Ranjitsinh Disale, de 32 anos, ensina na escola primária Zilla Parishad, em Paritewadi, uma aldeia dada à seca no estado de Maharashtra. Foi nomeado o professor mais excecional do mundo pelo júri no concurso pelo seu trabalho em garantir que as meninas desfavorecidas fossem à escola e obtivessem bons resultados, em vez de não terem educação e terem de enfrentar um casamento precoce.
A primeira escola onde lecionou ficava num prédio em ruínas, entre um estábulo e um depósito. Ali, a maioria das meninas pertencia a tribos que não priorizavam a sua educação, sendo o casamento adolescente comum. O currículo escolar também não estava no idioma principal dos alunos, o canarim, pelo que o insucesso escolar era grande.
Traduziu livros para a língua principal dos alunos
Disale aprendeu a muito esforço aquela língua e traduziu todos os livros do 1.º ao 4.º ano, juntando-lhes códigos QR com poemas em áudio, aulas em vídeo e histórias em canarim. A iniciativa valeu-lhe alguns prémios na Índia.
Disale também dá aulas online de ciências a alunos em 83 países e dirige um projeto internacional que cria ligações entre jovens em zonas de conflito.
“Nestes tempos difíceis, os professores dão o seu melhor para garantir que cada aluno tenha acesso ao seu direito à nascença por uma boa educação”, reagiu Disale. “Os professores acreditam sempre no dar e partilhar”, acrescentou, antes de anunciar a divisão do prémio pecuniário.
Ranjitsinh Disale foi selecionado entre mais de 12 mil indicações e candidaturas oriundas de mais de 140 países à volta do mundo. “O Prémio Professor Global foi criado para reconhecer um professor excecional, que tenha feito uma contribuição notável para a profissão, bem como para destacar o importante papel que os professores desempenham na sociedade”, explica a organização.
Os 10 finalistas foram escolhidos a partir de uma seleção mais restrita de 50 professores. “Desde o ensino em cidades e aldeias remotas até escolas em cidades centrais, eles defendem a inclusão e os direitos das crianças, integram migrantes nas salas de aula e estimulam as capacidades e a confiança dos seus alunos”, acrescenta a nota da fundação.
“Herói da Covid” distinguido
Este ano, foi ainda atribuída uma menção especial a um professor considerado “Herói da Covid”, reconhecendo a sua contribuição fundamental para que os jovens continuassem a aprender durante a pandemia. Este prémio de 45 mil dólares (cerca de 37 mil euros) foi dado a um professor de matemática do Reino Unido, Jamie Frost, cujo site DrFrostMaths, de uso gratuito, “se tornou uma tábua de salvação para alunos excluídos das salas de aula em todo o mundo”.
Durante a cerimónia, a Fundação Varkey anunciou ainda o lançamento do Prémio Aluno Global, no valor de 50 mil dólares, cerca de 41 mil euros.