofrimento, o dia na escola era cansativo e andar a ouvir bocas de alguns professores a desincentivarem-me na minha luta era complicado! Mas eu não quis saber do que os outros pensavam!

Durante aqueles tempos apeteceu-me muitas vezes desistir, ou por não estar a entender a matéria, ou por ter que me levantar as 7h da manhã ao fim de semana para estudar, ou porque chegava todos os dias a casa tarde da escola, era tudo a andar para trás. Eu basicamente quase nem tinha tempo para me vestir ou comer, mas o ditado é velho quem corre por gosto não cansa, mas a mim até cansava…

Chegou-se a JUNHO de 2017 provavelmente o mês mais complicado, mais decisivo, mais trabalhoso da minha vida! Era o exame de Matemática, era o exame de Físico Química, o de Português, o estágio numa empresa, a finalização do projeto de curso (foi restaurar uma máquina) e consequentemente um relatório, e eu pensei ou faço tudo e sou o maior ou não faço nada e vou ficar constrangido para o resto da vida.

Semana dos exames! Pedi folga no estágio mesmo contra a vontade do meu professor orientador que parecia que não queria que eu fizesse exames (e se calhar não queria mesmo).

Acabo de fazer o exame de matemática (o último) e penso que alívio! Mas depois ainda me lembro que tinha de ir trabalhar para acabar o estágio e tinha de entregar o projeto de curso e apresentá-lo e se calhar ainda tinha que ir à 2º fase dos exames nacionais!

Bem, mas lá acabei o estágio e passei na prova de curso embora que com uma nota muito baixa perante o que tinha feito, mas pronto só queria era passar nos exames!

13 de Julho de 2017 – 16 Valores no exame de Matemática A, 13 Valores no exame de Físico-química e a nota que precisava no exame de português para não me descer a média!

Ainda hoje não me acredito bem naqueles feitos, mas sinto-me realizado! Entrei em Engenharia Mecânica como sempre sonhei e não posso querer mais! Foram 2 anos terríveis sem saber o que é levantar tarde de manha mas acho que a recompensa foi merecida!

Acho que seria muito injusto contar esta história e não deixar os agradecimentos a quem devo: à minha professora de português que foi enorme! À minha explicadora de Físico-química que esteve sempre disponível para mim e à explicadora de matemática que teve sempre uma entrega e uma confiança brutal em mim! Aos professores do MathSuccess que me acolheram quando estava prestes a desistir e me tiraram tantas, tantas dúvidas…! E por fim e o mais importante à minha família e amigos que me apoiaram sempre, sempre, sempre principalmente à minha mãe que nunca deixou que eu desistisse!

Portanto estejam onde estejam, sejam quem sejam, possam ou não, mas façam-me um favor lutem sempre por aquilo que gostem porque só assim é que este mundo vai evoluir e pondo as pessoas certas nos lugares certos a fazer o que gostam! Porque quem faz o que gosta raramente trabalha.

Mesmo que pareça impossível não desistas, porque uma lição que esta etapa me deu foi que NÃO HÁ IMPOSSÍVEIS! Um grande abraço e sê feliz!

PS: a grande reforma na educação era acabar com o tipo de ensino dos cursos profissionais que não vale nada e retomar aos bons e velhos cursos Técnico-profissionais que tinham um ensino pratico e teórico de qualidade e permitia a qualquer aluno ingressar no Ensino Superior ou continuar para o mercado de trabalho como excelentes profissionais. Não interessa se és engenheiro ou doutor ou técnico, o que interessa é o que vales !

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Este texto faz parte de uma série de textos de opinião de alunos do ensino secundário e superior sobre a sua visão do ensino e da educação.

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